Foi aí que começou a ferrar com tudo, kkkkk!
“Trump eleito fazendo xixi toda hora”... sendo o presidente mais velho da história. Tinha que ser no DCM mesmo 🤣
E finalmente, mais algumas notícias da semana:
Foi aí que começou a ferrar com tudo, kkkkk!
“Trump eleito fazendo xixi toda hora”... sendo o presidente mais velho da história. Tinha que ser no DCM mesmo 🤣
E finalmente, mais algumas notícias da semana:
Este mês de novembro promete ser caliente na política e na geopolítica... Com os EUA em estado de espera, com mais uma derrota de Putin na Moldova, com o Mediterrâneo Oriental sem perspectiva de paz e com a Jararaca rastejando cada vez mais “à direita”, o Irã resolve nos brindar com o mais novo meme da militância libertária (não aquela que nunca transa e só pensa em ganhar dinheiro de mentira). A universitária de 30 anos Āhu Daryāyi (آهو دریایی) foi filmada ontem, 2 de novembro, andando de calcinha e sutiã (e meia invisível também?) pelo ramo de Ciência e Pesquisa, também conhecido como “Olum-o-Tahqiqāt”, da Universidade Islâmica Āzād (privada) de Teerã.
Curiosamente, āhu significa “gazela” em persa, mas é só curiosidade mesmo, rs. Conforme filmado por algumas garotas e divulgado no perfil da jornalista exilada nos EUA, Masih Alinezhad, a moça é abordada por um funcionário enquanto estava sentava numa mureta, depois se levanta e sai andando pela rua fazendo caretas de deboche, até que metros depois é abordada por umas esbirras urubus da ditadura e colocada num carro, com destino incerto. Dois anos depois do que aconteceu com a curda tristemente célebre Mahsa Amini (Jîna Emînî), o possível desfecho causa preocupação e as versões são desencontradas: uns falam em protesto voluntário, outros alegam que ela estaria atribulada após se separar do marido e ter de criar seus dois filhos...
Sei que não é pra “rir” de tal situação de opressão, embora eu já ache exagero sair de lingerie na rua. Mas acho que os aiatolás não viam uma calcinha ao vivo há várias décadas, e além disso, pra quem não se recorda do que aconteceu em 2009 na Uniban de São Paulo, o país acaba de ganhar sua própria Geisy Arruda (deixo pra você o julgamento da comparação pelo pai dela com o “Oriente Médio”, rs). Diferença: além de ganhar a vida com esse episódio, Geisy só foi expulsa (!) da faculdade, e não corria risco de ser presa, muito menos de vida. O “único” problema é que aqui o caldo já estava sendo formado pra “ereção” do Talibã evangélico... Na Banânia ninguém ficou sabendo, nem a ex-querda feudal pró-Sharia que “educa com o toba”, mas o fim de semana todo surgiram as montagens de apoio no Irã. Pra seu deleite e prazer, deixo abaixo apenas o trecho em que a modelo está bem visível:
E pra começar maravilhosamente a semana: CHUPA PUTIN! É MAIA DE NOVO! ACABOU A “MOLDÁVIA” RUSSA! E pra comemorar, faço hoje o lançamento do filme 18+ Moldova de família: Maia Guina arregaça sem dó russete Jaílson Stoianoglo, rs!
Mesmo que ele não saiba, devo primeiro agradecer a meu amigo Hergon, de Vitória da Conquista (“Pleonasmo City”, como ele diz, rs), por ter publicado esta canção em seus stories do Instagram e me ter feito lembrar que já a tinha escutado em algum lugar. Sendo muito bonita, pesquisei e descobri que se tratava de Ein bisschen Frieden (Um pouco de paz), com letra de Bernd Meinunger e melodia de Ralph Siegel. Foi composta pra concorrer pela Alemanha ao festival Eurovisão de 1982 com a voz de Nicole Hohloch, então uma estudante de 17 anos que marcou sua aparição com seu vestido preto e violão branco.
Ela conseguiu a primeira vitória pra Alemanha (então Ocidental, devido à divisão da “guerra fria”) em toda a história do concurso, e a canção foi regravada em outras línguas, por outros artistas e pela própria “Nicole” (seu nome artístico). Após o anúncio da vitória, a cantora fechou o festival interpretando Ein bisschen Frieden também com trechos em inglês, francês e holandês. Nicole se casaria em 1984 com um amigo de infância e adotaria então o sobrenome “Seibert”, e na longa carreira também gravaria músicas em inglês, francês e holandês, entre outras línguas.
Até 1996, o advérbio bisschen (pron. “bíss-ien”) era escrito bißchen, com a peculiar ligatura “es-zett”, porque seu uso era obrigatório no final de todas as palavras, em lugar do esse duplo. A palavra é originalmente o substantivo Biss/Biß (pedaço, mordida) acrescido do sufixo diminutivo -chen, e em casos de flexão ou derivação, a ortografia original não muda. Porém, com a reforma, o “es-zett” passou a ser mantido (no meio ou no fim das palavras) somente após ditongos ou vogais longas, e como o “i” de Biss e de bisschen é curto, a versão com a ligatura só se vê em registros antigos de títulos ou textos. Daí ainda ser muito comum a canção ser listada como Ein bißchen Frieden
Na Suíça, onde não é mais usado, o “es-zett” começou na prática a ser substituído totalmente pelo “ss” no início do século 20, e a primeira decisão oficial em favor de sua abolição foi em 1938 (cantão de Zurique). Eu optei pela ortografia atual, fazendo apenas algumas correções ao texto original alemão que encontrei e que também segue abaixo. A tradução em português é a que achei no site Vagalume e que corrigi levemente; a tradução do portal Cifra Club é péssima, só pra comparar. Todas as informações sobre Nicole e sua opus magnum são da Wikipédia em inglês.
Seguem também dois vídeos com a versão holandesa. Outra versão de que gostei é Jsme dĕti slunce (Somos filhos do Sol), gravada em checo por Jaromír Mayer. Abaixo também segue a versão poética que fiz em esperanto e... uma surpresinha!
1. Wie eine Blume am Winterbeginn
Dann seh’ ich die Wolken, die über uns sind
Refrain:
Ein bisschen Frieden, ein bisschen Träumen
2. Ich weiß, meine Lieder, die ändern nicht viel
(Refrain) Sing mit mir ein kleines Lied
____________________
Então vejo as nuvens que estão sobre nós
Refrão:
Um pouco de paz, um pouco de sonhos
2. Sei que meus cantos não vão mudar muita coisa
(Refrão) Cante comigo uma pequena canção
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Precisei escrever mais esta parte! Como na época do saudoso Pan-Eslavo Brasil, algumas pesquisas podem acabar me levando a muito mais dados que me tomam muito mais tempo e me fazem descobrir muitas coisas (às vezes agradáveis!) que não previa inicialmente, rs. Por “desencargo de consciência”, resolvi procurar no ótimo site Second Hand Songs se alguém gravou uma versão em português de Ein bisschen Frieden. Pois embora ele seja útil pra descobrir o original de uma canção, o contrário também vale: descobrir quantas podem ter sido as gravações traduzidas de qualquer canção, sobretudo se famosa!
E não é que achei uma versão gravada no Brasil? Prepare-se: foi proeza de um certo Tony Rey, com letra de Ricardo Magno rebatizada Chance de ser feliz e inserida no álbum de estreia, Certas Paixões (1988, minha idade!). Este irmão perdido de Sergei Shoigú adota o estilo e até tenta imitar bisonhamente o sotaque de Julio Iglesias, que então vivia o ápice do sucesso, tornando as músicas “bregas”, mas com um romantismo cativante. O injustiçado Tony Rey tem um canal com apenas 11 vídeos e meros 27 inscritos, tendo criado e publicado tudo, ao que parece, em 3 e 4 de outubro de 2012 numa tacada só. Depois, o abandono...
Concordo com o único comentário que foi lá deixado: “E não é que ficou mesmo bom?”, rs. Segundo comentários deixados em outros vídeos, o “artista desaparecido” estaria vivendo em Esperança, PB, mas ninguém informa do quê – de música certamente não, rs. Existe um tal de Tony Ray que pode aparecer relacionado no YouTube, mas não é a mesma pessoa, bem diferente nos traços, no rosto e no estilo. Se alguém ainda conhecer ou conversar com essa fera, por favor, façam este texto chegar até ele: prefiro muito mais seus “fracassos” do que certos “cu-cessos” que a mídia hoje nos tenta socar!
Segundo o Letras.mus.br, ele fez a proeza de gravar mais um álbum em 1992, no qual se encontram traduções de outras músicas famosas. Uma delas italiana, inclusive, Eu nasci pra você, que eu ouvia criança nos anos 90 pela Laser FM de Campinas (na época do sertanejo e do romantismo...), só redescobri nesta busca, e nem sabia que era tradução. É, o mercado “furográfico” bananeiro nunca foi pros fracos. Mas pra quem gosta mesmo de mim, só digo uma coisa: divirta-se!
Kaj finfine, post traduko al la portugala kaj poezia versio en la sama lingvo, jen la poezia Esperanta traduko, kiun mi faris la 29-an kaj la 30-an de oktobro 2024 de la germana kanzono Ein bisschen Frieden (Iom da paco). La nova titolo estas Sufiĉa paco, kaj mi esperas, ke vi ĝin trovos almenaŭ tiel agrabla, kiel la originala! La aŭtoro de la teksto estas Bernd Meinunger, la melodion komponis Ralph Siegel, kaj ĝin kantis la 17-jaraĝa gimnazianino Nicole Hohloch dum la muzikfestivalo Eŭrovizio en la jaro 1982. Ŝi konkeris la unuan venkon por (tiam Okcidenta) Germanujo en la tuta historio de la konkurso kaj poste registris la kanzonon en aliaj eŭropaj lingvoj. Same, aliaj gekantistoj ĝin registris en la germana kaj en aliaj lingvoj, sed la versio de “Nicole” (ŝia artistonomo) restis longan tempon en la unua loko de sukcesparadoj de pluraj landoj.
En 1984, la hodiaŭ famega kantistino edziniĝis kaj adoptis la nomon Nicole Seibert. Mi decidis Esperantigi la kanzonon per propra iniciato, sed poste mi eksciis, ke jam ekzistis du versioj skribitaj de germanoj, kiuj do ne influis sur la mia. Tamen, ili faris la superan pekon aŭtomate traduki “ein bisschen” kiel “iom da”, tiel domaĝante la ritmon: “ein-BISS-chen...”, “i-OM-da...” Ĝuste tial mi elektis “sufiĉan”, ĉar la signifo ne estas tro malegala. Jen la rezulto de la laboro de nebona poeto:
1. Kiel floreto dum vintrokomenc’
Sed poste mi vidas la nubojn sur ni
Rekantaĵo:
Sufiĉan pacon, sufiĉajn sonĝojn
2. Mi scias, la Teron ne ŝanĝas kanzon’
(Rekantaĵo) Sekvu min dum la kantet’
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Assim como Dmitri Medvedev, sem relevância na vida real e achando no Telegram uma válvula de escape pra seu extremismo doentio, o “guru de Putin” expôs pelo canal (literalmente!) seu brilhante lampejo pra criar uma nova disciplina acadêmica chamada “ocidentologia”, em contraste com o “orientalismo” ou os “estudos orientais” euro-americanos. Segundo o Doguim baboso, o Ocidente era o “sujeito” e o Oriente, o “objeto”, e na nova Eurásia (eufemismo pra neoimperialismo russo) é o contrário que deve se dar.
Seria um gênio se não fosse um jegue, porquanto seus raciocínios são obnubilados, entre outras coisas, pela obsessão com os “terroristas LGBT”. Mas vamos lembrar por partes algumas coisas ao Xande das Frexas. Primeiro, se ele não acompanha o debate epistemológico “daqui”, as noções de “Ocidente” e “Oriente” são criticadas pelo menos desde o opus magnum de Edward Saïd, e imagino que ele deva se arrepiar com a corrente “decolonial” (que lhe faria muito mais jus) tanto quanto um bolsotrumpista apavorado por tudo o que é “woke”. (Nota: nas melhores análises, a Rússia ainda é considerada um país colonialista, portanto, ele se veria em maus lençóis...).
Segundo, percebemos, assim, que ele não traz uma grande inovação epistemológica, mas apenas concebe um reflexo invertido do que o “Ocidente” fez por séculos. O “multilateralismo” dos eurasianos não passa de uma ratoeira armada por ditadores com intenções muito piores do que as dos “ianques malvadões”. Terceiro, estudiosos russos (sérios!) sobre o Reino Unido e os EUA, muitos deles jovens, só pra ficar em parte do “Ocidente Coletivo”, sempre existiram aos montes. Quer um exemplo brilhante? Aleksandra Filippenko, exilada na Letônia com seu pai, um famoso ator oposicionista, e que sempre comenta na TV Rain os últimos acontecimentos em Washington!
Quarto, Doguim sequer propõe o nome “ocidentologia” em russo, mas pega a versão em inglês “Westernology” e cria um monstrengo por meio da transliteração mais assimilação: “vesternológia”... Que erva ele injetou? Se confirmamos que ele não está há um bom tempo em nosso planeta, ele ignora que quase sempre Westernology tem sido usado com um sentido irônico na literatura e nas artes, e que mesmo em russo já existe a palavra “vostokovéd”, ou seja, “orientalista” (de vostók: leste, oriente), seja lá o que isso queira dizer. Portanto, se západ significa “oeste, ocidente”, bastava tacar um “zapadovéd” pra encerrar a história! Parece aquele “anticolonialismo” francófobo das juntas militares do Níger, do Mali e do Burquina-Fasso, três quengas do Kremlin que rejeitam toda a “herança do colonizador”, exceto, curiosamente... a língua, ainda usada nos hinos nacionais e nos comunicados gerais.
E quinto, tente descobrir quem foi Ivan Ilin, fascista, simpatizante de Hitler, ideólogo do Exército Branco e, segundo alguns, também o intelectual preferido de Putin. A tal “escola superior de política” existe no seio da Universidade Estatal Russa de Humanidades (RGGU) e foi tolerada pela ditadura, apesar de muitos estudantes terem protestado devido ao passado do homenageado. Enfim, se delicie com esta tradução em primeira mão de uma pérola do pensamento universal e reze pra que a hidra seja decepada sem que muitas cabeças precisem escorregar no banheiro e se arrebentar!
Publicação 1: Vamos pensar por que existem orientalistas na Rússia, mas não ocidentalistas, e essa mesma palavra nos parece desajeitada e inadequada. Porque estamos habituados a considerar o Oriente como um objeto, mas o Ocidente como um sujeito. O Ocidente não é o que se estuda, mas sim aquele que estuda. O Ocidente age através de nós, penetra em nossa consciência científica. Esforçamo-nos por ver tudo através de seus olhos, aceitamos seus métodos, critérios e ensinamentos como algo universal e geralmente vinculativo.
Obviamente, tal atitude é falha, privando a ciência russa da sua subjetividade, transformando nosso país num meio-Ocidente, um sub-Ocidente, numa identidade que está sempre por alcançar o Ocidente.
Portanto, os estudos ocidentais são necessários hoje. Talvez o termo Westernology [vesternologia] soe melhor. Mas o significado é o mesmo. Devemos estudar o Ocidente como um objeto. Simétrico ao Oriente. E nós mesmos devemos ser o sujeito. Assunto russo. E o conhecimento da Rússia e de tudo o que é russo é autoconhecimento. Enquanto o conhecimento do Ocidente e do Oriente é o conhecimento do Outro, significativo, mas ainda assim sempre o Outro. E nada alcançando.
Podemos adotar algumas coisas tanto do Ocidente como do Oriente, mas primeiro pensar cuidadosamente, estimar e correlacioná-las com os nossos próprios valores tradicionais.
Publicação 2: Desenvolvemos a primeira versão do curso de Vesternologia na Escola Superior de Política Ivan Ilin. Lemos a primeira versão de teste, levamos muito em consideração e corrigimos. O curso é absolutamente paradigmático e de vital necessidade. Aqui está um artigo sobre o programa.
É significativo que o tema tenha despertado grande interesse na China (Universidade Fudan), na Índia e nos países islâmicos. O artigo foi imediatamente traduzido para vários idiomas. Mas cada civilização deve obviamente ter a sua própria versão da vesternologia. Até o século 11, tivemos uma história cultural e religiosa com a Europa Ocidental, se não idêntica, pelo menos muito próxima. No caso da China e da Índia, este não é o caso; o encontro com o Ocidente tem inicialmente uma natureza puramente colonial; o mundo islâmico tem muitas intersecções não só com o cristianismo, mas também com o helenismo, com a cultura e a filosofia gregas – a filosofia islâmica é o neoplatonismo. Ou seja, deve ter sua própria vesternologia.
É claro que a África terá as suas e a América Latina terá as suas. Mas o princípio importante aqui é: toda civilização é um sujeito epistemológico. E cada civilização deve construir a partir de si mesma a sua própria interpretação do Ocidente, olhando para o Ocidente com os seus próprios olhos. Isto é multipolaridade epistemológica.
O vice-presidente da Universidade Nehru da Índia, Santishri Dulipudi Pandit, e o famoso professor da Universidade Fudan de Xangai, Chang Weiwei, estão preparando cursos relevantes em suas universidades. Os estudos ocidentais são uma consequência lógica da multipolaridade. A cúpula dos BRICS em Kazan dá esse novo impulso. A Grande Humanidade está determinada a acabar com a hegemonia epistemológica do Ocidente. De agora em diante, o Ocidente é apenas uma das civilizações. E a nossos olhos, um objeto.
E pra não deixarmos o humor de sempre, segue um vídeo mandado por um amigo e que não mostra nada menos do que um momento raríssimo: a fundação do Hamas, rs!
Como diz minha mãe: “É cada coisa que se vê nesse mundo...” E como Putin levou a Rússia a uma desagregação moral e identitária sem precedentes na história global, o país se torna cada vez mais um antro de bizarrices. A mais nova de que fiquei sabendo na mídia de oposição é a “groboterapía”, palavra que vem de “grob”, ou seja, “caixão”. Impossível achar em português um elemento erudito pra composição, mas se você digitar no Google “terapia do caixão” (que vejo como melhor tradução) ou “coffin therapy”, vai encontrar resultados que remontam a 2012 e se relacionam à China e, pasme, à Ucrânia! Uma personagem da série Pé na cova (TV Globo, 2013) também já teria sido uma pioneira do “tratamento”.
Mas vamos ser mais diretos: a invasão da Ucrânia levou a uma onda inédita de doenças mentais entre os próprios russos, tanto pela ansiedade com a repressão quanto pelo terror de ser levado ao front ou de perder alguém querido lá. Neste artigo escrito por Iulia Latipova e publicado por um site comum em 20 de outubro de 2024, temos um breve apanhado da “nova moda” e já podemos rir um pouco do contexto em si (mas não dos doentes, claro...). Este artigo mais longo, da mesma data, deixo pra quem se aventura no russo ou na tradução automática, tornando meu material mais curto pra não cansar o leitor. Há casos, por exemplo, em que a pessoa chega a ser enterrada por algumas horas...
Eu mesmo traduzi e adicionei notas e links explicativos, quando necessário. Seguem-se também observações humorísticas sobre o assunto e uns memes pra começar bem a semana, rs:
Pra que se deitar num caixão? Uma terapia incomum tem ganhado popularidade na Rússia – A terapia do caixão está se tornando uma prática terapêutica popular entre os russos
Uma nova tendência apareceu na Rússia: a “terapia do caixão”. Uma pessoa vivinha da Silva é velada, e depois os parentes se despedem do “falecido”. Essa prática psicoterapêutica está sendo aplicada àqueles que perderam o gosto pela vida.
“É necessário pras pessoas que se encontram em depressão profunda, que possuem tudo, menos o sentimento de felicidade. Durante a terapia, a pessoa entende que só do caixão não há uma saída e que é possível lidar com todo o resto que existe na vida”, disse ao UFA1.ru Iekaterina Kostyleva, proprietária da agência ritual.
Além disso, durante a “terapia do caixão”, o paciente é acompanhado de um psicólogo que acompanha todo o processo.
Há diversos valores pagos por essa prática, Em Samara, por exemplo, o preço mínimo da terapia é 35 mil rublos [quase 2060 reais em 21 de outubro], segundo a publicação. Já em Izhevsk, o tratamento no caixão é oferecido a 150 mil [mais de 8828 reais], diz a revista Arguménty i fákty [Argumentos e Fatos].
Aliás, a nova moda em terapia já conseguiu atrair as críticas do movimento social “Rússia Ortodoxa”.
“Primeiramente, isso se aplica à chamada ‘terapia do caixão’ e a outras práticas ocultistas vendidas como meio de resolver problemas psicológicos. Essas terapias da moda não têm nada em comum com a verdadeira terapia e colocam em dúvida a sanidade mental da geração mais jovem. Os especialistas têm a obrigação de desmentir tais tendências a fim de prevenir sua ampla propagação e minimizar os danos. Pela mesma razão o crescente interesse pelo quadrobismo acende o alerta”, disse à Life.ru Mikhail Ivanov, presidente da associação.
Neste esquecido vídeo que achei por acaso, publicado ainda em 26 de março de 2014, há um exemplo de uso não consentido da “terapia do caixão” exibido no programa policial Disque Emergência 112 do canal moscovita REN TV: vale pela diversão, rs.
Tradução da descrição: “Em Magnitogorsk, uma ex-paciente de um centro de reabilitação para vício em drogas e álcool acionou o Ministério Público, pois visa processar o fundador da clínica por enterrá-la viva. Ocorre que o método de tratamento envolve um ritual bastante inusitado. Cada paciente deve cavar sua própria cova, subir no caixão e passar algum tempo no subsolo. Nosso correspondente Mikhail Dolgov decidiu verificar pessoalmente se esse tratamento é seguro e como a pessoa se sente.”
Quando invento de assistir a El Pase, programa noturno de notícias do canal argentino La Nación Más, em que o jornalista Eduardo Feinmann é o principal apresentador e comentarista, sempre sai algum novo meme. Foi o caso a participação de Jonatan Viale no fim da presidência Alberto Fernández, que disse que o aumento de preços por parte dos empresários não era porque eles queriam “joder culos argentinos”, mas porque teriam de acompanhar o descalabro econômico deixado pelo peronismo.
Seguindo a linha editorial de La Nación, Feinmann é conservador e radicalmente antiperonismo e, sobretudo, antikirchnerismo. Sem surpresa, assim como seria na Banânia, suas posições punitivistas, pró-Israel e pela liberdade de mercado passam por “fascistas” (chamados de “fachos” na gíria em espanhol e em francês) em alguns círculos. Também sem surpresa, continua defendendo o presidente Milei, embora de modo mais tímido. Tanto que no programa de 11 de outubro, eles comentam justamente a queda recente do “risco país”, a qual, convenhamos, sendo um índice puramente mercadológico, reflete muito mais a constância da política de austeridade do que a qualidade de vida da população.
Contexto: Feinmann tinha criticado algumas supostas irregularidades administrativas do reitor da Universidade Nacional de Rosario, Franco Bartolacci, um reconhecido apoiador das esquerdas políticas. Após as ilações do jornalista, como revela um dos parceiros de bancada, o reitor teria dito que ele era um “fascista”, supostamente culpando o “mensageiro” por ter trazido uma “mensagem” verdadeira. Achei a sequência engraçada e digna de um meme, por isso a separei abaixo e traduzi, mas sem transcrever em espanhol. As legendas automáticas do YouTube, que estão ficando cada vez mais eficientes, foram indispensáveis!
Enquanto isso, por culpa do “petismo” “lulista” “comunista” e “corrupto”, o Risco Brasil tinha caído pra 146 pontos no início deste outubro, indicando uma proximidade cada vez maior de recuperarmos o grau de investimento perdido com as burradas da Dilma. No fim do governo FHC, o Risco Brasil passava dos 2 000 pontos. Claro que a cada besteira que a Jararaca resolve soltar, “o” mercado fica nervoso, então espero que por um tempo mantenha a boca fechada.
– E além disso não questionam os dados, desqualificam o emissor da mensagem: “Ah, Feinmann é um fascista!”
– Ah é, disse isso?
– Não, não, digo em geral, não quero dizer que ele disse isso!
– Bartolacci, sim, o senhor tem razão. [Pro câmera:] Vem, faça primeiro plano. Vem comigo, vem, vem. Se aproxime de mim. Me deixe em primeiro plano, aqui, aqui. Quero que olhe bem em meus olhos, Bartolacci. [Pro câmera:] Mais, mais, mais, chegue mais! Bartolacci! Sim, sou um fascista. E daí? Qual é o problema? Tem algum incômodo? Sou contra os corruptos, isso é ser fascista? Então sim, sou fascista. Sou contra a bandidagem, isso é ser fascista? Sim, sou fascista. Sou contra as drogas, isso é ser fascista? Sim [sou fascista]. Sou contra gente indecente como o senhor, e isso é ser fascista? Sim, sou fascista. Saúdo-lhe fortemente!
Este artigo publicado em 7 de outubro de 2024 na versão russa do Moscow Times se chama “Putin se tornou o ‘cientista’ mais citado entre os políticos russos” e foi escrito por Iaroslav Chingaiev. O título ficou ambíguo, porque ele quer dizer exatamente que vários políticos russos são citados como “cientistas”, e entre esses, Putin tem ganhado disparado. E sim, pra aumentar a possibilidade de financiamento e reduzir as chances de marginalização, políticos com pretensões “científicas” podem ser citados em pesquisas de todo o tipo... O artigo do Viorstka citado por Chingaiev explica exatamente por que as elites políticas russas se esforçam por aparecer em tais citações e o que ganham com isso, embora sejam ignorados em todo o resto do mundo.
O jornalista dissidente Kirill Martynov comparou o fenômeno aos trabalhos científicos da era soviética em todas as áreas, em que Marx, Engels e Lenin, pelo menos na introdução, eram inevitavelmente citados, além de Stalin, antes dele “cair em desgraça”, e por vezes até o líder do momento (Khruschov ou Brezhnev). Claro que nossos comunistas idiotas nunca viram isso como uma aberração, enquanto se trata claramente de um ranço autoritário e sufocador da liberdade de criação e investigação, mais ainda na Rússia enferrujada de Putin. Eu mesmo traduzi o artigo, só usando dicionário quando necessário:
Vladimir Putin se tornou o mais citado dos “cientistas” que ocupam cargos políticos na Rússia. Até agora, seus artigos e discursos foram citados em revistas, livros, manuais e monografias 16 278 vezes. A informação foi publicada pelo portal Viorstka, depois de analisar os dados do RINTs (sigla em russo pra Índice Russo de Citações Científicas).
O único que pode competir com Putin em número de citações é o chefe da Corte Constitucional, Valeri Zorkin, que é mencionado 14 280 vezes. O colaborador científico de um dos institutos da RAN (sigla em russo pra Academia Russa de Ciências) explicou que o nível tão alto de citações do presidente resulta do esforço por adquirir confiança. “Uma coisa é você simplesmente ter uma revista, outra coisa é Putin aparecer impresso nela. Uma coisa é você apenas ser um cientista, outra coisa é você ter seus pensamentos aprovados pelo próprio presidente”, comentou.
Em terceiro lugar no número de citações está o chefe do comitê da Duma Estatal para a Construção do Estado e a Legislação Constitucional, Pavel Krasheninnikov (7 200 menções), e em quarto, o diretor do “Instituto Kurchatov” e partidário próximo de Putin, Mikhail Kovalchuk (6 897 referências). Dmitri Medvedev, ex-presidente da Rússia e vice-presidente do Conselho de Segurança, é citado 5 792 vezes e ocupa o quinto lugar no ranking.
Segundo dados do RINTs, Putin acumula 579 publicações científicas, das quais a maioria são reimpressões de seus discursos e pronunciamentos públicos e artigos que os cientistas incluem em seus trabalhos à guisa de citações.
Porém, a nível internacional, a comunidade científica não reconhece Putin como um cientista. Nas bases de dados Scopus e Web of Science, não há trabalhos científicos nem do chefe de Estado, nem da maioria dos representantes da elite russa. Os cientistas ouvidos pelo Viorstka explicaram por que os políticos são ativamente citados em publicações científicas russas, mas ignorados na arena internacional. Isso se deve tanto a peculiaridades no funcionamento do RINTs quanto à comunidade científica russa como um todo.
Nas palavras do professor de filosofia da Universidade de Ruhr, Nikolai Plotnikov, o RINTs se transformou agora numa “grande máquina de produzir ciência fajuta”. “Talvez [ele] tenha mesmo sido pensado como um ranking de cientificidade pras publicações em língua russa, mas se transformou em seu contrário. E especialmente agora, porque algo foi perdido da ligação com a ciência mundial”, disse Plotnikov. Formalmente, as exigências das revistas russas e internacionais são as mesmas, mas “o problema reside na transgressão sistemática das regras pelos rankings russos e na picaretagem pura e simples”, sublinhou o especialista.
Pros membros da RAN, estar publicado apenas no RINTs é nível “cê é burro, cara!” [“фу таким быть!”: intraduzível, quando não concordam com seu jeito de ser ou agir], explicou um dos colaboradores da academia em conversa com os editores: “Se oficialmente a direção diz: ‘O Scopus agora não é importante’, na prática os bônus são divididos entre os membros com base nas publicações valorizadas pela base. E os trabalhos no RINTs somente são necessários pra evitar que você seja demitido”.