Achei por acaso um áudio com este vídeo, e com a letra nos dois alfabetos na descrição, e resolvi fazer uma montagem rápida, mesmo sem traduzir. É o famoso hino A Internacional, dos movimentos socialista, anarquista e comunista, em iídiche, língua germânica derivada do alemão medieval, majoritária entre os judeus da Europa até o Holocausto. Depois, muitos deles foram dizimados, e os que foram pra Israel optaram por usar o hebraico moderno, por influência do movimento sionista. Como lembra a Wikipédia, o iídiche, junto com o alemão, inglês, holandês, frísio, luxemburguês, africâner, pomerano, limburguês e ânglico escocês, é classificado como uma língua germânica ocidental, e em registros antigos era chamado “judeo-alemão”. Deve-se lembrar que Lenin, um cara bastante mestiço, tinha parte da ascendência judaica, e que bolcheviques proeminentes, como Leon Trotsky (sobrenome original Bronshtein), Iakov Sverdlov (nome original Solomon), Grigori Zinoviev (nascido Hirsch Apfelbaum) e Lev Kamenev (nascido Leo Rosenfeld), eram de famílias judias. Consultem este artigo de Mark Weber saído em 1994, destacando a proeminência judaica entre os primeiros líderes bolcheviques.
Segundo a Enciclopédia Britannica, o iídiche (ou ídiche) é a língua dos judeus asquenazes, ou seja, que viviam na Europa Central e Oriental, assim como seus descendentes, escrita com o alfabeto hebraico. Tornada uma das línguas mais difundidas do mundo, presente nos países onde havia população judia no século 19, é uma das três principais línguas literárias da histórica dos judeus, junto com o hebraico e o aramaico. Surgindo no século 9, mas começando a se escrever só no século 12, o iídiche se formou com a fusão de uma maioria gramatical e lexical do alemão meridional com elementos hebraicos e aramaicos pós-clássicos e alguns românicos, mais tarde ainda adquirindo palavras eslavas. Entre os muitos dialetos, o ocidental floresceu gradualmente como língua literária, mas virtualmente extinto com a formação da Alemanha, deu espaço ao dialeto oriental no século 19. Mesmo na União Soviética de Stalin, o iídiche sofreu perseguição oficial, assim como o esperanto.
Quem canta nesta gravação é Karsten Troyke, segundo a fonte de onde baixei o áudio. Daí eu também tirei a letra em iídiche, nos alfabetos hebraico e latino, e só fiz leves correções. Troyke (n. 1960) nasceu em Berlim e é um ator, locutor e cantor de músicas judaicas. De mãe não judia e pai judeu, trabalhou também como jardineiro e cuidador de crianças deficientes, e começou a atuar em 1982. Especializou-se na gravação e estudo de canções em iídiche, tendo as gravado em muitos álbuns solo e em conjunto, e ministrando aulas e oficinas sobre o assunto. Também montei o vídeo com as legendas nas duas escritas, sem tradução, porque me parece que o sentido é quase igual ao das versões francesa, russa e portuguesa, que você já conhece. Essa bandeira não existe de verdade, eu é que montei de brincadeira: viva a República Socialista Soviética dos Judeus, rs.
Em iídiche, o célebre hino A Internacional se chama Der Internatsyonal (דער אינטערנאַציאָנאַל), mas não sei quem fez a tradução. Vocês podem nesta postagem minha aprender a ortografia iídiche (latina e hebraica), e no link citado acima sobre o hino em russo, há também a história completa da letra. Seguem as legendas e a letra em iídiche nos dois alfabetos:
1. Shtayt oyf, ir ale, ver vi shklafn,
Refrão (2x):
2. Nayn, kayner vet indz nisht bafrayen:
(Refrão 2x) 3. Der arbetsman vet zayn memshule
(Refrão 2x) ____________________
Refrão (2x):
2. ניין, קיינער וועט אונדז נישט באַפֿרײַען
(Refrão 2x) 3. דער ארבעטסמאַן וועט זײַן מֶמשָלָה
(Refrão 2x) |
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