segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Góis Monteiro contra o milicianato


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Não tenho muito o que dizer hoje. Só compartilho estas citações do livro O general Góes depõe..., velha edição feita na década de 1950 por um jornalista após longa entrevista com Pedro Aurélio de Góis Monteiro (1889-1956), general-de-exército que defendeu a Primeira República contra suas inúmeras rebeliões militares, mas terminou como um dos fautores do golpe de Estado que levou à deposição do presidente Washington Luís, ao impedimento da posse do presidente eleito Júlio Prestes e à ascensão ao poder de uma “junta provisória” comandada por Getúlio Vargas, movimento passado à posteridade como “Revolução de 1930”. Góis Monteiro (“Góes”, na ortografia antiga) ficou mais conhecido como um dos militares “germanófilos” durante os movimentos pendulares que, na 2.ª Guerra Mundial, levaram Vargas a primeiro simpatizar com o Eixo, e depois enfim “fechar” com os EUA, caindo por isso no opróbio público. Porém, segundo o próprio oficial, não era uma simpatia ao nazismo, mas, durante a reorganização do Exército Brasileiro no começo do século 20, uma preferência pelo modelo militar prussiano, em detrimento do modelo francês que acabou predominando com a vinda de especialistas pra remodelar e instruir.

Ex-ministro da Guerra (atual Ministério da Defesa) de Getúlio Vargas durante sua ditadura de 1930 a 1945, terminou rompendo com o gaúcho e ajudou a depor seu antigo patrão perto do fim de 1945, quando a transição política já estava em curso. Apesar de tentar passar a imagem de homem simples e honesto, acumulou muitas polêmicas e inimigos no caminho, sobretudo em sua ajuda a políticas repressivas, como as do Estado Novo decretado em 1937. Porém, em 2021, enquanto consultava aquelas famosas memórias pra minha tese de doutorado, achei umas citações que talvez expliquem, ao menos em parte, por que no Brasil o ofício militar parece muitas vezes ser confundido com o ofício policialesco (sobretudo na cabeça dos tiozões delirantes) e, por extensão, por que parece haver áreas de nossa vida pública que escapam ao controle do Estado e se tornam brechas pra poderes paralelos. Você pode concordar ou não, mas estão aí:






Porque de fato, o governo a que me referi nas entrelinhas teve que terminar desta forma, né? Hehehe:




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