domingo, 15 de setembro de 2024

CAUSA E CONSEQUÊNCIA!





Em entrevista pra jornalistas latino-americanos, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky (que foi eleito pelo povo e não pode sair por determinação constitucional, diferente daquele outro que frauda eleições, tira candidatos e persegue opositores pra obter resultados bananeiros e mutilou a Constituição pra se perpetuar no poder) criticou o governo da Jararaca por ser conveniente com a Rússia e omisso perante o genocídio que se desenrola diante de nossos olhos na Ucrânia. O modo como ele descreve o alegado plano de paz dos BROCAS me lembra muito quando a Dilma queria “conversar co Stadislâmicu”, rs:






NÃO CONSIGO UM DIA DE SOSSEGO, KKKKK! “Lule puede estar extinto hoy. Campbell (1997) escribe que en 1981 hubo un informe no confirmado de que 5 familias todavía hablan Lule en Resistencia en la provincia del Chaco en el centro-este.”




sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Ereções presidenciais nos EUA


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Com esta mensagem motivacional do dr. Imran Hamza Alawiye, professor nigeriano online de árabe, vamos começar mais um mix de política com humor duvidoso! Não pude deixar passar esta entrevista do analista geopolítico francês Pascal Boniface com um de seus conhecidos (eles se tratam por “tu”), comentando as eleições americanas e seu impacto sobre o resto do mundo. Juro que o som do erre parisiense foi bem pronunciado no lugar da letra ele, e que ele disse, portanto, “ereção do presidente”, e não “eleição”. Pior, temos que imaginar também uma ereção feminina, pois ele também cita a provável vitória de Kamala Harris!

Curiosamente, esse trocadalho do carilho é muito antigo no Brasil dentro do humorismo tipo Casseta & Planeta ou revistinhas de piadas da banca. Não vou pôr nada relativo aos “haitianos que comem cães e gatos em Springfield” porque, além da publicação já estar saturada, você pode achar qualquer coisa a respeito no Google Imagens:


Il y a aussi un évènement important qui va survenir le 5 novembre, qui peut avoir des répercussions très, très grandes sur le reste [du monde]… c’est l’élection américaine. Comment tu vois l’érection du président ou de la présidente des États-Unis ?

Há também um evento importante que vai ocorrer em 5 de novembro, que pode ter repercussões muito, muito grandes no resto [do mundo]… é a eleição americana. Como você vê a ereção do presidente ou da presidenta dos Estados Unidos?






A trágica entrevista de Luciano Huck com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que só colocou lenha no fogo do rabo das putinetes, serviu pelo menos pra eu ter uma ideia de meme. Segundo o ex-pianista peniano, Lula pensa que a Rússia ainda é a URSS, e não vou desenvolver seus argumentos, pois logo imaginei como esse embotamento ideológico podia ser traduzido em imagens. Fiz ainda duas versões, caso a plataforma usada por quem deseje “roubartilhar” não seja amigável com fotos muito largas!




Recadinho pra pobretão que ainda defende biliardário na internet: não, abiguinho, você NÃO É capitalista só porque você se diz “adepto do capitalismo”, como alguém é, por exemplo, “socialista”, “conservador” ou “peronista”. E quem está falando isso é o glossário do célebre Manual de economia da USP!


Nestas ereções eleições municipais, vire os pés da política em sua cidade: vote no Curupira da Câmara dos Comuns britânica, rs!


E por falar nelas, vamos aos oráculos populares de ontem do G1, que já são célebres nesta página. Nota prévia: “Marsal” com esse, sites de apostas... já podemos deduzir em que planeta vive este ser!






quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Arquivos da tirania comunista búlgara


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“Nunca mais!”


Este conteúdo não vai ser encontrado nas redes sociais da “ex-querda bananeira”, porque ela segue acriticamente o que a extinta URSS dizia, mas nem nas redes da dita “direita conservadora e patriota”, porque ela é muita burra pra chegar nesse conteúdo e prefere remoer os antigos espantalhos. No último 9 de setembro, os búlgaros lembraram os 80 anos da entrada das tropas soviéticas no país, durante a expulsão dos nazistas na 2.ª Guerra Mundial, quando a monarquia local já tinha passado pro lado dos Aliados, após um tempo alinhada com o Eixo fascista.

Até hoje, o fato divide opiniões, pois enquanto a ditadura pró-Moscou na “guerra fria” e os comunistas (tornados socialistas) sustentavam e seguem sustentando que a ação do Exército Vermelho colaborou pra libertação da Bulgária, outros lembram que os soviéticos também roubaram, estupraram e sumariamente fuzilaram pessoas a torto e a direito, mesmo sem um motivo aparente. Muito parecido com certa potência que está atualmente invadindo um país vizinho... Assim como nos países bálticos (que foram de fato anexados pela URSS), alguns búlgaros vivem o fato como uma “ocupação estrangeira”, sucedida por um regime fantoche da segunda superpotência global. As tropas soviéticas ficariam no país balcânico até 1947.

O clima esquentou no ano passado, quando na onda de indignação contra a invasão da Ucrânia, o governo liberal pró-Europa (a Bulgária tem um regime parlamentarista) ordenou a retirada de um monumento ao Exército Vermelho construído em 1958 na capital Sófia. Lá, o regime socialista ainda traz a lembrança de estabilidade geopolítica e segurança social, mas os babacas daqui inventam que há um “projeto deliberado de desmonte da memória antifascista nos antigos países do bloco soviético”. Enfim, cada um com seus delírios...

Por ocasião da data, a Agência Estatal de Arquivos lançou uma exposição virtual com documentos há pouco digitalizados e desclassificados sobre os fatos em questão, intitulada “A ocupação soviética da Bulgária, 1944-1947”. Infelizmente, nem a exposição nem o próprio site dos arquivos está abrindo, talvez por questões de manutenção ou de excesso de visitas (usar um VPN, talvez?), mas pode ser que quando você estiver lendo este texto, ela já tenha voltado. Usando o Google Tradutor e revisando manualmente, traduzi este artigo da Rádio Nacional Búlgara, que tem também uma entrevista em áudio de 7 minutos com o prof. Mílko Palangúrski, e este artigo em inglês da agência Sofia Globe, mais longo e mais informativo.

Seguem também fotos do site em inglês, com minhas traduções dos cartazes carregados pelos manifestantes, e outras atualidades políticas em imagens que também resolvi inserir aqui, pois que ligadas com o imperialismo moscovita “bonzinho” e “anti-imperialista”:



“80 anos do 9 de setembro de 1944. 80 anos de mentiras, propaganda e esquecimento! Mas nós lembramos!”


80 anos após o golpe de 9 de setembro, foi publicada uma lista das vítimas do Exército Vermelho (por Marta Mladénova)

80 anos após o golpe de 9 de Setembro, que marcou o início da ocupação do Reino da Bulgária pela União Soviética, foi publicada pela primeira vez uma lista das vítimas do Exército Vermelho.

A coleção de 1 472 documentos com 2 670 imagens, muitas das quais estão sendo apresentadas ao público pela primeira vez, pode ser encontrada no site temático “Ocupação Soviética na Bulgária (1944-1947)”, criado pela Agência Estatal “Arquivos”.

O professor associado Mikhaíl Grúev, presidente da agência, explicou que durante décadas, com relação a esse período, foram estudados apenas os acontecimentos históricos até a entrada do Exército Vermelho na Bulgária.

Em 5 de setembro, isto é, quatro dias antes do golpe de 1944, Moscou declarou guerra à Bulgária e, na noite de 8 para 9 de setembro, foi derrubado o governo de Konstantín Muravíev. O poder foi tomado pela Frente Patriótica e o novo governo foi chefiado por Kimón Georgíev.



“Fora RúZZia, império do mal!”


Nos 80 anos da invasão soviética, divisões sobre a história persistem na Bulgária (da redação)

Em 9 de setembro de 2024, a Bulgária estava mais dividida do que nunca em sua história, por ocasião dos 80 anos da invasão soviética que abriu caminho para décadas de mando comunista.

Como ocorre há décadas, alguns búlgaros amaldiçoam a invasão de setembro de 1944 por ter inaugurado décadas de opressão por Moscou e seus asseclas comunistas búlgaros, enquanto os situados no campo pró-Kremlin saúdam a “libertação” da Bulgária no fim da 2.ª Guerra Mundial.

Na noite de 9 de setembro deste ano, foi realizado um protesto perto do monumento desmantelado ao Exército Soviético, no centro de Sófia, demonstrando o entusiasmo pelo pertencimento da Bulgária moderna à OTAN e à União Europeia e destacando a brutalidade do regime que tomou o poder em 1944 e o conservou até a queda do Muro de Berlim.

Os participantes seguravam bandeiras da Bulgária, da OTAN, da UE e da Ucrânia.

Em declaração, o partido reformista “Da Bâlgária” (Sim Bulgária), integrante da coalizão pró-Ocidente PP-DB (“Continuamos a Mudança-Bulgária Democrática”, segundo maior grupo no Parlamento da Bulgária), disse que depois de 1944, “os 45 anos seguintes de morte, terror, repressão, espionagem, propaganda, prisão em campos de concentração e mudanças de nome marcaram, mas não quebraram, o povo búlgaro e sua busca pela liberdade”.

A Agência Estatal de Arquivos da Bulgária lançou um site com cerca de 1 500 documentos, intitulado “Ocupação Soviética na Bulgária, 1944-1947”.

Um total de 1 472 documentos com 2 670 imagens estão no site, muitos sendo publicados pela primeira vez. Os documentos foram coletados de 27 arquivos, incluindo o Arquivo Estatal Central.

O site tem uma lista de vítimas do Exército Vermelho na Bulgária: “Ele permite que seus parentes e concidadãos saibam mais especificamente qual foi o destino dessas pessoas”, disse o Arquivo Estatal.

“O objetivo da Agência Estatal ‘Arquivos’ é preencher uma lacuna importante e essencial no conhecimento de toda a nossa sociedade sobre o passado recente, e suas expectativas são encontrar sua continuação lógica na pesquisa acadêmica, em documentários e no jornalismo.”

Segundo o Arquivo Estatal, a intenção da equipe de composição é que o acervo seja periodicamente expandido e enriquecido com novos documentos.

Em contraste, no site oficial do partido minoritário pró-Kremlin “Vâzrazhdáne” (Renascimento), seu líder Kostadín Kostadínov disse que há 80 anos “a Bulgária sofreu um golpe que se transformou numa revolução social que transformou completamente o país.”

“Milhões de búlgaros foram retirados de sua secular condição social e receberam uma oportunidade de começar a vida de forma equânime, às custas de milhares que perderam sua posição privilegiada, propriedade, dinheiro e, em alguns casos, até suas vidas”, disse Kostadinov.

As classes na sociedade búlgara foram “destruídas”, e o país começou uma rápida industrialização combinada com a coletivização da agricultura, disse.

“A Bulgária deixou de ser um país atrasado e subdesenvolvido pra se tornar um país com energia nuclear e sua própria tecnologia espacial. Educação e assistência médica se tornaram gratuitas, acessíveis e de qualidade”, segundo Kostadinov.

Atanás Zafírov, líder interino do Partido Socialista Búlgaro, o segundo menor grupo no Parlamento atual, disse: “80 anos desde este dia memorável, o dia em que as esperanças de milhões de pessoas em nosso país se tornaram realidade”.

“Nestes dias, pra mostrar que ninguém é esquecido e nada é esquecido, vamos visitar os monumentos a nossos camaradas que deram suas vidas pra que a Bulgária pudesse existir”, disse Zafirov.

“Nos curvamos à memória dos que permaneceram fiéis a suas convicções e ideais e estavam, ao mesmo tempo, cheios de amor por nossa Pátria.”

“Graças a seu autossacrifício, à resistência antifascista em nosso país e a nossa participação na derrota do fascismo na Europa no fim da 2.ª Guerra Mundial, a Bulgária foi salva de outra catástrofe nacional, as fronteiras de nosso país foram preservadas intactas e o Tratado de Paz de Paris foi concluído”, disse.

Em busca desse mundo novo, desse sonho, os que permaneceram vivos depois do 9 de Setembro criaram o feito da construção socialista: “Eles transformaram a Bulgária de um país irremediavelmente atrasado num país que forneceu a todos os seus cidadãos a oportunidade de uma vida digna”, disse Zafirov.

“Mas hoje, após 35 anos de transição, a Bulgária se parece muito com a de antes de 1944. Mais uma vez, a vasta maioria da população está afundada na miséria. Mais uma vez, o governo de direita está levando nosso país à beira de uma grave catástrofe nacional, desta vez demográfica”, disse Zafirov, acrescentando que “hoje, a Bulgária mais uma vez precisa de uma mudança revolucionária: a formação de um ideal nacional que uniria nosso povo”.

Nem Kostadinov nem Zafirov mencionaram o “Tribunal Popular” comandado pelos comunistas no pós-guerra, que condenou à morte ou a longas penas de prisão milhares de búlgaros e foi sucedido por décadas de confinamento de inimigos políticos em campos de concentração cujas condições eram brutais, se não fatais.

Pros socialistas búlgaros, sucessores lineares do Partido Comunista Búlgaro que por décadas manteve o controle do país, o dia 9 de setembro de 2024 dificilmente foi também uma ocasião pra sua tradicional alegria pela invasão soviética, dada a atual guerra civil dentro do próprio partido socialista.

Até a noite de 9 de setembro, não havia nenhuma referência ao jubileu no site oficial ou nas redes sociais da embaixada da Rússia de Putin, que declarou a Bulgária um Estado inimigo.




A mãe de Ekaterina Kotrikadze, jornalista russo georgiana exilada, foi morta num atentado a bomba num prédio residencial em Moscou, na noite de 9 de setembro de 1999, quando a profissional tinha apenas 15 anos de idade. Um terrorista apoiador da causa chechena, desaparecido desde 2002, foi formalmente acusado pelas autoridades, mas muitos especialistas suspeitam que tudo tenha sido forjado (pois é...) pelos próprios serviços especiais de Putin, então primeiro-ministro de Ieltsin, como pretexto pra começar a segunda guerra contra a Chechênia.

Em seu Instagram pessoal, Kotrikadze publicou uma foto sua quando criança junto de sua mãe (que era a cara dela!) por ocasião dos 25 anos de sua morte. Traduzo a tocante mensagem publicada em russo: “Minha mãe Lika Bakhtadze foi pra mim a melhor amiga, principal conselheira e rochedo que me protegia de todo mal e desconhecido. Quando nos mudamos pra Moscou, ela literalmente me ensinou tudo o que perdi na escola georgiana nos primeiros cinco anos. E quando, aos 15 anos, eu estava apaixonada por Leonardo Di Caprio, ela confortava e secava pacientemente meus rios de lágrimas. Me lembro que temia muito a perder, num pânico como se estivesse esperando por alguma coisa. Ela era forte, inteligente e bonita. Ela só tinha 37 anos, menos do que eu tenho agora. Um minuto antes de 9 de setembro de 1999, ela morreu num apartamento do quarto andar, entrada 4, rua Guriánov, prédio 19. Estava indo dormir. Já faz 25 anos que mamãe se foi, mas quando choro, chamo por ela.”


E pra terminar, delicie este avanço ucraniano na província russa de Kursk, segundo o Instituto de Estudos da Guerra (ISW). O dia 10 de agosto criou até anteninhas, rs:








segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Pablo Marçal não acredita em Darwin


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Muito se poderia dissecar do falatório de Pablo Marçal, futuro candidato a picareta-mor da Gadolândia bananeira, no Roda Viva do dia 2 de setembro, mas vou me focar neste trecho quase ao final, pois já é muito revelador.

Sem dizer, ele trata a evolução das espécies como uma “opinião”, pior, “incompatível com o cristianismo”, como se ser cristão fosse negar evidências científicas. Pior ainda, “o homem veio do macaco” é uma deturpação grosseira da própria teoria! Será que ele teria liberdade de “criticar” a lei da gravidade ou o heliocentrismo? E assim como lhe perguntaram se ele acredita no aquecimento global, Marçal certamente ia sabonetar pra caramba se lhe perguntassem se ele ainda considera a evolução das espécies como uma questão de “opinião”, pois não deixou claro se mantém a “opinião” de 5.ª série (tal como mantém o mesmo comportamento, rs).

O candidato a prefeito de SP também demonstra ignorância: despacho não se faz em terreiro, mas ao ar livre (confesso, fui pesquisar isso na Wikipédia!). E pra não fugir do script, reclama de “cristofobia” (o Bozo é quem usa o termo, mas o tiktoker trouxe a essência exata), enquanto as religiões de matriz afro são as mais perseguidas no Brasil (desde a era colonial!), inclusive com terreiros vandalizados por evangélicos fanáticos. Esses também se incluem na “cristandade” do Pablo?

Não passou em federal (culpou não ter dinheiro pra cursinho), não passou na OAB (salvo engano) e sem querer reforçou a imagem caricatural dos evangélicos como anticiência (e alguns são, claro), continuando, à maneira da familícia, a manipular um “cristianismo” genérico pra enganar ofensivamente as pessoas de fé. Esse é o futuro de nossa política?


Porque se alguém fala que vai num terreiro fazer um despacho, ninguém tira sarro, só tira sarro de quem é crente, só tira sarro de quem é evangélico. Na escola, na quinta série, eu nunca concordei que a gente veio do macaco, e aí sabe o que acontecia? Eu ouvia: “Cê é um crentinho!” E eu sempre defendi minhas convicções e quero que todo mundo pense, eu quero que todo mundo tenha liberdade. Eu sou cristão, sim, e eu acredito nisso e nunca vou curvar minha cabeça pra isso. E viva a liberdade nesse país!


quarta-feira, 4 de setembro de 2024

MEU AMIGO FEZ VARÉNYKY!


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Conteúdo incomum, assunto incomum, rs. Semana passada, o Claudio me mandou estas fotos pelo WhatsApp pra provar que é um ótimo cozinheiro, sorte de sua esposa paranaense e descendente de ucranianos! Me autorizando a publicá-las aqui, ele apresenta seus “varényky”, (вареники) prato típico do oeste da Ucrânia e de países eslavos vizinhos, também escrito “vareniki” por muitos. É chamado ainda de “pyrohý” (пироги), ambos os substantivos sendo plurais, e por influência da cultura polonesa, costuma também levar aqui o nome de “pierogi” ou “pirogues”.

Também perguntei pra ele se era similar aos “pelméni”, conhecidos raviólis russos, mas ele respondeu que este, na verdade, se faz com carne “e é bem russo” (acho que ele quis dizer “tipicamente russo”, sem relação com as regiões que citei acima), e “a forma é diferente”. Os varényky do Claudio, segundo ele, têm recheio “de batata com bacon e cebola fritos”. Em todo caso, existem vários relatos a respeito e receitas em sites de cultura ou culinária eslava ou geral, que podem ser encontrados na primeira página de uma busca no Google. Entre eles, o Sauerkraut (Fábio Flatschart, 2022), o Estadão (Jim Webster, 2022), o caderno F5 (Irina Ignatenko, 2018) e o Clube Eslavo (Snizhana Maznova, 2017).

Nas três primeiras fotos, podem-se ver o recheio e a massa, e a seguir a confecção dessa delícia. Ele não deu a receita, mas sugiro que fiquem com os links acima e apreciem esta beleza por simples fruição cultural, rs. Bom proveito e, se resolver preparar, boa sorte!



















terça-feira, 3 de setembro de 2024

Acredite: Ucrânia invadiu a si mesma


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Neste novo documentário de duas hora e meia, a TV Dozhd tenta sondar nos países vizinhos à Rússia como eles esperam uma possível invasão do exército de Vladimir Putin. Há uma comparação entre os mais temerosos e os que acreditam na paz, sejam eles ou não apoiadores do Kremlin, e me chamou a atenção a cidade estoniana de Narva, que fica na fronteira com a Rússia e tem 90% de população falante de russo.

O repórter vai até lá numa comemoração do Dia da Vitória, o feriado russo de 9 de maio, quando Moscou coloca de seu lado da fronteira (separada por um rio) um grande telão exibindo a parada militar na Praça Vermelha. Mikhail, um velho senhor que não só apoia Putin, mas também acredita na narrativa da “junta neonazi de Kyiv”, protagoniza um momento engraçado numa entrevista, mostrando como as pessoas afetadas pela desinformação simplesmente não conseguem usar a razão pra concatenar fatos e dados simples. Não podia deixar de fazer minhas famosas edições, com a participação de Nikolai Patrushev dizendo quem teria sido responsável pelo atentado no Crocus City Hall:


– A Rússia simplesmente não vai invadir [a Estônia].
– A Rússia não vai invadir?
– Nããão.
– Mas nós invadimos a Ucrânia.
– O quê? Invadiram? Quem invadiu? Foi a Ucrânia!
– Invadiu a si mesma?
– ... É claro!

– Россия это точно не нападёт [на Эстонию].
– Россия не нападёт?
– Нееет.
– Ну, на Украину же вот пришли мы.
– Чего? Пришли? Кто пришёл? Украина.
– Сама к себе пришла?
– ... Конечно!


E falando em manipulação, é triste reconhecer que a Banânia tá cheia de seus próprios Mikhails. Mesmo em reportagens do G1 que mostram explicitamente a barbárie putinista na Ucrânia, quando bombardearam massivamente grandes cidades há alguns dias, tem gente que ainda põe a culpa em Zelensky e na OTAN... Mas tamanho grau de confusão e desconhecimento, felizmente, não pôde ter passado despercebido nem pelo mais comum dos cidadãos.

(“Depósito”, kkkkk)


Outro material interessante. Este gráfico mostra o crescimento da propaganda virtual do “Daesh-K” ou “ISIS-K”, mais conhecido como “Estado Islâmico (da Província/Wilaya) do Khorasan” ou “Wilayat Khurasan”, uma filial do grupo terrorista internacional que atua basicamente no Afeganistão e contra os Talibã, reputados como “nacionalistas”. “Khorasan” ou “Coraçã” é o nome persa de um território histórico hoje equivalente à maior parte do Afeganistão e a alguns territórios de países vizinhos, e foi exumado pelos assassinos em forma de manipulação histórica. É um print de reportagem do canal britânico Sky News que tem como fonte o Centre for Information Resilience, com dados de até 10 de agosto deste ano.

Desde as primeiras propagandas do Daesh na primeira metade da década de 2010, sabemos como ele recruta até mesmo europeus comuns por meio das redes sociais, na época quase sempre pelo YouTube e hoje também pelo Instagram, TikTok e, sobretudo, Telegram, o mais usado na Ásia Central e em regiões da Rússia. A disparada coincide com a onda de atentados islâmicos na Rússia e concerne especialmente a idiomas falados no Afeganistão e em antigas repúblicas soviéticas. Traduzidos na ordem: pashto ou pastó (o indo-europeu mais falado no Afeganistão), usbeque (túrquico), inglês, tajique (uma variante do persa), persa (indo-europeu, em específico a variante iraniana), árabe, urdu (variante paquistanesa do hindi), russo, persa (de novo? Será que um deles era o dari, variante falada no Afeganistão?) e turco.

É reveladora a disparada na quantidade produzida em pastó, idioma étnico dos Talibã, em tajique, cujos falantes sofrem da crescente pobreza no Tajiquistão, e em persa, que sempre foi por séculos a língua franca da região. E por mais que o Homer Simpson tropical sempre tenda a ver muçulmano como “tudo igual”, lembremos que o Irã xiita também sofre muito com atentados do Daesh sunita...


E pra terminar com um pouquinho de humor, vamos pra Israel, onde a Marília Mendonça caiu junto com a mãe depois de ressuscitar por milagre, rs. (Falando sério, não só sempre achei cafona o uso dessa coroa pela “rainha” de sei lá o quê, como também a TV estava falando de um concurso local de Miss Mamãe e Miss Vovó... Pelamor, “vai ter que Hezbollah” mesmo!)