sábado, 8 de fevereiro de 2025

Os caçadores de pepecas ruSSas


Endereço curto: fishuk.cc/pepeca-ru


O cartaz da época da 2.ª Guerra Mundial acima, que representa a confraternização entre um camponês ucraniano e um soldado do Exército Vermelho (também há originalmente acima deles uma frase de Stalin traduzida pro ucraniano...), geralmente é interpretado pela mauvadêsa ossidentau como “algo a mais”, por assim dizer. Dessa forma, ele foi meu suporte ideal pra que eu pudesse fazer um trocadilho com o Z comumente usado pelos defensores da agressão putinista à Ucrânia e uma frase popular que reza: “Odín raz, ne pidorás” (literalmente, “Uma vez, não (é) veado” – os termos nas duas línguas são pejorativos). Se refere ao (suposto) fato de que, se vocêfoi “sodomizado” só uma vez, não significa necessariamente que você seja homossexual. Infelizmente, a fita de São Jorge da resistência antinazista foi deturpada com esse fim, mas mesmo assim coloquei também na última palavra, já que no final de ambas o som é o mesmo...

Também é uma forma de criticar aqueles que, embora cultivando a memória da “Grande Guerra Patriótica” (e esquecendo os crimes internos e externos de Stalin de 1939 a 1941), legitimam a invasão em curso, ignoram os efeitos sobre a própria sociedade russa e adotam uma visão de mundo retrógada e reacionária que faria inveja a qualquer fascista da década de 1930. Curioso que muitos “escravocetas” bananeiros tenham essa imagem idealizada da Rússia, não somente das mulheres “loiras, perfeitas e parecendo modelos”, mas também comprem essa visão parcial e idealizada da história e esqueçam os outros povos não eslavos que lá vivem, sobretudo na Sibéria e no Cáucaso. Quem me acompanha desde o Pan-Eslavo Brasil sabe que sempre tentei resgatar os tártaros, chechenos, circassianos etc., tão dignos de serem conhecidos quanto os “rússkie” eslavos. Mais curioso ainda: os “ruscistas” (fascistas russos) gostam de pôr em relevo essa “diversidade de povos” e o “respeito” à mesma diversidade, mas quando acontece alguma coisa envolvendo imigrantes, os inocentes entre estes são os primeiros a apanhar, e os “ruscistas”, os primeiros a bater.

Esses dias tenho mexido um pouco no aplicativo Tandem, pra achar parceiros de prática de idiomas ao redor do mundo. Claro, há vários recursos acessíveis apenas a assinantes (mas há uma semana de teste grátis no começo pra “fazer a festa”!), mas apesar das limitações, na verdade poucas, da conta gratuita, recomendo seu uso. E, sobretudo, se você tiver tempo, ao contrário de mim, de ficar de papo furado na internet com gente desconhecida, desta vez pelo menos com a vantagem de usar outras línguas e conhecer outras culturas, rs. Já usei várias vezes e apaguei a conta por falta de paciência, portanto, não sei até onde vai durar a minha atual. Mesmo assim, com o acesso ao Premium, já fiz alguns experimentos sociológicos interessantes, como colocar o russo como língua materna, o português como língua de aprendizado e ver o que aparecia nas recomendações. Me deparei com esta conta, que desidentifiquei por razões óbvias, mas que comprova a tendência supracitada: a de normalizar qualquer contato com a Rússia num momento em que, além de um genocídio, um culturicídio e, certamente, um ecocídio (barragem de Nova Kakhóvka...), ela está dilapidando sua própria integridade como Estado funcional – a “deliquescência”, no jargão especializado.

Muitos me acusariam de “russofobia”, porque o interesse do rapaz (ele ia levar a família toda?...) seria apenas “na cultura russa”, e não no “regime” ou na “ditadura”. Olha, sinceramente, alguém que está totalmente por fora do caos que a governança moscovita se tornou, e que mesmo assim deseja viver num país que claramente provocou uma guerra não justificável por qualquer outra birra pra com o Ossidentx Mauvadaum, ou é muito burro, ou é cúmplice do putinismo. Ora, cultura russa, excetuada a internet, você encontra em muito lugar com diáspora, não precisa ir se lascar num país empobrecido e que sequer tá recebendo bem estrangeiros, nem mesmo os da Ásia Central.

Grazadeus, não brigo nas redes há anos, mas confesso que umas semanas atrás quase tive uma altercação com um senhor (não especialista, claro, e sob efeito de vinho) de meu bairro, porque estávamos conversando sobre as histórias da URSS e do “começo” da Rússia. Ele começou a defender a agressão militar falando de “neonazismo, OTAN, mísseis apontados” e toda a célebre lorota. Eu fiquei bem perturbado quando percebi que ele tava realmente convencido do que falava, e por isso parei a conversa, e mantivemos nossa relação cordial. Quando expus parte de minha opinião (gente, assisto a TVs russas ou belarussas exiladas todo santo dia!), ele falou que eu não devia ser tão “extremista”, embora eu não saiba por que defender um país agredido seria “extremismo”, apenas porque em tese (e por enquanto!) ele se encontra na órbita de influência dos EUA. O único extremista nesta história é o espião frustrado Vladímir Vladímirovich e toda a cambada de torturadores e ladrões que o rodeia!

Esse que quer viver na Rússia, sinceramente espero que obtenha a nacionalidade o mais rapidamente possível, seja astutamente embrulhado num enrosco qualquer que o obrigue a participar da “operação especial” bem na linha de frente e seja honrado eternamente como um defensor da Pátria na lista dos que viraram adubo de viburno...



Em compensação, também encontrei uma acadêmica ucraniana (que estava sob pseudônimo), ainda residente no próprio país e com uma visão bastante reveladora dos machos que usavam o Tandem e, sobretudo, escolhiam o russo como uma das línguas de aprendizado. Segue abaixo a parte principal de nosso diálogo, trazida sem a autorização dela e, portanto, sem identificação fácil de encontrar. Deixo a vocês a tradução, e apenas contextualizo que no início, perguntei sobre o que ela queria conversar, e que quando ela fala em “disputes”, se refere às brigas que acaba tendo com os tipos:




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