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“A festa é sua, a festa é nossa, é de KIM quiser, KIM vier...”, kkkkk!
Raramente publico aqui, assim como publicava em meu antigo YouTube, traduções da língua coreana ou material sobre a Coreia do Norte e o dono do país, Kim Jong-un, porque não conheço quase nada do idioma, sendo insuficientes mesmo as traduções indiretas, e porque nunca foi meu tema de estudo. Óbvio que como interessado em geopolítica, direitos humanos e, sobretudo, história do comunismo, não sou totalmente ignorante quanto ao assunto, mas seleciono bem o que ocasionalmente consumo e não posso expressar o que penso a respeito como uma “verdade irrefutável” ou mesmo uma opinião profissional. O que não me interessa é justamente a puxação de saco nojenta de alguns moleques ou velhos caducos que criam “grupos de estudo” ou “centros políticos” sobre o que a ditadura chama de “ideia juche”, nem a cantilena moralista dos que pensam que os EUA e a Europa têm regimes perfeitos e com exclusivo mérito pra exportação e implantação acríticas.
Mesmo assim, a propaganda do regime, sobretudo a partir do terceiro membro da família que ocupa a liderança, Kim Jong-un (neto do “fundador” fantoche da URSS, Kim Il-sung, e filho do sucessor deste, Kim Jong-il), começou a tomar ares cômicos beirando o cringe, desde que a internet entrou como meio de exportação midiática. Com as redes sociais, as fanbases, mesmo de teor meramente humorístico, se multiplicaram, e com o TikTok e seus vídeos curtos de algoritmo poderoso, a juventude tem tomado contato com uma espécie de versão repaginada da arte da “guerra fria”. O medo de alguns analistas é justamente que as melodias pegajosas, a encenação milimetrada, a sonoplastia moderna e a descontração exibida por Kim Jong-un, muito maior do que a de seu retraído pai, levem os menos preparados a normalizarem a ditadura, confundirem os memes com a realidade e se fecharem aos estudos e relatórios profissionalmente acumulados por pesquisadores e entidades de defesa dos direitos humanos.
É o caso exatamente da mais recente canção e clipe de propaganda, “친근한 어버이” (Chingeunhan Eobeoi), que traduzi de modo simplificado como Pai amigo, mas que também pode ser traduzida “(Um) Pai amigável”, com letra de Ahn Bun-hee e melodia de Jeong Chun-il. Na verdade, segundo o Wiktionary, “어버이” (Eobeoi), que se pronuncia mais ou menos “âbâi”, é uma forma hoje reservada ao registro literário de “genitor(a)” ou “genitores(as)” (a palavra em inglês é parent), ou mesmo os “pais” tomados em conjunto, sendo que em coreano não há a categoria de gênero e nem sempre o plural é marcado. Porém, na Coreia do Norte, se tornou um dos títulos atribuídos ao “líder supremo”, isto é, os três membros sucessivos da família Kim citados acima. O que fiz aqui foi jogar no Google Tradutor a letra em coreano que achei num site e comparar com uma das muitas traduções pro inglês disponíveis por aí. A letra serve, portanto, apenas como orientação geral pra quem deseja estudar a propaganda ou a própria canção de maneira mais profunda.
Pai amigo (também título de uma das canções de Elias Muniz, um de meus cantores e compositores populares brasileiros preferidos, rs) é executada pela Banda Moranbong, um dos conjuntos que, assim como o lendário Conjunto Eletrônico Pochonbo e sua famosa gravação de Dançando lambada, é administrada pelo Estado norte-coreano. Composta apenas de vocalistas e instrumentistas mulheres, foi criada em 2012 e tem aparecido menos desde 2016, embora se apresente em grandes datas e ocasiões especiais, como provavelmente foi o caso desse lindo clipe. Ironicamente, é muito comum que elas também executem canções do pop ocidental e de filmes e animações do cinema americano, em vídeos facilmente encontráveis no YouTube! Você tem quatro versões à disposição: a tradução em inglês de um canal de canções legendadas, uma versão pra karaokê apenas com o áudio (mas também letra), o clipe oficial com legendas em coreano (que incorporei do Drive por ter mais valor) e uma legendagem em português, que achei por acaso num canal perdido e com a qual comparei a “minha” própria.
Perceba que tanto na versão escrita quanto nas legendas norte-coreanas, o nome de “Kim Jong-un” (transliteração mais comum de 김정은) aparece destacado de alguma forma: seja em negrito, seja na cor vermelha (de sangue dos mortos políticos? rs). Se você sabe ou conhece bem coreano e se interessa minimamente pelo tema, seu retorno com sugestões e/ou correções seria muito bem-vindo:
1. 어머니 그 품처럼 따사로워라
후렴:
2. 베푸신 그 은정은 바다같아라
(후렴) 3. 창창한 우리 앞날 열어주시네
(후렴 x2) 노래하자 자랑하자 친근한 어버이 ____________________
Refrão:
2. O amor que você dá é como o mar
(Refrão) 3. Você nos abre um futuro brilhante
(Refrão 2x) Vamos cantar e nos vangloriar do pai amigo |
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