terça-feira, 3 de dezembro de 2024
Produtividade na Banânia, guerra na Síria...
O “Mix de política ao redor do mundo”, que agora não mais reúne só vídeos e tem muito mais pitaco do que outra coisa, está completando sua maioridade! Pra alegria do projeto não projetado, a geopolítica vai de mal a pior, assim como a sociedade em geral, e esta publicação vai exatamente na referida direção. A imagem acima foi copiada de um vídeo do canal Hikma History, sobre história do mundo muçulmano e centro-asiático e de que gosto muito. Sugiro fortemente que, apesar da narração tediosa e da duração de mais de uma hora, você veja seu mais novo documentário:
Nova edição do podcast “O Assunto”, apresentado ontem por Natuza Nery. Gostei do conteúdo, mas não pude deixar de fazer as seguintes observações:
Guerra civil na Síria voltou a escalar. Como programei a publicação pra terça de manhã (Brasil), os fatos podem envelhecer a qualquer momento:
[Cortou este pedaço:] E são exatamente
os "terroristas sunitas" do Hamas que foram
adubados por Netanyahu, contra a Autoridade
Palestina e, em particular, o Fatah laico.
Alguém avisa pra Múmia Ambulante que no Dia de Ação de Graças era pra perdoar um peru, e não o próprio filho??? Rs:
Demorou pra começar a baixaria contra a atriz, só porque ela defende posições progressistas e porque ela é protagonista de um filme contra a ditadura civil-militar cotado pra ganhar o Óscar. Nem de longe essa sujeirinha mal desenhada lembra um beque (nunca fumei, juro!), além do que os alertas de feiques contra Torres dispararam nos últimos meses. Mesmo assim, não posso garantir que esse “contexto” (um dos poucos reais recursos de “democracia de massas” que o Ilomasque deixou no hospício digital) não tenha sido massivamente forçado por usuários a favor dela:
E pra terminar com muito bom humor, apesar do banho de água fedida, lute como uma georgiana!!!
segunda-feira, 2 de dezembro de 2024
Metralhadora humana georgiana
Se esta publicaçãozinha servir de consolo, já que sei muito pouco da língua georgiana, a crise política na Geórgia gerou, a meu ver, pelo menos um meme linguístico. Foi na edição noturna de 30 de novembro de 2024 do Moambe (lit. “O Narrador”), jornal que passa ao vivo na conta do YouTube do Canal 1 (Pirveli Arkhi), o qual, embora seja de propriedade pública (estatal), faz oposição ao atual governo do partido Sonho Georgiano.
Pra quem não esteve na Terra desde meados ou fins de outubro, uma súmula: o partido Sonho Georgiano, presidido pelo oligarca Bidzina Ivanishvili (que fez sua fortuna na Rússia), embora fosse criado com uma linha pró-UE, tomou progressivamente o caminho da colaboração mais estreita com Putin e da adoção de leis que contrariam o espírito daquela união (contra os direitos das mulheres, as comunidades de gênero, os críticos do governo etc.). Tendo à frente o primeiro-ministro Iracle Cobacri... Cobaquídzi...
Irakli Kobakhidze (enfim, o “Milei do Cáucaso”), o “Sonho” é inimigo ferrenho do Movimento Nacional Unido, partido ainda pró-europeu do ex-presidente Mikheil Saakashvili (então jovem líder da “Revolução das Rosas” em 2003), o qual se encontra em prisão hospitalar sob acusações de corrupção.
No fim de outubro de 2024, embora boa parte da opinião estivesse voltada contra o governo, ele ganhou as eleições parlamentares com maioria absoluta, sob suspeitas de fraude escancarada e perseguição a opositores. A presidente da República (que tem menos poderes do que o premiê e é eleita pelo Parlamento), Salome Zurabishvili, é contra Moscou e a favor dos protestos, e deveria deixar o cargo no início de 2025, mas se recusa, por considerar ilegítima a nova legislatura. No fim de novembro, a crise chegou ao ápice com o “Sonho” suspendendo até 2028 (segundo diz) as negociações pra entrar na UE, o que somou ainda mais raiva aos manifestantes já opostos às fraudes e os segurou nas ruas durante toda a semana que passou. A noite e a madrugada deste domingo (na capital Tbilisi estão 7 horas a mais que Brasília) foram de protestos violentos e insistentes.
A comparação com a Ucrânia de 2014 é inevitável, tanto mais que dois territórios ao norte da Geórgia e etnicamente não georgianos (a Abecásia e a Ossétia do Sul) estão ocupados pela Rússia desde o fim da URSS, e embora se declarem independentes, quase ninguém no mundo os reconhece. Apesar disso, Kobakhidze descarta uma repetição do “Euromaidan” e se recusa a convocar novas eleições. O impasse pode ter repercussões internacionais, e é bom os nerds em geopolítica acompanharem (de preferência, não em mídias que puxem muito pro lado do Kremlin ou de Bruxelas).
Mas um dos manifestantes irados conseguiu em rede nacional berrar por nove minutos seguidos, em tom sempre crescente, contra o governo e quase sem interrupções (há umas quedinhas de sinal também), num georgiano que naturalmente já parece um som de xingamento... Não sei de quem se trata (nem o cara de óculos e cachecol), não entendi patavinas, mas segue o trecho que consegui destacar pra sua diversão: