Desde a primeira posse de Emmanuel Macron, em 2017, os registros no site oficial do Elysée começaram a ficar muito bagunçados, e alguns discursos sumiram, outros ficaram mais difíceis de encontrar, não foi constituído um acervo de vídeos históricos etc. Por isso, fiquei dependente do que pude encontrar pelo Google ou no YouTube.
Curiosamente, os europeus pareciam gostar nos anos 2000 muito mais do Dailymotion ou do Vimeo do que do próprio YouTube, portanto, foi muito mais fácil achar os discursos de Sarkozy na primeira plataforma. A partir de 2013, sob François Hollande, ficou mais fácil achar em canais diversos do YouTube, sobretudo de agências de notícias, como estes votos pra 2013. Porém, até hoje não entendo por que nenhum vídeo do presidente Hollande foi publicado no YouTube oficial, enquanto o Dailymotion oficial é o mais completo de todos. Além disso, conforme as datas dos vídeos, há um “buraco” no YouTube entre 28 de janeiro de 2011 e 15 (“Ao vivo”) ou 18 (“Vídeos”) de janeiro de 2019...
O ano de referência sempre é o próximo, ao qual cada presidente está desejando votos, e não o que está acabando, quando o discurso é gravado e lançado. Uso o Google Tradutor pra obter os textos mais rapidamente, mas revisando e confrontando manualmente com os originais. Pra França, a fonte desses textos, como é o caso dos votos pra 2013, está sendo um site de informações políticas, econômicas e sociais chamado “Vie publique”, ligado ao gabinete do primeiro-ministro, mas infelizmente pouco divulgado.

Meus caros compatriotas,
Fiel a uma bela tradição, dirijo a todos e cada um de vocês meus mais calorosos votos para o ano novo.
Em maio passado, vocês me confiaram a tarefa de liderar nosso país em um momento particularmente difícil. Com uma crise histórica, um desemprego que há quase dois anos não para de aumentar e uma dívida recorde.
Não ignoro nenhuma das inquietações de vocês. Elas são legítimas. E não pretendo esconder de vocês as dificuldades que nos aguardam. Eles são sérias.
Mas esta noite quero lhes expressar minha confiança em nosso futuro: a zona do euro foi salva e a Europa finalmente se dotou dos instrumentos de estabilidade e crescimento que lhe faltavam. Esse resultado parecia, há apenas seis meses, fora de alcance. Ele foi atingido.
Minha confiança está, acima de tudo, na França. Conheço o talento tanto de nossos empregadores quanto de nossos assalariados. Meu dever, meu primeiro dever, meu único dever, é fazer nosso país avançar e fazer nossa juventude recuperar a esperança.
Por isso, desde minha eleição, tomei três decisões principais com o governo de Jean-Marc AYRAULT.
A primeira foi restaurar nossas contas públicas. Quero livrar a França das dívidas. Foi necessário um esforço. Eu sei o que ele representa depois de tantos anos de sacrifícios. Garanto-lhes que cada euro arrecadado será acompanhado de uma luta drástica para reduzir gastos públicos inúteis. O dinheiro dos franceses é precioso. Cada um de vocês o ganha duramente. Ele deve, portanto, estar a serviço de um Estado exemplar e parcimonioso.
A segunda decisão é o pacto de competitividade. A partir de 2013, quero restituir margens de manobra às empresas, com um crédito fiscal de 20 bilhões de euros para permitir que elas contratem, invistam e exportem.
O terceiro é controlar as finanças: foi criado o Banco Público de Investimento, a próxima lei bancária nos protegerá da especulação e o imposto sobre transações financeiras será introduzido em nível europeu no ano que vem.
Essa marcha adiante não ocorreu sem sobressaltos nem contratempos. Concordo. Mas o cronograma que estabeleci visa fazer as reformas agora para sairmos da crise mais rápido e mais fortes.
Essas decisões eram essenciais e haviam sido adiadas por tempo demais. Eu as tomei com espírito de justiça.
Justiça fiscal, primeiramente. Agora, a renda de capital é tão tributada quanto a renda do trabalho. E sempre será exigido mais daqueles que têm mais. Esse é o sentido da contribuição excepcional sobre os rendimentos mais elevados que será reorganizada, seguindo a decisão do Conselho Constitucional, sem alterar seu objetivo.
Justiça social, com o aumento do salário mínimo, do RSA [auxílio desemprego sob condição de buscar trabalho ou realizar alguma atividade] e da ARS [subsídio de volta às aulas concedido a famílias mais pobres para arcarem com custos escolares gerais dos filhos]. E o direito de se aposentar aos 60 anos para quem começou a trabalhar cedo.
Justiça entre as gerações, com prioridade para a educação nacional, com professores mais numerosos e mais bem formados.
2012 foi, portanto, o ano em que iniciamos juntos a recuperação.
2013 será o ano da mobilização de todos para que tenhamos sucesso.
Todas as nossas forças estarão concentradas em um único objetivo: reverter a curva do desemprego dentro de um ano. Teremos que conseguir isso a todo custo.
Com 150 mil empregos promissores para os jovens mais distantes do mercado de trabalho. Com os contratos de geração que permitirão unir a experiência dos mais velhos com a esperança dos mais jovens. Eles entrarão em vigor amanhã.
Com a formação profissional que será reformada com prioridade para acompanhar os desempregados em direção ao emprego.
Mas o Estado não é o único ator. É por isso que o governo abriu negociações sobre a segurança do emprego.
Seu objetivo? Dar mais estabilidade aos assalariados e mais flexibilidade às empresas. Resumindo, afastar um duplo medo: o de ser demitido para trabalhadores, e o de contratar para empregadores. Se essa negociação for bem sucedida, será uma oportunidade para a França. Confio em que os parceiros sociais assumirão suas responsabilidades. Caso contrário, eu as assumirei.
Eis aí o rumo definido: tudo pelo emprego, pela competitividade e pelo crescimento.
Esse rumo será mantido com unhas e dentes. Não vou me desviar dele. Não por teimosia, mas por convicção. É do interesse da França.
Para se preparar para o futuro, nosso país precisa investir em todas as áreas; em nossos setores industrial e agrícola, na habitação, no meio ambiente, na saúde, na pesquisa e nas novas tecnologias. Por isso, pedi ao governo que propusesse uma estratégia de investimentos públicos e privados para modernizar a França tendo 2020 como horizonte.
Caros compatriotas da Metrópole, do Ultramar e no exterior, temos todos os recursos para ter sucesso, desde que concordemos com o essencial. E mesmo que às vezes possamos discordar em grandes questões societárias, como será o caso em 2013, a França é a França quando avança na igualdade de direitos – incluindo o casamento igualitário –, na democracia – incluindo a não acumulação de mandatos – e no respeito pela dignidade humana – incluindo a eutanásia.
A França também é ela mesma quando defende seus valores no mundo.
Ela fez isso no Afeganistão. Sua missão foi cumprida. Como prometido, todos os nossos combatentes voltaram para casa no Natal. Expresso minha gratidão a nossos soldados por sua coragem e saúdo a memória dos que morreram pela França. São 88. E não me esqueço dos feridos: são mais de 700.
É sempre em nome desses valores que a França apoia a oposição à ditadura na Síria. E, no Mali, os povos africanos em sua luta contra a ameaça terrorista.
Penso especialmente em nossos reféns [tomados no Níger e no Mali por grupos terroristas islâmicos] e suas famílias, que vivem na angústia. Que eles saibam bem que tudo está sendo feito para obter sua libertação. Sem transigir em nenhum de nossos princípios.
Uma de nossas forças está na solidariedade. Ela é nossa dívida para com os povos oprimidos e, bem perto de nós, para com os mais frágeis, os doentes, as pessoas isoladas, aquelas com deficiência ou que sofrem com a precariedade ou a solidão. Não são meros receptores de assistência social. São cidadãos, machucados pela vida em dado momento.
Para uma grande Nação como a nossa, é dever de honra ser capaz de combinar competitividade e solidariedade, desempenho e proteção, sucesso e partilha.
É a ambição desta França reconciliada e autoconfiante que carrego para o ano que começa. É essa ambição que dá sentido ao esforço de todos.
Viva a República!
Viva a França!
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