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Depois da última publicação em 2019 com a tradução de algumas das chamadas “canções partisans” iugoslavas, a maioria em esloveno, enfim estou retomando aquelas cuja letra consegui localizar e que tinham alguma tradução pra outra língua. Infelizmente, o YouTube derrubou meu canal Pan-Eslavo Brasil em agosto de 2021 e, se antes disso eu incorporava aqui os vídeos legendados que eu fazia com essas músicas, agora só tem as letras originais e traduzidas pro português, além dos vídeos com as gravações originais. A maioria dos áudios foi gravada pelo Partizanski pevski zbor (Coral Partisan) da Eslovênia, país que ainda cultiva a memória da resistência antifascista da 2.ª Guerra Mundial, sem por isso achar que “na época do socialismo tudo era melhor”. Algumas canções já foram publicadas separadamente na página ao longo dos anos.
Algumas das canções tecem louvores a Josip Broz, o Marechal Tito, mas a maioria faz referência à resistência contra a invasão nazista. Comecei a me interessar por essas músicas ainda aos 16 anos de idade, quando muito poucos já tinham redes sociais e o YouTube nem existia. Por um acaso, pesquisando nos mecanismos de busca sobre a Iugoslávia socialista, achei na época a rica página Titoville, que funciona até hoje, com fotos, textos e áudios de discursos e canções do período. Confesso que o regime titoísta (1943-91) foi o único pelo qual tive alguma simpatia, mas na adolescência. Na época, eu só escutava as músicas partisans em MP3 no computador, e a partir de 2011 também num velho celular, e sequer sabia que boa parte delas era cantada em esloveno, e não em servo-croata.
Durante a graduação em História, aprendi russo, e algum tempo depois, um pouco de outras línguas eslavas, incluindo as bases do esloveno, mas nunca me aprofundei. Usando agora os múltiplos recursos que a internet oferece, fui traduzindo ao longo dos anos algumas canções iugoslavas em servo-croata e em esloveno. No caso de hoje, encontrei traduções em inglês e italiano, mas as comparei também com o resultado que o Google Tradutor dava em português quando eu jogava o texto em esloveno. Também escolhi usar a palavra partisan em francês, mais adequada ao contexto de 1939-45 e mais abrangente, equivalente ao eslavo meridional partizan (com “z”) e ao italiano partigiano Em francês, significa literalmente “partidário” ou “relativo a partido(s)”, mas evitei “guerrilheiro”, que às vezes é justamente traduzido como partisan fora do contexto europeu, porque a meu ver os partisans eram apenas alguns dos adeptos, como vários em outros tempos e lugares, da “tática de guerrilha”.
A primeira canção se chama Na juriš (Ao ataque), com letra de Tone Seliškar e melodia de Karol Pahor, e segundo a página em que encontrei o original e traduções em inglês e italiano, foi composta em 1943. A segunda se chama Pesem XIV. divizije (Canção da 14.ª Divisão), também conhecida como Zaplovi pesem (A canção navega), cuja letra de Karel Destovnik Kajuh, membro da referida divisão, provavelmente data de novembro de 1943 e que recebeu melodia de Sveto Marolt-Špik. Segundo a página em que encontrei o original e uma tradução pro servo-croata, seu atual formato em estrofes de quatro versos teria sido estruturado pelo compositor Radovan Gobec. E a terceira se chama Vstala Primorska (O Litoral se levantou) ou Vstajenje Primorske (O levante do Litoral), datada de fevereiro de 1944 (segundo a Wikipédia eslovena) e com letra de Lev Svetek-Zorin e melodia de Rado Simoniti. Na página com o original há também traduções em inglês e italiano, mas um comentarista bondoso também publicou outra tradução anglófona no vídeo do YouTube.
“Primorska” é uma palavra cognata à russa “primórie” e significa “região costeira”, “litoral” (lit. “junto ao mar”). Designa essencialmente a parte mais ocidental da atual Eslovênia, por isso mesmo mais “de cara” com a Itália fascista que queria subjugar esse povo em definitivo. Com a dissolução do Império Austro-Húngaro, um quarto do território de população eslovena passou pra Itália, que durante o “vintênio fascista” praticou uma italianização forçada, não sem resistência nativa. A invasão de Mussolini levou à anexação completa da Eslovênia, até sua libertação pelos partisans, que também obtiveram esse “quarto faltante”, embora ainda haja minorias eslovenas nos países vizinhos. O litoral esloveno é bastante reduzido e a cidade italiana de Trieste (ou Trst) fica bem na fronteira, tendo sido outrora bem mais eslovena que a própria capital atual, Ljubljana. A península da Ístria, bem protuberante nos mapas e onde fica Pola (Pula), terra natal de Sergio Endrigo, pertence à Croácia.
Recomendo também um material que usei na publicação de 2019 e, em parte, na publicação que vai aparecer amanhã! Esta seção de um portal bem maior contém as traduções de algumas canções iugoslavas, e num fórum de variedades alguém criou um tópico com algumas dessas músicas traduzidas pro inglês. Existe também um rico site com o áudio e a letra de muitos cantos populares eslovenos, mas escrito só na língua local.
Ao ataque, ao ataque, ao ataque
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Ao ataque, ao ataque, ao ataque
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Ao ataque, ao ataque, ao ataque
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Ao ataque, ao ataque, ao ataque
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Na juriš, na juriš, na juriš
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Na juriš, na juriš, na juriš
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Na juriš, na juriš, na juriš
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1. O canto das lutas e vitórias
Refrão (2x):
2. Quando a pátria se reerguer
(Refrão 2x) ____________________
Refren (x2):
2. Ko domovina vstane iz trpljenja in gorja
(Refren x2) |
Tínhamos trancado dentro de nós a dor
Mas veja, se abateu uma tempestade fortíssima
As metralhadoras cantaram sua canção
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Toda glej, planil vihar je presilen
Strojnice svojo so pesem zapele
x2:
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