quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Mensagem aos esperantistas (2004)


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Como escrevi há alguns dias, descobri que um antigo site de esperanto que mantive de 2005 a 2007 (ou seja, quando eu tinha entre 17 e 19 anos!) podia ser acessado por meio de um serviço que “arquivava” páginas antigas, mesmo que atualmente elas não pudessem ser abertas por seus endereços originais, ou seja, tivessem “saído fora do ar”. Parte do conteúdo continua guardado e parte já republiquei aqui em anos anteriores, mas o que achei novamente e julguei digno de relançar, copiei num só arquivo e vou postar aqui aos poucos, nas próximas semanas. Só fiz algumas atualizações na ortografia do português e eventuais correções na redação das duas versões.

Em 2004, 2005 e 2006, nos dias 26 de julho, enviei mensagens pros e-mails de conhecidos esperantistas que eu conseguia achar na internet, comemorando o dia em que apareceu o primeiro manual de esperanto escrito em russo pelo oftalmologista polonês Ludwik Lejzer Zamenhof. Eu considerava esse dia digno de comemoração como o verdadeiro “Dia do esperanto”, ao contrário de muitas pessoas que o comemoram no dia 15 de dezembro, aniversário de Zamenhof, atitude que eu achava muito personalista. Minha intenção era fazer isso todos os anos, mas a partir de 2007 comecei a me ocupar cada vez mais com a graduação em História e deixei aos poucos o movimento esperantista, embora jamais tivesse esquecido a língua. Seguem abaixo uma introdução em esperanto e a mensagem que escrevi em 2004!


La 26-an de julio de la jaroj 2004, 2005 kaj 2006 (kiam mi estis 17-19-jara!), mi skribis mesaĝojn kaj sendis al la retpoŝtaj adresoj de pluraj esperantistaj geamikoj, kiujn mi ekkonis per interreto. Mia celo estis memorigi la tagon, kiam aperis la unua manlibro de Esperanto, en la rusa lingvo, verkita de la pola okulkuracisto Ludoviko Lazaro Zamenhof. Mi konsideris tiun tagon memoriginda kiel la vera “Esperanto-tago”, kontraŭe al multaj personoj, kiuj memorigas ĝin en la 15-a de decembro, naskiĝtago de Zamenhof, sed tiun elekton mi trovis tre personeca. Mi celis sendi tiajn mesaĝojn en la sekvantaj jaroj, sed de 2007 mi devis pli okupiĝi pri la universitata kurso de Historio kaj forlasis la movadon, kvankam mi neniam forgesis la lingvon. Hodiaŭ mi republikigas la tekston, kiun mi dissendis en 2004:



Caros amigos esperantistas,

Eu não sei se vocês lembram que hoje, no calendário gregoriano cristão, é 26 de julho de 2004. Eu não sei se vocês lembram que precisamente há 117 anos, algo muito revolucionário ocorreu na história da humanidade: a 26 de julho de 1887, um polonês chamado Luís Lázaro Zamenhof conseguiu a primeira edição de seu livro, pelo qual ele apresentou um projeto para uma língua internacional, cujo nome, depois, seria esperanto (deve-se lembrar que Zamenhof não usou seu nome no livro, mas assinou como Dr. Esperanto – “aquele que tem esperança”). No 8.º Congresso Universal, ocorrido em Cracóvia, Polônia, em 1912, ele disse: “Há 25 anos, eu me perguntava temeroso se após 25 anos alguém no mundo ainda saberia que existiu outrora o esperanto e – se o esperanto vivesse – se ainda se pudesse compreender algo que tinha sido escrito em esperanto em seu 1.º ano, e se um esperantista inglês poderia compreender um esperantista espanhol. Sobre isto a história já deu uma resposta cabal e tranquilizadora”. (*) Sim, caros amigos, hoje Zamenhof teria muitos motivos para se tranquilizar: mesmo após o aparecimento da internet, algo criado por anglófonos, o esperanto sobreviveu!

(*) Valter Francini, Doutor Esperanto: o romance do Dr. Lázaro Luís Zamenhof, criador da língua internacional, 2. ed., Brasília, Federação Espírita Brasileira, 1983, p. 111.


Porque posso comunicar-me com vocês, homens e mulheres do mundo inteiro, por uma língua neutra e fácil, devo festejar esta data! Hoje a justa comunicação em massa é uma realidade, mas os poderosos não ligam para isso: eles preferem fazer mais dinheiro para si do que ver um mundo mais humanitário, sem miséria, sem pobreza, sem guerras... sem os problemas das barreiras linguísticas! Eles não toleram ver as vantagens do uso de uma língua neutra para um mundo melhor, porque a eles não importa se o resto do mundo está bom ou ruim. Mas para nós, esperantistas, isso importa muito; por isso, nós continuamos a usar o idioma neutro para fazer amigos, trocar ideias, conhecer novas culturas, homens, mulheres e religiões.

Zamenhof deu um grande presente à humanidade; algo que não é de ninguém, mas de todos ao mesmo tempo. Você, que fala esperanto, é um dos sortudos que aceitaram este presente! Movido pela “ideia interna”, você tem uma ferramenta para mudar o atual cenário mundial, seja na diplomacia, na economia, no turismo, na política, nas decisões internacionais e outras áreas em que o esperanto pode ser totalmente útil. Falar esperanto é entender o mundo, e entender o mundo é uma condição fundamental para que se possa mudá-lo. Acredite que você pode fazer isso, nunca se canse: creia! Nosso mundo já foi mudado para melhor muitas vezes, e outra grande mudança não deve ser difícil! Lute com armas pacíficas, pois o mundo não tolera mais as armas de fogo! Prove que você é pequeno, mas é parte do mundo! Tenha esperança sempre, pois seu esforço não será vão.

Porque 100 anos atrás, um simples polonês disse: “A diversidade de línguas é a única, ou ao menos a principal causa da dispersão da família humana e de sua divisão em partes inimigas”.

“Nosso diligente grupo de colegas
Não se cansará no trabalho pacífico
Até o belo sonho da humanidade
Se realizar por eterna bênção”.


Karaj Esperantaj geamikoj,

Mi ne scias, ĉu vi memoras, ke hodiaŭ, en la kristana gregoria kalendaro, estas la 26-a de julio 2004. Mi ne scias, ĉu vi memoras, ke precize antaŭ 117 jaroj, io tre revolucia okazis en la historio de la homaro: la 26-an de julio 1887, polo nome Lazaro Ludoviko Zamenhof sukcesis la unuan eldonon de sia libro, per kiu li prezentis projekton por internacia lingvo, kies nomo poste estus Esperanto (oni devas memori, ke Zamenhof ne uzis sian nomon en la libro, sed subskribis kiel D-ro Esperanto – “tiu, kiu esperas”). En la 8-a Universala Kongreso, okazigita en Krakovo, Pollando, 1912, li diris: “Antaŭ 25 jaroj, mi timeme demandadis al mi, ĉu post 25 jaroj iu en la mondo ankoraŭ scius, ke iam ekzistis Esperanton kaj – se Esperanto vivus – ĉu oni ankoraŭ povus kompreni ion skribitan en Esperanto en ĝia 1-a jaro, kaj ĉu angla esperantisto povus kompreni hispanan esperantiston. Pri ĉi tio la historio jam donis plenan kaj trankviligan respondon”. (*) Jes, karaj amikoj, hodiaŭ Zamenhof havus multajn kialojn por trankviliĝi: eĉ post la apero de interreto, io kreata de anglalingvanoj, Esperanto travivis!

(*) Valter Francini, Doutor Esperanto: o romance do Dr. Lázaro Luís Zamenhof, criador da língua internacional [Doktoro Esperanto: la romano de D-ro Lazaro Ludoviko Zamenhof, kreinto de la internacia lingvo], 2-a eldono, Brazilja, Federação Espírita Brasileira, 1983, p. 111.


Pro tio, ke mi povas komunikiĝi kun vi, gehomoj de la tuta mondo, per neŭtrala kaj facila lingvo, mi devas festigi ĉi tiun daton! Hodiaŭ la justa amaskomunikado estas realaĵo, sed la potenculoj ne gravigas tion: li plejŝatas fari pli da mono por si, ol vidi pli bonhomecan mondon, senmizeran, senmalriĉecan, senmilitan... sen la problemoj de la lingvaj baroj! Ili ne toleras vidi la avantaĝojn de la uzo de neŭtrala lingvo por pli bona mondo, ĉar al ili ne gravas, ĉu la cetera mondo estas bona aŭ malbona. Sed al ni, geesperantistoj, tio gravegas; tial, ni daŭras uzante la neŭtralan lingvon por amikumi, interŝanĝi ideojn, koni novajn kulturojn, gehomojn kaj religiojn.

Zamenhof donis grandan donacon al la homaro; io, kiu estas nenies, sed ĉies samtempe. Vi, kiu parolas Esperanton, estas unu el la sortuloj, kiuj akceptis ĉi tiun donacon! Movata de la “interna ideo”, vi havas ilon por ŝanĝi la nuntempan mondan scenejon, ĉu en diplomatio, ĉu en la ekonomio, ĉu en la turismo, ĉu en la politiko, ĉu en la internaciaj decidoj, kaj aliaj fakoj, por kiuj Esperanto povas esti tute utila. Paroli Esperanton estas kompreni la mondon, kaj kompreni la mondon estas fundamenta kondiĉo, por ke oni povu ŝanĝi ĝin. Kredu, ke vi povas fari tion, neniam laciĝu: kredu! Nia mondo jam estis bonŝanĝita multfoje, kaj alia ega ŝanĝo ne devas esti malfacila! Luktu per pacaj armiloj, ĉar la mondo ne toleras plu la fajrajn armilojn! Pruvu, ke vi estas eta, sed estas parto de la mondo! Esperu ĉiam, ĉar via klopodo ne estos vana.

Ĉar antaŭ 100 jaroj, iu simpla polo diris: “La diverseco de lingvoj estas la sola, aŭ almenaŭ la ĉefa kaŭzo, kiu disigas la homan familion kaj dividas ĝin je malamikaj partoj”.

“Nia diligenta kolegaro
En laboro paca ne laciĝos
Ĝis la bela sonĝo de l’ homaro
Por eterna ben’ efektiviĝos”.



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