Dia 14 de maio é a data em que os judeus comemoram a fundação do Estado de Israel, mas em que os árabes palestinos lembram o que consideram o início de seu desalojamento. E no dia 15, os palestinos também recordam a impulsão de seu exílio ao Líbano, Jordânia, Síria, Egito e outras nações, sem concordar com a decisão da ONU de 1948 que transformou o mandato britânico na Palestina na divisão em um Estado judeu e outro árabe.
Nos mesmos dias, mas em 2021, o conflito local teve a pior explosão desde 2014, com forte radicalização dos judeus de extrema-direita, instigados pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu. Como sempre, a motivação teve a ver com o que os muçulmanos chamam de “provocações” judaicas na área da mesquita de Al-Aqsa, mas soma-se ainda a construção de novos assentamentos hebraicos na Cisjordânia. Aquela violência tinha sido uma ocasião propícia pra eu lançar uma tradução que já pretendia fazer há algum tempo: a canção em dabke, ritmo popular no Mediterrâneo oriental, Meu sangue é palestino (Dammi Falastini/دمي فلسطيني), gravada por Mohammed Assaf em 2015.
Este clipe, porém, é de 2016 e foi filmado no Colégio Católico das Irmãs do Rosário, localizado na parte árabe de Jerusalém, capital de Israel. Não existe uma correlação exata entre “árabes/palestinos muçulmanos” e “israelenses judeus”, pois muitos árabes são cristãos e muitos judeus étnicos são cristãos ou não religiosos, enquanto além dos árabes com cidadania israelense, há também muitos judeus críticos do sionismo e do Estado de Israel como um todo. Eu mesmo legendei o vídeo que pode ser encontrado sem legendas no canal do Studio Sami, que o produziu.
Como ainda estou aprendendo árabe, por isso não me sentindo apto a fazer traduções diretas, eu traduzi a partir de uma versão em inglês dada por “Sara Ba”, que se diz falante de inglês fluente. Apenas algumas palavras árabes submeti individualmente na Wikipédia ou no Wiktionary, como “Al-Quds” (القدس), que não foi traduzida, mas é o nome árabe de Jerusalém, literalmente “o sagrado”. Não confundir com Al-Aqsa, que é a principal mesquita da capital, quase pegada ao Muro das Lamentações judeu e um dos maiores pontos de discórdia. Descobri que acabei não sincronizando alguns trechos conforme o significado, mas decidi não mudar porque também ficou bom.
Adendo (1/6/2024): No dia 28 de maio de 2024, os deputados nacionais franceses Sébastien Delogu e Louis Boyard (que estava fazendo as vezes de DJ), pertencentes ao partido de extrema-esquerda A França Insubmissa (LFI), fundado pelo ex-socialista Jean-Luc Mélenchon, lideraram num subúrbio de Paris uma festinha pró-Palestina. Conforme esta cena curtinha tirada de uma edição do programa C dans l’air, se percebe que eles estão dançando ao som da canção de Assaf, pouco depois de Delogu ter sido punido por brandir uma bandeira palestina em sessão da Assembleia Nacional. Algumas mídias os criticaram por serem assistidos por jovens de classes favorecidas que usavam acessórios de marcas caras e aproveitarem com fins eleitoreiros, visando à campanha pro Parlamento Europeu, uma causa que está levando na Palestina à morte de milhares de civis, incluindo crianças.
امتنع: وقفنالك يا ديرتنا (امتنع) يا يمّة ابشري بالعز (امتنع) فلسطيني وابن احرار (امتنع) ____________________ Mantendo meu juramento, seguindo minha religião Você vai me encontrar na minha terra Pertenço ao meu povo, sacrifico minha alma por ele Meu sangue é palestino, palestino, palestino Meu sangue é palestino 1. Temos protegido você, nossa terra natal (Refrão) 2. Oh, minha mãe, não se preocupe, (Refrão) 3. Sou palestino, filho de uma família livre (Refrão) |