sexta-feira, 5 de maio de 2023

Duas visões do esperanto no Brasil


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Fazendo buscas sobre coisas diferentes na internet, me topei com dois artigos jornalísticos sobre o esperanto no Brasil, lidando com regiões diferentes, épocas diferentes e até populações um pouco diferentes. O primeiro se chama “Afinal: para que serve o esperanto?”, foi escrito por Cecília Araújo e saiu na versão digital da Veja em 23 de julho de 2009. O segundo, de tom muito mais descontraído, se chama “Conheça o esperanto, língua planejada mais falada do mundo”, foi escrito por Lais Oliveira, que se identificava como estagiária da versão online do jornal O Povo, e foi publicado em 26 de novembro de 2020. Não preciso apresentar e explicar o que é o esperanto, porque se você tem alguma cultura, já ouviu falar desse idioma planejado, e se me conhece ou acompanha meu trabalho há algum tempo, sabe que comecei a aprendê-lo aos 12 anos e já escrevi muito aqui a respeito. Apenas estou um pouco afastado da prática por estar aprendendo outros idiomas e me dedicando ao doutorado.

Percebe-se que a discrepância de datas já deixa entrever a distinção entre os “espíritos de época”: o rapaz da Veja chega a citar Skype, MSN e (numa época que poucos no Brasil conheciam) Facebook, e a repórter da revista tem um tom muito mais depreciativo (“idioma construído” – como se todo padrão culto não fosse uma construção social –, e não “planejado”) e faz perguntas simplórias como se estivesse falando com alguém fora da realidade e exigente de condescendência. A mentalidade utilitarista da autora, além de tudo um tanto mal informada, pode se explicar pelo fato da Veja ser liberal e pró-EUA, geralmente com um público paulista e urbano, e da própria década ainda ser caracterizada pelo louvor do progresso a todo custo, com culto a bilionários, crença ingênua na globalização e negligência de questões humanas que explodiriam nos últimos anos. Entre estas, estão transtornos mentais, cyberbullying, segurança tecnológica, crise das identidades nacionais e descrédito nas instituições.

Eu diria também que, por ser branco, da Unicamp e ter viajado pra outros países, Lucas Reis está longe de representar a realidade brasileira geral de 2009 ou de 2023. Aliás, de 2006 a 2011 mantive contatos esporádicos com os esperantistas da Unicamp (aí fiz graduação e mestrado, e estou terminando o doutorado) e conheci o Lucas pessoalmente logo no primeiro ano. Pra você ter uma noção, em 2009 nem sequer em cotas raciais se falava na Unicamp, e a resistência a elas era considerável, enquanto hoje, pelo menos no IFCH, há vários tipos de cotas, inclusive na pós-graduação.

Já o texto de 2020 me pareceu focar mais no lado humanista e intelectual da história do esperanto, uma virada que também parece refletir a mudança de mentalidade no Brasil e no mundo. Claro que há também o fato do fundador do jornal ter sido esperantista, mas outras diferenças notáveis são a apresentação detalhada da história do esperanto e a manutenção da perspectiva de sua difusão, ao invés de dizer simplesmente que “não deu certo”. Até o papel do inglês é relativizado! (Crise da globalização, como eu disse...) Com poucas adaptações na redação, seguem finalmente os artigos:



Até o dia 1º de agosto, cerca de 2 000 esperantistas estarão reunidos em Białystok, na Polônia, para o 94º Congresso Universal da língua. Além de pretender incentivar a prática, o evento lembra os 150 anos do nascimento de Ludwik Lejzer Zamenhof (1859-1917), criador do idioma construído a partir da estrutura de outros e imaginado para se tornar moeda universal na comunicação humana – papel ocupado pelo inglês.

Nem de longe o esperanto alcançou o objetivo. Estima-se que cerca de 1 milhão de pessoas, espalhadas em cem países, falem o idioma. É menos gente do que a população da cidade de Campinas, no interior paulista. Diante disso, cabe perguntar: quem ainda se interessa pelo esperanto? Para que, afinal, ele serve?

VEJA.com ouviu Lucas Vignoli Reis, um campineiro de 25 anos, que domina o esperanto. Eis uma prova viva de estudante beneficiado pelas oportunidades que o idioma pode criar hoje. Aluno de física na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Reis viveu seis meses na Europa graças à língua de Zamenhof: correu nove países, hospedou-se na casa de outros esperantistas e fez amigos – tudo de graça. “Grande parte dos encontros entre os jovens vira festa mesmo, com danceteria e tudo”, conta. Ele conclui também que o velho sonho de um idioma unir o mundo pode estar morrendo, juntamente com esperantistas mais velhos e idealistas. Contudo, ainda há algo a alimentar os jovens praticantes: “Nossa vontade é muito mais curtir a língua do que sustentar o movimento”. Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

Alguém ainda acredita que o esperanto vai se tornar a língua universal? Os esperantistas mais velhos são mais idealistas. Muitos se preocupam realmente com o ideal da “língua franca”. Já os mais jovens são um pouco menos esperançosos, mas acham que a língua vale a pena por outros motivos, principalmente pelas pessoas que conhecem no mundo todo. Nossa vontade é muito mais curtir a língua do que sustentar o movimento. Mesmo assim, faço questão de divulgar, pois acredito que, de toda forma, a língua traz benefícios às pessoas.

Como foi a experiência de viajar a Europa falando esperanto? Não imaginava que o esperanto pudesse me levar a viajar pelo mundo. Quando descobri essa perspectiva, me entusiasmei. Decidi escrever uma monografia para um concurso da Liga Brasileira de Esperanto: acabei ganhando a viagem e fiquei mais de seis meses dando um giro pela Europa. Fui à Alemanha, França, Espanha, Itália, Suíça, Suécia, Polônia, Dinamarca e Áustria. Em todos os lugares que visitei, esperantistas me hospedaram de graça e me trataram como se eu fosse um hóspede. Na Europa, eles são muito acostumados a receber jovens esperantistas/mochileiros. Existe um espírito de acolhimento e proximidade entre quem fala esperanto no mundo todo. Isso faz com que você conheça outras culturas mais de perto, vivendo um pouco do cotidiano das pessoas de cada lugar.

Você participa de congressos e encontros? Já participei de três congressos no Brasil (Campinas, Rio de Janeiro e Juiz de Fora) e outros eventos esperantistas na Alemanha, Itália, Holanda e Polônia. Em geral, os congressos são diurnos e têm palestras sobre a língua na programação. Mas grande parte dos encontros entre os jovens é diferente: vira festa mesmo, com danceteria e tudo. Alguns encontros nem têm programação: a ideia é ficar junto e conversar em esperanto. Um dos eventos mais legais de que já participei ocorreu em um castelo alemão, onde havia 200 pessoas, todas com menos de 30 anos. A maioria eram europeus, mas também havia gente do Japão, China e alguns brasileiros. Foram sete dias de festa, falando esperanto o tempo todo: era a língua comum ali. O mais legal é que ela deixa todos num mesmo patamar, pelo esperanto não ser o idioma nativo de ninguém.

Qual o benefício de se aprender o idioma? Quando você aprende o esperanto, o mundo se abre: você passa a ter amigos ao redor do mundo todo. Antes de estudar esperanto, eu já falava inglês, o que é fundamental, sem questionamentos. Mas a relação entre as pessoas que sabem a língua não é a mesma. Se você fala inglês e conhece outra pessoa que também fala, ok, mas dificilmente se começa uma amizade a partir daí, pelo fato de terem o idioma em comum. Com o esperanto é diferente, talvez porque, pelo menos atualmente, você não estuda a língua por necessidades práticas. Você aprende porque acredita nela, porque tem um ideal de compreensão humana entre os povos. Então, se encontra uma outra pessoa que fala esperanto, sabe que ela também divide esse mesmo ideal.

Mas você usa o esperanto no dia a dia? Leio bastante traduções do chinês. Não é tão fácil encontrar livros chineses em português, e o estilo deles dentro do esperanto é diferente do brasileiro, acho muito bonito. Eles são mais sintéticos, fazem frases menos complexas, mas carregadas de significado. Algumas vezes, prefiro ler em esperanto mesmo livros que já foram traduzidos para o português, porque, pelo fato de a tradução ser feita por uma pessoa do país de origem, ela traz muito do estilo de pensar do original. Também leio sempre a Wikipedia em esperanto e escuto algumas bandas que cantam na língua, como o francês JoMo e o holandês Kajto.

Então, você incentiva outras pessoas a aprenderem esperanto? Estou ensinando minha mãe. Minha irmã também sabe um pouquinho. É muito comum, quando um da família começa, o restante ir atrás. Aconselho que todo mundo faça pelo menos seis meses de esperanto, para ficar mais ágil no aprendizado de outras línguas. Existem estudos que comprovam essa agilidade: eu posso dizer pela minha própria experiência, ao aprender italiano.

É uma língua fácil de se aprender? O aprendizado do esperanto é bem mais simples do que o de qualquer outro idioma. Você consegue chegar a um nível avançado muito rapidamente, a ponto de conseguir bater um papo fluentemente ou ler um texto sem usar o dicionário. Isso faz com que você tenha mais poder nessa língua do que em outras. Em um ano eu já estava nesse nível, enquanto no inglês, mesmo depois de dez anos de estudo, ainda não me sinto tão à vontade. Claro que não se aprende esperanto como mágica: requer o mínimo de esforço e aplicação no início. Mas logo você se sente seguro, pois entende que pode usar sempre da lógica, sem correr o risco de errar a estrutura das frases, como acontece em outras línguas que dependem de fatores culturais.

A internet ajuda a atrair novos adeptos? Conheço bastante gente que aprendeu esperanto pela internet e criou amizades internacionais assim. Essas pessoas não estão ligadas ao movimento esperantista tradicional e, imagino, não têm pretensões maiores com a língua. Mesmo assim, se interessam por ela. Além de proporcionar esse primeiro contato com o esperanto, a rede também facilita a comunicação entre os esperantistas, pois eles estão espalhados por vários países distantes, e a internet é um espaço internacional. É a forma que temos de manter os laços fortes: por Skype, MSN, Facebook etc.



Idioma internacional agrega até milhões de adeptos ao redor do mundo. Fortaleza sediará neste sábado, 28, o Exame Internacional da Língua Esperanto pela primeira vez

Considerado um idioma mais simples e rápido de aprender que a maioria, o esperanto foi criado em 1887 pelo médico polonês e judeu Luís Lázaro Zamenhof. Apesar de ser a língua planejada mais falada do mundo, ainda encontra obstáculos geopolíticos para alcançar seu propósito de internacionalização baseado na ideia de fraternidade. Neste sábado, 28, Fortaleza receberá o Exame Internacional da Língua Esperanto, realizado simultaneamente em nove países.

O conceito de língua planejada tem a ver com o fato de o idioma ter sido definido, em vez de ter evoluído como parte da cultura de algum povo. Estimativas da Associação Universal de Esperanto (UEA) indicam que o número de pessoas com algum conhecimento da língua esteja em centenas de milhares ou até milhões.

O professor universitário Saulo Esteves, 35, se interessou no esperanto ainda em 2015 por curiosidade. “Comecei a estudar pela internet, depois na Casa de Cultura da UFC (Universidade Federal do Ceará), mas não me dedicava muito e o aprendizado foi pequeno. Na pandemia, me interessei novamente. Praticamente tudo que aprendi foi agora durante a pandemia”, relata.

Em poucos meses, Saulo acredita ter alcançado um nível avançado de compreensão do idioma. “O esperanto é fácil de aprender, mas algumas composições gramaticais são diferentes e não existem no português, mas nada muito complicado. O que é mais complicado no esperanto é bem simples se comparado às outras línguas cheias de exceções e problemas”, opina.

Para Saulo, outra vantagem do esperanto é a regularidade da língua, que possui 16 regras fundamentais, sem exceções. Ele atribui sua evolução rápida no idioma às aulas online com um professor designado pela Associação Cearense de Esperanto (CEA – Cearaa Esperanto-Asocio), Roberto Albuquerque.

Roberto, que também é diretor da Associação, aponta que uma das maiores facilidades do esperanto é que se fala justamente o que está escrito. “No esperanto não há uma letra com vários sons. Cada letra produz um som e a gramática não tem exceções, é muito enxuta. Todos os substantivos terminam com a letra ‘O’ e todos os adjetivos com a ‘A’”, exemplifica.

De acordo com Roberto, geralmente em três ou quatro meses de estudo já é possível que alguém chegue a bons níveis de compreensão e pronúncia da língua, mas essa estimativa depende também do tempo que cada aluno se dedica. Ele destaca que a internet proporciona materiais interessantes para quem se interessa pelo idioma.

Características do esperanto – O esperanto é uma língua planejada com base no latim, mas incorpora elementos eslavos, franceses, portugueses e germânicos. O idioma é falado como está escrito. Seu léxico provém principalmente das línguas da Europa Ocidental, enquanto sua sintaxe e morfologia mostram fortes influências eslavas.

Conforme atesta a Associação Universal de Esperanto (UEA), os morfemas do esperanto são invariáveis e quase infinitamente combináveis em palavras diferentes, de modo que a língua também tem afinidades com línguas isoladas como o chinês. Já sua estrutura vocabular apresenta semelhanças com línguas aglutinantes como o turco, o suaíle e o japonês.

Primeiramente, o esperanto consistia de cerca de mil radicais, dos quais podiam derivar-se 10 mil ou 12 mil palavras. Hoje os dicionários de esperanto costumam ter entre 15 mil e 20 mil radicais, a partir dos quais é possível formar centenas de milhares de palavras, e a língua está em constante evolução.

A UEA tem associações nacionais em 62 países e sócios individuais em quase o dobro disto. Existem falantes de esperanto no mundo todo, com notáveis concentrações em países tão diversos como China, Japão, Brasil, Irã, Madagascar, Bulgária e Cuba. Além disso, é possível que existam hoje aproximadamente mil falantes que têm o esperanto como língua materna.

Resistência do esperanto ao longo da história – Em sua essência, o esperanto não busca substituir línguas nacionais, mas sim servir como uma segunda língua. O idioma chegou a ser perseguido pela sua essência e seu autor, mas resiste ao longo do tempo conectando pessoas ao redor do mundo.

Quando o médico polonês Lázaro Luís Zamenhof (1859-1917) lançou o livro denominado Unua Libro de la Lingvo Internacia [Primeiro Livro da Língua Internacional], ele tinha a pretensão de propor um idioma que rompesse fronteiras geopolíticas e disseminasse uma cultura internacional de paz entre as nações.

O nome original do esperanto é, portanto, Lingvo Internacia, que melhor se traduz por “língua internacional”. No entanto, para se proteger contra eventuais represálias, Zamenhof usou o pseudônimo de “Doutor Esperanto” na publicação, que significa no idioma “aquele que tem esperança”, e era assim que a língua viria a ser conhecida.

Nascido na cidade de Białystok – na época pertencente ao Império Russo, mas atualmente território da Polônia –, Zamenhof viveu durante sua infância numa região marcada pela multiplicidade étnica e repleta de conflitos violentos em função da identidade linguística.

“Ele tem essa preocupação com uma humanização e ruptura de fronteiras a partir de um idioma que pudesse proporcionar uma comunicação de igual para igual”, descreve o professor do José Leite Júnior, do Departamento de Literatura e do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Leite Júnior também responde pela curadoria da Coleção Paulo Amorim Cardoso, do Acervo de Esperanto da UFC. O professor esperantista Paulo Amorim Cardoso dirigiu o Curso de Esperanto das Casas de Cultura da universidade por mais de duas décadas.

O docente menciona como um dos marcos na história do idioma o primeiro Congresso Universal de Esperanto (Universala Kongreso – UK, em esperanto), realizado em 1905 na França com representantes de todo o mundo. Ele também destaca a ação dos esperantistas na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), em que se construiu um escritório da Associação Universal de Esperanto (UEA), hoje com sede na Holanda.

“Houve um escritório na Suíça que intermediou a correspondência que era censurada entre esperantistas habitantes de países que estavam em luta. Foi uma possibilidade de atuação pacífica em pleno momento de deflagração de guerra no mundo”, conta.

Ainda de acordo com Leite Júnior, essa característica pacifista do idioma gerou grande identificação com movimentos sociais e com a classe trabalhadora. Isso foi uma das motivações para que seus praticantes fossem perseguidos por regimes totalitários, como o nazismo de Adolf Hitler, para quem o esperanto era “uma língua de judeus”, referência a Zamenhof que tinha origens judaicas.

Desafios para internacionalização – Na análise do professor José Leite Júnior, existem muitos obstáculos de natureza geopolítica que ainda impedem o esperanto de alcançar o objetivo de ser uma língua internacional. Ele menciona que o domínio da língua inglesa, por exemplo, se reflete em campos diversos, como político, econômico e cultural.

“Não é só a língua, existe toda uma indústria cultural e uma supremacia científica que não têm interesse em patrocinar [outro idioma]. As línguas precisam de um apoio oficial”, afirma.

Apesar das dificuldades, ele garante que o movimento esperantista se fortalece ao longo dos anos. “Existem redes de turismo espontâneo. É uma comunidade ativa e [o esperanto] não se enquadra na ideia de língua morta, uma vez que tem uma quantidade de praticantes superior a muitas centenas de línguas do mundo. É a língua planejada mais falada de todas”, finaliza.

Movimento esperantista no Ceará – Em Fortaleza, o esperanto está lembrado até no nome de uma rua do bairro Vila União, e além disso, há um busto do criador do idioma na praça da Gentilândia. Um dos maiores entusiastas do movimento esperantista no Estado foi Demócrito Rocha Dummar, fundador do O POVO, que ensinava esperanto e chegou a participar em algumas publicações esperantistas. Sua filha, Lúcia Dummar, também foi esperantista e grande apoiadora do movimento.

“Tudo e todos evocavam a memória de Demócrito Rocha, largamente reverenciada naquele dia”, registra um documento do 15.º Congresso Brasileiro de Esperanto sobre a data de fundação da Associação Cearense de Esperanto (CEA – Cearaa Esperanto-Asocio), em 15 de março de 1945.

O movimento esperantista cearense ganhou ainda mais atenção com a criação do Curso de Esperanto, reconhecido pelo Conselho de Educação do Ceará desde 1965, e projeto de extensão de iniciativa da Coordenadoria Geral das Casas de Cultura da UFC à época da gestão do reitor Antônio Martins Filho.

A Associação trabalha hoje promovendo cursos, palestras, congressos anuais e preparando jovens para intercâmbios que possibilitam troca de experiências com outros esperantistas de outros países.

Uma vez por mês os praticantes se reúnem na sede localizada na Parquelândia. São cerca de cinquenta frequentadores mais assíduos. Porém, conforme o atual presidente Wandemberg Ribeiro, o número de pessoas que passaram pelo local desde sua criação é impossível de estimar.

“Sou muito suspeito para falar. No entanto, é voz nacional que o movimento esperantista cearense é um dos mais fortes no Brasil”, constata Wandemberg. O presidente avalia, porém, que ainda falta no Estado apoio para a formação de professores para atender a demanda de interessados em aprender o idioma

Ele também defende a viabilização do ensino de esperanto nas escolas na condição de língua estrangeira na parte diversificada do currículo escolar. “Temos lei para tal proposta pelo ex-senador Cristovam Buarque, também aprovada pela comissão de educação na Câmara Federal, aguardando ser colocada em pauta para votação”, reforça.

Exame Internacional em Fortaleza – Neste sábado, 28, ocorrerá outro marco do movimento esperantista em Fortaleza com a realização do Exame Internacional da Língua Esperanto. O evento está em sua nona edição e será realizado simultaneamente em cidades de nove países: Bélgica, Benim, Brasil, China, Equador, Japão, México, Rússia e Vietnã.

No Brasil, Maceió também aplicará o exame. No Ceará, 14 candidatos de três municípios estão inscritos. O exame é organizado pela Associação Universal de Esperanto e conta com o apoio, no Estado, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), do Iracema Coworking e da Associação Cearense de Esperanto.

O exame possui ainda parceria com o Centro de Exame Linguístico da Universidade Eötvös Loránd, com sede na Hungria, e tem como base o Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas. A prova consiste das modalidades oral e escrita, sendo que o candidato pode escolher se fará ambas ou apenas uma delas.

Marcos do movimento esperantista no Ceará:

  • Associação Esperantista Cearense é fundada em 15 de março de 1945, em sessão solene, à rua Major Facundo, 490, tendo como primeiro presidente o Sr. Fernando Bezerra Fernandes.
  • Somente Brasília e Fortaleza realizaram um Congresso Universal de Esperanto (UK), ocorrido em 2002 na capital cearense.
  • Fortaleza sediou um Congresso Internacional da Juventude esperantista em 2014 (Internacia Junulara Kongreso – IJK, em esperanto).
  • Lei de 2015 facultando o ensino de esperanto em escolas públicas no município de Itaitinga, sancionada, não regulamentada ainda.
  • Criação do Curso de Esperanto, reconhecido pelo Conselho de Educação do Ceará desde 1965, que é projeto de extensão de iniciativa da Coordenadoria Geral das Casas de Cultura da UFC. A Resolução foi assinada pelo reitor Antônio Martins Filho.
  • Perspectivas de um curso de esperanto promovido em parceria com o IFCE com previsão para 2021.