A imagem acima não é manipulada: eu mesmo encontrei em fontes diferentes e coloquei lado a lado Donald Trump e Saddam Hussein, duas mentalidades autoritárias, segurando um sabre em posição erguida. Sim, Trump fez isso no dia da posse, e quando o inacreditável vídeo apareceu num programa francês, foi a primeira coisa que pensei, e curiosamente um dos participantes teve a mesma ideia. A tradução que fiz desta entrevista em francês foi o ensejo pra que eu pudesse publicar as duas fotos lado a lado.
A entrevista foi publicada no portal da RFI em 17 de janeiro de 2025, como parte do programa Por que a RFI está falando isso?, apresentada pela jornalista Juliette Rengeval, que conversou com Steven Jambot, repórter de mídias digitais da mesma emissora. Eles abordam a sobrevivência dos grandes veículos de informação numa época em que as pessoas parecem só se informar nas redes sociais, geralmente com conteúdo produzido de qualquer jeito e por pessoas não especializadas. Dada a importância do conteúdo, publiquei abaixo tanto a tradução quanto a transcrição do áudio original, cujo trecho separei do resto do podcast e pode também ser ouvido a seguir:
Juliette Rengeval – Nos Estados Unidos, a ascensão de Donald Trump ao poder tem raízes sociais e econômicas, mas foram também as redes sociais que lhe deram a vitória: X, Facebook, Instagram, inicialmente redes para socializar, depois para se informar e que podem transformar numa máquina formidável de manipulação da opinião. Em todo caso, a perspectiva preocupa a União Europeia e os profissionais da imprensa. Olá, Steven Jambot! Toda semana, você analisa em seu programa as notícias sobre a mídia na era digital. Que papel, então, uma mídia tradicional como a nossa pode desempenhar em nossos tempos?
Steven Jambot – Então, pra simplificar, se olharmos, por exemplo, um site de notícias como o da RFI, se olharmos o público do site da RFI, ele se divide de três maneiras, digamos: 60% do tráfego no site da RFI é o que chamamos de “consciência de marca” [brand awareness], ou seja, pessoas acessando a página inicial da RFI ou abrindo o aplicativo da RFI. Então, isso é 60% do público. 30% do público vêm da pesquisa, de mecanismos de busca – Google, em sua grande maioria. E os 10% restantes vêm de redes sociais ou outras fontes de tráfego, como newsletters ou outros. Eis que essa proporção é o tráfego de entrada no site da RFI. Isso é pra dar uma ideia da proporção, pra dizer que sim, as redes sociais estão aí, são hiperpresentes, mas também não representam tudo. Então, se amanhã fosse feita a escolha de não estar mais nesta ou naquela plataforma, bem, também não cortaríamos um braço, já que as pessoas sabem que veículos como a RFI têm ambientes próprios. E o desafio agora é dizer que nem tudo acontece nas redes sociais, que existem também nossos sites, nossos aplicativos, que são ambientes sobre os quais nós, as agências, temos o controle e pelos quais difundimos a você informação de qualidade, produzida com rigor e honestidade, com padrões de ética e conduta profissional que nem todos necessariamente compartilham.
Rengeval – Tem-se a impressão que as redes se tornaram uma máquina formidável de fabricação da opinião e, talvez, nem tanto de difusão de informações que iluminem o mundo. Pra uma empresa como a Rádio França Internacional, pra qual você e eu trabalhamos, é complicado?
Jambot – Digamos que é complicado, porque de fato as redes sociais têm sido uma oportunidade pra muitas pessoas ao redor do mundo: lembramos das “primaveras árabes”, por exemplo, que aconteceram no Facebook. E então, nós, jornalistas, tivemos que utilizar as redes sociais e as utilizávamos como um território de investigação e reportagem, já que antes das redes sociais, era o jornalista quem escrevia o primeiro rascunho da história. Mas com as plataformas sociais, qualquer pessoa com um celular estava em posição de mencionar o presente, tirar fotos, gravar vídeos. E então nós, jornalistas, tivemos que nos apoderar que dessas plataformas pra contar a história, contá-la de outro jeito. E agora percebemos que essas plataformas estão sendo cada vez mais usadas pra espalhar desinformação. Então temos que estar mais vigilantes do que antes.
Rengeval – Como podemos ser mais vigilantes do que antes? Quais são as boas armas pra um jornalista usar nas redes sociais, agora que, seja no X ou no Facebook, vemos que não há mais checagem de fatos [fact-checking], ou que logo não vai haver mais?
Jambot – É sempre uma questão de estar vigilante, de demonstrar bom senso, de se perguntar várias vezes: “Este material, esta foto que estou vendo, o que é? Quem está a divulgando? Existe algo, alguém ou uma ideia por trás?” E também é bom pegar o telefone às vezes só pra fazer ligações, descobrir se é verdade, sim ou não, e ir até o local, encontrar as pessoas pra fazer nosso trabalho, que é a investigação e a reportagem.
Rengeval – Falamos das redes sociais, que são uma fonte de informação pra muitos ouvintes, jovens ou nem tanto. Essa é a principal fonte de informação hoje?
Jambot – Digamos que é uma fonte de informação gratuita para todos: você não paga pra se registrar no Facebook, no Twitter ou no WhatsApp. Portanto, não há custo de entrada, como às vezes acontece quando compramos um jornal e pagamos pra ter acesso a esta ou aquela fonte de informação. Então isso é verdade pra muitas pessoas: a primeira coisa que elas fazem de manhã é pegar o celular e olhar suas contas do Facebook. Elas consomem informações nas redes sociais. Então sim, podemos dizer que eles se informam por essas redes, quer queiram ou, às vezes, não. Elas nem sempre tomam a iniciativa de recorrer à mídia tradicional, assistir à televisão, ouvir rádio e se preocupar em se informar bem com fontes consideradas confiáveis. Mesmo quando não queremos nos informar, as informações chegam até nós e, às vezes por aí mesmo, muita desinformação também.
Rengeval – Você estava falando sobre o custo, mas ouvir a RFI ou acessar o site da RFI é de graça.
Jambot – Sim, de fato, é gratuito, mas nem todo mundo necessariamente toma mais essa atitude. Alguns veículos também precisam se questionar. Então, como jornalistas, sempre nos perguntamos: com quem estou falando e como estou falando com essa pessoa? Então, alguns veículos estão começando a falar diferente, a mudar o formato, o modo como produzem informações, às vezes a maneira como falam no microfone. E é aí que alguns veículos conseguem se superar trabalhando o tom, por exemplo, falando diferente, tentando falar com as pessoas estando mais próximos delas. Tem que soar verdadeiro, e nós, como jornalistas, temos que voltar ao básico: é bom sair e encontrar pessoas, produzir informação de qualidade, deixar falarem as vozes de um lado, as vozes do outro. Por quê? Tentando nivelar nossos ouvintes por cima, dizendo a nós mesmos que todos são inteligentes, não nos pomos a dizer às pessoas como elas devem pensar, mas a lhes dar as chaves pra que possam ter êxito no quê? Em ser cidadãos, pessoas bem informadas e esclarecidas.
Rengeval – Pra ajudar as pessoas que, apesar de tudo, vão continuar nas redes sociais, precisamos da educação midiática, aumentar as ações de checagem de fatos?
Jambot – Olha, pra mim, a educação midiática é realmente fundamental. E em todas as idades, já que sempre costumamos dizer: “Educação midiática, devemos ensinar os jovens a se informarem bem, os estudantes do ensino fundamental e médio e os jovens universitários devem saber aonde ir pra se informarem bem.” E, de fato, estudos mostraram que quem mais espalha desinformação são pessoas de 50, 60 anos, geralmente homens, que espalham tudo e qualquer coisa de seus computadores. Então sim, a educação midiática e informativa é fundamental. O que isso significa? Saber o que é um veículo de qualidade e, portanto, questionar quem é o dono desse veículo. Significa também saber diversificar suas fontes de informação. No mundo de hoje, temos uma infinidade de veículos nos quais podemos encontrar informações de qualidade.
A seguir, a checagem de fatos: você a via por toda parte, de fato, é fundamental fazer checagem de fatos, mas às vezes os jornalistas não podem desperdiçar energia demais querendo checar fatos desinteressantes ou que são justamente informações falsas produzidas de propósito pra fazer os verificadores perderem tempo com esses conteúdos. Então, os jornalistas devem se questionar, saber distinguir quando há um sinal forte, um sinal fraco, se há uma empresa de desinformação enviando conteúdo de desinformação, essencialmente bombas de desinformação. Se dezenas de milhares de postagens são enviadas a um determinado lugar, pode valer a pena dominá-las. Mas é preciso ter cuidado pra não perder de vista que, por vezes, essa desinformação é produzida deliberadamente com esse aspecto de “carpet bombing” [técnica militar dos bombardeios de saturação] pra que jornalistas e verificadores se precipitem, de cabeça baixa, com o risco de deixarem passar outra informação, essa sim, muito mais interessante e importante.
Rengeval – Certo. Então, checagem de fatos, sim, mas é preciso identificar com sabedoria as informações que são válidas. Pode nos dar um exemplo de informação que não precisaria ser verificada?
Jambot – Se eu lhe dissesse, por exemplo, que hoje em Paris havia torrentes de lama descendo do Sacré-Cœur em Montmartre até o Moulin Rouge. Que eu lhes transmita um vídeo, mostre um vídeo e lhes diga: "Olhe essas imagens, é incrível" e tudo mais, e que esse vídeo foi muito compartilhado por pessoas do outro lado do mundo. Vale mesmo a pena checar esses fatos ou perder tempo telefonando pra Prefeitura de Paris? Cabe a nós, jornalistas, ir lá tirar uma foto do Sacré-Cœur, do Moulin Rouge, e ver que, realmente, não há água nenhuma correndo. Hoje, aliás, na verdade nem choveu, então não houve dilúvio algum em Paris. Não vou perder tempo verificando esse tipo de coisa, há muitas outras coisas que merecem atenção. E também precisamos admitir que produzir imagens, sejam fotos ou vídeos, usando inteligência artificial está ficando cada vez mais barato. Então, entendemos por que vemos cada vez mais material sendo difundido nas redes sociais e, portanto, cabe a nós, jornalistas, ficar cada vez mais alerta.
Juliette Rengeval – Aux États-Unis, l’arrivée au pouvoir de Donald Trump a des racines sociales et économiques, mais ce sont aussi les réseaux sociaux qui ont fait son élection : X, Facebook, Instagram, des réseaux pour socialiser d’abord, ensuite pour s’informer et qui pourraient se transformer en une formidable machine à manipuler l’opinion. La perspective inquiète, en tout cas, l’Union européenne et les professionnels de la presse. Bonjour, Steven Jambot ! Vous auscultez l’actualité des médias à l’ère du numérique toutes les semaines dans votre émission. Quel rôle peut alors jouer un média traditionnel comme le nôtre, dans notre époque ?
Steven Jambot – Alors, pour faire simple, si on regarde par exemple un site d’informations comme celui de RFI, si on regarde les audiences du site internet de RFI, elles se divisent de trois façons, on va dire : 60% du trafic sur le site internet de RFI est ce qu’on appelle la « notoriété de marque », c’est-à-dire des gens qui vont sur la page d’accueil de RFI ou qui ouvrent l’application de RFI. Voilà, ce sont 60% de l’audience. 30% de l’audience, c’est de la recherche, des moteurs de recherche – Google, dans son immense majorité. Et les 10% restants, ce sont des réseaux sociaux ou d’autres sources de trafic de type infoletter, newsletter ou autre. Voilà donc, cette proportion-là, c’est le trafic entrant du site internet de RFI. C’est pour vous dire un peu la proportion, de vous dire que les réseaux sociaux, certes, sont là, ils sont hyperprésents, mais ils ne représentent pas non plus tout. Donc si demain le choix était fait de ne plus aller sur telle ou telle plateforme, eh bien, on ne se couperait un bras non plus, puisque les gens savent que les médias comme RFI ont des environnements propres. Et l’enjeu actuellement, c’est de dire que tout ne se passe pas sur les réseaux sociaux, qu’il y a également nos sites, nos applications qui sont des environnements sur lesquels nous, médias, avons la main et sur lesquels nous vous diffusons de l’information de qualité, produite avec rigueur, avec honnêteté, avec des standards d’éthique et de déontologie que tout le monde ne partage pas forcément.
Rengeval – On a l’impression que les réseaux sont devenus une formidable machine à fabriquer de l’opinion et peut-être plus tellement à fournir de l’information qui éclaire sur le monde. Pour une entreprise comme Radio France Internationale, pour laquelle on travaille, vous et moi, c’est compliqué ?
Jambot – On va dire que c’est compliqué, parce qu’effectivement les réseaux sociaux ont été une chance pour de nombreuses personnes à travers le monde : on se souvient des « printemps arabes », par exemple, qui se sont passés sur Facebook. Et donc pour nous, journalistes, on devait se servir des réseaux sociaux et on se servait des réseaux sociaux comme un territoire d’enquête, de reportage, puisqu’avant les réseaux sociaux, c’est le journaliste qui rédigeait le premier brouillon de l’histoire. Mais avec les plateformes sociales, tout et chacun avec un téléphone portable était en mesure de référencer le présent, de prendre des photos, de faire de la vidéo. Et donc nous, journalistes, on a dû se saisir de ces plateformes-là pour raconter l’histoire, raconter l’histoire autrement. Et on se rend compte maintenant que ces plateformes-là sont de plus en plus utilisées pour diffuser de la désinformation. Donc on doit faire preuve de davantage de vigilance qu’auparavant.
Rengeval – Comment on fait preuve de plus de vigilance qu’auparavant ? C’est quoi, les bonnes armes d’un journaliste pour aller sur les réseaux sociaux, alors, que ce soit X ou que ce soit Facebook, on voit qu’il n’y a plus de fact-checking, ou qu’il n’y en aura plus bientôt ?
Jambot – C’est toujours déjà d’être vigilant, de faire preuve de bon sens, de se poser plusieurs fois la question de savoir : « Cette matière-là, cette photo que je vois, qu’est-ce que c’est ? Qui la diffuse ? Y a-t-il quelque chose, quelqu’un, une idée derrière ? » Et puis aussi, c’est bien de décrocher son téléphone parfois tout simplement pour passer des coups de fil, savoir si c’est vrai, oui ou non, et d’aller sur le terrain, d’aller à la rencontre des gens pour faire notre métier, qui est l’enquête, le reportage.
Rengeval – On parle des réseaux sociaux, c’est une source d’information pour de nombreux auditeurs, jeunes ou moins jeunes. Est-ce que c’est la principale source d’information aujourd’hui ?
Jambot – On va dire que c’est une source d’information qui est gratuite pour tous et chacun : on ne paye pas pour s’inscrire sur Facebook, sur Twitter, sur WhatsApp. Donc il n’y a pas ce cout à l’entrée que représente le fait parfois d’acheter un journal, de payer pour avoir accès à telle ou telle source d’information. Donc c’est vrai pour plein de gens : la première chose qu’ils font le matin, c’est de prendre leur téléphone portable et de regarder leurs comptes Facebook. Ils consomment de l’information sur les réseaux sociaux. Donc oui, on peut dire qu’ils trouvent de l’information sur ces réseaux-là, qu’ils le veuillent parfois ou non. Ils ne font pas toujours la démarche d’aller sur des médias traditionnels, de regarder la télévision, d’écouter la radio et de faire attention à bien s’informer sur des sources qualifiées de fiables. Même quand on ne veut pas s’informer, on a de l’information qui vient à nous et parfois beaucoup du coup de désinformation aussi.
Rengeval – Vous parliez du cout, mais écouter RFI ou aller sur le site de RFI, c’est gratuit.
Jambot – Oui, effectivement, c’est gratuit, mais tout le monde n’a plus forcément cette démarche-là. Il faut que certains médias aussi se remettent en question. Donc on se pose toujours la question en tant que journaliste : à qui je parle, et comment je parle à cette personne ? Alors, certains médias se mettent à parler autrement, à changer leur format, la façon de produire l’information, la façon parfois de parler dans le micro. Et c’est là que certains médias réussissent à tirer leur épingle du jeu en travaillant le ton, par exemple, à parler autrement, essayer de parler aux gens étant plus proche d’eux. Il faut que ça sonne vrai, et pour nous il faut revenir aux fondamentaux en tant que journalistes : c’est bien d’aller à la rencontre des gens, de produire de l’information de qualité, de faire entendre les voix d’un côté, les voix de l’autre. Pourquoi ? En essayant de tirer nous auditeurs par le haut, en se disant que tout le monde est intelligent, on n’est pas là pour dire aux gens comment ils doivent penser, mais leur donner les clés pour qu’ils réussissent à faire quoi ? À être des citoyens, des gens bien informées qui soient éclairées.
Rengeval – Est-ce que pour aider les gens qui vont, malgré tout, aller toujours aussi sur les réseaux sociaux, il faut de l’éducation aux médias, il faut multiplier les actions de fact-checking ?
Jambot – Alors, l’éducation aux médias, pour moi, effectivement, elle est fondamentale. Et à tous les âges, puisqu’on a toujours tendance à dire : « L’éducation aux médias, il faut apprendre aux jeunes à bien s’informer, aux collégiens, aux lycéens, aux jeunes étudiants de savoir où aller pour bien s’informer ». Et en fait, des études ont montré que celles et ceux qui diffusent le plus de désinformation sont plutôt des gens de 50, 60 ans, souvent des hommes, d’ailleurs, qui derrière leurs ordinateurs diffusent tout et n’importe quoi. Donc oui, l’éducation aux médias et à l’information est fondamentale. Ça veut dire quoi ? Savoir qu’est-ce qu’un média de qualité, donc se poser la question de à qui appartient ce média. Ça veut dire aussi savoir diversifier ses sources d’informations. On a dans le monde actuel pléthore de médias sur lesquelles on peut trouver de l’information de qualité.
Ensuite, le fact-checking : vous en voyait partout, effectivement, c’est fondamental que de faire du fact-checking, mais il faut que les journalistes parfois ne perdent pas trop d’énergie à vouloir fact-checker des choses qui sont sans intérêt ou alors qui sont justement de la fausse information qui est produite à dessein pour faire que des fact-checkeurs perdent leurs temps sur ces contenus-là. Donc se poser la question pour les journalistes, savoir ce qui est de l’ordre du signal fort, du signal faible, s’il y a une entreprise de désinformation et que l’on envoie des contenus de désinformation, envoyant de façon majeure des bombes de désinformation, des dizaines de milliers de posts envoyés à tel endroit, cela peut valoir le cout de s’emparer. Mais il faut faire attention de ne pas perdre de vue que parfois cette désinformation, elle est produite volontairement avec ce côté « tapis de bombes » pour que des journalistes et des fact-checkeurs foncent dedans, tête baissée, avec le risque qu’ils passent à côté d’une autre information beaucoup plus intéressante et importante, celle-là.
Rengeval – D’accord. Donc des fact-checkings, oui, mais à bon escient il faut repérer l’information qui est valable. Est-ce qu’on peut citer un exemple d’information qui on n’aurait pas besoin d’aller fact-checker ?
Jambot – Si je vous disais, par exemple, qu’aujourd’hui à Paris il y a eu des torrents de boue qui ont dévalé du Sacré-Cœur de Montmartre jusqu’au Moulin Rouge. Que je vous diffuse une vidéo, je vous montre une vidéo et je vous dis : « Regarde ces images, c’est incroyable » et tout, et que cette vidéo-là, elle est très partagée par des gens à l’autre bout du monde. Est-ce que ça vaut vraiment la peine de fact-checker ça ou de perdre du temps à appeler à la mairie de Paris ? À nous, journalistes, se rendre sur place pour prendre une photo du Sacré-Cœur, du Moulin Rouge, de voir qu’effectivement, oui, il n’y a pas d’eau qui est en train de couler. Actuellement, d’ailleurs, il n’a pas vraiment plu aujourd’hui, ça n’a pas été le déluge à Paris, non. Je ne vais perdre le temps de fact-checker ce genre de chose, il y a beaucoup d’autres choses qui méritent de l’intérêt. Et il faut aussi réaliser que produire des images, que ce soient des photos ou des vidéos à partir d’intelligence artificielle cout de moins en moins cher. Donc on comprend pourquoi on voit de plus en plus de matières sur les réseaux sociaux qui sont diffusées, et donc à nous journalistes d’être de plus en plus vigilants.