terça-feira, 4 de março de 2025

Votos de Nicolas Sarkozy pra 2012


Endereço curto: fishuk.cc/voeux2012

Desde a primeira posse de Emmanuel Macron, em 2017, os registros no site oficial do Elysée começaram a ficar muito bagunçados, e alguns discursos sumiram, outros ficaram mais difíceis de encontrar, não foi constituído um acervo de vídeos históricos etc. Por isso, fiquei dependente do que pude encontrar pelo Google ou no YouTube.

Curiosamente, os europeus pareciam gostar nos anos 2000 muito mais do Dailymotion ou do Vimeo do que do próprio YouTube, portanto, foi muito mais fácil achar os discursos de Sarkozy na primeira plataforma. Não foi o caso, porém, destes votos pra 2012. Além disso, até hoje não entendo por que nenhum vídeo do presidente François Hollande foi publicado no YouTube oficial, enquanto o Dailymotion oficial é o mais completo de todos. E ainda por cima, conforme as datas dos vídeos, há um “buraco” no YouTube entre 28 de janeiro de 2011 e 15 (“Ao vivo”) ou 18 (“Vídeos”) de janeiro de 2019...

O ano de referência sempre é o próximo, ao qual cada presidente está desejando votos, e não o que está acabando, quando o discurso é gravado e lançado. Uso o Google Tradutor pra obter os textos mais rapidamente, mas revisando e confrontando manualmente com os originais. Pra França, a fonte desses textos, como é o caso dos votos pra 2012, está sendo um site de informações políticas, econômicas e sociais chamado “Vie publique”, ligado ao gabinete do primeiro-ministro, mas infelizmente pouco divulgado.



Meus caros compatriotas,

O ano de 2011 está chegando ao fim. Nele, muitas convulsões ocorreram.

Desde o início da crise que em três anos levou várias vezes a economia mundial à beira do colapso, nunca escondi de vocês a verdade sobre sua gravidade nem sobre as consequências que ela podia ter sobre o emprego e o poder de compra.

Essa crise sem precedentes, que pune 30 anos de desordem planetária na economia, no comércio, nas finanças e na moeda, e sem dúvida a mais grave desde a Segunda Guerra Mundial, essa crise ainda não acabou.

Ela arrastou para a turbulência países como Grécia, Irlanda e Portugal, bem como países tão poderosos quanto a Espanha e mesmo a Itália.

Na tempestade, vocês sofreram. Sei que a vida de muitos de vocês, já testada por dois anos difíceis, foi severamente testada mais uma vez. Vocês terminam o ano mais preocupados consigo mesmos e com seus filhos.

Entretanto, há motivos para esperança. Devemos e podemos continuar confiando no futuro. Pois se tantos países passaram por dificuldades insuperáveis, a França aguentou. Ela resistiu.

Se ela aguentou, se ela resistiu, se ela até agora conseguiu afastar a dúvida que desencadeia a crise de confiança, foi graças à coragem e ao sangue frio que vocês têm demonstrado há três anos, foi graças à solidez de nossas instituições, foi graças a nossa proteção social, que garante a solidariedade durante as adversidades, foi graças às reformas que realizamos nos últimos anos. Penso em particular na reforma da previdência e em todas as medidas visando reduzir nossos gastos públicos, que permitiram à França manter a confiança dos que lhe emprestam suas poupanças para financiar a economia nacional.

Não se trata de negar as dificuldades que estamos atravessando. Mas nessas adversidades, a França conseguiu preservar o essencial. Gostaria de prestar uma homenagem especial a todas e todos vocês que, com seu trabalho, contribuíram para o desenvolvimento de nossa economia.

Meus caros compatriotas,

Devemos ser corajosos, devemos ser lúcidos.

O que está acontecendo no mundo anuncia que o ano de 2012 será o de todos os riscos, mas também de todas as possibilidades. De todas as esperanças, se soubermos enfrentar os desafios. De todos os perigos, se ficarmos parados.

Adiar as escolhas porque elas são difíceis é a pior opção. Quando se decide tarde demais, o preço a pagar é mais alto e os sofrimentos são maiores.

Em 2012, o destino da França pode mudar mais uma vez.

Sair da crise, construir um novo modelo de crescimento, engendrar uma nova Europa: eis alguns dos desafios que nos aguardam. Quero expressar minha convicção de que, unidos a nossos parceiros europeus, seremos mais fortes para enfrentá-los.

Mas esses desafios são impostos a nós. Não podemos recusá-los nem os afastar. Não podemos ignorar esse mundo novo.

Daqui a cinco meses, teremos eleições presidenciais. É uma data importante, pois quando chegar a hora, vocês farão sua escolha. Mas até lá, devo continuar agindo, pois a história das próximas décadas está sendo escrita agora.

Junto com o Primeiro-Ministro, reuniremos no próximo dia 18 de janeiro os representantes das forças econômicas e sociais de nosso país. Ouvirei as propostas de todos e, antes do fim de janeiro, tomaremos e assumiremos decisões importantes, pois as apostas são cruciais.

A crise é grave, as circunstâncias são excepcionais, as decisões devem fazer jus a essa gravidade. É um dever do qual não fugirei.

Não subestimo os impactos que as agências de classificação de risco e as agitações do mercado financeiro podem ter sobre nossa economia, nem igualmente nossos erros passados, mas digo isto para que todos possam ouvir: não são os mercados nem as agências que farão a política da França.

No fundo, a única maneira de preservar nossa soberania e controlar nosso destino é escolher, como fizemos até agora, o caminho das reformas estruturais em vez do caminho das reações precipitadas que só aumentam a confusão e a desordem, sem restaurar a confiança.

Não está em questão uma nova rodada de cortes de gastos para o próximo ano. O que tinha que ser feito, foi feito pelo Governo.

Agora devemos trabalhar prioritariamente pelo crescimento, pela competitividade e pela reindustrialização, as únicas coisas que nos permitirão criar empregos e poder de compra.

Três assuntos me parecem dominar os outros.

Não sairemos dessa deixando para trás quem já está sofrendo as consequências dolorosas de uma crise pela qual não é responsável. Não construiremos nossa competitividade com base na exclusão, mas em nossa capacidade de dar a todos um lugar na Nação. Por isso, quem perdeu seu emprego deve receber agora toda a nossa atenção.

Precisamos mudar nossa visão sobre o desemprego. Fazer com que a especialização dos desempregados se torne a principal prioridade, para que todos possam reconstruir um futuro para si. Nosso objetivo deve ser especializar, e não apenas indenizar. Ninguém deve poder eximir-se dessa obrigação ou ser privado dessa possibilidade.

A segunda questão é o financiamento de nossa proteção social, que não pode mais se basear principalmente no trabalhador, muito vulnerável à deslocalização. Precisamos aliviar a pressão sobre o trabalhador e fazer com que as importações, que competem com nossos produtos devido à mão de obra barata, contribuam financeiramente. Há anos esse tópico tem estado no centro de todos os debates. Ouvirei as propostas dos parceiros sociais e então decidiremos.

O terceiro assunto é o da desregulamentação financeira, que choca vocês tanto mais que ela está, em grande parte, na raiz das dificuldades atuais.

O mercado financeiro deve estar envolvido na reparação dos danos que ele mesmo causou. É uma questão de eficiência. É uma questão de justiça. É uma questão de moral. O imposto sobre transações financeiras deve ser implementado.

Meus caros compatriotas,

Meu dever é o de encarar os desafios e proteger vocês.

Podem ter certeza de que assumirei completamente e até o fim as pesadas responsabilidades que vocês me confiaram e que jamais deixarei de agir em nome do interesse geral.

Todos deverão assumir suas responsabilidades, razão pela qual apelo a todos os que tomam as decisões nos negócios e na economia para que façam todo o possível para preservarem empregos. Apelo a todos os agentes do serviço público para que redobrem os cuidados para com todos os que precisarem de nossa solidariedade.

Meus caros compatriotas,

Tenho confiança nas forças da França.

Estou certo do caminho que devemos seguir.

A vocês, a todos os que lhes são queridos, a nossos soldados que arriscam suas vidas fora de nossas fronteiras, a suas famílias que vivem na ansiedade e a todos aqueles no mundo que lutam pela liberdade, dirijo esta noite meus melhores votos de felicidade para o ano que começa.

Feliz Ano Novo a todos.

Viva a República! E viva a França!



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