Chegamos à décima edição do “mix de política”, geralmente com humor e muita crítica! Na verdade, abri mais este item como pretexto pra publicar alguns memes e piadas, além de um fato bizarro, mas de fato eles estão mais ou menos relacionados. Então vamos começar!
Há alguns dias, caí num grupo do Telegrão chamado “República da Gagaúzia”, que publica e se comunica em russo. Há algumas semanas me interessei por essa região autônoma da Moldova (antiga Moldávia soviética), onde vive um povo de língua túrquica, mas de religião ortodoxa, talvez um caso único, mas que fala cada vez mais russo ou romeno em detrimento do gagaúzo, que pertence ao mesmo grupo “oghuz” do turco moderno e, portanto, se parece muito com ele. Devido à ortodoxia religiosa e à conservação da língua russa, de fato ainda falada por grande parte da população moldova, a Gagaúzia mantém laços estreitos com a Rússia, e a presidente nacional pró-Europa, Maia Sandu, teme que cresça aí um foco de subversão a partir do Kremlin. De fato, em julho de 2023, foi eleita como presidente (bashkan) da região Ievgénia Gutsúl, burocrata de passado obscuro e antiga filiada do Partido Shor, pertencente ao oligarca pró-Rússia Ilan... Shor. Gutsul se apresenta como independente desde a interdição da legenda, mas até hoje não foi reconhecida por Sandu.
Achei que havia materiais e discussões sobre a cultura e o cotidiano da Gagaúzia no referido grupo, mas acabei descobrindo que se tratava de um covil de putinistas, que mal falavam da própria terra natal e provavelmente pertenciam à diáspora que vive em Moscou. O que mais se fazia era defender a invasão da Ucrânia e falar mal dos ucranianos: o ambiente era tão tóxico que, quando comecei a me apresentar, perceberam que eu tinha sobrenome ucraniano, viram que minha cara não era de brasileiro (apesar de meu telefone) e começaram a me questionar, embora eu não fosse lá pra atacar Putin ou defender Zelensky. De fato, eles mesmos falaram que era um grupo “de política”, e não de cultura, e dado que fui provocado, acabei expressando algumas opiniões sobre o conflito que obviamente os deixaram emputecidos. Não fui combativo, procurava o tempo todo fugir de briga, mas tive que sair, já que as mensagens não paravam devido à alta atividade (e ficava difícil de acompanhar o que era resposta pra mim) e a mentalidade xenofóbica era intragável. Se você sabe russo e quer estudar como funciona a cabeça de um “vátnik”, sendo ele sincero ou não, eis seu lugar: recomendo altas doses prévias de Engov e Dramin!
A coisa era tão feia que os viciados em rede social dispunham até mesmo de uma reação a mensagens em que se podia ler “Соси, хохол” (Sosí, khokhól), que se pode grosseiramente traduzir como “Chupa, ucraino!”, já que a palavra khokhól designa pejorativamente um ucraniano, na linguagem coloquial russa ou anti-Ucrânia. Seu sentido original é aquele tufo ou topete de cabelo que os cossacos (uma instituição originalmente ucraniana) costumavam usar no meio da cabeça, geralmente descendo pra testa, chamado oselédets em ucraniano, e de fato significa literalmente, sobretudo no proto-eslavo, “tufo” ou “topete”. É a frase que você pode ler na primeira imagem, junto à mensagem de uma mulher que também estava ofendendo outros: não conheço a fundo a tecnologia, mas minha questão é se tais reações podem ser baixadas em pacotes ou individualmente, e quem estaria por trás de sua confecção. Bem nojento, enfim...
Não publiquei essa montagem no referido grupo, mas poderia ser uma desforra: em seu programa semanal de geopolítica na TV Rain, Ekaterina Kotrikadze comentava o novo mandato que Putin arrancara esta semana, junto a um especialista que falava de Nova York. A frase que estava na tarja era “Putin entrou num quinto mandato”, mas pensei em outra coisa e até printei também outras partes pra obter as letras certas! Quem sabe russo já entendeu que minha nova frase significa “Putin foi se f...” ou “Putin foi pro car...”, mas se você conhece os memes brasileiros mais famosos, vai entender a referência do novo “plano de fundo”, com a bandeja do “suco de laranja” bebido por certo “pai de família”. Ainda não pescou? Você que vá pesquisar agora!
Comentário MUITO DO ALEATÓRIO numa matéria do G1 que falava sobre a dificuldade de muitas mulheres explorarem seu próprio prazer e como elas pouco conheciam sobre orgasmo, mesmo não sendo necessariamente virgens, mas às vezes até casadas por anos. Podia pôr num quadro pra assustar os jovens puritanos “liberais” de plantão, rs.
No último dia 10 de maio, um ônibus de transporte coletivo (que já parecia estar em alta velocidade) colidiu com um carro de passeio em São Petersburgo, o motorista perdeu o controle e o veículo caiu de uma ponte direto nas águas do rio Moika. Dos 20 passageiros a bordo, três morreram e vários ficaram feridos. Só repassei aqui as imagens das câmeras externas publicadas pela agência RIA Novosti porque são impressionantes.
Aproveito pra resgatar um vídeo que pus em meu antigo YouTube, com cenas de uma reportagem de 14 de janeiro de 2021 exibida na filial chechena da TV de notícias do governo. As notícias eram anunciadas e exibidas majoritariamente em russo, mas quando os entrevistados falavam em checheno, não havia dublagem nem legendas. Nestas imagens, são exibidos alguns acidentes urbanos e rodoviários na República da Chechênia ao longo de 2020, devidos a motoristas que não obedeciam às regras, e como (ver ao final) os pedestres também não se sentiam bem com as condições de tráfego.
As repetições que eu gostava de pôr na época são um tanto irritantes, mas ainda assim acho o material interessante: no início, o âncora saúda o público dizendo “Ассалам алейкум! Маршалла ду шуьга!” (Assalam aleikum! Marshalla du shüga!), sendo apenas a segunda parte checheno autêntico, significando “Saúdo-os!”, e a primeira você entende bem. Apenas depois ele diz “Здравствуйте!” (Zdrávstvuite!), “Olá” em russo:
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