domingo, 20 de novembro de 2016

Hino Nacional da Polônia


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Este é o hino nacional da Polônia, chamado oficialmente Mazurek Dąbrowskiego (Mazurca de Dąbrowski), em alusão ao ritmo em que foi composta, mas também conhecida pelo seu primeiro verso, Jeszcze Polska nie zginęła (A polônia ainda não pereceu). Desde 1927 ela serve como hino do país recém-formado após a Primeira Guerra Mundial, cujo povo por mais de um século havia ficado sem Estado próprio, e teve a letra escrita por Józef Wybicki em 1797, sobre uma melodia popular de autor desconhecido.

A história do hino é muito comprida e complicada, então vou resumir aqui o que consegui ler. Na década de 1790 tropas polonesas estavam ajudando Napoleão Bonaparte em suas campanhas militares pela Europa, e uma de suas promessas era manter a existência e independência do Estado polonês, que na época existia na forma confederada da Comunidade Polaco-Lituana, ou Primeira República da Polônia. Citado na letra, Jan Henryk Dąbrowski (1755-1818), um general polonês muito respeitado e herói nacional, esteve entre os que ajudaram Napoleão nessas empreitadas. Józef Wybicki (1747-1822), jurista, poeta e ativista político e militar polonês, grande amigo de Dąbrowski, também participou das campanhas italianas das chamadas Guerras Revolucionárias Francesas, e quando estava em Reggio Emilia compôs a primeira versão das canção que se tornaria o hino da Polônia, e por isso ela também é conhecida como Canção das Legiões Polonesas na Itália. A letra faz referência a diversas passagens e personagens históricas (como o comandante militar Stefan Czarniecki), pontos geográficos (os rios Vístula e Varta) e figuras fictícias (Basia, ou Bárbara, e seu pai que lhe chora).

Tanto parte da letra quanto a melodia têm uso difundido na cultura dos países eslavos como elementos nacionalistas, e pode-se notar alguma semelhança entre o início do texto com o início dos hinos da Ucrânia e, um pouco menos, da antiga Iugoslávia, e entre sua melodia e a melodia deste último hino. A federação polonesa e lituana foi dissolvida por três potências estrangeiras em 1795, apesar de tentativas posteriores de restaurar a Polônia como Estado livre, e durante o século 19 a canção foi ganhando popularidade, até ser escolhida como hino da Polônia no final dos anos 1920 (com antigas partes do território alemão, russo e austro-húngaro o país havia sido recriado). A versão cantada hoje é encurtada e algo modificada, sendo que a original tinha inclusive referência aos Moskal, isto é, uma forma pejorativa de chamar os russos ainda hoje usada por ucranianos.

Eu não conheço polonês a fundo, por isso, embora conseguisse discernir alguns matizes e significados por meio da herança comum entre as línguas eslavas, traduzi essencialmente a partir do máximo de versões possíveis que achei nas Wikipédias em várias línguas. Até a época em que legendei o hino, não havia nenhuma tradução no YouTube, e mais ou menos um mês depois de eu ter carregado a minha, o canal Hinos Nacionais Cantados lançou sua versão própria, mas, sou sincero, de design bem inferior e letra bem infiel. Esse áudio, muito famoso, existe em várias fontes, mas eu baixei exatamente deste endereço. Seguem o vídeo legendado, a letra em polonês e a tradução em português:


1. Jeszcze Polska nie zginęła,
Kiedy my żyjemy.
Co nam obca przemoc wzięła,
Szablą odbierzemy.

Refrex (2x):
Marsz, marsz, Dąbrowski,
Z ziemi włoskiej do Polski.
Za twoim przewodem
Złączym się z narodem.

2. Przejdziem Wisłę, przejdziem Wartę,
Będziem Polakami.
Dał nam przykład Bonaparte,
Jak zwyciężać mamy.

(Refren 2x)

3. Jak Czarniecki do Poznania
Po szwedzkim zaborze,
Dla ojczyzny ratowania
Wrócim się przez morze.

(Refren 2x)

4. Już tam ojciec do swej Basi
Mówi zapłakany –
Słuchaj jeno, pono nasi
Biją w tarabany.

(Refren 2x)

____________________


1. A polônia ainda não pereceu,
Já que continuamos vivos.
O que os de fora nos tiraram
Vamos retomar na espada.

Refrão (2x):
Marche, marche, Dąbrowski,
Da terra italiana à Polônia.
Sob a sua liderança vamos
Retornar ao nosso povo.

2. Vamos cruzar o Vístula e o Varta,
Vamos ser poloneses.
Napoleão nos deu o exemplo
De como devemos vencer.

(Refrão 2x)

3. Como Czarniecki até Poznań
Após a ocupação sueca,
Para salvar a pátria
Vamos voltar pelo mar.

(Refrão 2x)

4. Lá um pai já está falando
Em prantos à sua Bárbara:
“Ouça, devem ser os nossos
Retumbando os tambores”.

(Refrão 2x)


Adendo (23/1/2019): Este registro foi feito por uma paranaense em Varsóvia, 11 de novembro de 2018, dia da Marcha da Independência, comemorando 100 anos da reconstrução da Polônia após a Primeira Guerra Mundial. São rapazes acendendo fogos e cantando o hino nacional em sua segunda estrofe e seu refrão. A marcha, liderada e convocada pelo presidente Andrzej Duda, foi criticada por ter acolhido muitos manifestantes extremistas que eram contra estrangeiros, gays, ateus, feministas etc. Uma coisa é irônica: num país que detesta o comunismo, as cores dos fogos são bem vermelhas.


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