Esta é uma das mais famosas canções de propaganda em espanhol que o governo da República Argentina, durante a ditadura militar comandada pelo general Leopoldo Galtieri, lançou pra convencer o povo da justeza da Guerra das Malvinas, deflagrada em 1982 contra o Reino Unido. As ilhas isoladas no meio do Pacífico Sul, chamadas pelos britânicos de Falklands e pertencentes a seu império desde o século 19, sempre foram reivindicadas pelos argentinos, sobretudo a partir do período nacionalista do presidente Juan Domingo Perón. Enquanto a ditadura militar entrava em crise social e econômica, Galtieri procurou a todo custo um pretexto pra desviar o foco dos problemas internos e insuflar no povo um novo sentimento (como dizemos no Brasil) “ufanista”. Conseguiu encontrar, pretendendo reanexar as Malvinas e adjacências, numa luta que muitos sabiam pesada pro Exército Argentino.
Margaret Thatcher, primeira-ministra do Reino Unido, também enfrentava contestações e por isso decidiu se jogar de corpo e alma na defesa do território longínquo, mesmo que pra muitos não valesse a pena. A desproporção de forças era gritante, mas ainda assim, como disse Galtieri, os argentinos “apresentaram batalha” e foram corajosos na luta. O primeiro ataque argentino ocorreu em 2 de abril de 1982, e a guerra se prolongou, com abusos dos dois lados, até 14 de junho, data da rendição argentina, dando-se a última ação militar no dia 20, quando os britânicos retomaram Port Stanley (ou Puerto Argentino). A mídia da Argentina, totalmente controlada pela ditadura, emitiu notícias favoráveis falsas até a queda final, e o povo acreditou até o fim, logo passando de uma euforia inédita ao desgosto total. O exército de Galtieri estava sucateado e seus oficiais, muito menos seus recrutas, não tinham treinamento pra esse tipo de ofensiva.
A propaganda televisiva estava toda voltada pra guerra, assim como a economia nacional, cujos racionamentos não impediram as miseráveis condições na frente de batalha. Se uma canção pudesse simbolizar a Guerra das Malvinas, talvez fosse Argentinos a vencer, da qual achei as vinhetas curta e integral, cujos vídeos se veem abaixo. É difícil (mas desnecessário) traduzir o título, pois a expressão completa é “vamos a vencer”, enquanto em português não usamos esse “a”, que dá, porém, a poética dos versos. Este artigo acadêmico argentino fala da cultura musical no tempo do conflito, e foi de onde tirei a letra. Não vou traduzir, porque você deve entender bem:
Vamos Argentinos,
Hoy el país nos pide todo,
Vamos Argentinos,
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(Cada uno en lo suyo, defendiendo lo nuestro. Argentinos a vencer!)
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