terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Votos de Nicolas Sarkozy pra 2009


Endereço curto: fishuk.cc/voeux2009

Desde a primeira posse de Emmanuel Macron, em 2017, os registros no site oficial do Elysée começaram a ficar muito bagunçados, e alguns discursos sumiram, outros ficaram mais difíceis de encontrar, não foi constituído um acervo de vídeos históricos etc. Por isso, fiquei dependente do que pude encontrar pelo Google ou no YouTube.

Curiosamente, os europeus pareciam gostar nos anos 2000 muito mais do Dailymotion ou do Vimeo do que do próprio YouTube, portanto, foi muito mais fácil achar os discursos de Sarkozy, como estes votos pra 2009, na primeira plataforma. Além disso, até hoje não entendo por que nenhum vídeo do presidente François Hollande foi publicado no YouTube oficial, enquanto o Dailymotion oficial é o mais completo de todos. Além disso, conforme as datas dos vídeos, há um “buraco” no YouTube entre 28 de janeiro de 2011 e 15 (“Ao vivo”) ou 18 (“Vídeos”) de janeiro de 2019...

O ano de referência sempre é o próximo, ao qual cada presidente está desejando votos, e não o que está acabando, quando o discurso é gravado e lançado. Uso o Google Tradutor pra obter os textos mais rapidamente, mas revisando e confrontando manualmente com os originais. Pra França, a fonte desses textos, como é o caso dos votos pra 2009, está sendo um site de informações políticas, econômicas e sociais chamado “Vie publique”, ligado ao gabinete do primeiro-ministro, mas infelizmente pouco divulgado.



Meus caros compatriotas,

O ano de 2008 está terminando. Ele foi rude.

Por essa razão, quero recordar primeiramente aqueles em quem a vida deu um duro golpe, os que perderam seus empregos sem terem culpa alguma por isso, os que são vítimas de injustiça, os que devem enfrentar a ausência de um ente querido.

Quero recordar nossos soldados que neste exato momento estão arriscando suas vidas por nossa segurança e pela paz. Quero recordar as famílias deles, que vivenciam dolorosamente essa separação. E mais ainda os que choram a perda de um filho, um marido, um noivo, um pai.

Para todos os franceses, este ano foi difícil. A crise econômica e financeira mundial acrescentou sua cota de dor e sofrimento. Cada um de vocês sofre suas consequências.

Face a essa crise, estou ciente de minha responsabilidade. Assumirei essa responsabilidade para que todos os que dela precisam sejam protegidos pelo Estado e para que nosso país saia mais forte dessa provação.

Desde que as dificuldades surgiram, sempre lhes disse a verdade e agi. Era meu dever.

Teria seria pior se, nessa situação, cada país tivesse tomado decisões sem se preocupar com os outros. As iniciativas que tomei em nome da presidência francesa da União Europeia para coordenar a ação de todos os europeus e reunir os chefes de Estado das vinte maiores potências mundiais em Washington permitiram evitar que o mundo recaísse na propensão do “cada um por si”, o que teria sido fatal. O imobilismo, igualmente, seria um erro.

Prometi que as mesmas causas não produziriam mais os mesmos efeitos. A França exigiu mudanças para moralizar o capitalismo, promover o empreendedor em detrimento do especulador, punir os excessos inaceitáveis que com razão escandalizaram vocês e devolver à dimensão humana seu devido lugar na economia. Teremos resultados na próxima cúpula em Londres, em 2 de abril.

Em um momento de crise como o mundo não via há muito tempo, tentei mudar a Europa. Sempre estive convencido de que a Europa não deve sofrer, mas agir e proteger. Com a resposta comum à crise financeira, a resolução da crise georgiana, a criação da União para o Mediterrâneo e o acordo sobre o clima e a energia, agora ficou provado que é possível. Foi apenas um primeiro passo. Devemos continuar, pois continuo convencido de que o mundo precisa de uma Europa forte, independente e imaginativa.

As dificuldades que nos aguardam em 2009 serão grandes. Tenho plena consciência disso. Estou mais decidido do que nunca a enfrentá-las, com preocupação pela justiça, com obsessão por obter resultados. Após preservar as economias de todos graças ao plano de resgate dos bancos, agora são os empregos de todos que devem ser salvos. Contribuirá para isso o plano de recuperação massiva, que foi decidido, com investimento de 26 bilhões de euros. É um esforço considerável. Medidas foram tomadas para salvar nossa indústria automobilística, em troca do compromisso dos fabricantes de não realocarem mais sua produção. Outras iniciativas serão tomadas com o fundo soberano que criamos para preservar nosso tecido industrial.

Seremos pragmáticos, atentos, reativos e, se precisarmos fazer mais, faremos, mas sem perder o sangue frio.

Temos meios, meus caros compatriotas, de enfrentar as dificuldades, desde que sejamos solidários uns com os outros. Não deixarei os mais fracos lutarem sozinhos nas piores dificuldades. Em tempos de provação, a solidariedade deve entrar em ação sem desencorajar o trabalho. Por essa razão, desejei a criação do RSA [auxílio desemprego sob condição de buscar trabalho ou realizar alguma atividade], que será aplicado pela primeira vez em 2009. A partir de agora, todo francês que retornar ao trabalho será encorajado, valorizado e recompensado.

Para sairmos dessa, todos deverão fazer esforços. Pois dessa crise nascerá um mundo novo para o qual devemos nos preparar trabalhando mais, investindo mais, continuando as reformas que não há como parar por serem vitais para nosso futuro.

Durante o ano de 2009, mudaremos os hospitais, cujo pessoal é admiravelmente dedicado e qualificado, a formação profissional indispensável para que todos tenham oportunidade de emprego, nossa organização territorial tornada inextricável por tanto conservadorismo, a pesquisa que condiciona nossa competitividade.

Penso também na reforma do ensino médio, necessária para evitar o fracasso de tantos de nossos jovens no ensino superior e a injustiça que faz tantos filhos e filhas de famílias modestas não terem as mesmas oportunidades do que os outros. Pedi que fosse dedicado tempo à consulta, porque reservar um tempo para refletirmos juntos não significa perder tempo com a reforma, mas ganhar.

Por fim, penso na reforma de nosso processo penal, tão importante para proteger melhor nossas liberdades individuais, cuja necessidade tão óbvia se evidenciou diversas vezes no ano que passou.

Meus caros compatriotas, realizarei todas essas reformas com o primeiro-ministro François Fillon e o governo, não por sistematismo, mas porque são a condição que permitirá à França conquistar seu lugar nesse novo mundo em construção. Assim, nos tornaremos mais competitivos, mais inovadores. E, ao mesmo tempo, preservaremos os valores que nos tornam únicos: o trabalho, o esforço, o mérito, a laicidade e a solidariedade, sem a qual nenhum esforço é aceitável.

Por fim, a França continuará a atuar na África, na Ásia e, claro, no Oriente Médio, para onde irei na segunda-feira, porque é a vocação da França buscar os caminhos da paz em todos os lugares, assim como é sua vocação atuar pelos direitos humanos.

Meus caros compatriotas,

A crise nos obriga a mudar de forma mais rápida e profunda. A crise é um teste, e também um desafio. Quero assumir esse desafio com vocês. Podem contar comigo.

Temos atributos consideráveis. Há no povo francês, quando unido, bastante energia, inteligência e coragem para que tenhamos juntos confiança no futuro.

Sairemos dessa crise mais fortes.

Do fundo do coração, faço a cada um de vocês meus melhores votos para 2009.

Viva a República, e viva a França!



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe suas impressões, mas não perca a gentileza nem o senso de utilidade! Tomo a liberdade de apagar comentários mentirosos, xenofóbicos, fora do tema ou cujo objetivo é me ofender pessoalmente.