Aqui está outro texto que publiquei num antigo site sobre esperanto por mim mantido entre 2005 e ca. 2007. Trata-se de dois textos escritos originalmente em esperanto pelo brasileiro Antônio Luís Lourenço dos Santos, pelo qual ele descreve o material usado por Zamenhof pra criar aquela língua, quais sejam as origens etimológicas do vocabulário e o conhecimento linguístico do médico. Seus títulos em português são “Origem e internacionalidade do esperanto” (escrito e publicado em 1989 pela revista Brazila Esperantisto) e “Conhecimento linguístico de Zamenhof”. Eu os traduzi em português e dei o novo título “Como Zamenhof criou o esperanto?”. Seguem abaixo uma pequena introdução em esperanto e a tradução dos dois textos, com a ortografia e a redação atualizadas!
Jen alia teksto, kiun mi publikigis en malnova retejo pri Esperanto de mi subtenita inter 2005 kaj ĉ. 2007. Temas pri du tekstoj verkitaj originale en Esperanto de la brazilano Antônio Luís Lourenço dos Santos, per kiuj li prisrkibas la materialon uzatan de Zamenhof por krei tiun lingvon, nome la etimologiajn devenojn de la vortaro kaj la lingvoscion de la kuracisto. Iliaj titoloj estas “Deveno kaj internacieco de Esperanto” (verkita kaj publikigita en 1989 de la revuo Brazila Esperantisto) kaj “Lingvoscio de Zamenhof”. Mi tradukis ilin al la portugala lingvo kaj donis la novan titolon “Kiel Zamenhof kreis Esperanton?”. Ĉi-sube vi povas legi miajn du tradukojn al la portugala, nur kun etaj ĝisdatigoj en la ortografio kaj la redaktostilo:
1. Origem e internacionalidade do esperanto
Introdução – Muitos esperantistas, principalmente iniciantes, têm curiosidade em saber como Zamenhof criou o esperanto. A curiosidade não é sobre a história em si da língua, que é muito bem divulgada, mas a origem internacional, ou, em outras palavras, de que línguas vêm a gramática, os afixos, os radicais, os correlativos e outros aspectos linguísticos.
Os esperantistas sabem bem que Zamenhof era um homem genial que dominava muito bem muitas línguas naturais, como o russo (sua língua materna), o alemão, o hebraico, o ídiche (judeu-alemão), o polonês, o francês, o latim e o grego. Além disso, ele sabia um pouco do inglês e do aramaico. Zamenhof usou esse vasto conhecimento pra criar o esperanto. Todavia, dois aspectos então o deixavam com medo: gramática e grandes vocabulários. Investigando a literatura esperantista, encontram-se várias informações dignas de conhecimento, que, embora incompletas, nos dão muitas explicações. Pode-se resumi-las no seguinte:
Gramática – L. L. Zamenhof sabia muito bem o hebraico e, por isso, uma parte importante da gramática vem dessa língua. Os conhecimentos de hebraico foram muito úteis ao Doutor Zamenhof: ele aproveitou muito mais do que externamente parece pra simplificar a língua conforme os moldes hebraicos. Pro vocabulário, o hebraico não pôde ajudar de forma alguma, pois seus radicais não são internacionais; mas a gramática hebraica deu uma enorme inspiração a Zamenhof. Mencionemos somente alguns pontos:
- O hebraico não tem artigo indefinido e tem somente um único artigo definido imutável, tal como no esperanto.
- No hebraico não há ditongos, pois as letras “ŭ” (ŭo; pronuncia-se “uô”) e “j” (jo; pronuncia-se “iô”) são consoantes, tal como no esperanto.
- O hebraico não possui o modo subjuntivo, e o esperanto também não.
- Tal como o hebraico, o esperanto também não possui formas especiais simples pra distinguir perfeito e imperfeito nos verbos.
- O hebraico e o esperanto só possuem os casos nominativo e acusativo.
- A terminação “u” pro imperativo é hebraica e árabe, e não uma invenção caprichosa de Zamenhof.
- Tal como no esperanto, o vocabulário hebraico é disposto conforme os radicais. (1)
Entre as experiências do autor do esperanto, houve também a que tratava da necessidade de um “Fundamento Intocável”, que no hebraico é a “Bíblia”, na qual ninguém tem o direito de mudar ou corrigir coisa alguma; nunca se corrige nem o erro mais evidente na língua hebraica. Somente se menciona na borda da página como se deve ler corretamente a palavra errada, mas esta permanece e é eternamente copiada ou representada sem mudanças. Essa intocabilidade do texto modelar eternizou a unidade da língua hebraica através do mundo. Zamenhof criou o “Fundamento Intocável” pro esperanto, e ainda traduziu a Bíblia, que, para muitas pessoas, ainda é um modelo imutável. Certamente a língua vai crescer no uso moderno, todavia, sempre vão se respeitar os modelos intocáveis. Pra nós, esses modelos são o Fundamento do Esperanto, a Crestomatia Fundamental (2) e outras obras de nosso genial mestre.
Esses princípios experimentados no hebraico através de milênios de vivência consideravelmente simplificaram e facilitaram a gramática do esperanto; mas o aspecto externo da língua, aparentemente, é totalmente ocidental, pois os radicais, afixos e terminações gramaticais internacionais são ocidentais. Dizemos “aparentemente”, pois a aglutinação (3) em esperanto também não é ocidental, mas oriental.
Outros pontos gramaticais consideráveis são os seis particípios e a conjunção kaj (e), que Zamenhof tirou do grego, e as formas unidas de uma preposição com o artigo, que se baseiam no italiano, como, por exemplo, ĉe l’ (em casa de), tra l’ (através de), de l’ (de).
Em relação à terminação substantiva “o” e à plural “j”, o sr. N. Z. Majmon forneceu uma suposição muito interessante aos estudos esperantológicos. No perfeito livro de estudos de Gaston Waringhien, Língua e Vida – Ensaios Esperantológicos, o sr. Majmon defende a hipótese de que Zamenhof poderia ter fornecido o final substantivo em esperanto “o” e o plural “j” conforme o modelo do aramaico. Teria eleito Zamenhof, conforme esse modelo, a terminação substantiva singular “o” e a plural “oj”? Seria mais lógico supor que, destinando o esperanto primeiramente ao público europeu, Zamenhof retirou a terminação “o” do italiano (uomo = homo = homem, amico = amiko = amigo, angelo = anĝelo = anjo) ou do espenhol (canto = kanto, estilo = stilo, mano = mano = mão). Todavia, pode ser que inconscientemente justamente a terminação aramaica “o” pra muitos substantivos, com seu “j” no plural, fixando-se na memória subconsciente do mestre durante sua tenra juventude, passando pelos modelos italiano e espanhol, tenha ditado ao mestre sua decisão. Seja assim, seja de outra forma, mas a hipótese do sr. Majmon sem dúvida nos salta aos olhos.
Afixos – Com relação aos grandes vocabulários, o problema foi resolvido ao acaso. O próprio Zamenhof conta esse acontecimento em uma carta de 1895 ao sr. Nikolai Afrikanovich Borovko:
Certa vez, quando estava na 6.ª ou 7.ª série do ginásio, desviei minha atenção por acaso à inscrição “shveytsarskaya” (portaria), que eu já vi muitas vezes, e depois a tabuleta “konditorskaya” (doceria). Esse “skaya” me despertou interesse, e mostrei a mim mesmo que os sufixos dão a possibilidade de, a partir de uma palavra, fazer outras que não precisam ser decoradas separadamente. Este pensamento me possuiu por inteiro, e subitamente senti a terra sob os pés. Sobre os terríveis vocabulários gigantescos caiu um raio de luz, e eles começaram a encolher rapidamente diante de meus olhos. “O problema está resolvido!” – então eu disse. Captei a ideia dos sufixos e comecei a trabalhar muito nesta direção. Compreendi que grande significado pode ter para a língua conscientemente criada o pleno uso dessa força que em línguas naturais funciona só em parte, cegamente e de forma vazia.
Em línguas nacionais, há afixos que frequentemente têm significados diferentes, e, do contrário, também existem vários afixos que expressam a mesma ideia; então, das muitas línguas que Zamenhof sabia, ele pegou seus afixos pra economizar ao aprendiz a aquisição de muitas palavras à parte. Ele escolheu os afixos que têm similares em muitas línguas diversas, facilitando assim a memorização de palavras pra diversos povos. Sobre a etimologia dos afixos, observemos a lista abaixo, não esquecendo que alguns afixos foram processados por Zamenhof e outros foram oficializados pela Academia de Esperanto:
a) Do francês: bo - ad - aĵ - on.
b) Do alemão: ge - mis - ej - em - er - ig - in - ing.
c) Do russo: pra - ar - ĉj - eg - il - nj.
d) Do latim: dis - mal - re - an - ind - ist - ul - um - fi - end.
e) Do grego: ek - id - ism.
f) Do inglês: ebl.
g) Do italiano: aĉ - ec - estr.
h) Das línguas românicas: eks - et.
i) Das línguas eslavas: uj.
j) O sufixo “iĝ”, usado pra ideia de “tornar-se”, aproxima-se de um sufixo italiano, embora isso seja mera coincidência.
k) O sufixo “obl” é composto pela vogal alemã “o” e pelas consoantes “bl” do inglês (doppelt = double = duobla = duplo).
l) O sufixo “op” é uma inversão da preposição distributiva “po”, que em esperanto tem o mesmo significado da equivalente russa. No Plena Ilustrita Vortaro (Dicionário Ilustrado Completo), encontramos um exemplo dela: Ili marŝis po kvar en vicoj = Ili marŝis kvarope en vicoj (Eles marcharam em filas de quatro).
Ainda lembremos, algumas vezes, que embora um sufixo ou outro venha de uma língua definida, pode-se encontrar esse mesmo afixo em várias outras línguas.
Tabela dos correlativos – Também é mencionável a origem da “tabela dos correlativos”. Zamenhof não a inventou arbitrariamente, e seus elementos não foram escolhidos ao acaso. Há tabelas incompletas em línguas eslavas, como, por exemplo, no búlgaro, no russo, no letão, no lituano, no checo, no sérvio e no eslovaco. Zamenhof as estudou e processou logicamente. Vejamos abaixo:
- “I” – a letra inicial “i” vem do alemão irgendein (de alguma forma), irgendeiner (alguém).
- “Ĉ” – poderia bem ser do polonês wszyscy (todos).
“ES” – a terminação “es” concorda com o genitivo do alemão wessen (de quem?), des, dessen (dessa pessoa). - “IE” – a terminação “ie” faz lembrar o polonês gdzie (onde?), nigdzie (em nenhum lugar).
- “K” – a letra inicial “k” corresponde à palavra interrogativa kia (como? de que tipo?).
- “T” – a letra inicial “t” corresponde à palavra demonstrativa tia (desse tipo).
- “NEN” – negativa “nen”.
Estas três últimas (K, T, NEN) são comuns a muitas línguas, como o búlgaro, o português, o russo, o italiano, o lituano, o esloveno, o checo, o croata, o letão, o sérvio, o espanhol, o romanche (ou rético), o francês, o polonês e o eslovaco.
Conclusão – De tudo dito acima, podem-se ver diversos aspectos da origem das palavras em esperanto, e principalmente a genialidade de nosso caro e memorável Mestre Zamenhof, que não foi somente um homem genial, mas também possuiu desde a juventude saberes que vários linguistas nunca adquirem sobre a existência e a estrutura de línguas que funcionam internacionalmente; por isso, ele criou nossa admirável língua com perfeita segurança, conforme modelos vivos, e nossa língua internacional viva já se tornou centenária (atualmente com 112 anos).
2. Conhecimento linguístico de Zamenhof
Nosso caro Mestre Zamenhof, o criador do esperanto, tinha ótimos conhecimentos linguísticos que podemos constatar pela compilação abaixo:
Ídiche – Zamenhof sabia bem o ídiche. A primeira língua do menino Lázaro foi um jargão que ele aprendeu de sua mãe, Liba, do bairro em que ele nasceu e na escola hebraica elementar.
Alemão – Zamenhof sabia perfeitamente o alemão. De sua mãe, Liba, ele o aprendeu. Ele estudou o alemão no Ginásio Real de Białystok (três anos), no 2.º Ginásio Masculino de Varsóvia (cinco anos) e na Universidade de Moscou (um ano).
Russo – Zamenhof sabia bem o russo, pois era sua língua materna. Em carta de 8 de março de 1906 a Th. Thorsteinsson, Zamenhof diz: “Minha língua materna é a russa”. O prof. G. Waringhien, em seu estudo sobre Lázaro Zamenhof, publicado em Esperanto, n. 649, de dezembro de 1959, diz: “Zamenhof sempre enxergou o russo como sua língua materna [...] e sentia a Lituânia como sua pátria”. Em carta de 21 de fevereiro de 1905 a A. Michaux, Zamenhof conta: “A língua materna sempre foi para mim o objeto mais querido do mundo. Sempre amei mais essa língua, na qual fui educado, isto é [...] a língua russa; eu a aprendi com o maior prazer; já sonhei em tornar-me um grande poeta russo. Também aprendi com prazer diversas outras línguas, mas elas me interessavam mais na teoria do que na prática [...] Em minha infância muito amei de paixão a língua russa e todo o reino russo; mas logo me convenci de que pagam meu amor com ódio”.
Hebraico – Zamenhof sabia muito bem o hebraico. Em escolas judaicas, a língua hebraica era obrigatoriamente ensinada aos garotos. Zamenhof frequentava a escola elementar hebraica e aprendia o hebraico. Marcos, pai de nosso mestre, foi um ótimo hebraísta, ensinou o hebraico a seu filho e, por isso, Zamenhof o aprendeu a fundo.
Francês – Zamenhof sabia bem o francês. Ele o aprendeu de sua mãe, Liba. Seu pai, na escola estatal de ensino médio, ensinava geografia e línguas modernas, e ajudou seu filho a aprender o francês. Ele estudou francês no Ginásio Real de Białystok e no 2.º Ginásio Masculino de Varsóvia.
Polonês – Zamenhof sabia bem o polonês. Ele o aprendeu já em Białystok, na Rússia (hoje Polônia). Em carta de 21 de fevereiro de 1905, ele revelou a A. Michaux que falava fluentemente em polonês. Com seus familiares, Zamenhof falava o russo, a língua do Estado, pois Varsóvia pertencia à Rússia. Só quando havia um visitante polonês, Zamenhof, por gentileza, usava o polonês. Por isso, os visitantes poloneses na casa de Zamenhof ouviam a língua polonesa.
Latim – Zamenhof sabia bem o latim. Em dezembro de 1873, Zamenhof se mudou pra Varsóvia e começou a aprender latim sozinho. De agosto de 1874 até junho de 1879, ele o estudou no 2.º Ginásio Masculino de Varsóvia. Numa entrevista de agosto de 1907, Zamenhof contou que, na universidade, ele dedicou atenção especial à língua latina.
Grego – Zamenhof sabia muito bem o grego. Em dezembro de 1873, Zamenhof começou a aprendê-lo por conta própria. Ele também o estudou no 2.º Ginásio Masculino de Varsóvia. Apesar de Zamenhof ter boas notas principalmente em grego, ele não se julgou competente o suficiente pra fazer uma tradução do Novo Testamento da língua grega. No prefácio a Gênesis – Primeiro livro de Moisés, Zamenhof conta: “Há tempos atrás já pensava em começar uma tradução sistemática da Bíblia. Deixando o Novo Testamento a outros tradutores mais competentes, escolhi o Antigo Testamento”.
Inglês – Zamenhof lia a língua inglesa. Em carta de 1895 a N. Borovko, Zamenhof diz: “Estando na 5.ª série do ginásio, comecei a aprender inglês”. Em carta de novembro de 1902 a E. A. Lawrence, Zamenhof escreve: “Perdoe por lhe escrever em esperanto, pois domino muito pouco a língua inglesa”.
Italiano – Não há indícios diretos de que Zamenhof soubesse italiano. No artigo “Essência e Futuro da Ideia de uma Língua Internacional”, escrito em 1899, Zamenhof diz:
No que consiste a superioridade do esperanto diante do volapuque (4), é claro que não podemos analisar aqui em todos os detalhes; como exemplo, mostrarei que, enquanto o volapuque soa muito selvagem e indelicado, o esperanto é cheio de harmonia e estética, e por si faz-nos lembrar do italiano.
No artigo “Esperanto: A New International Language”, publicado em The Independent, Nova York, agosto de 1904, Zamenhof, entre outras coisas, escreve: “Apesar de sua construção puramente matemática, todavia, o esperanto agrada aos ouvidos. Sua sonoridade é muito parecida com a do italiano”. A língua italiana é reconhecida como a que soa mais belamente. Exemplos citados acima nos fazem crer que Zamenhof estudou italiano.
Outras línguas – Zamenhof conhecia vários outros idiomas, não como um especialista profissional. Entre eles estão: espanhol, holandês, mordoviano, (5) lituano, árabe, norueguês, dinamarquês, islandês e aramaico. Dessas línguas ele pegou muitas palavras, afixos e a gramática.
Notas (clique pra voltar ao texto)
(1) Por exemplo: a palavra pano (pão) vem antes da palavra paneo (pane, falência), pois o radical da primeira (pan-) é alfabeticamente anterior ao da segunda (pane-).
(2) Crestomatia Fundamental é uma grande coletânea das obras de Zamenhof unidas numa só coleção, que tratam em especial do esperanto.
(3) Fenômeno muito comum em línguas como o húngaro, o alemão e o turco, em que podemos formar infinitas palavras por meio da simples junção de radicais, afixos etc. Exemplos: sukero (açúcar) + kano (cana) = sukerkano (cana de açúcar).
(4) ”Volapuque” (ou volapük = vol, mundo + pük, fala) foi um idioma inventado em 1879 pelo alemão Johann Martin (João Martinho) Schleyer com a mesma finalidade do esperanto, obtendo um certo sucesso até a criação do idioma de Zamenhof, quando muitos clubes volapuquistas começaram a usá-lo.
(5) Refazendo esta nota em 2024, ressalto que o então chamado “mordoviano” (ou mordovínico) era considerado um idioma do grupo fino-úgrico (o mesmo do finlandês e do húngaro) da família urálica de línguas do mundo, nativo da atual República da Mordóvia, na Rússia. Porém, novas classificações falam num ramo “mordoviano” ou “mordovínico” dentro do grupo fino-úgrico, em que se encaixariam dois idiomas, muito pouco falados e não inteligíveis entre si: o moksha e o erzia (ou erzya).
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