quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Minhas formaturas na Escola Viverde


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E agora trago aqui uma das coisas mais raras do mundo: uma lembrança de meus tempos de escola, quando eu tinha quase 7 anos de idade e de que mesmo muitos de meus ex-colegas sequer devem lembrar! No início de dezembro de 1994, na cidade de Bragança Paulista, SP, pra qual eu tinha me mudado de Guarulhos, SP, no fevereiro anterior, vivi minha primeira formatura escolar, no caso do chamado “Pré II”, que na verdade seria hoje o 1.º ano do Ensino Fundamental (no ano posterior eu começaria a “1.ª série do 1.º grau”).

A então Viverde Escologia Infantil tinha sido fundada pelo casal Sergio Leite da Silva (o moço que conduz a cerimônia) e Maria Regina Zago Leite da Silva (a loira de blusinha branca e calça rosa) em 1991, como uma proposta de educação infantil ligada às preocupações ambientais (bem antes dos Acordos de Paris!). Eles foram muito prestativos com a gente durante a mudança pra nossa chácara, que não ficava longe da escola, esta mesma fundada dentro de um antigo sítio familiar. Por isso, mais do que o “tio Sergio” e a “tia Regina”, tornaram-se grandes amigos da minha família, e uma curiosidade: o Sergio ajudou minha mãe a comprar nosso primeiro telefone celular, um tijolão da Motorola, na ausência da linha fixa, que só chegaria até nossa casa em 1998. Ele foi um dos primeiros caras na minha vida que vi usar computador, internet e tecnologia modernas com frequência no trabalho!

A comunidade de fato era quase como uma família. Mauro Montagni, produtor da fita VHS (e da abertura digna de um Hans Donner, rs) que pode ser visto filmando aos 21min 28seg (vídeo 1), era pai do Bruno, meu primeiro melhor amiguinho que fiz logo ao chegar à escola e que é o primeiro a entrar no palco, com gravata e cinto púrpura! Ele estudou comigo até o final do Ensino Médio... Muitos anos depois, pedi a profissionais que convertessem em DVD o VHS, infelizmente já um tanto deteriorado e do qual deixei, queiram me perdoar, algumas falhinhas só no começo pra não interromper a sequência do vídeo. O áudio também está muito ruim, mas apenas aumentei no programa editor, não quis fazer outro arquivo pra reparar. O inusitado foi que como eu já era alfabetizado (por minha mãe), escapei de dançar fantasiado junto com minha turma e virei o “apresentador”, lendo alguns trechos de texto referentes ao tema da festa, que eram os direitos da criança (começo aos 11min 58seg, vídeo 1).

A hoje Viverde Escola de Educação Básica ainda é, sim, particular, e foi nessa bolha que só tive tal tipo de ensino até, justamente, entrar em História na Unicamp pública. O bom é que a Viverde jogava na gente um pouco de consciência social, nada que lembre remotamente a caricatura da “doutrinação” pintada por bolsominions e olavetes; mas conhecer outras realidades mesmo, só na graduação. Mas o que me marcou mesmo foram as músicas do Toquinho, que parecem até hoje tocar na minha cabeça: foram tantos os ensaios da canção do abecedário (próximo vídeo) na minha turma que decorei a letra até hoje, sem mesmo a ter lido de novo todos esses anos! Que dizer do clássico O caderno, que cantamos após receber os diplominhas (7min 54seg, vídeo 1)? A breguice da época não impediu de trazer várias músicas da Xuxa, que tocavam no início ao fundo, e o tema das Olimpíadas de 1992, Amigos para siempre, tema da entrega de diplomas.

É claro que seria exagero listar o nome de cada ex-coleguinha ou marcar quando aparecem várias pessoas marcantes, com quem tenho contato até hoje. Basta por ora notar a Camille (10min 23seg, vídeo 1), primeira matrícula da Viverde, que só conseguiu ler um pequeno texto encorajada pela amiguinha Natasha, de amarelo; minha avó de blusa preta, óculos escurecidos e cabelos curtos bem no centro da tela (2min 08seg, vídeo 1), ao lado da minha mãe, a “blusa colorida” atrás da moça com criança no colo; e o saudoso “vô Deldebio”, senhor de camiseta branca que aparece algumas vezes atrás do muro a partir de 25min 09seg (vídeo 2), pai da “tia Regina” e que por anos foi responsável pela merenda junto com a esposa “vó Íris”.

O mais irônico é que, embora eu “abra o quadro” aos 6min 18seg (vídeo 2), a “preparação” (que envolve minha sala e parte da anterior) é tão prolongada que a música só começa a tocar aos 10 min 06 seg, rs. Alguns momentos marcantes deste final são o anúncio da chegada do Papai Noel de (pasmem!) helicóptero (23min 13seg, vídeo 2), a aparição do dito cujo que, fantasiado, na verdade era o marido de uma das irmãs da “tia Regina” (25min 52seg), e o início de minha tentativa de pegar junto a ele uma bola de plástico branca com o logo da Viverde (28min 06seg), a qual furaria poucos dias depois, rs. O fundo de Noite Feliz em saxofone posto na edição termina o toque de breguice!

Agradeço à loja Miyashiro pela conversão em DVD e ao William Cardoso (W77 Informática) pela ajuda ao copiar os arquivos pro computador, o que também vale pros outros vídeos. Ainda me lembro do nome de várias criancinhas que aparecem, muitas das quais continuaram na Viverde até ou após 2005, quando me formei. Se você esteve aí, fez parte desse círculo ou conhece alguns dos astros, e por acaso chegou até aqui, não hesite em compartilhar esta raridade dos anos 90!




Este é o vídeo completo com a colação de grau e festa de formatura da turma da 8.ª série (atual 9.º ano) formada pela Viverde no final de 2002 (evento de 14 de dezembro). Era a primeira turma desse nível que se formava na instituição, fundada pela “tia Regina”, que aparece nas imagens como paraninfa da colação. Eu tinha 14 anos na época, estudava nessa turma e faria 15 anos no dia 1.º de janeiro seguinte. O trabalho foi feito pelo mesmo Mauro Montagni de 1994, e o arquivo digital resultou da conversão de minha fita VHS pro DVD que eu tinha guardado e que depois passei pro computador. Ao reeditar e fundir, apenas tirei umas rebarbas do quadro e algumas introduções e fechamentos inúteis.

Este é um registro cultural perfeito daquele começo de século, num ano em que o presidente Lula tinha sido eleito pela primeira vez e a seleção brasileira de futebol tinha ganhado seu quinto e último título mundial (o Penta). A música da Ivete Sangalo que todo mundo dança no final, Festa (“e vai rolar a festa, o povo do gueto mandou avisar...”), inclusive integrava a trilha sonora desse momento de euforia nacional. Você vê também a mobilização de todo mundo, inclusive minha mãe e minha avó (rsrs) pra dançar e cantar Ragatanga (“Aserehe, ha, dehe...”), o hit do momento do recém-formado grupo Rouge (Ídolos, SBT). Destaque ainda pras colegas Jéssica Álana Zenorini e Bárbara Juliana Gonçalves de Lima (Bárbara Lima Marques), que leram textos em homenagem aos professores e administradores. Como bônus, duas apresentações (09min 35seg e 01h 10min 44seg), pelas meninas, do jingle da propaganda antiga do Café Seleto, cuja graça eu não sei qual elas tinham encontrado na época.

Além de toda a turma e suas famílias que podem se rever aí, meus fãs podem ver raras imagens minhas, fazendo coisas que eles não pensavam: armando passeatas ambientais aos 6-7 anos de idade; pulando numa piscina com sunga verde-limão; vestido de caipira em festa junina; tocando teclado (que eu estava aprendendo na época, e agora esqueci quase tudo!); já adolescente, com a primeira barba crescendo e recheado de espinhas na cara; e participando de outras coisas na escola, bem pequenino ou já crescido. O destino de alguns colegas que saíram em anos anteriores pra mim é um mistério, mas queria fazer uma lembrança especial ao Gerson Prado Junior, que aparece até a 5.ª série, era mais próximo da minha “turminha” e morreu há alguns anos num acidente de carro.

Close da minha avó e da minha mãe, as “únicas” convidadas, aos 14min 03seg, rs. Tenho um pensamento também pelo sr. Isidoro Wajngarten, pai da minha colega Raquel (que também está aí com os pais), do ano anterior e que morava pegado à minha casa. Qualquer mensagem especial, por favor escreva numa das minhas mídias.


Os vídeos anteriores foram postados em meu saudoso canal Pan-Eslavo Brasil (YouTube) em fevereiro e abril de 2021, e em agosto ele seria apagado pelo Google malvadão. Na época, o William e eu tivemos problemas pra converter num formato de vídeo legível os arquivos do DVD de minha formatura do 3.º ano do Ensino Médio, em dezembro de 2005, quando eu estava prestes a completar 18 anos. Mas há algumas semanas, ele conseguiu pra mim, e finalmente pude salvar num vídeo completo as várias partes do DVD daquela formatura, que desta vez, salvo engano, não foi produzido pelo Mauro Montagni, mas cujo responsável não faço ideia de quem seja. Foi por causa dessa demora na conversão que não lancei os vídeos e textos aqui antes. Na ocasião, o evento tinha sido no Clube Literário de Bragança Paulista, localizado bem em frente à praça central e também conhecido somente como “Literário”, e a turma contava com vários rapazes e algumas meninas que entraram ou no 1.º ano do Ensino Médio, ou durante aquele ciclo. Boa parte da turma da 8.ª série (9.º ano) já não estava mais na época da formatura.

Como já falei muito da Viverde e de minha vida escolar nas seções anteriores (que também eram as descrições dos vídeos no YouTube), ressalto apenas que o DVD também trouxe de novo várias imagens de nossa escolaridade anterior, e que ao longo dos anos a escola passou por várias reformas, hoje obviamente estando muito diferente do que era em 2005 e agora com outra sede também na cidade de Socorro. Não sei por quê, mas o menu de navegação do DVD acabou produzindo um vídeo meio longo, e resolvi botar no começo apenas alguns segundos pra constar: vejam minha cara de animação bem no centro da foto, rs. Na verdade, foram feitos dois discos, mas como o segundo era apenas a filmagem do baile, cujas imagens quase não mudam e não contêm nada de interessante (eu garanto!), não o incluí na passagem pro computador. A paraninfa foi minha querida professora Flávia Otatti Valle, uma das pessoas fundamentais na minha opção pela graduação em História (junto com o professor José Augusto Bueno, um magro alto de gravata azul), e seu discurso, junto com o da Alexxânia, pode dar uma medida das tretas internas que rolavam então...

Infelizmente, nunca mais tive notícias do professor de matemática Audino Castelo Branco, um senhor obeso, de óculos, terno preto e gravata cinza, que entrou justamente naquele ano e finalmente (e só então!) me fez gostar e entender algo daquela matéria, sobretudo trigonometria. Além de ser muito simpático e de explicações didáticas, falava esperanto (como eu!), e por isso sou eu que em determinado momento apareço lhe entregando um dos vasos de flores.


Eu dei este depoimento talvez no começo de 2006, solicitado por telefone pela professora Flávia, e junto com o da colega Jéssica, foi publicado no Jornal do Meio (n. 267, sexta-feira, 24/2/2006, p. 3), suplemento cultural semanal que, segundo minhas pesquisas, existiu do fim de 2002 até mais ou menos 2018, mas cujo CNPJ cobre o período de 2003 a 2020. Ele vinha dentro do Bragança-Jornal Diário, antigo e tradicional periódico da cidade também extinto em 2021. A foto de cima foi tirada na Viverde, numa manhã de 2005, quando eu tinha quase 18 anos. A de baixo, em dezembro de 1996, na Casa de Cultura, quando eu tinha quase 9 e estava numa cerimônia à noite recebendo do Rotary Club o prêmio de melhor aluno de minha 2.ª série (atual 3.º ano), rs:


E enfim, comecei a Unicamp em 2006, sem ter feito vestibular “treineiro” antes, sem ter feito outros vestibulares ao mesmo tempo e convocado em primeira chamada! Desde então já era comum o chavão de que todo estudante de Humanas era de esquerda, metido a revolucionário e a querer consertar o mundo à própria maneira. Inclusive, Como mudar o mundo é o título do último livro de Eric Hobsbawm, grande historiador social que respeito demais. Porém, passei muito nervoso durante a graduação com greves e piquetes que fechavam tudo, impedindo-nos exatamente de fazer o que poderia realmente mudar o mundo: estudar, pesquisar e criar conhecimento. Agora estou no doutorado em História na mesma instituição, e eis que ontem de manhã recebo este bizarro e-mail coletivo, dirigido precisamente ao criadouro da vanguarda “des oprimides e discriminades”, que pensa poder ditar tudo a todo mundo. Deveria ser emoldurado e receber o título Como NÃO mudar o mundo:



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