quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Arquivos da tirania comunista búlgara


Endereço curto: fishuk.cc/invasao-bg



“Nunca mais!”


Este conteúdo não vai ser encontrado nas redes sociais da “ex-querda bananeira”, porque ela segue acriticamente o que a extinta URSS dizia, mas nem nas redes da dita “direita conservadora e patriota”, porque ela é muita burra pra chegar nesse conteúdo e prefere remoer os antigos espantalhos. No último 9 de setembro, os búlgaros lembraram os 80 anos da entrada das tropas soviéticas no país, durante a expulsão dos nazistas na 2.ª Guerra Mundial, quando a monarquia local já tinha passado pro lado dos Aliados, após um tempo alinhada com o Eixo fascista.

Até hoje, o fato divide opiniões, pois enquanto a ditadura pró-Moscou na “guerra fria” e os comunistas (tornados socialistas) sustentavam e seguem sustentando que a ação do Exército Vermelho colaborou pra libertação da Bulgária, outros lembram que os soviéticos também roubaram, estupraram e sumariamente fuzilaram pessoas a torto e a direito, mesmo sem um motivo aparente. Muito parecido com certa potência que está atualmente invadindo um país vizinho... Assim como nos países bálticos (que foram de fato anexados pela URSS), alguns búlgaros vivem o fato como uma “ocupação estrangeira”, sucedida por um regime fantoche da segunda superpotência global. As tropas soviéticas ficariam no país balcânico até 1947.

O clima esquentou no ano passado, quando na onda de indignação contra a invasão da Ucrânia, o governo liberal pró-Europa (a Bulgária tem um regime parlamentarista) ordenou a retirada de um monumento ao Exército Vermelho construído em 1958 na capital Sófia. Lá, o regime socialista ainda traz a lembrança de estabilidade geopolítica e segurança social, mas os babacas daqui inventam que há um “projeto deliberado de desmonte da memória antifascista nos antigos países do bloco soviético”. Enfim, cada um com seus delírios...

Por ocasião da data, a Agência Estatal de Arquivos lançou uma exposição virtual com documentos há pouco digitalizados e desclassificados sobre os fatos em questão, intitulada “A ocupação soviética da Bulgária, 1944-1947”. Infelizmente, nem a exposição nem o próprio site dos arquivos está abrindo, talvez por questões de manutenção ou de excesso de visitas (usar um VPN, talvez?), mas pode ser que quando você estiver lendo este texto, ela já tenha voltado. Usando o Google Tradutor e revisando manualmente, traduzi este artigo da Rádio Nacional Búlgara, que tem também uma entrevista em áudio de 7 minutos com o prof. Mílko Palangúrski, e este artigo em inglês da agência Sofia Globe, mais longo e mais informativo.

Seguem também fotos do site em inglês, com minhas traduções dos cartazes carregados pelos manifestantes, e outras atualidades políticas em imagens que também resolvi inserir aqui, pois que ligadas com o imperialismo moscovita “bonzinho” e “anti-imperialista”:



“80 anos do 9 de setembro de 1944. 80 anos de mentiras, propaganda e esquecimento! Mas nós lembramos!”


80 anos após o golpe de 9 de setembro, foi publicada uma lista das vítimas do Exército Vermelho (por Marta Mladénova)

80 anos após o golpe de 9 de Setembro, que marcou o início da ocupação do Reino da Bulgária pela União Soviética, foi publicada pela primeira vez uma lista das vítimas do Exército Vermelho.

A coleção de 1 472 documentos com 2 670 imagens, muitas das quais estão sendo apresentadas ao público pela primeira vez, pode ser encontrada no site temático “Ocupação Soviética na Bulgária (1944-1947)”, criado pela Agência Estatal “Arquivos”.

O professor associado Mikhaíl Grúev, presidente da agência, explicou que durante décadas, com relação a esse período, foram estudados apenas os acontecimentos históricos até a entrada do Exército Vermelho na Bulgária.

Em 5 de setembro, isto é, quatro dias antes do golpe de 1944, Moscou declarou guerra à Bulgária e, na noite de 8 para 9 de setembro, foi derrubado o governo de Konstantín Muravíev. O poder foi tomado pela Frente Patriótica e o novo governo foi chefiado por Kimón Georgíev.



“Fora RúZZia, império do mal!”


Nos 80 anos da invasão soviética, divisões sobre a história persistem na Bulgária (da redação)

Em 9 de setembro de 2024, a Bulgária estava mais dividida do que nunca em sua história, por ocasião dos 80 anos da invasão soviética que abriu caminho para décadas de mando comunista.

Como ocorre há décadas, alguns búlgaros amaldiçoam a invasão de setembro de 1944 por ter inaugurado décadas de opressão por Moscou e seus asseclas comunistas búlgaros, enquanto os situados no campo pró-Kremlin saúdam a “libertação” da Bulgária no fim da 2.ª Guerra Mundial.

Na noite de 9 de setembro deste ano, foi realizado um protesto perto do monumento desmantelado ao Exército Soviético, no centro de Sófia, demonstrando o entusiasmo pelo pertencimento da Bulgária moderna à OTAN e à União Europeia e destacando a brutalidade do regime que tomou o poder em 1944 e o conservou até a queda do Muro de Berlim.

Os participantes seguravam bandeiras da Bulgária, da OTAN, da UE e da Ucrânia.

Em declaração, o partido reformista “Da Bâlgária” (Sim Bulgária), integrante da coalizão pró-Ocidente PP-DB (“Continuamos a Mudança-Bulgária Democrática”, segundo maior grupo no Parlamento da Bulgária), disse que depois de 1944, “os 45 anos seguintes de morte, terror, repressão, espionagem, propaganda, prisão em campos de concentração e mudanças de nome marcaram, mas não quebraram, o povo búlgaro e sua busca pela liberdade”.

A Agência Estatal de Arquivos da Bulgária lançou um site com cerca de 1 500 documentos, intitulado “Ocupação Soviética na Bulgária, 1944-1947”.

Um total de 1 472 documentos com 2 670 imagens estão no site, muitos sendo publicados pela primeira vez. Os documentos foram coletados de 27 arquivos, incluindo o Arquivo Estatal Central.

O site tem uma lista de vítimas do Exército Vermelho na Bulgária: “Ele permite que seus parentes e concidadãos saibam mais especificamente qual foi o destino dessas pessoas”, disse o Arquivo Estatal.

“O objetivo da Agência Estatal ‘Arquivos’ é preencher uma lacuna importante e essencial no conhecimento de toda a nossa sociedade sobre o passado recente, e suas expectativas são encontrar sua continuação lógica na pesquisa acadêmica, em documentários e no jornalismo.”

Segundo o Arquivo Estatal, a intenção da equipe de composição é que o acervo seja periodicamente expandido e enriquecido com novos documentos.

Em contraste, no site oficial do partido minoritário pró-Kremlin “Vâzrazhdáne” (Renascimento), seu líder Kostadín Kostadínov disse que há 80 anos “a Bulgária sofreu um golpe que se transformou numa revolução social que transformou completamente o país.”

“Milhões de búlgaros foram retirados de sua secular condição social e receberam uma oportunidade de começar a vida de forma equânime, às custas de milhares que perderam sua posição privilegiada, propriedade, dinheiro e, em alguns casos, até suas vidas”, disse Kostadinov.

As classes na sociedade búlgara foram “destruídas”, e o país começou uma rápida industrialização combinada com a coletivização da agricultura, disse.

“A Bulgária deixou de ser um país atrasado e subdesenvolvido pra se tornar um país com energia nuclear e sua própria tecnologia espacial. Educação e assistência médica se tornaram gratuitas, acessíveis e de qualidade”, segundo Kostadinov.

Atanás Zafírov, líder interino do Partido Socialista Búlgaro, o segundo menor grupo no Parlamento atual, disse: “80 anos desde este dia memorável, o dia em que as esperanças de milhões de pessoas em nosso país se tornaram realidade”.

“Nestes dias, pra mostrar que ninguém é esquecido e nada é esquecido, vamos visitar os monumentos a nossos camaradas que deram suas vidas pra que a Bulgária pudesse existir”, disse Zafirov.

“Nos curvamos à memória dos que permaneceram fiéis a suas convicções e ideais e estavam, ao mesmo tempo, cheios de amor por nossa Pátria.”

“Graças a seu autossacrifício, à resistência antifascista em nosso país e a nossa participação na derrota do fascismo na Europa no fim da 2.ª Guerra Mundial, a Bulgária foi salva de outra catástrofe nacional, as fronteiras de nosso país foram preservadas intactas e o Tratado de Paz de Paris foi concluído”, disse.

Em busca desse mundo novo, desse sonho, os que permaneceram vivos depois do 9 de Setembro criaram o feito da construção socialista: “Eles transformaram a Bulgária de um país irremediavelmente atrasado num país que forneceu a todos os seus cidadãos a oportunidade de uma vida digna”, disse Zafirov.

“Mas hoje, após 35 anos de transição, a Bulgária se parece muito com a de antes de 1944. Mais uma vez, a vasta maioria da população está afundada na miséria. Mais uma vez, o governo de direita está levando nosso país à beira de uma grave catástrofe nacional, desta vez demográfica”, disse Zafirov, acrescentando que “hoje, a Bulgária mais uma vez precisa de uma mudança revolucionária: a formação de um ideal nacional que uniria nosso povo”.

Nem Kostadinov nem Zafirov mencionaram o “Tribunal Popular” comandado pelos comunistas no pós-guerra, que condenou à morte ou a longas penas de prisão milhares de búlgaros e foi sucedido por décadas de confinamento de inimigos políticos em campos de concentração cujas condições eram brutais, se não fatais.

Pros socialistas búlgaros, sucessores lineares do Partido Comunista Búlgaro que por décadas manteve o controle do país, o dia 9 de setembro de 2024 dificilmente foi também uma ocasião pra sua tradicional alegria pela invasão soviética, dada a atual guerra civil dentro do próprio partido socialista.

Até a noite de 9 de setembro, não havia nenhuma referência ao jubileu no site oficial ou nas redes sociais da embaixada da Rússia de Putin, que declarou a Bulgária um Estado inimigo.




A mãe de Ekaterina Kotrikadze, jornalista russo georgiana exilada, foi morta num atentado a bomba num prédio residencial em Moscou, na noite de 9 de setembro de 1999, quando a profissional tinha apenas 15 anos de idade. Um terrorista apoiador da causa chechena, desaparecido desde 2002, foi formalmente acusado pelas autoridades, mas muitos especialistas suspeitam que tudo tenha sido forjado (pois é...) pelos próprios serviços especiais de Putin, então primeiro-ministro de Ieltsin, como pretexto pra começar a segunda guerra contra a Chechênia.

Em seu Instagram pessoal, Kotrikadze publicou uma foto sua quando criança junto de sua mãe (que era a cara dela!) por ocasião dos 25 anos de sua morte. Traduzo a tocante mensagem publicada em russo: “Minha mãe Lika Bakhtadze foi pra mim a melhor amiga, principal conselheira e rochedo que me protegia de todo mal e desconhecido. Quando nos mudamos pra Moscou, ela literalmente me ensinou tudo o que perdi na escola georgiana nos primeiros cinco anos. E quando, aos 15 anos, eu estava apaixonada por Leonardo Di Caprio, ela confortava e secava pacientemente meus rios de lágrimas. Me lembro que temia muito a perder, num pânico como se estivesse esperando por alguma coisa. Ela era forte, inteligente e bonita. Ela só tinha 37 anos, menos do que eu tenho agora. Um minuto antes de 9 de setembro de 1999, ela morreu num apartamento do quarto andar, entrada 4, rua Guriánov, prédio 19. Estava indo dormir. Já faz 25 anos que mamãe se foi, mas quando choro, chamo por ela.”


E pra terminar, delicie este avanço ucraniano na província russa de Kursk, segundo o Instituto de Estudos da Guerra (ISW). O dia 10 de agosto criou até anteninhas, rs:








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