sábado, 12 de setembro de 2020

Emmanuel Macron fala árabe no Líbano


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“Está aberta a temporada de caça ao pobre... Eleições chegando!!!”


Revendo as entrevistas coletivas que Emmanuel Macron, presidente da França, concedeu nos dias 6 de agosto e 1.º de setembro em Beirute, logo após a explosão do porto e a destruição de parte da cidade, percebi que ele ensaiou algumas palavras em árabe libanês. As duas frases se encontram em canções da diva musical do Líbano, a cantora Fayrouz, que o chefe de Estado também encontrou pessoalmente nas visitas. A primeira canção é “بحبك يا لبنان”, muitas vezes transcrita Bhebbak ya Lebnan, e a segunda é “لبيروت” (Li Bayruut), A/Para Beirute.

Eu achei a primeira frase por acaso, enquanto googlava a respeito, mas quem me ajudou em definitivo foram duas moças libanesas anônimas, nos comentários daqueles vídeos, a quem agradeço em espírito. Dando a transliteração padrão “seca” pra primeira frase, título de canção, temos “Baḥibbak yaa Lubnaan”, que se escreve “بحبك يا لبنان” (sem as vogais) em árabe. Porém, a pronúncia varia nos muitos dialetos orais, como no do Líbano, em que a qualidade das vogais é bem mutável. Significa “Eu te amo, Líbano”, e concerne especialmente ao dialeto egípcio, mas também do Mediterrâneo em geral. Como vocês veem, optei por dobrar as vogais longas, e não lhes colocar um traço em cima, o famoso... mácron, rs.

A segunda frase se translitera “Min qalbii salaam li-Bayruut”, em árabe “من قلبي سلام لبيروت”, em que a principal diferença está na pronúncia libanesa do “qaaf” glotal padrão como um simples “golpe de glote” antes da primeira vogal. Significa literalmente “De meu coração, uma saudação a Beirute”, ou mais simplesmente “Saúdo Beirute de (todo) meu coração”, e consiste no segundo verso da referida canção Li Bayruut. É notável que a palavra “سلام” (salaam) tem vários significados em árabe, como “paz”, “saudação” etc., e de fato é a maneira mais popular de dizer “Oi, olá”. E no comentário, a moça me mandou ainda com um sinal na última consoante, “سلامٌ”, indicando a leitura salaamun, com uma terminação de substantivo indefinido (ideia de “um, uma”) geralmente não pronunciada em conversas.

Eu não poderia ter feito esta descrição se não estivesse sendo muito ajudado pelas aulas do professor nigeriano Dr. Imran Alawiye, a que estou assistindo aos poucos em seu canal (língua padrão). O próprio prof. Jihad do canal Fale Árabe também se concentra na variante libanesa, mas seu foco é essencialmente coloquial, e não gramatical.



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