Este catatau
de mais de uma hora e meia possui a cobertura completa da posse, em 24 de dezembro de 2020, da nova presidente da República da Moldova, Maia Sandu, eleita em segundo turno em 15 de novembro. Selecionei apenas as partes fundamentais e mais interessantes, tirando o longo discurso de posse e adicionando explicações ou tiradas cômicas. Como sabemos, a Moldova, antes conhecida como Moldávia, já pertenceu ao Império Russo, à Romênia e à União Soviética, até ficar independente em 1991. Sua localização a tornou um caldeirão de culturas, sendo a romena predominante, e a ucraniana, a russa, a gagaúza e a búlgara, minoritárias.Igor Dodon, socialista eleito em 2016, perdeu a reeleição de novembro passado pra sua ex-premiê Maia Sandu, que é da direita liberal e pró-Europa. Ela também já trabalhou em bancos no Ocidente e foi uma impopular ministra da Educação em outro governo. Solteira, tornou-se primeira-ministra por breve tempo num ato fracassado de conciliação. Dodon deixa uma Moldova afundada em crise política, econômica e sanitária (covid-19), criticado por sua posição pró-Rússia e pela manobra de, antes da saída, tentar a aprovação de uma lei que reduzia os poderes presidenciais. Não conseguiu.
Maia Sandu já anunciou que será “a presidente da integração europeia”, num país dividido entre aqueles que querem a reunificação com a Romênia (situação comparada à da Alemanha na “guerra fria”, já que o país foi fundado por Stalin) e aqueles que defendem a herança russa ou até a independência da região da Transnístria, conflito ainda não resolvido. Presidentes de uma coalizão de países vizinhos contrários à política externa da Rússia enviaram uma nota conjunta de felicitação à presidente. Eu mesmo escolhi as cenas, embora possa parecer um pouco arbitrária, traduzi algumas falas importantes e coloquei notas explicativas em alguns trechos. Algumas das marchas estão no YouTube, como Dumitru Cantemir e La Mulți ani.
O vídeo permite perceber uma situação inédita na Moldova, e mesmo em outros países: só mulheres regendo a posse, ao mesmo tempo na presidência do Parlamento, da Corte Constitucional e agora da República. Mesmo com engasgo, ela até ensaiou algumas frases nas línguas minoritárias da Moldova, como lemos na íntegra do discurso:
Em russo: Дорогие граждане! Я буду бороться против тех, которые нас обкрадывают и доводят до нищеты. Я буду действовать в интересах всех граждан, чтобы повысить уровень жизни и вселить уверенность в завтрашнем дне. (Caros cidadãos! Lutarei contra aqueles que nos roubam e nos conduzem à miséria. Atuarei no interesse de todos os cidadãos para elevar o nível de vida e instilar a confiança no dia de amanhã.)
Em ucraniano: Я буду голосом людей і буду вимагати від відповідальних державних установ вирішувати проблеми громадян. (Serei a voz das pessoas e exigirei que as instituições estatais responsáveis resolvam os problemas dos cidadãos.)
Em gagaúzo: Bӓn çalışacam, ki devletin herbir vatandaşı duyabilsin, ani bizdӓ cuvapçılı devlet önetmesi var. (Não traduzi, quem souber entre em contato.)
Em búlgaro: Аз щe уважавам културата и традициите на всеки една общност. (Respeitarei a cultura e as tradições de cada uma das comunidades.)
Este é o texto do juramento, conforme exibido no site da presidência e que pude também comparar com a tradução oficial russa:
Jur să-mi dăruiesc toată puterea şi priceperea propăşirii Republicii Moldova, să respect Constituţia şi legile ţării, să apăr democraţia, drepturile şi libertăţile fundamentale ale omului, suveranitatea, independenţa, unitatea şi integritatea teritorială a Moldovei. (Juro dedicar toda a minha força e capacidade à prosperidade da República da Moldova, respeitar a Constituição e as leis do país, defender a democracia, os direitos e liberdades fundamentais das pessoas, a soberania, a independência, a unidade e a integridade territorial da Moldova.)
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