Fonte do texto original: site da presidência francesa
Francesas, franceses, da metrópole, de nossos ultramares e do exterior,
Apresentando-lhes meus votos, gostaria de começar expressando nossa gratidão a todos por nossos compatriotas que, ainda esta noite, protegem, cuidam, ajudam e garantem a continuidade da vida da Nação. Graças a eles, podemos passar esses momentos de um ano a outro com a família e entes queridos. E nesses instantes, gostaria também de expressar meu carinho especial a quem está doente ou ficará sozinho.
2023 terá sido marcado pela continuação da guerra na Ucrânia, pela guerra atual no Médio Oriente e pelos bombardeios em Gaza; pelos ataques terroristas de 7 de outubro em Israel, em que 41 franceses foram assassinados, e esta noite penso em suas famílias, bem como nas famílias de nossos compatriotas ainda mantidos reféns.
Marcado também pela crescente tensão geopolítica, pelas consequências das alterações climáticas em nosso território, pelos atos terroristas em nosso solo. Por divisões, gestos de ódio, por vezes de violência, em várias ocasiões, que fragilizam a coesão da Nação. Por fim, a inflação disparou e deixou tudo mais difícil: moradia, transporte e compras.
Houve obviamente momentos felizes, momentos de orgulho, mas sei como estão bem presentes o medo da volta da guerra, do empobrecimento e da perda de controle.
Porém, estou convencido, e não é um falso otimismo, que nesse contexto de crises pode nascer o melhor.
Por isso, continuo seguindo a mesma lógica: agir com determinação e constância para hoje e amanhã. Há sete anos, de onde vocês me colocaram, tento tornar a França mais forte e mais justa, libertar, proteger, unir. Este é o objetivo e o mantemos. E o mesmo ocorreu em 2023.
Em 2023, a França foi sem dúvida um dos países ocidentais que, apesar do contexto, mais tomou decisões e mais realizou transformações. Sei que algumas, como a reforma da previdência, eram impopulares. Assumo-as, pois me comprometi com elas e eram necessárias ao país.
Portanto, todos esses últimos meses estiveram bem longe da impotência que nos previam, e foi uma sorte. E gostaria que de agradecer bem especialmente à primeira-ministra e a seu governo.
Em 2023, agimos, agimos a serviço da meta de reindustrialização e pleno emprego, cujos primeiros resultados são visíveis. As aposentadorias, o seguro-desemprego, o relançamento de nossas indústrias verdes, a aceleração do plano de investimento France 2030, a refundação do ensino médio profissional, a reforma do Pôle emploi (Polo Emprego) e da renda básica (RSA) e a reforma do mercado europeu da eletricidade: todas essas grandes transformações foram decididas, promulgadas e começaram a entrar em vigor este ano.
E este ano continuamos criando empregos, ao mesmo tempo reduzindo ainda mais rapidamente as nossas emissões de gases do efeito estufa, obedecendo a nossos compromissos. Isso prova que vocês atenderam ao chamado da mobilização.
Graças a esse rearmamento econômico, continuamos sendo capazes de financiar nosso modelo social, de nos proteger contra as crises ou a inflação, bem como de investir para reequiparmos nossos serviços públicos. E foi o que fizemos.
Investimos em nossa escola e nossa saúde a fim de melhor auxiliar e corrigir a desigualdade de oportunidades. Lançamos as bases de uma planificação ecológica inédita e empenhamos recursos massivos para auxiliar cada um de vocês nessa transição.
Em 2023, também aprovamos para os próximos anos leis históricas para nos protegermos. Lei histórica para nossos militares: em uma década, o orçamento das Forças Armadas vai ter duplicado. Lei histórica para nossos policiais civis e militares, nossos magistrados, nossos oficiais de justiça, a fim de garantir a ordem e a unidade republicanas empenhando-se em criar milhares de cargos para melhor proteger vocês. Vamos continuar restabelecendo a autoridade onde quer que ela falte, face às incivilidades e à delinquência.
Em matéria de imigração, a lei aprovada em dezembro, bem como o acordo concluído em nível europeu, nos dão os instrumentos necessários para melhor fazermos respeitar os princípios da República, isto é, combater ao mesmo tempo os coiotes e a imigração ilegal e integrar melhor quem tem capacidade de permanecer em nosso solo: refugiados, estudantes, pesquisadores e trabalhadores.
Portanto, sei obviamente das impaciências, ousaria dizer que as compartilho, mesmo se as primeiras mudanças são evidentes. Sei que vocês gostariam que fizéssemos mais e mais rápido. E é para atingir esse objetivo que o ano de 2024 deve ser acima de tudo um ano de determinação. Agir, agir mais, no interesse da Nação.
Vamos estar determinados a agir pela escola, pela infância e pela educação, a fim de restabelecer o nível de nossos alunos, a autoridade de nossos professores, a força de nosso ensino laico e republicano. Após o rearmamento económico, o rearmamento do Estado e de nossos serviços públicos, vamos então precisar iniciar nosso rearmamento cívico. A França é uma cultura, uma História, uma língua, valores universais aprendidos desde muito cedo. A cada geração.
Também vamos estar determinados a tornar nossa República mais forte, combatendo a delinquência, suprimindo mais firmemente as discriminações, permitindo progressos concretos pela igualdade entre mulheres e homens, pela primeira infância e por nossos compatriotas portadores de deficiência. Determinados, assim vamos estar para agir pela ampliação de nosso rearmamento industrial, tecnológico e científico. Vamos ter de fazer tudo para alcançar nossa ambição do pleno emprego, continuar inovando, mas também atrair talentos e empresas, e produzir mais dentro da França. Assim, no próximo ano vamos nos engajar em grandes setores de ponta, da energia nuclear à inteligência artificial ou aos transportes. Para que em 2027 estejamos dez anos à frente de onde em 2017 estávamos dez anos atrasados.
Em 2024, vamos ter de acelerar ainda mais nossos esforços e simplificar drasticamente a vida de nossos empresários, agricultores, comerciantes, artesãos, políticos e, sobretudo, prefeitos, e para diversos setores, entre os quais a habitação.
Finalmente, vamos estar determinados a agir para que em 2024 nossa ecologia, essa ecologia à francesa e nossa planificação continuem se desenvolvendo como um modelo e um caminho singular, que vão permitir que abandonemos os combustíveis fósseis e ganhemos independência e progresso. A França, que já produz uma das eletricidades mais descarbonizadas da Europa, vai abandonar completamente o carvão até 2027. E é esse mesmo combate que vamos travar em nível internacional, entre outras coisas, com nosso Pacto pelo Povos e pelo Planeta.
2024, ano da determinação e da eficácia de resultados. E nas próximas semanas, vou ter a oportunidade de lhes contar como nossa Nação vai encarar esses desafios.
Meus caros compatriotas, agir não é uma opção. Agir é nosso dever para com as próximas gerações. É por isso que vou me manter inabalável ao lado de quem age a serviço do país e nunca de quem, evitando lhes contar a verdade para justificar a própria inação, acabam nos enfraquecendo. Nunca ao lado de quem privilegia os cálculos eleitorais, os pequenos conchavos ou os próprios interesses pessoais.
Devemos, portanto, continuar esse rearmamento da Nação face à mudança do mundo. Pois a força de caráter é a virtude dos tempos difíceis. 2024 também vai ser um ano de escolhas decisivas.
Vamos ter de escolher uma Europa mais forte e mais soberana, à luz da herança de Jacques Delors. Uma Europa que trabalha pela paz no Médio Oriente e em nosso próprio continente e continua apoiando o povo ucraniano e, com ele, nossa segurança, nossa liberdade e nossos valores. No próximo mês de junho, vocês vão ter de decidir sobre a continuação desse rearmamento de nossa soberania europeia face aos perigos: parar a Rússia e apoiar os ucranianos ou ceder às potências autoritárias na Ucrânia; continuar a Europa ou bloqueá-la; prosseguir a transição ecológica e produtiva ou retroceder; afirmar a força das democracias liberais ou ceder às mentiras que semeiam o caos.
Finalmente, 2024 vai ser o ano de nossos orgulhos franceses. Orgulho por esse milhares de companheiros, artesãos e empresários que participaram do magnífico canteiro para reconstruir Notre-Dame de Paris, cuja flecha se eleva novamente ao céu e coroa uma catedral que vai reabrir no próximo 8 de dezembro.
Somos uma Nação de companheiros construtores, capazes, quando unidos, de resistir e se reerguer. Sim, em cinco anos, como prometido, vamos ter reconstruído a catedral e realizado o impossível. Somos essa Nação que, quando se orgulha de si mesma, sempre carrega uma esperança universal.
2024, vamos também celebrar nossa História. 80 anos depois de 1944, vamos nos orgulhar de nosso passado e de nossos heróis com destinos convergentes. Soldados dos exércitos Aliados, bem como franceses de nascimento ou preferência, franceses e estrangeiros da Resistência. Todos lutando pela libertação de uma França fiel ao espírito do Iluminismo e ao espírito de nossa Revolução.
2024 vai ser um ano de orgulho da língua francesa. Após ter restaurado o castelo de Villers-Cotterêts e ter aí criado a Cidade Internacional da Língua Francesa (CILF), daqui a alguns meses vamos acolher aí o mundo da Francofonia.
2024 vai ser também um ano de orgulho esportivo francês, pois os Jogos Olímpicos e Paralímpicos vão ocorrer em casa, na França, e portanto em sua casa, tanto na metrópole quando em nossos ultramares.
Vamos nos orgulhar de nossos atletas, artistas, paisagens, dessa festa popular viabilizada por milhares de voluntários, construindo também para nossa Nação uma herança esportiva. Pelo empenho de todos nós que vai começar amanhã.
Sim, como vocês entenderam, 2024 vai ser uma safra francesa. Pois é uma vez por década que comemoramos nessa dimensão nossa Libertação. Uma vez por século que sediamos os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. E uma vez por milênio que uma catedral é reconstruída. Uma vez por geração que o destino da seguinte está em jogo, como sem dúvida está agora.
2024, ano de determinação, escolha, regeneração, orgulho. Em suma, um ano de esperança. Sim, neste ano, muito de nosso futuro vai ser determinado. Portanto, cabe-nos fazê-lo juntos. Cabe-nos escolher em vez de obedecer, cabe-nos traçar a rota em vez de segui-la.
E nossa História inteira nos ensina que a vontade de poucos pode superar todas as fatalidades. Portanto, cabe-nos, sim, agir juntos, continuar superando as divisões e os corporativismos, pois dentro de nosso povo há recursos escondidos para enfrentarmos estes desafios.
Meus caros compatriotas, desejo-lhes um ano de 2024 muito belo e feliz.
Para que a França possa se unir, agir e brilhar. Que ela seja digna do “esplendor indefinível dos que são destinados aos grandes negócios”, pois esses somos nós. Viva a República. Viva a França.
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