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História da IALA
Enquanto paciente de uma clínica no início da década de 1920, uma senhora americana muito rica, Alice Vanderbilt Morris, esposa de Dave Hennen Morris, embaixador dos Estados Unidos em Bruxelas (1933-1937) descobria por acaso uma revista sobre esperanto e ficava muito entusiasmada com a ideia de uma língua auxiliar para todo o mundo. Foi então que o dr. Frederick G. Cotrell interessou o casal Morris na criação de uma organização que continuasse os estudos sobre línguas internacionais já iniciados por várias Comissões. Ambos os Morris acolheram de bom grado a oportunidade que se lhes apresentava de promoverem tal empreendimento.
O movimento em favor de uma língua auxiliar já tinha recebido um novo ímpeto com os trabalhos resultantes da Conferência em Bruxelas em 1919. Essa Comissão reunia pessoas de grande experiência em assuntos internacionais e comunicações, além da grande erudição linguística para discutir o problema. Como resultado do trabalho desta equipe, as Associações para o Progresso da Ciência britânica, francesa, italiana e americana instituíram a IALA – sigla em inglês (International Auxiliary Language Association), ou seja, a Associação Internacional para a Língua Auxiliar.
Em 1924, a IALA foi legalmente constituída nos Estados Unidos como organização sem fins lucrativos, cujo objetivo era “promover estudos, discussões e extensa publicidade de todas as questões relativas ao estabelecimento de uma língua auxiliar, com pesquisas e experimentos aptos a facilitar a consecução destas metas de forma inteligente e com sólidos alicerces”. A língua em torno do qual se formasse um consenso deveria ser recomendada “para adoção final pelos governos do mundo”. Seu objetivo também era “estabelecer uma língua sintética para ser ensinada em todos os sistemas de educação do mundo, como meio normal de intercâmbio de ideias e difusão do saber entre pessoas com diferentes línguas maternas”.
As pesquisas começaram tanto na América como na Europa e a IALA recebia apoio financeiro de diversas fontes, como por exemplo a Carnegie Corporation, Rockfeller Foundation, mas o apoio mais importante era dado pelo casal Morris.
Os primeiros anos foram utilizados na exploração do problema da língua. Portanto, iniciava também uma investigação comparativa do esperanto de Zamenhof (1887), do Ido de Couturat (1910), do Occidental de von Wahl (1922) e do Novial de Otto Jespersen (1928). Havia também um estudo comparativo das línguas étnicas [o termo mais correto é “línguas nacionais”] mais importantes – inglês, francês, espanhol/português, italiano, alemão, russo e latim –, das quais as línguas em estudo retiravam seu material.
Diversas reuniões foram patrocinadas entre 1925 e 1930 em Paris, Bex, Genebra e Montreux. Durante o 2.º Congresso Internacional de Linguística em Genebra, em 1931, a IALA conseguia pela primeira vez que linguistas profissionais, filólogos e especialistas em idiomas auxiliares se reunissem por um período de 2 semanas para troca de ideias, convocados pelo Prof. Otto Jespersen. No 3.º Congresso de Linguistas em Roma, 1933, 27 linguistas eminentes assinaram seu apoio às pesquisas.
Nesse ínterim, a IALA também fazia pesquisas na América do Norte. O prof. Herbert Shenton, da Universidade de Syracuse, procedia a um estudo sobre as dificuldades linguísticas em encontros internacionais. O dr. Edward Thorndike fez experiências sobre a facilidade relativa do aprendizado de línguas construídas e naturais, e publicava seu Relatório. Helen Eaton fazia pesquisas com a hipótese de uma língua internacional que poderia utilizar-se como língua-ponte. Publicou seu Relatório em 1940 juntamente com uma lista de frequências semânticas.
Em 1936 uma equipe internacional de especialistas em Filologia Comparativa reunia-se na Universidade de Liverpool com o prof. Collinson e Clark Stillman. A Fundação Rockfeller patrocinou uma subvenção para a equipe de pesquisadores.
O início da guerra em 1939 obrigou a equipe multinacional a se dispersar. Todos os dados linguísticos e o acervo bibliográfico foi transferido para Nova York. Ali, o sr. Clark Stillman organizou uma nova equipe de linguistas de várias nacionalidades, até se pôr a serviço do governo americano em 1943. Foi quando o dr. Alexander Gode von Aesch, doutor em Germanística assumiu a direção dos trabalhos. O dr. Gode levou avante o programa de pesquisas que culminaram com o Relatório Geral de 1945, que apresentava as bases teóricas das pesquisas, o conceito de vocabulário internacional, as regras a observar na escolha das palavras, a padronização da escrita segundo protótipos etimológicos, e as características gerais da gramática proposta.
Foram apresentados quatro modelos, e após a guerra, em 1946 o prof. André Martinet partiu da Sorbonne em Paris para ser Diretor de Pesquisas da IALA em Nova York. As variantes C, K, M, P são caracterizadas por seu grau de proximidade ao esquematismo ou ao naturalismo.
Essas quatro variantes foram endereçadas, na época, a 3 mil eruditos de vários países e universidades no mundo inteiro, como base de sondagem de opiniões. Deu-se o nome INTERLINGUA e os resultados mostraram uma tendência esmagadora pelo modelo natural e uma rejeição ao modelo esquemático.
Três anos mais foram necessários para completar os detalhes. Em 1950 a sra. Morris faleceu. Em 1951 foi publicado o IED – Interlingua English Dictionary de Alexander Gode com 27 mil palavras internacionais e também uma gramática completa escrita por Gode e Hugh Blair. Após concluir seu objetivo, a IALA foi dissolvida em 1953. Em 1955 foi fundada a UMI – Union Mundial pro Interlingua, visando divulgar este idioma.
Estava assim concluído o mais detalhado estudo para descobrir uma língua auxiliar, a um custo estimado em 3 milhões de francos suíços. A interlíngua é um verdadeiro idioma que transcende os esforços de um só homem, método seguido por todas as outras línguas planejadas. É o resultado de trabalhos desenvolvidos durante um quarto de século por cientistas do mundo inteiro. A língua a que se chegou é tal que todos os falantes de idiomas românicos compreendem um texto técnico sem estudo prévio; para os anglófonos e falantes de línguas germânicas e eslavas, ela é reconhecível devido às suas raízes internacionais originárias da terminologia greco-latina. Para os povos da Ásia e África, ela é o denominador comum, a chave que abre a porta da ciência e da tecnologia.
NOTA (Erick Fishuk): Há aí algo de eurocentrismo e desinformação histórica. Inspirado nos lugares-comuns do que Edward Said chamou de “orientalismo”, o autor ignora que países árabes, China, Japão e outros fizeram verdadeiras revoluções técnicas, científicas e econômicas (por vezes após violentas revoluções anticoloniais) produzindo em seus próprios idiomas, quando muito por intermédio do inglês, língua toda recheada desse vocabulário clássico comum.
Exemplo escrito em interlíngua:
In tote Europa e Americas le populos pote usar Interlingua, proque le linguas principal de iste continentes es del família indo-europee. Post multe annos de labor, Interlingua es le synthese e le resultato natural de seculos de naturalitate e internationalitate linguistic e vocabular. Illo es un conquesta scientific, tanto importante como in le passato le invention del alphabeto latin, del cifras arabe [sic] o del systema metric francese. Circa 900 milliones de personas comprende un texto technic in Interlingua sin studio previe. Illo es anque recognoscibile al parlantes de linguas slavic e germanic. Pro le populos de Asia e Africa, Interlingua es le clave que aperi le porta del scientia e del technologia.
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