Desde a primeira posse de Emmanuel Macron, em 2017, os registros no site oficial do Elysée começaram a ficar muito bagunçados, e alguns discursos sumiram, outros ficaram mais difíceis de encontrar, não foi constituído um acervo de vídeos históricos etc. Por isso, fiquei dependente do que pude encontrar pelo Google ou no YouTube.
Curiosamente, os europeus pareciam gostar nos anos 2000 muito mais do Dailymotion ou do Vimeo do que do próprio YouTube, portanto, foi muito mais fácil achar os discursos de Sarkozy na primeira plataforma. A partir de 2013, sob François Hollande, ficou mais fácil achar em canais diversos do YouTube, sobretudo de agências de notícias, como estes votos pra 2014. Porém, até hoje não entendo por que nenhum vídeo do presidente Hollande foi publicado no YouTube oficial, enquanto o Dailymotion oficial é o mais completo de todos. Além disso, conforme as datas dos vídeos, há um “buraco” no YouTube entre 28 de janeiro de 2011 e 15 (“Ao vivo”) ou 18 (“Vídeos”) de janeiro de 2019...
O ano de referência sempre é o próximo, ao qual cada presidente está desejando votos, e não o que está acabando, quando o discurso é gravado e lançado. Uso o Google Tradutor pra obter os textos mais rapidamente, mas revisando e confrontando manualmente com os originais. Pra França, a fonte desses textos, como é o caso dos votos pra 2014, está sendo um site de informações políticas, econômicas e sociais chamado “Vie publique”, ligado ao gabinete do primeiro-ministro, mas infelizmente pouco divulgado.
Meus caros compatriotas,
Antes de lhes dirigir meus votos, gostaria de lhes falar sobre o que temos em comum e de mais estimado: nosso país.
O ano de 2013 foi intenso e difícil.
Intenso, porque a França assumiu suas responsabilidades durante graves crises internacionais: Mali, Síria e, bem mais recentemente, a República Centro-Africana.
Intenso, porque a Europa finalmente conseguiu superar a turbulência financeira que atravessava desde 2008.
Intenso, porque o Governo promoveu reformas para restaurar nossas contas públicas, melhorar a competitividade das empresas, modernizar o mercado de trabalho e consolidar nossas aposentadorias, tendo em conta o desgaste de cada trabalho.
Ele priorizou a educação – esse era meu compromisso – e tornou o casamento igualitário.
Mas 2013 também foi um ano difícil para muitos de vocês e para o país. Porque a crise se revelou mais longa e profunda do que nós mesmos havíamos previsto.
E pagamos o preço com um crescimento fraco e uma sucessão de planos sociais.
O próprio estado do país justificou que eu lhes pedisse esforços.
E sei o que eles representam.
Os impostos se tornaram pesados, pesados demais, tendo se acumulado ao longo de muitos anos.
Em 2013, o desemprego permaneceu em um nível alto, embora a tendência nos últimos meses tenha sido de melhora.
Os resultados certamente levarão um tempo para aparecer, mas estão aí. E tenho confiança nas escolhas que fiz para o país.
Esta noite repito a vocês: tenho apenas uma prioridade, um objetivo, um compromisso, que é o emprego!
Pois cada emprego criado é um pouco de força recuperada. Cada desempregado que volta a trabalhar é uma família que retoma o fôlego, é uma esperança que retorna, é poder de compra que se retoma, é justiça social reencontrada.
Em 2014, precisaremos da mobilização de todos para vencer essa batalha.
Por isso, estou propondo às empresas um pacto de responsabilidade. Ele é baseado em um princípio simples: menos encargos sobre o trabalho, menos restrições a suas atividades e, em troca, mais contratações e mais diálogo social.
Aliás, gostaria de homenagear os parceiros sociais que, no início do ano, já haviam conseguiram concluir um acordo sobre a segurança do emprego e, nos últimos meses deste ano, concluíram um acordo sobre formação profissional.
Ele permitirá que os jovens sejam melhor integrados. Aos desempregados, terem mais apoio em direção ao emprego. Aos menos qualificados, dispor de uma nova chance na empresa.
Por isso, uma lei será aprovada no início de 2014, porque quero traduzir essa reforma em realidade o mais rápido possível.
Por fim, a Nação deve se mobilizar em torno de sua escola, que deve aliar a excelência no acesso ao conhecimento com altos padrões no combate às desigualdades.
2014 também será o ano de decisões fortes. Três são essenciais, a meu ver.
Primeiro, quero reduzir os gastos públicos. Devemos economizar onde for possível. E tenho a certeza de que podemos fazer melhor gastando menos.
Isso se aplica ao Estado, que deve se concentrar em suas missões essenciais, mas também às autoridades [collectivités] locais, cujas competências devem ser clarificadas; e à previdência social, que é nosso bem mais precioso, que deve pôr fim aos excessos – os quais conhecemos – e aos abusos. Porque põem em xeque a própria ideia de solidariedade.
Precisamos gastar menos para reduzir nosso déficit, mas também para poder reduzir impostos no longo prazo. Esse é o sentido da reforma tributária que empreendemos. Assumirei pessoalmente a responsabilidade e o monitoramento desse programa de economia durante todo meu mandato.
A seguir, a segunda decisão: quero simplificar a vida de cada um de vocês. Para procedimentos administrativos, atividades cotidianas, criação de empresas e consecução de investimentos. Tudo deve ser facilitado. É uma condição para sermos mais atrativos, mais modernos e mais flexíveis.
Por fim, quero que nosso país conclua sua transição energética. Seus objetivos são claros: economizar energia, renovar nossas habitações, combater o aquecimento global e apoiar o empreendedor autônomo [artisanat], bem como uma nova indústria que está surgindo graças à transição energética.
Meus caros compatriotas,
A França tem todos os atributos para o sucesso. Somos um país de invenção, inovação, criação, em todas as áreas. Penso na magnífica proeza que foi desenvolver um coração artificial, a primeira vez em que essa técnica foi desenvolvida no mundo. Penso também nos transportes, com os veículos elétricos; na agricultura, com a química verde; no digital, onde também somos os melhores; na cultura, onde temos excelência.
Portanto, a França será forte se soubermos nos unir em torno do essencial, isto é, do destino econômico, industrial e produtivo de nosso país nos próximos dez anos.
A França será forte se permanecer solidária. Se construir mais moradias, reduzir a pobreza e acolher melhor as pessoas com deficiência ou dependentes de outros.
A França será forte se for intransigente no respeito a suas regras: a segurança, que é a garantia da liberdade; a independência da justiça, que significa imparcialidade; a laicidade, que é a condição para vivermos juntos.
Serei intransigente diante de qualquer infração, diante do racismo, do antissemitismo e da discriminação.
A República não é negociável. As leis não são negociáveis. O modelo francês é muito menos negociável. Porque é ele que nos permite avançar, de geração em geração.
Esses valores, todos esses valores da República, também os afirmamos no mundo. A França está sempre na vanguarda, e tenho orgulho disso, a serviço da paz. É sua honra. É seu dever.
Por isso, intervimos no Mali, para combater o terrorismo. Atuamos para impedir o uso de armas químicas na Síria. Estamos presentes na República Centro-Africana para salvar vidas humanas e evitar que crianças sejam cortadas em pedaços, como tem acontecido. Para defendermos em todos os lugares os Direitos Humanos, a dignidade das mulheres, o tratamento diferenciado à cultura [exception culturelle] e a preservação do planeta.
Saúdo todos os que se dedicam a isso, e em particular nossos soldados que são mobilizados, às vezes, à custa de suas vidas. Nove deles, eu disse nove mesmo, tombaram pela França este ano. Curvo-me à memória deles e renovo meu apoio a suas famílias.
Meus caros compatriotas da Metrópole e do Ultramar,
Na próxima primavera, vocês serão consultados por meio de duas votações.
Eleições municipais para designar os políticos que serão parceiros do Estado para pôr nosso país em movimento, mas dentro de um quadro que deve ser precisado. Uma nova lei de descentralização concederá mais responsabilidades aos políticos e simplificará a organização territorial de nosso país, que se tornou indecifrável e onerosa.
Quanto à renovação do Parlamento Europeu, deve ser uma chance para promovermos uma maioria política que deverá centrar-se no emprego e na solidariedade, e não na austeridade e no egoísmo nacional.
Não é desmantelando a Europa que criaremos a França de amanhã. É fortalecendo-a que ela nos protegerá mais. E não deixarei fazer o que bem entenderem aqueles que negam o futuro da Europa, que querem regressar às antigas fronteiras, pensando que elas os protegeriam, que querem sair do euro. Serei o depositário de todas as gerações que lutaram pela Europa. Portanto, a partir da próxima primavera, tomarei iniciativas com a Alemanha para dar mais força a nossa União.
Meus caros compatriotas,
Mais do que nunca, devemos amar a França. Não há nada pior do que a autodepreciação. Ser lúcido jamais impediu que alguém fosse orgulhoso.
A França não é apenas uma grande história – e teremos que celebrá-la em 2014, no centenário da Primeira Guerra Mundial. A França é uma promessa, é um futuro, é uma oportunidade.
Sim, é uma sorte ser francês no mundo de hoje. E fortalecido por essa convicção, dirijo a vocês meus mais calorosos votos para este novo ano.
Meus desejos são de sucesso para todas e todos vocês, mas também para todos os outros.
Neste momento, não esqueço aqueles que estão sofrendo, que vivem isolados, que estão mal alojados ou que estão até mesmo sem teto.
Temos um dever de solidariedade para com eles.
Penso também em nossos concidadãos mantidos reféns. Um deles, o Padre VANDENBEUSCH, acaba de ser libertado. Estou feliz por ele e sua família. Mas ainda restam seis detidos.
Em nome da fraternidade que nos une, farei de tudo para libertá-los.
Estes são meus desejos para o novo ano: a batalha pelo emprego que deve ser o sucesso da França.
Viva a República!
Viva a França!