Desde a primeira posse de Emmanuel Macron, em 2017, os registros no site oficial do Elysée começaram a ficar muito bagunçados, e alguns discursos sumiram, outros ficaram mais difíceis de encontrar, não foi constituído um acervo de vídeos históricos etc. Por isso, fiquei dependente do que pude encontrar pelo Google ou no YouTube.
Curiosamente, os europeus pareciam gostar nos anos 2000 muito mais do Dailymotion ou do Vimeo do que do próprio YouTube, portanto, foi muito mais fácil achar os discursos de Sarkozy, como estes votos pra 2011, na primeira plataforma. Além disso, até hoje não entendo por que nenhum vídeo do presidente François Hollande foi publicado no YouTube oficial, enquanto o Dailymotion oficial é o mais completo de todos. E ainda por cima, conforme as datas dos vídeos, há um “buraco” no YouTube entre 28 de janeiro de 2011 e 15 (“Ao vivo”) ou 18 (“Vídeos”) de janeiro de 2019...
O ano de referência sempre é o próximo, ao qual cada presidente está desejando votos, e não o que está acabando, quando o discurso é gravado e lançado. Uso o Google Tradutor pra obter os textos mais rapidamente, mas revisando e confrontando manualmente com os originais. Pra França, a fonte desses textos, como é o caso dos votos pra 2011, está sendo um site de informações políticas, econômicas e sociais chamado “Vie publique”, ligado ao gabinete do primeiro-ministro, mas infelizmente pouco divulgado.

Meus caros compatriotas,
O ano de 2010 está chegando ao fim. Sei que ele foi difícil para muitos de vocês. A crise econômica e financeira, iniciada há 3 anos, continua fazendo seus efeitos serem sentidos, e muitas pessoas perderam seus empregos, o que só exacerbou o sentimento de injustiça ressentido pelos assalariados que não tiveram nenhuma responsabilidade pela crise.
No entanto, graças ao trabalho dos franceses, a sua coragem, a sua capacidade de adaptação, à força de nossa economia e às vantagens de nosso modelo social, a recessão foi menos severa e duradoura do que a vivida por muitos de nossos parceiros.
E o ano de 2011 promete trazer esperança. O crescimento está voltando. As grandes reformas empreendidas estão começando a dar frutos. Nossas universidades, finalmente autônomas, estão se abrindo e se modernizando como nunca antes no passado. Nossos pesquisadores receberam recursos financeiros consideráveis graças ao grande empréstimo [programa de financiamento público massivo]. Nossas empresas aproveitam ao máximo o crédito fiscal de pesquisa para inovar. Mais de cinco milhões de assalariados cumpriram horas extras totalmente isentas de impostos, tanto para si mesmos quanto para as empresas em que trabalhavam, o que permitiu, apesar da crise, segurar o poder de compra. Nosso sistema previdenciário foi protegido da inevitável falência que o espreitava se não tivéssemos feito nada. As aposentadorias de nossos idosos é que foram salvas e, pela primeira vez, a França pôde enfrentar uma reforma capital sem violência nem bloqueio, graças ao serviço mínimo que funcionou bem e ao espírito de responsabilidade dos franceses que sabiam bem que esse compromisso, por mais doloroso que fosse, era inevitável. Quero prestar homenagem a sua maturidade e a sua inteligência coletiva.
A Europa conseguiu lidar com a tempestade, certamente não com suficiente completude, e muitas vezes sem a rapidez necessária, mas a Europa resistiu e nos protegeu.
Não acreditem, meus caros compatriotas, naqueles que propõem que abandonemos o euro. O isolamento da França seria uma loucura. O fim do euro seria o fim da Europa. Com todas as minhas forças me oporei a esse retrocesso que desrespeitaria 60 anos de construção europeia que trouxeram paz e fraternidade a nosso continente. Digo isso com tanto mais firmeza por sempre ter militado pela preferência comunitária e sempre lutado pela proteção de nossa indústria, pela reciprocidade e pelo fim da ingenuidade nas discussões comerciais com nossos principais parceiros. A Europa é essencial para nosso futuro, nossa identidade e nossos valores.
Minha mais profunda convicção para 2011 é que devemos continuar incansavelmente fortalecendo nossos pontos fortes e removendo nossos pontos fracos, sendo mais competitivos, formando melhor nossos jovens, trabalhando melhor, reduzindo nossos gastos públicos e nossos déficits, sob pena de ver nossa independência seriamente ameaçada. Vejamos o que aconteceu na Europa. Os países que quiseram viver acima de suas possibilidades, sem pensar no futuro, foram duramente punidos. Meu primeiro dever é proteger a França dessa perspectiva. Portanto, a França cumprirá seus compromissos equilibrando suas contas. Não vou abrir mão desse objetivo.
Sei que 2012 será um encontro eleitoral de grande importância. Mas estamos em 2011, não podemos nos dar ao luxo de um ano de imobilismo pré-eleitoral, enquanto o mundo avança a uma velocidade estonteante. Portanto, 2011 deve ser um ano útil para os franceses. A dificuldade não importa quando estão em jogo os interesses da nação e o bem comum dos franceses.
Em todas as circunstâncias, meu dever é colocar o interesse geral em primeiro lugar. Até o último minuto de meu mandato, essa será minha única regra. Assim, continuaremos com as reformas porque são a única maneira de preservar nosso modelo e nossa identidade, a única maneira de proteger a França e os franceses. Protegê-los da dependência, pois todos têm direito a sua dignidade diante dos tormentos da velhice. Protegê-los das deslocalizações, harmonizando nossa tributação com a de nossos vizinhos alemães. Protegê-los da violência cada vez mais brutal da parte de delinquentes reincidentes, abrindo nossos tribunais criminais para os júris populares. Assim, é o povo quem poderá opinar sobre a dureza da resposta a ser dada a comportamentos que deixam o país exasperado.
Com o primeiro-ministro François FILLON, em quem tenho total confiança, e com o governo, devemos trabalhar incansavelmente durante todo este ano a serviço de uma prosperidade francesa recuperada, que nos permitirá criar os empregos de que precisamos. Cumprirei meu dever ouvindo, dialogando, mas quando chegar a hora, tomando as decisões necessárias com espírito de verdade e justiça.
Farei isso respeitando escrupulosamente nossos mais caros princípios republicanos: a laicidade e a rejeição do comunitarismo. A lei que proíbe a burca será aplicada tanto no espírito quanto na letra. Faço a todos um lembrete de que não pode haver direitos sem a contrapartida de deveres. Por isso a escola é obrigatória. A evasão é inaceitável porque condena ao fracasso aqueles que nela recaem. O respeito à lei é intocável, ela não deve ser desrespeitada. Da mesma forma, o respeito devido à França por aqueles que acolhemos é uma exigência. A igualdade de oportunidades e a justiça, a não se confundirem com o igualitarismo ou o assistencialismo, devem nos levar a considerar a revalorização do trabalho como uma prioridade absolutamente intocável. Por fim, a liberdade deve andar de mãos dadas com o respeito que cada um deve aos outros.
Ao longo do ano, meus caros compatriotas, a França carregará a pesada responsabilidade da dupla presidência do G20 e do G8. Ela defenderá a ideia de um mundo mais regulado, menos brutal, onde a interdependência obriga todos a ouvirem mais os outros. Ela defenderá vigorosamente os interesses da França, sem jamais renunciar a seus valores, no que diz respeito ao multilateralismo, ao respeito pelos direitos humanos, à luta pelo desenvolvimento e ao imperativo da proteção de nosso planeta.
Meus caros compatriotas, quero lhes dirigir meus melhores votos, meus mais sinceros e calorosos votos de felicidade para este ano de 2011.
Tenho um pensamento especial para os que estão sofrendo e desorientados, especialmente nossos reféns, pelos quais seguiremos mobilizando todas as nossas forças até o dia de sua libertação, e para nossos soldados que estão passando este fim de ano longe de suas famílias, arriscando suas vidas para defender nossos valores e nossa liberdade.
Meus caros concidadãos,
Viva a República! E viva a França!
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