Por um lado, posso dizer que a Itália era a terra da “sofrência não etílica”, já que as dores de cotovelo deles não implicavam alusão à bebedeira. Por outro lado, quando o cara “vê o mundo girar à sua volta”, podemos pensar sobre o que ele pode ter tomado, fumado, injetado, cheirado, enfim... Brincadeiras à parte, esta linda música que escuto desde a adolescência foi gravada pela primeira vez em 1965, num compacto de Jimmy Fontana cuja faixa 2 se chamava Alora sì, e cuja composição teve de ser feita a oito mãos: Lilli Greco, Carlo Pes, o próprio Jimmy (melodia) e Gianni Meccia (letra). Sobre o enredo, o astronauta no cenário do primeiro vídeo explica tudo.
A canção foi composta especialmente pra Jimmy Fontana cantá-la no antigo festival “Un disco per l’estate”, edição de 1965, e mesmo tendo ficado em quinto lugar, muito de longe foi a que mais obteria sucesso no futuro. Sabemos muito bem disso por esses concursinhos que a TV Globo promove... Tendo se incorporado à cultura popular italiana, foi posteriormente traduzida pra muitas línguas (nas quais também ficava no topo das paradas) e regravada por vários outros conterrâneos, de modo que se tornou a marca registrada de Fontana. Não podemos esquecer que inclusive o grande Gianni Morandi a interpretou, não podendo ter deixado de ficar linda.
Enrico Sbriccoli (1934-2013), como vários artistas da época, adotou um pseudônimo, e escolheu Jimmy Fontana, em parte homenageando um músico norte-americano de jazz, ritmo que ele adorava. Cantor, compositor, contrabaixista e ator, começou em 1958 em bandas e depois passou à carreira solo popular, atingindo seu ápice nos anos 60, mas se retirando de cena nos anos 70. Na década seguinte, voltaria a atuar artisticamente, até bem pouco antes de morrer, mas ficaria mais conhecido mesmo por seu Il mondo (O mundo). Além de artista de um hit só (se não contarmos a composição de Che sarà), Fontana também tinha a particularidade de ser aficionado por armas de fogo. Novamente um paralelo com o Brasil...
Podemos pensar em vinho e champanhe, mas acredito que o mundo gira quando se lamenta um amor que foi embora, mas cuja dor será suprimida pela simples passagem do tempo. Eu mesmo traduzi, legendei e recortei o enquadramento dos dois vídeos originais. O primeiro vídeo é, na verdade, uma inserção da gravação em estúdio sobre a imagem televisiva. Só depois achei com o áudio inicial, que de fato não é muito atraente. O segundo vídeo deve ser mais ou menos da segunda metade dos anos 80, no máximo primeira metade dos anos 90, e podemos ver que Fontana já está mais velho. Fiz apenas uma mudança na segunda versão: eu traduzi Ed il giorno verrà não por “E o dia voltará”, mas por “E o dia vai chegar”, mas isso não afeta em nada a compreensão, sabendo que temos uma noção cíclica ao contar o tempo. Seguem abaixo as legendas, a letra em italiano (do Google Play Music) e a tradução:
No, stanotte amore
Gira, il mondo gira
Oh mondo
Il mondo
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Gira, o mundo gira
Oh, mundo
O mundo
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