sábado, 21 de janeiro de 2023

Cena de casório do filme “Al-Huduud”


Link curto pra esta postagem: fishuk.cc/alhuduud


Sempre gostei muito deste vídeo que achei por acaso, mas cujo contexto nunca consegui descobrir. Só hoje que resolvi cortar o quadro e repostar aqui, pra que vocês possam conhecer, e obter algumas informações sobre o referido filme. Trata-se de uma cena de casamento do filme árabe Al-Huduud (A Fronteira), produzido na Síria em 1984 e que foi estrelado pelo famoso comediante e diretor sírio Duraid Lahham (o senhor de bigode) no papel de Abdulwadud. Segundo a sinopse em inglês no site do IMDb, “Um viajante entre dois países fictícios chamados ‘Orientistão’ e ‘Ocidentistão’ perde seu passaporte e documentos pessoais. Preso entre os dois países, ele não pode nem cruzar a fronteira nem voltar pro lugar de onde veio. Ele teve de acampar numa área neutra entre os dois países, encarando inúmeras situações cômicas na estadia. O filme satiriza a ideologia da unidade e cooperação árabes no nível dos Estados.”

De fato, a República Árabe Unida, um Estado soberano que existiu de 1958 a 1971, foi inicialmente uma união política entre o Egito e a Síria, até que esta rompeu a ligação após o golpe de Estado de 1961, mas o nome continuou sendo usado oficialmente pelo Egito até 1971. Seu líder foi o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser, e a RAU também integrou os Estados Árabes Unidos, uma frágil confederação com o Reino Mutawakkilita do Iêmen também dissolvida em 1961. A bandeira era exatamente a mesma da Síria atual, inclusive as duas estrelas verdes no meio, e foi o ápice da ideologia nacionalista e esquerdista do “pan-arabismo”, da qual Nasser era um fervoroso adepto, assim como o ditador líbio Muammar al-Gaddafi (líder em 1969-2011).

Duraid Lahham nasceu em Damasco em 1934, ficando muito famoso por fazer o personagem “Ghawwar” em inúmeros filmes e séries. De mãe libanesa, atuou ativamente com a dança folclórica dabke enquanto frequentava a faculdade de Química, e então se apaixonou pela dramaturgia. Lahham apareceu na primeira exibição de TV da Síria, em 1960, e atuou em várias peças políticas populares em todo o mundo árabe, como crítica da situação que se produzia nessa região. Em 1999 ele foi indicado pela UNICEF como Embaixador da Boa Vontade pro Oriente Médio e África do Norte, visitando o sul do Líbano em 2004 e fazendo aí um polêmico discurso contra George W. Bush e Ariel Sharon, primeiro-ministro de Israel. Lahham também recebeu condecorações de ditadores como Hafez al-Assad (pai do sírio Bashar), Habib Bourguiba (Tunísia) e Gaddafi.

A linda moça que faz o papel de Sodfah é a atriz Raghda Mahmoud Na’na, mais conhecida apenas como Raghda, também síria e nascida em 1957 em Aleppo. Formada em literatura árabe no Cairo, atualmente mora no Egito e seu papel mais conhecido foi o da Rainha Zenóbia de Palmira na novela síria Al-Ababeed (A Anarquia, 1997). Uma das maiores estrelas do cinema egípcio e árabe das décadas de 1980 e 1990, é uma ativista a favor de Bashar al-Assad, enquanto seu próprio pai é um opositor. Espero que você tenha gostado deste vídeo, e que entenda minha vontade de trazer coisas diferentes pra ampliar o conhecimento!




A segunda versão acima foi feita com as legendas da letra em árabe da canção, que também pode ser lida e copiada em texto abaixo. Se alguém quiser me contatar fornecendo uma boa tradução como conhecedor(a) de árabe, antes que eu mesmo improvise uma, fique à vontade:

يا موشحة بثوب القصب ريح النفس قطر ندى
من هامتك غار القصب ما عاد على أهلو اهتدى
رشينا دربك بالورود و عملنا عرسك عالحدود
يا ال عريسك عبد الودود متلو قمر ما في حدا
صدفة اجت متل الصدف بين ليل و صبح ما انعرف
قلبها من الصدر انخطف لما عريسها وعدا
عريسنا بليلة صفا عاهد عروسو عالوفا
و بنظرة محبة اكتفى وراهن حياتو يسعدا
عروسنا بدر السما باللولو خلطت مبسما
ولما عبد الودود وما طير الهوى أصدر شذا
يا من وعدنا بالأمس نشبع فرح يوم العرس
ريتو العمر ورد و شمس ومروج ربيعها إبتدا
عيشو الهوى من أولو صدفة الهوى ما أجملو
تهنوا بالعرس الحلو تبقوا حبايب على المدى


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe suas impressões, mas não perca a gentileza nem o senso de utilidade! Tomo a liberdade de apagar comentários mentirosos, xenofóbicos, fora do tema ou cujo objetivo é me ofender pessoalmente.