terça-feira, 18 de março de 2025

Votos de Emmanuel Macron pra 2018


Endereço curto: fishuk.cc/voeux2018

Desde a primeira posse de Emmanuel Macron, em 2017, os registros no site oficial do Elysée começaram a ficar muito bagunçados, e alguns discursos sumiram, outros ficaram mais difíceis de encontrar, não foi constituído um acervo de vídeos históricos etc. Por isso, fiquei dependente do que pude encontrar pelo Google ou no YouTube.

Curiosamente, os europeus pareciam gostar nos anos 2000 muito mais do Dailymotion ou do Vimeo do que do próprio YouTube, portanto, foi muito mais fácil achar os discursos de Sarkozy na primeira plataforma. A partir de 2013, sob François Hollande, ficou mais fácil achar em canais diversos do YouTube, sobretudo de agências de notícias, como estes votos pra 2018. Porém, até hoje não entendo por que nenhum vídeo do presidente Hollande foi publicado no YouTube oficial, enquanto o Dailymotion oficial é o mais completo de todos. Além disso, conforme as datas dos vídeos, há um “buraco” no YouTube entre 28 de janeiro de 2011 e 15 (“Ao vivo”) ou 18 (“Vídeos”) de janeiro de 2019...

O ano de referência sempre é o próximo, ao qual cada presidente está desejando votos, e não o que está acabando, quando o discurso é gravado e lançado. Uso o Google Tradutor pra obter os textos mais rapidamente, mas revisando e confrontando manualmente com os originais. Pra França, a fonte desses textos, como é o caso dos votos pra 2018, está sendo um site de informações políticas, econômicas e sociais chamado “Vie publique”, ligado ao gabinete do primeiro-ministro, mas infelizmente pouco divulgado.



Meus caros compatriotas,

Enquanto o ano se aproxima do fim, estou feliz em reencontrá-los para lhes fazer meus votos para o ano de 2018 pela primeira vez. Espero que vocês estejam em família, entre seus entes queridos e aqueles que amam vocês.

Também sei que alguns de vocês estão trabalhando hoje porque fazem parte das forças armadas ou da polícia, porque são médicos ou profissionais de saúde, porque são responsáveis pelo transporte ou pela continuidade dos serviços públicos. Esta noite quero agradecer-lhes por esse empenho.

Também sei que esta noite, muitos de vocês estão sozinhos, sofrendo ou doentes, e sei que nesses momentos de festa e reencontro, essa solidão e sofrimento são ainda mais difíceis de suportar. Portanto, a nossos concidadãos que se encontram nessa situação, quero dizer que eles pertencem a uma grande Nação e que os mil fios estendidos que nos mantêm unidos são mais fortes do que sua solidão, e lhes dedico um pensamento fraterno.

O ano de 2017 está acabando e não quero perder muito tempo olhando para ele; foi o ano da escolha: a escolha do povo francês, a escolha pela qual vocês me deram sua confiança e, com ela, sua impaciência, exigências e expectativas; estou plenamente ciente disso. Assim, desde minha eleição em maio passado, tenho me concentrado em simplesmente cumprir o que me prometi durante a campanha presidencial. O primeiro-ministro e seu governo vêm trabalhando desde maio passado com um Parlamento profundamente renovado para implementar seus compromissos. Por meio de suas escolhas durante o ano de 2017, vocês renovaram profundamente nossa vida política e permitiram que ocorresse uma transformação profunda em nosso país: na escola para nossos filhos, no trabalho para todos os nossos concidadãos, no clima, no dia a dia de cada uma e cada um de vocês. Essas transformações profundas começaram e continuarão com a mesma força, o mesmo ritmo e a mesma intensidade durante o ano de 2018.

O ano que se inicia é de fato um ano de muitos desafios e estamos construindo nele boa parte de nosso futuro. Para nossas áreas rurais, aonde devemos levar o acesso à telefonia móvel, à tecnologia digital e ao transporte e permitir mais inovações econômicas e sociais, para nossos bairros populares, permitindo a mobilidade econômica e social e combatendo a discriminação; para nossos agricultores, permitindo-lhes viver dignamente com o preço pago; para nossos territórios ultramarinos que sofreram muito nos últimos meses e aos quais gostaria de enviar uma saudação especial; adaptando as nossas regras e construindo setores econômicos fortes que permitam uma maior autonomia energética e a criação de empregos; pela igualdade entre homens e mulheres, o que também exigirá mudanças na lei e um reengajamento de toda a nossa sociedade; para autônomos e empreendedores, com regras simplificadas; um direito ao erro [categoria do direito francês; ler artigo a respeito] finalmente posto em prática; para os assalariados, permitindo aperfeiçoar-se por toda a vida e novas medidas de segurança; e para nossos servidores públicos, esclarecendo suas missões e nossas expectativas e recompensando seus esforços. Como podem ver, todos esses projetos marcarão o ano de 2018 e exigirão total e completo compromisso do Primeiro-Ministro e seu governo.

Continuarei fazendo aquilo para que me elegeram: tornar a França mais forte e justa; permitir, não adaptar nosso país às mudanças do mundo, mas permitir que ele seja o que é: um país forte, com uma exigência universal, que, por ser mais forte, produz mais, pode garantir com justiça a solidariedade em solo nacional e ter uma exigência humanista no plano internacional.

Sei que muitos de vocês não compartilham a política que é hoje conduzida pelo governo; eu os respeito e sempre os ouvirei; garantirei que todos os debates sejam conduzidos e que todas as vozes, incluindo as discordantes, sejam ouvidas, mas nem por isso deixarei de agir. Sempre ouvirei, explicarei nossa situação e a realidade dela; respeitarei e, sempre no final, farei, porque é disso que nosso país precisa e é o que vocês esperam de mim.

Em 2018, teremos que conduzir primeiro várias batalhas e ações determinadas em nível internacional: contra o terrorismo islâmico no Levante, no Sahel e em nosso solo nacional e, a esse respeito, quero pensar esta noite em nossos soldados que estão neste exato momento nesses teatros de batalha; penso em seus companheiros que tombaram este ano. Venceremos essa batalha contra o terrorismo. Também quero prestar homenagem aos policiais civis e militares que combatem diariamente esse terrorismo islâmico e protegem o dia a dia de vocês.

Mas é a paz que devemos conquistar também no plano internacional, ou seja, o trabalho essencial para a nossa segurança, mas também porque é nossa missão universal, o trabalho de garantir a estabilidade dos Estados e assegurar o respeito a todas as minorias. Foi o que fizemos no Líbano, é o que estamos fazendo hoje no Sahel e é o que continuaremos fazendo na Síria, no Oriente Médio e na África; é uma gramática da paz e da esperança que devemos reinventar hoje em muitos continentes.

No âmbito europeu, o ano de 2018 também será decisivo. Como vocês sabem, estou totalmente comprometido com essa batalha porque tenho plena convicção de que a Europa é boa para a França; que a França não pode ter sucesso sem uma Europa mais forte. Meus caros concidadãos europeus, 2018 é um ano muito especial e vou precisar de vocês este ano. Espero que, por meio dessas consultas cidadãs, vocês possam expressar-se, dizer o que querem para a Europa alguns meses antes de nossas eleições europeias e permitir que seus governantes elaborem um grande projeto; precisamos redescobrir a ambição europeia, redescobrir uma Europa mais soberana, mais unida e mais democrática, porque isso é bom para nosso povo. Acredito profundamente que a Europa pode se tornar essa potência econômica, social, ecológica e científica que poderá encarar a China e os EUA, portanto esses valores que nos formaram e são nossa história comum. Preciso da determinação de vocês para esse renascimento europeu e preciso que juntos não cedamos nada nem aos nacionalistas nem aos céticos.

De minha parte, continuarei trabalhando com cada um de nossos parceiros europeus e, particularmente, com a Alemanha. Essa conversa íntima com nossos amigos alemães é a condição necessária para qualquer avanço europeu; não exclui o diálogo com todos os nossos outros parceiros, mas é onde tudo começa. Preciso que avancemos também nesse âmbito, rompamos com os hábitos passados e reencontremos esse gosto partilhado por um futuro que decidimos por nós próprios.

Por fim, no âmbito nacional, 2018 será, a meu ver, o ano da coesão nacional. Estamos divididos há muito tempo e com muita frequência. Os debates são necessários, as divergências são legítimas, mas divisões irreconciliáveis solapam nosso país. Quero mais concórdia para a França em 2018. Para isso, quero acima de tudo focar na inteligência francesa, pois a temos dentro de nós. A escola deve ser o cadinho dessa coesão nacional e continuaremos fortalecendo-a; o aperfeiçoamento ao longo da vida é a proteção indispensável que permitirá a cada um enfrentar as grandes mudanças e entendê-las melhor, formar-se para aprender novas profissões. A ciência é uma alavanca essencial para prepararmos com sucesso nosso futuro e, por isso, nossa pesquisa é decisiva e nossa cultura é essa base comum de nosso imaginário, um imaginário de que necessitamos, o imaginário de um futuro onde cada uma e cada um deve poder encontrar-se.

Em seguida, quero me concentrar no trabalho. O trabalho está no coração de nossa sociedade, em primeiro lugar porque é o que permite que cada um encontre seu lugar, progrida na vida, liberte-se de seu meio de origem, se é o que cada um quiser, mas é também por meio do trabalho que nossa Nação será mais forte, porque produzirá e enriquecerá; precisamos do trabalho e eu o defenderei incansavelmente, permitindo que cada trabalhador ganhe mais com ele, dando formação a nossos concidadãos desempregados para que possam encontrar trabalho e as competências necessárias para isso, formando nossos jovens por meio de programas para aprendizes; o trabalho é o coração de nosso projeto comum.

Também quero me concentrar na fraternidade. A fraternidade é o que nos une, o que nos torna um, o que nos mantém juntos. Acredito no sucesso, nas conquistas, mas de que valem essas conquistas se, de alguma forma, são apenas conquistas de alguns e se alimentam egoísmos ou cinismos? Nada muito duradouro. Tantas Nações estão se desintegrando porque apenas algumas pessoas têm sucesso! De fato, precisamos repensar um grande projeto social para nosso país, o qual implementarei durante o próximo ano. É ele que deve inspirar nossa política de saúde, nossa política em favor das pessoas com deficiência, nossa política de alojamento para os sem-teto, nossa política social de auxílio aos mais necessitados. Sem isso, sem essa exigência humanista, nosso país não permanecerá unido. Isso também implica regras e rigor, e às vezes me deparo com algumas tensões éticas que não subestimo e que assumo plenamente. Quero que possamos fornecer um teto a todas e todos que hoje estão desabrigados. O governo tem se comprometido muito nos últimos meses nesse sentido e melhorado muito as coisas, mas ainda há situações que não são aceitáveis e que não aceito mais do que vocês. Portanto, continuaremos o esforço indispensável para conseguir respeitar plenamente o compromisso que eu próprio assumi com vocês.

Contem com minha total determinação nessa questão.

Devemos também acolher mulheres e homens que fogem de seus países porque são ameaçados em razão de sua origem, religião e convicções políticas. É o que chamamos direito de asilo. É um dever moral e político do qual não abro mão. Nós o respeitaremos; continuaremos acolhendo essas mulheres e homens porque a França é sua pátria, mas nem por isso podemos acolher todos nem o podemos fazer sem que haja regras. Também é indispensável que possamos verificar a identidade de cada uma e cada um, e quando alguém chega a nosso território e não se qualifica para o direito de asilo nem tem chance de obter a nacionalidade francesa, não podemos aceitar que permaneça por meses ou anos em situação de irregularidade, prejudicial para si e para o país. Nisso também precisamos de regras simples e respeitadas e, portanto, de rigor. Trabalharei para garantir que nosso país siga essa linha de humanidade e eficiência.

Por fim, nossa coesão nacional também depende do empenho de vocês. Sim, a coesão da Nação não é obra apenas do Presidente da República, de seu Primeiro-Ministro ou do governo; é o trabalho de cada uma e cada um de vocês. Perguntem a si mesmos todas as manhãs o que podem fazer pelo país para além de seu dia a dia, de sua vida, às vezes de suas dificuldades, digam sempre a si mesmos que vocês pertencem a um coletivo mais forte, maior do que vocês: a Nação Francesa. Foi esse coletivo que os educou, cuida de vocês e, quando vocês caem, os ajudam a se levantarem, que os ajudará na velhice. Digam a si mesmos a cada instante que têm algo a fazer pela Nação. Eu preciso desse empenho.

Todos os dias, desde que fui eleito Presidente da República, pude observar em nosso país esses milagres de solidariedade, empenho e entusiasmo; é disso que preciso e é por isso que preciso de vocês. O povo francês é um grande povo que às vezes subestima suas próprias forças interiores. Somos capazes de coisas excepcionais.

Portanto, meus caros compatriotas, esta noite me dirijo a vocês antes que um novo ano comece. Haverá dificuldades, sem dúvida haverá coisas que não teremos previsto; vocês poderão ter momentos de dúvida e dramas em suas vidas pessoais, mas nunca se esqueçam de que somos a Nação Francesa. E esta noite, quero dizer-lhes que é com esse espírito de conquista que partilhamos, essa inteira determinação, essa ambição sincera por nosso país e por cada um de vocês e essa vontade de dar vida a nosso Renascimento francês que faço a todos vocês meus melhores votos para o ano de 2018.

Viva a República e viva a França.



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