Foi publicada hoje, no site da National Public Radio (NPR) dos Estados Unidos, uma reportagem assinada por Alisson Aubrey, editada em texto por Jane Greenhalgh e que pode ser ouvida em formato podcast na própria página. Em tradução livre pro português, seu título poderia ser “Você pode reduzir o risco de adquirir demência. Veja como começar” e fala de um estudo sobre como a demência e outras doenças cerebrais podem ser evitadas ou adiadas com simples mudanças nos hábitos cotidianos. Não são aqueles anúncios “pegadinha” miraculosos que pululam no Google, mas estudos sérios que achei por bem partilhar aqui, mesmo sem autorização da NPR, rs.
Eu usei o Google Tradutor pra obter a base do texto, mas fiz o que todo mundo devia fazer após usar ferramentas de IA: revisar manualmente pra não ficar algo antinatural ou simplesmente passado “na máquina”... Além disso, imprimi ao conjunto meu próprio estilo de redação e simplifiquei o texto quando possível, mesmo que o resultado “robótico” fosse totalmente aceitável. Mantive todos os links originais, sem traduzir, portanto, os textos aos quais eles levam. Cabe aqui observar que segundo a legislação americana, e ao contrário do que acontece na Europa e no Brasil, uma public radio como a NPR não é exatamente uma entidade estatal, mas uma empresa privada sem fins lucrativos que sobrevive de doações de indivíduos, empresas e organizações e de repasses do Estado. Este artigo (entrevista) recente de pesquisadora Gislene Nogueira fala exatamente do exemplo da NPR como importante pra manutenção das democracias.
Um dos segredos pro envelhecimento saudável é manter a mente afiada.
E algumas das melhores estratégias pra evitar demência, AVC e até mesmo depressão na terceira idade se resumem a nossos hábitos diários.
“Você pode reduzir substancialmente os riscos por meio das escolhas que faz no estilo de vida”, diz o dr. Jonathan Rosand, neurologista e cofundador do McCance Center for Brain Health no Massachusetts General Hospital.
Rosand e seus colaboradores desenvolveram um meio de avaliar e rastrear a saúde do cérebro, com uma escala de 21 pontos chamada de pontuação de cuidado cerebral. A pontuação ajuda as pessoas a entenderem a importância de hábitos diários como o sono, a alimentação e os exercícios (você pode calcular sua pontuação em cerca de cinco minutos).
“Todos nós temos uma boa dose de controle”, diz Rosand.
Cerca de 40% dos casos de demência poderiam ser prevenidos ou adiados se atentássemos a 14 fatores de risco modificáveis, de acordo com o relatório de uma comissão da revista The Lancet. E até mesmo pessoas com fatores de risco genéticos podem se beneficiar. Uma pergunta que Rosand costuma ouvir é: “Doutor, o que posso fazer pra não ter demência, como meu pai, meu irmão ou minha irmã?”
Ruth Bernstein conhece essa angústia. “Vimos minha avó ser privada de sua identidade” por causa do Alzheimer, diz. E agora a mesma coisa está acontecendo com sua mãe. “É realmente devastador.”
Sendo mãe de duas crianças, Bernstein quer fazer o possível pra proteger seu cérebro, e o cálculo da pontuação de cuidado cerebral a ajudou a entender os muitos ajustes que ela pode fazer no estilo de vida. “Tem sido superútil”, diz. “Isso realmente me motivou porque eu entendo como tudo isso pode somar.”
Bernstein se vê passando por uma lista de verificação de itens na pontuação: “Tenho evitado o sedentarismo? Como está meu sono? Estou controlando meu estresse?” Num encontro social recente, ela bebeu uma taça de vinho, mas recusou uma segunda. Limitar o álcool a menos de 4 doses por semana ajuda a elevar a pontuação.
Pra calcular sua pontuação de cuidado cerebral, você se classifica em 12 diferentes fatores de risco que passam por alimentação, consumo de álcool, fumo, sono e quantidade de exercícios feita. Pressão arterial, açúcar no sangue, colesterol e IMC também são incluídos. Fatores sociais e emocionais também são envolvidos, incluindo senso de propósito, controle do estresse e conexões sociais. Cada resposta recebe o valor de um ponto, e quanto maior sua pontuação, melhor.
Vários estudos mostram que uma alta pontuação de cuidado cerebral está ligada a um risco significativamente menor de doenças. Por exemplo, um estudo publicado na Frontiers in Psychiatry descobriu que cada aumento de cinco pontos numa pontuação de cuidado cerebral estava associado a um risco 33% menor de depressão na terceira idade e um risco composto 27% menor de demência, derrame e depressão.
“O que nos surpreendeu foi o enorme poder de tudo isso”, diz o dr. Kevin Sheth, diretor do Center for Brain and Mind Health da Universidade de Yale e coautor do estudo recente. “Ter um efeito dessa ordem de magnitude é significativo”, diz.
Um estudo de acompanhamento publicado este mês na revista Neurology, que estratificou os participantes por risco genético, descobriu que uma pontuação mais alta estava associada a um risco menor de doenças cerebrais, incluindo demência e derrame, mesmo entre pessoas que herdaram um risco genético aumentado pra essas doenças.
“A boa notícia é que se você adotar comportamentos saudáveis, vai estar muito mais protegido da demência do que se não fizer essas coisas”, diz o dr. Christopher Anderson, autor do estudo e chefe da Divisão de Derrame e Doenças Cerebrovasculares do Brigham and Women’s Hospital.
“O objetivo é fugir da ideia de determinismo genético”, quando as pessoas sentem que não podem fazer nada contra seus riscos, e enfatizar, em vez disso, o enorme poder das escolhas saudáveis”, diz Anderson.
Kevin Sheth, de Yale, diz que a pesquisa de pontuação cerebral teve um impacto em seus próprios hábitos. Ele trocou sobremesas açucaradas por frutas em algumas refeições e adicionou mais folhas verdes e gorduras saudáveis em sua dieta. “Estou motivado porque conheço os dados”, diz.
Outra forma de aumentar sua pontuação de cuidado cerebral é controlar condições crônicas, como pressão alta e diabetes. Mudanças no estilo de vida podem ajudar, mas muitas vezes as pessoas precisam de remédios. “Se conseguíssemos eliminar a pressão alta”, que é apenas um componente da pontuação, “poderíamos [reduzir] a demência em ordens de magnitude”, diz Sheth. Segundo ele, também é importante reconhecer os desafios que as pessoas podem enfrentar pra mudar de hábitos. Quando se trata de comer bem, nem todos podem comprar muitas frutas e vegetais frescos.
Rosand e Sheth dizem que a pontuação do cuidado cerebral não deve ser vista como um teste em que você pode falhar. “Muito poucos conseguem ter uma pontuação perfeita”, diz Sheth. “O objetivo é ter a melhor pontuação possível e a monitorar ao longo do tempo.”
Há muitas sobreposições entre a pontuação e o Life’s Essential 8 da American Heart Association, que inclui medidas cruciais pra melhorar a saúde da coração. Isso faz sentido, diz a dra. Helen Lavretsky, psiquiatra integrativa geriátrica da UCLA, porque está cada vez mais claro que muito do que faz bem pro coração também faz bem pro cérebro.
E nunca é cedo demais pra focar na prevenção. “Quanto mais cedo você começar, melhor”, diz Lavretsky.
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