sábado, 31 de agosto de 2024

TV Dozhd chama Brasil de Venezuela


Link curto à publicação: fishuk.cc/brazuela


Até mesmo na edição das 20h (em Brasília, 14h) da TV Dozhd de russos hoje exilados na Holanda, ainda que perto do fim, foi mencionada a proibição do Équis no Brasil pelo ministro Xandão! A âncora Valéria Rátnikova lê informações que não vou traduzir, porque são as que todos nós já conhecemos, mas mesmo que ela não chegue a citar a Venezuela, as imagens de arquivo mostradas ao lado são do país caribenho! Podem ver que não só vários cenários não são identificáveis com o gigante adormecido, como também os celulares e jornais estão em espanhol (e ainda citando Maduro, que também já tinha proibido a plataforma) e aparece um grande painel com o conhecido bigodão...

Não sou essencialmente contra a proibição, já que além da “rede de microblogs” (como era chamado o Twitter de 2010!) ter se tornado uma pocilga fétida, o Ilomasque simplesmente já tinha se recusado a cumprir ordens judiciais básicas e simples. Porém, dado que a Gadolândia tem dito que “o B#stil está virando uma Venezuela” (porque os churras nas portas dos quartéis foram debandados?), esse ato falho foi bem simbólico. Ou será que foi mesmo um ato falho?...



E como já se tornou um clássico do departamento de “humor” aqui na página, não faltaram no portal G1 os tudólogos dissecando o “ukaz” sob todos os pontos de vista: jurídico, filosófico, moral, ético, político, diplomático, ontológico, culinário...






Pra quem tem curiosidade de saber qual a origem, como se pronuncia e qual a forma correta do sobrenome da Angélica: após fuçar muito, consegui achar esta página na Wikipédia em lituano, que fala sobre os lituanos e descendentes no Brasil, da qual copiei o trecho citando exatamente a loira que vai de táxi! Ela mesma tem origem muito diversa, mesmo da parte europeia, mas o sobrenome paterno “Ksyvickis” se escreve em lituano “Kšivickis” e se pronuncia mais ou menos “kchi-víts-kis”, com a tonicidade no “víts”. Existe também a versão polonesa, “Krzywicki”, cuja pronúncia é parecida: “kche-víts-ki”. Esse “e” figurado é bem fechado e se aproxima do “y” russo de “Kosygin”.


Quando a expressão “mais um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco” (talvez um argentino hiperinflacionado?) é levada literalmente a sério, rs:


Tu non güestas de hablar português? Rrôdace, kkkkk (ainda por cima, a profe nativa da inculta e bela conseguiu errar o “por que”, que devia ser separado por se tratar de pergunta):


quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Se Jones é revisionista, sou Pol Pot


Link curto à publicação: fishuk.cc/mix-politica16


Antes de introduzir o tema propriamente dito, gostaria de lhe oferecer os serviços de meu amigo búlgaro Veselin Boianov. Não, ele não é o João Clá Dias, fundador da seita medieval Arautos do Evangelho, só parece com ele... Mas como se lê nos créditos, ele é “ufólogo”. Então, se por acaso você precisar dos serviços de um “ufólogo”, posso lhe passar o contato dele, rs.


O “professor” Lucio Junior é um mineiro que conheci há muitos anos por minha primeira conta no Facebook, um dos primeiros brasileiros que vi abertamente justificando os crimes e burradas de Stalin nas redes sociais. É uma pessoa legal e educada, mas infelizmente não bate muito bem das ideias... Seu canal no YouTube, por exemplo, é irrisório em inscritos, e a maioria dos comentários, embora não seja de haters que o ataquem pessoalmente, é de críticas a suas falas e mostras de insatisfação com seu conteúdo.

Lucio Junior é um caso exemplar de “parasita” falido, ou seja, que tenta se aproveitar do sucesso de canais com conteúdo semelhante, mas com perspectivas mais ou menos diversas, os atacando sistematicamente até obter uma resposta de vulto. Foi assim que o MBL e parte da extrema-direita, ao provocarem influenciadores progressistas, conseguiram surfar na onda das respostas que todos somos tentados a dar, formando bolas de neve de xingamentos e calúnias que, em muitos casos, seguem até hoje. Jones Manoel e companheiros, porém, até agora parece não terem notado o que o próprio Lucio chama de “conversas de vanguarda” e suas críticas a Castro, Guevara, Chávez, Maduro, Escola de Frankfurt, PCB e toda uma pilha de “revisionistas”, sempre temperadas de uma obsessão doentia (comparada à brutalidade de Stalin) contra Leon Trotsky.

Dado que não quero dar palco demais pra maluco dançar, delicie logo estas pérolas que colhi outro dia, quando resolvi dar uma passada pra ver o “estado da questão”, e descubra o “revisionismo burguês” de Jones Manoel, do PCB e dos recentes “comunogamers”, rs:








No embalo de meu amigo búlgaro que oferece seus serviços de “ufólogo”, aproveite pra conhecer a Regiane Alves balcânica que trabalha no canal que o entrevistou. Um pouco “recheada”, por assim dizer, mas ainda parecida facialmente, rs:


E pra terminar, uma reflexão com os âncoras matinais da NBC americana, Savannah Sellers e Joe Fryer. Será que todo país tem seus próprios “Bonner e Renata”, ou será que é a famiglia Marinho que, como tudo no jornalismo da Grobe, paga pau pra ianque?...


segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Amoringa pede a p#rra das atas...


Link curto à publicação: fishuk.cc/amoringa


... mas o Maduro não quer dar!

Se você foi criança ou adolescente nas décadas de 1990 ou 2000 e se considera “nerd em política internacional”, mas não conhece nem consegue associar a nada o nome da célebre geógrafa Maria Elena Simielli, você não viveu! Neste domingo ela se ofereceu pra resolver o problema das... Não, Maria, é ATAS, e não “atlas”!!!


Putin, o Trombadinha de Leningrado, resolveu mudar um pouco seus programas esta semana, tentando esperar uma possível derrota dos faxixtas craneianos ajudados pela TAM:






sábado, 24 de agosto de 2024

Putin persegue repórter S. Battistini


Link curto à publicação: fishuk.cc/putin-rai2


Putin odeia a verdade, a discordância, o contraditório, a liberdade, a felicidade alheia, a informação, o esclarecimento. Putin tem como ideal uma sociedade submissa, embotada, obscurantista, temorosa e totalmente centrada em torno dele. E um dos sintomas é não reconhecer os fracassos, sobretudo quando derivam das piores decisões tomadas anteriormente, e querer “destruir o mensageiro, e não a mensagem”. Putin odeia a Ucrânia, porque apesar de todos os tropeços, seu povo se encaminhava em sentido totalmente oposto ao que o Kremlin estava levando a Rússia nos últimos 25 anos. Por isso, embora o evento já tenha ocorrido, começo a publicação de hoje com a imagem acima, lembrando que hoje temos mais um aniversário dos 33 anos de independência desde a desintegração da URSS e homenageando a data!

A repórter Stefania Battistini e o câmera Simone Traini, italianos que trabalham pro canal RaiUno, formaram a primeira equipe estrangeira completa a entrar na região da Rússia recentemente ocupada pelo exército da Ucrânia. Eles atravessaram a fronteira entre a província ucraniana de Súmy e a província russa de Kursk, chegando à cidade ocupada de Súdzha, de onde Battistini narrou a complexa trama dos combates locais entre os dois países. Sem qualquer base jurídica, a justiça russa (totalmente controlada por Putin) abriu um processo contra os dois profissionais por supostamente terem atravessado a fronteira ilegalmente, ameaça a que também foram submetidos outros jornalistas estrangeiros presentes na região. Por medida de segurança, a RaiUno os mandou voltarem à Itália, mas isso só mostra como o Kremlin teme doentiamente o vazamento de qualquer informação sobre sua vergonhosa fraqueza na fronteira.

Após lançar a primeira reportagem da série (17 de agosto) do Telegiornale 1 no horário das 20h de Roma, canal RaiUno, finalmente chegam com atraso os trechos traduzidos (mas não legendados) das reportagens nos dias 14, 15 e 16 de agosto! Apesar de algumas informações já estarem “velhas”, fiz breves observações sobre o que mudou até o exato dia de hoje, e creio que mesmo assim esta publicação vai servir de fonte histórica pra estudos futuros, bem como ainda pode servir pra esclarecimento da conjuntura atual mais ampla.

Após hackear os vídeos usando a extensão gratuita Video DownloadHelper, encontrada na loja do Google Chrome, eu mesmo traduzi do italiano e apenas fiquei inseguro quanto a frases bem pontuais, por não ter entendido muito bem (ajudas são bem-vindas!). Podemos ver o triângulo que tem simbolizado a operação ucraniana, desenhado em traços brancos sobre os veículos militares:


Edição de 14 de julho

Alessio Zucchini – Já faz oito dias que o exército ucraniano adentrou em território russo, e o presidente Zelensky justifica o avanço na região de Kursk com a criação de uma zona-tampão para se defender dos bombardeios inimigos. Por sua vez, Moscou afirma ter barrado as tentativas de incursão por Kyiv. E justamente através das fronteiras conseguiu chegar a equipe do Telegiornale 1, como mostra nossa enviada Stefania Battistini, que encontrou o que se segue.

Stefania Battistini – Neste momento estamos atravessando a fronteira com a Rússia. Nunca teríamos acreditado que isso teria acontecido, nunca teríamos pensado...

Militar – Estamos dentro do território russo. Esse era um veículo nosso.

Battistini – Estamos na Rússia, dentro do território russo. Estes são os campos dos quais Moscou tem atacado, por mais de dois anos e meio, o território da Ucrânia. Estas são as posições russas destruídas. Permitiram que andássemos neste blindado para chegar a Sudzha. Estamos indo rumo a Sudzha, cidade russa estratégica por abrigar a manufatura do gás.

– Vocês controlam a cidade? – Sim! Bélgorod está à esquerda! Da próxima vez vamos levá-la para lá!

Battistini – Chegamos em Sudzha. Esta é a cidade russa de Sudzha, agora sob o controle das forças ucranianas. Até agora só tínhamos ouvido esse silêncio nas cidades ucranianas. Aqui ainda há cadáveres... E ali há civis.

– Por que vocês decidiram ficar aqui? – Os russos mandaram que nos reuníssemos aqui, e depois eles foram embora. – Deixaram vocês sozinhos? – Sim. – Como se comportam os soldados ucranianos? São bons com vocês, ou... – São muito gentis.

Militar – Você está vendo a diferença entre nós e os russos. Aqui as casas dos civis não foram destruídas.

Zucchini – E não somente operações terrestres: o exército ucraniano ataca com drones as bases militares russas. Estamos ao vivo com a correspondente Stefania Battistini. Stefania, quais são então os objetivos dos drones ucranianos?

Battistini – Sim, trata-se do maior ataque a aeroportos russos desde o início da guerra, Alessio, isso segundo o serviço de segurança ucraniano. Aeroportos militares, obviamente, sendo que também nas províncias de Kursk e de Vorónezh são os aeroportos dos quais decolam os jatos que lançam as bombas aéreas teleguiadas que destroem as cidades ucranianas. Enquanto isso, os ucranianos continuam construindo fortificações a pelo menos 20 km de distância da fronteira russa. São fortificações muito importantes que vimos enquanto voltávamos da província russa de Kursk com Simone Traini, embora também tenhamos visto um míssil KAB que atingiu uma casa bem na estrada que leva até Sudzha. Por isso, Zelensky volta a pedir que os aliados lhe permitam ataques de longo alcance contra alvos militares dentro da Rússia.


Edição de 15 de julho

Alessio Zucchini – Boa noite do Telegiornale 1. No décimo dia de incursão em território russo, os ucranianos reivindicam a tomada da cidade de Sudzha e anunciam a criação de uma administração militar para os territórios conquistados. Moscou corre para se proteger, preparando linhas de defesa para bloquear o avanço. Nossa correspondente Stefania Battistini foi a primeira jornalista estrangeira a entrar em território russo e a ver as trincheiras de Moscou agora em mãos ucranianas. Veja em sua reportagem.

Stefania Battistini – Acaba de explodir uma bomba... [Ela narra vagamente as destruições.] Um helicóptero! Estamos dentro do território russo. Isso é o que restou das posições russas.

Soldado – Os russos deixaram aqui o colete. Nossas tropas de assalto capturaram a área e depois a estabilizamos. Aqui não é tão seguro: ainda há soldados russos atrás de nós, rondando por aqui. Estes capturamos ontem, veja-os aqui [mostra no celular].

Battistini – Estas são baterias ou...?

Militar – Sim, para drones FPV [teleguiados por óculos de imersão]. Somos um “UAV striking group”, um grupo de ataque por drones. No primeiro dia, fizemos a cobertura das tropas de assalto, depois entramos e estabilizamos as posições. A operação foi preparada minuciosamente, mantivemos o mais absoluto segredo.

Battistini – Que tipo de soldados russos vocês encontraram aqui na fronteira? Conscritos, treinados...?

Militar – A maior parte integrava o exército regular russo, mas em posições mais avançadas os nossos já encontraram kontráktniks [voluntários que assinam um contrato temporário]. Também capturamos soldados das tropas chechenas de Kadýrov.

Battistini – Vocês estão reescrevendo a narrativa da guerra?

Militar – Veja, quando eu soube dos planos dessa operação, disse: “Rapazes, essa é a história. E será uma história louca.” Mostramos ao mundo todo que não devem ter medo da Rússia: se conseguimos fazer isso, então todos podem o fazer.

Zucchini – E a Rússia reage com bombardeios em várias regiões ucranianas, fazendo ao menos cinco vítimas. Mas hoje Kyiv angariou um apoio muito importante: ao vivo, nossa correspondente Stefania Battistini. Stefania, do que se trata?

Battistini – Sim, Alessio, o apoio chega de Londres, que diz claramente que a Ucrânia tem o pleno direito de utilizar [no ataque à Rússia] as armas que lhes fornecemos em respeito ao direito internacional, com exceção dos Storm Shadows de longo alcance, que a Ucrânia só vai poder utilizar contra seus próprios territórios ocupados pelos russos. Enquanto isso, o general Sýrsky, comandante das forças armadas, anunciou hoje, como você disse, [a criação] de uma primeira administração militar na província russa de Kursk e ressaltou que 82 localidades [hoje, dia 24, já são mais de 90] estão sob o controle ucraniano. Pelo que pudemos ver com Simone Traini nestes dias, ao menos a região de Sudzha está controlada. Obviamente não temos a possibilidade de ver, senão parcialmente, fragmentos de territórios que conseguimos sondar nestes dois dias. Naqueles controlados pelos ucranianos, chegam drones russos, enquanto por outro lado, Moscou continua avançando em Donetsk [província], muito perto da cidade de Pokróvsk, que é um ponto estratégico, onde apenas hoje fez cinco vítimas entre civis. É com você!


Edição de 16 de julho

Alessio Zucchini – A região de Sumy é a mais visada pelas forças russas que têm por base a província de Kursk, e milhares de pessoas foram obrigadas a deixar seus lares. Estamos ao vivo com a correspondente Stefania Battistini. Stefania, quais são então as últimas atualizações?

Stefania Battistini – As últimas atualizações chegam da área institucional, porque Syrsky, o comandante das Forças Armadas, e Zelensky disseram que ainda estão avançando na província de Kursk, que faz fronteira exatamente com a província [ucraniana] de Sumy, entre um e três quilômetros por dia; que estão fazendo muitos prisioneiros a fim de serem trocados. É uma notícia que chega pelo New York Times, reverberando, por sua vez, algumas fontes ucranianas segundo as quais, paralelamente à operação em Kursk, também teria sido lançada uma operação em Belgorod [província russa], que não teve sucesso e deixou soldados ucranianos feridos, conforme relata agora o jornal. Como você disse, estivemos realmente naqueles vilarejos fronteiriços, que têm estado sob cerco há dois anos e meio, desde quando a Rússia os agrediu e se veem hoje bombardeados por ela todos os dias com mísseis KAB. Vamos ver juntos, com filmagem de Simone Traini.

Battistini (no lugar) – Caminhamos pelas estradas desertas de Iunakivka, que está sob cerco há dois anos e meio. Aqui, alguns resistiram.

– Bom dia! Todos foram embora daqui... [A senhora] É a única que ficou! – Você pode levar um cachorro ou um gato, mas e as cabras, como faz? Vivo e queria morrer só aqui! [Mostrando fragmentos.] Veja, chegou esta manhã com as bombas KAB, lançadas de aviões, mas você não consegue os ver, só ouve o assobio da bomba. – Os russos continuam atacando esta área? – Bombardeiam, bombardeiam, bombardeiam... Às três da madrugada, às 11 da manhã, sempre. Tudo bem se eu morrer em um segundo, mas se perder uma perna... quem vai cuidar de mim? Nossos vizinhos não querem vivem em paz com agente. Espero voltar a viver em paz.

Battistini (com outra pessoa) – Um trator com toda a sua casa, a gaiola dos animais nos braços e o resto da casa na carroceria. – Olá! – Aonde está indo com o gato no trator? – Estou indo pra casa de parentes, com toda minha casa ali atrás. – A gata chama Sónia? – Temos outros animais, mas receamos que tenham sido mortos pelas bombas russas.

Zucchini – E se tornou o assunto do momento a reportagem da equipe do Telegiornale 1 na região de Kursk. Nas redes sociais, se sucedem as reações dos pró-Rússia: segundo alguns órgãos de imprensa em Moscou, nossos colegas arriscariam ser alvos de um inquérito policial. O ministro russo do Exterior convocou a embaixadora italiana em Moscou. Nossos colegas receberam solidariedade da Usigrai, da Federação Nacional de Imprensa e da UniRai. Vamos ouvir Andrea Luchetta.

Luchetta – As mensagens começam imediatamente a se difundir: a reportagem de Stefania Battistini e Simone Traini, primeira equipe estrangeira a entrar em Sudzha na quarta-feira [dia 14], viralizou nas redes sociais. Para os ucranianos, demonstra o sucesso de uma operação imprevisível duas semanas atrás; para os russos, as imagens testemunham as dificuldades de seu exército. Nas redes sociais, diversas contas russas acusam a equipe, segundo dizem, de infringir a lei ao entrar sem autorização em território russo, devendo ser investigados. Alguns comentários vão mais longe e ameaçam abertamente nossos colegas. Hoje, no Telegram, o canal Baza, que tem 1,5 milhão de seguidores, anuncia a intenção do Ministério do Interior de lançar um inquérito policial. A notícia é compartilhada por diversos sites, bem com por Vladímir Solovióv, um dos propagandistas mais influentes da Rússia. Contatado pela Agência Jornalística Italiana, o Ministério do Exterior de Moscou não comenta a possibilidade de abrir um inquérito e solicita indagar o Ministério do Interior. Fontes do Ministério do Exterior italiano, ouvido pela mesma agência, dizem que a embaixada da Itália em Moscou está em estreito contato com o Ministério do Exterior e realizando as verificações adequadas. “O jornalismo não é um crime”, escreve a Ordem dos Jornalistas italiana, expressando solidariedade a nossos colegas. Mensagens de apoio a Battistini e Traini também chegam dos sindicatos da categoria, da Federação dos Jornalistas Europeus e do mundo político italiano. A representação sindical do Telegiornale 1 escreve: “A eventualidade de inquéritos policiais contraria o princípio universal da liberdade de imprensa. Portanto, defendemos os colegas contra intimidações e ataques de qualquer natureza.”


Preciso abrir um parêntese pessoal. Soloviov, que em tom sério e em rede nacional culpou pela morte do ex-presidente iraniano Ebrahin Raisi “o agente do Mossad Eli Kopter”, é o propagandista mais fanático do canal Rossia 1. Seus programas, com cenário estilo “direto do inferno”, quase não são mais vistos ao vivo, mas volta e meia viralizam nas redes trechos mais ou menos estridentes. Sua mais nova especialidade é chamar de “covardes” e “chorões” os residentes de áreas do sul da Rússia ocasionalmente atingidas por drones ou outros artefatos ucranianos, quando eles reclamam providências do Kremlin. Mais recentemente, ele chamou os habitantes de Iekaterinburg de “demônios”...



sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Que deputados e filhos vão à guerra!


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/conscritos


      

Com esta linda imagem de uma estátua do assassino Lenin com os miolos estourados pelos soldados ucranianos que entraram na província russa de Kursk (print de vídeo da internet), introduzo um tema praticamente ignorado nesta fazenda de nosso planeta. A ativista russa Olga Tsukánova, que se intitula comicamente “Mãe de Toda a Rússia” (em alusão ao título do padre de festa junina Kirill), publicou este vídeo em seu canal no YouTube, parodiando as propagandas do governo que visam atrair novos voluntários pra invadir, pilhar e destruir a Ucrânia. Ela e outras mulheres fingem que estão “convocando” os deputados da Duma Estatal e os filhos deles pra irem pessoalmente lutar na “operação militar especial” que eles tanto apoiam. A fina e clássica ironia típica dos russos quando têm sua palavra sufocada, um verdadeiro samizdat metodológico!

Há várias questões subjacentes aqui. Primeira, boa parte dos russos “apoia” (ou apoiava) a “operação especial”, mas sob a condição de que ela fosse rápida, incruenta, localizada (ou seja, sem impactos em território russo) e limitada às forças armadas regulares. E isso, claro, implicando que fosse engolida a mentira putinista da “junta neonazista” de Kyiv e do “genocídio de russos” no Donbás. Visto o que tenho falado e publicado aqui, ambos os aspectos são completamente ilusórios, e essa gente tá totalmente fechada numa bolha mental, por vontade própria ou superior. Segunda, não são apenas “as mães russas” que formam uma instituição à parte há séculos no país, capaz de pressionar os governos em algum grau, mas sem com isso lançar a base de uma sociedade matriarcal (muito pelo contrário). A reclamação é totalmente egoísta, pois quem está em polvorosa neste momento são as mães dos conscritos no serviço militar, mal saídos da escola, que Putin prometeu não usar na “operação especial”, mas que agora são chamados de toda a Rússia pra defender Kursk. Ou seja, enquanto crimes contra a humanidade ocorriam “ali do lado”, a mulherada ficou de bico calado.

E terceira, mas talvez a mais importante: os ex-querdistas ou protofachos idiotas que ainda pensam que Putin é apenas um “nacionalista” antiocidental e que a Rússia “não é uma ditadura”, mas que lá apenas “as coisas são complicadas” (o que “complicadas” quer dizer, diabos???), não conhecem o clima sufocante que vive a população média, não só proibida de se expressar livremente, como também primeira vítima dos desvarios políticos e econômicos do ditador. Dois anos e meio depois da invasão criminosa, a maior parte dos russos já abandonou os canais estatais como fonte de informação principal (exceto entre certas faixas etárias) e as redes sociais cumprem um papel organizativo e informativo cada vez maior. Não por menos, o Kremlin tenta a todo custo acossar esses meios, e além do YouTube quase não estar funcionando mais, WhatsApp e Telegram, terrores de ditaduras ao redor do mundo, têm apresentado instabilidade (pasme, a Meta do Tio Zuck foi declarada “organização terrorista” por Moscou!).

Portanto, a citada bolha ainda existe, mas vem sendo gradualmente furada pelos smartphones, pelos relatos de “veteranos” que começam a correr à boca pequena e, sobretudo, pelo descumprimento do mar de promessas, feito inicialmente, sobre a “operação rápida, incruenta e pontual”. Muitos russos, em particular russas de meia-idade, já não acreditam mais nas autoridades, sejam regionais, nacionais ou militares, e por vezes a insatisfação é expressa de forma velada, irônica ou até cômica, sem menção explícita a nomes. Putin sequer aparece pessoalmente nos lugares onde ocorrem catástrofes e tragédias (o teatro Crocus em Moscou é o exemplo mais recente), padrão que se repete desde 2000, quando afundou no mar polar o submarino... Kursk. Quando o exército ucraniano entrou na cidade de Sudzha, uma velha disse abertamente pras câmeras que “eles mentem, mentem, mentem”, se referindo ao poder central sem o nomear. Na verdade, a ideia “original” da “operação” foi inicialmente engolida e seu apoio é hoje condicionado ao conforto de “só ver a guerra pela TV”, sem tocar “em nossos bebês”. Certamente, devido aos longos laços e relações mútuos, toda a negação da existência de um povo ucraniano à parte ou pretensão de anexar regiões ou mesmo a Ucrânia inteira (aspectos mais visíveis pro observador estrangeiro) tem uma impopularidade subterrânea muito forte em toda a Rússia.

Tenho raiva de alguns brasileiros que ainda vivem lá, mais ou menos simpáticos à mafiocracia e não raro pouco fluentes em russo, que ao se comunicarem “com quem estamos aqui”, passam todos esses problemas por alto, não pelo medo óbvio de serem processados e/ou presos, mas porque justamente racionalizam em maior ou menor grau o pesadelo imposto aos nativos. Afinal das contas, se conhecessem a verdadeira história da luta da Ucrânia por sua independência e de como Putin transformou seu governo numa organização criminosa, sem essa desinformação que é inoculada entre pretensos “nerds” bananeiros desde 2014, sobretudo por veículos do Kremlin em português, será que ousariam viajar e mesmo estudar no país, inclusive depois de 24 de fevereiro de 2022?... Não deveriam. Por mera questão de moral e decência. E se caírem nas malhas do FSB pelos motivos mais esdrúxulos, vou é dar risada das peripécias que precisarem enfrentar!

Pra terminar este texto já mais longo que o próprio vídeo, uma palavra sobre o vocábulo “sróchnik”, aplicado aos moleques que estão sendo chamados pra Kursk e Bélgorod. A princípio, não foram enviados pra dentro da Ucrânia, mas em se tratando de território original da Rússia, estão sendo convocados, mesmo sem preparo militar ou psicológico, e são os primeiros a morrer ou se entregar em massa pros ucranianos. Srochnik vem da palavra srok, ou seja, “prazo”, “intervalo de tempo”, e designa os homens que são convocados a prestar o serviço militar obrigatório. A melhor tradução nesse contexto é “conscrito”, embora no Brasil se use pouco essa palavra (há ainda “recrutado”, mas cujo sentido de obrigatoriedade não é explícito). No contexto russo, há também o “kontráktnik”, que assina um contrato enquanto voluntário (portanto, o oposto do anterior), e o “naiómnik”, ou seja, o mercenário quase desprotegido pelas convenções internacionais.

Seguem o vídeo do canal de Tsukanova (original e com meu corte) e minha tradução direta do russo, sem transcrição do texto original. Na descrição, ela também diz o seguinte: “Chega de faladeira, vão defender a Pátria! Todos que concordam comigo, entrem em meu canal do Telegram.” E recomendo mesmo que entrem, pois lá tem muito mais material com mães protestando contra os abusos de Putin!




Enquanto mãe e patriota, dou minha bênção e consentimento. Deputados, vocês vão triunfar! [Letreiros: “Não largamos os nossos!”, “Chegou sua hora!”, “Apoiemos nosso Exército e nosso Presidente!”] Burocratas e seus filhos, chegou sua vez de defender a Pátria. Acreditamos em vocês, vocês vão conseguir! Pois vocês são verdadeiros varões [“mujiques”]. Chegou a hora de não somente apertar botões, mas pegar armas de verdade em mãos para defender o povo. [Legenda: “Afinal, você é um varão/mujique. Seja como ele.”] Enquanto sua eleitora e fonte do poder no país, envio-os ao front! [Legenda: “Junte-se aos seus!” A palavra seus, svoím, faz uma alusão a SVO, sigla em russo pra operação militar especial]. Confiamos-lhes a defesa das fronteiras de nosso país. Nossos filhos estão se esforçando, mas vocês vão se dar melhor! O país vai os esperar. Acreditamos que vocês vão voltar com a vitória. O importante é vocês rezarem, como mostram as propagandas da operação especial. [“Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino...”] E vamos guardar vocês na lembrança... ou nas orações. E tragam nossos filhos de volta para casa sãos e salvos: excessivo é o número dos que tombaram, sobraram poucos homens no país. Então, deputados, toda a esperança agora repousa em vocês! [“Sirva ao chamado de seu coração: junte-se aos seus!”] Vão para o front, deputados, burocratas e seus filhos!



quarta-feira, 21 de agosto de 2024

DE RERUM POLITICAGENS


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/mix-politica15




Algumas coisas que recolhi por aí esses dias e resolvi juntar numa só publicação, rs. Acima, vemos um aleatório que quis lacrar num vídeo de coletiva de imprensa com o porta-voz do secretário-geral da ONU, e depois tomou no olho... Mas abaixo, uma fala um tanto histórica, num lugar e momento históricos:



Copa de futebol de 2006: outro dos momentos mais épicos da TV brasileira, que provavelmente determinou uma opção política pessoal, rs:




Interessante matéria de um historiador pernambucano sobre a vida de Dom Pedro 1.º, mais especificamente quando ele voltou pra Portugal, se tornou o rei “Dom Pedro 4.º” e ficou relativamente popular pra história, sobretudo após depor seu irmão Miguel. Comparado com o jeito desastrado com que governou o jovem país (e sua personalidade parece resumir claramente o estereótipo geralmente atribuído ao brasileiro médio), bate até um pouquinho de raiva ao saber que ele parece ter sido um melhor rei de Portugal do que imperador do Brasil...


Esse olhar de Ol’ha Stefanishyna, umas das vice-premiês da Ucrânia, em entrevista ao programa Hardtalk que foi transmitida hoje pela BBC, pode espantar qualquer Putin que invada seu país, rs. Como disse hoje um amigo meu, “um olhar que lembra o de Clarice Lispector”, uma imigrante ucraniana:


E pra terminar e descontrair um pouco, fotos que outro amigo meu me enviou e que decidi as tornar públicas aqui, pra nostalgia de alguns! Esse game se chamava Red Alert e foi lançado em 1996, “continuidade da Segunda Guerra Mundial, versão quente da Guerra Fria”, em suas palavras. Ele diz que o jogava “por volta de 2002-2004”; me mandou as fotos quando lhe repassei hoje a referida entrevista da BBC, e curiosamente ele jogava do lado soviético, embora hoje ele seja pró-Ucrânia, rs. Outra observação sobre o laptop: “Máquina de 2004 sendo vendida por 5 vezes o que paguei há um tempo…”











Ainda ele, sobre o aparelho mostrado: “Isso é um ThinkPad da IBM, eles existem desde 1992. Esse é de 2004. De 2005 em diante são fabricados pela Lenovo (eu tenho um mais recente também).” Sobre a próxima foto, ou seja, “um mais recente”: “ThinkPad X1 Carbon de 2017.”

Adendo (31/8/2024): Dado o sucesso da publicação, meu amigo me enviou este extra, desta vez com o jogo instalado num equipamento dotado de Windows 10, rs:








E como bônus post scriptum, as doideiras mais típicas comentadas nas matérias do portal G1, rs:



segunda-feira, 19 de agosto de 2024

DCM e Fórum mentem... pra variar


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/dorogoi2


Nem a “passagem” do Homem do Baú foi poupada do lacre e das deturpações de parte de nossa esquerda, especialmente a mais radical e mais mal-educada, mesmo tendo em geral ligação com as melhores universidades públicas. É a que chamo várias vezes aqui de ex-querda bananeira, ou seja, aquela que não traz nenhuma contribuição teórica substancial e só “macaqueia” as últimas modas do exterior, exatamente os países “capetaliztas mauvadoens” mais desenvolvidos. Praticamente um espelho reverso de nossas direitas mais alopradas, sejam as ultraliberais ou as pentecostais.

Com o perigo de ser acusado de “censor”, há sites panfletários e sensacionalistas dessa linha que sequer deviam existir, muito menos ser chamados de “jornais” ou “imprensa”. A Níndia Mija, página de Feicebuco surgida na raiva dos protestos de 2013, é uma delas, porque exceto algumas denúncias pontuais, não publica nada de útil ou relevante. O DCM, a que chamo carinhosamente Diário do Meio da Bunda, vive de clickbaits financiados com mamata pública, e o grau de distorção e vergonha alheia a que muitos textos chegam é tamanho que dá medo até de abrir qualquer link deles. O portal Fórum é melhorzinho, mas não deixa de fazer análises toscas, sobretudo em matéria de geopolítica, em que é vítima do seguidismo às alas mais nojentas do restolho stalinista. Não chega aos pés da Carta Capital, que realmente defende a democracia, mas também não leio tão assiduamente.

Quem me conhece desde o Orkut, sabe que meu problema não é alguém se dizer “de direita” ou “de esquerda”, mas como minha afiliação é ao ofício de historiador, no qual sou formado e pós-graduado, o que não suporto é distorção ou mentira, seja de que lado for. Principalmente nas áreas de história da URSS e dos comunistas no Brasil, com as quais tenho mais familiaridade. Portanto, não adianta combater Bolsonaro, mas defender o ditador Maduro só porque ele é contra o Til Çan. Não adianta atacar Stalin, Mao, Hoxha e outros paranoicos, mas justificar os golpes militares no Cone Sul como “prevenção ao comunismo” (cuja ameaça, convenhamos, sequer existia). E se tantas vezes bato na que chamo de “ex-querda”, é justamente porque tenho um compromisso social, e quem também o tem não se pode deixar levar por desvarios intelectuais.

O exemplo mais recente, como eu disse, foi dado ontem, domingo, pelo DCM e pela Fórum, a respeito da canção russa (lançada já nos primeiros tempos da URSS, cuja formação, porém, implicou a submissão violenta de vários povos) Dorógoi dlínnoiu, que há muitos anos eu já tinha traduzido e legendado pro lendário canal Pan-Eslavo Brasil. Quem quiser, pode acessar a publicação e conhecer sua história muito mais anticomunista do que qualquer outra coisa... O resto da análise segue abaixo. Mas curiosamente, no sábado o Poder 360 tinha lançado uma análise muito mais sóbria, inclusive incorporando vídeos pra canção em suas várias etapas.









Aliás, não acho que o Fantástico tenha mostrado justamente a versão gravada por Eduard Khil (sem citar seu nome, ao modo de um hint) por acaso, entre tantas versões que apareceram durante o século 20. Quem tem memória dos anos de 2010 a 2012, lembra que o clipe dele viralizado na internet mundial e apelidado de “Trololó” foi associado por muitos brasileiros exatamente ao jeitão, à vestimenta e à voz/ritmo do Silvio Santos! Tanto que Khil foi então apelidado de “Silvio Santos soviético”, o que aumentou ainda mais sua popularidade no Brasil, rs:


Adendo (9/9/2024): Este desabafo do ex-Intercept no Instagram, que parece ter lido minha mente no dia em que publiquei o texto acima, resume perfeitamente o que sempre quis dizer por “ex-querda bananeira”, a começar pela hipocrisia. Reverberou em agosto passado, após o suposto vazamento de áudios sobre como Alexandre de Moraes estaria conduzindo “ilegalmente” as investigações contra propaganda antidemocrática nas redes sociais.

Não boto a mão no fogo pelo Glenn, mas há pouco ele era idolatrado pelos próprios “serei resistência” por seu combate ao bolsonarismo. Até encobri o nome da lacração que ele enquadrou como resposta, pra não dar “audiência solidária” ao ser. E as “fontes jornalísticas” de canais como Meteoro, Galãs etc. costumam ser exatamente essa constelação fake news que citei acima: BR 247, DCM, Brasil de Fato...

Acho que ele forçou a barra com o “fazem de tudo para chegar aos EUA”, pois podem estar subentendidos aqueles que são enganados pra atravessar ilegalmente a fronteira com o México, uma situação nada engraçada. No calor da hora, ele pode ter se referido, entre outros, aos trotskistas festivos, embora outro problema seja exatamente a dificuldade (não raro entrecortada por situações humilhantes) de conseguir vistos por quem quer pesquisar, trabalhar, estudar, se divertir etc. lá, o que não deixa de ser um direito de qualquer mortal.

Outros dois aspectos merecem clarificação. Primeiro, tanto o jornalista quanto este pobre historiador se referem a uma certa esquerda extremada, e não a toda a esquerda no Brasil, o que incluiria correntes e partidos totalmente díspares entre si. Ele não sei, mas eu mesmo especifiquei bem a quem me referia, e se Glenn “generalizou”, nada tenho com isso. Segundo, tenhamos sempre em conta que esse “saco pra chupar” não precisa ser necessariamente os EUA, mas qualquer outro país que por algum acaso seus guias espirituais sugerirem, incluindo a ditadura genocida putinista ou a cleptocracia petrolífera e narcoterrorista venezuelana. Ou seja, o problema não são os Isteites em si serem alvos de amor e ódio, mas o seguidismo acrítico de certos internautas viciados em algoritmos ao invés de livros. Você não sei, mas (ai de mim!) eu, por exemplo, gosto do Boulos por ser um intelectual coerente e combativo – não raro malhado exatamente por essa “ex-querda” a que me refiro –, e votaria nele com os pés nas costas, se morasse na capital paulista...

Contudo, a primeira prova de sua precisão é que Glenn não citou nomes, mas as putinetes do Cagões Feios se reviraram tanto de raiva que só faltou fazerem cogumelo atômico. O tal do Calejon, que parece que sempre fala com a boca cheia de farofa, não poupou impropérios pesados a quem chamaram de “Verdevaldo”, pilhido curiosamente cunhado (salvo engano) pelo fascistoide Augusto Nunes. A pergunta que me faço é: qual é o primeiro lugar aonde pensa ir dar aula ou pesquisar nossa elite intelectual “anti-imperialista”, inclusive a Sabrina “Tese Onze” Fernandes (com todo o respeito que tenho pelo trabalho dela)? Rússia, China, Cuba, Irã e Coreia do Norte não é...

E o triplex que o BBB aluga no sótão cerebral da cibermilitância todo ano chorando por uma tal de “representatividade”? Vocês vão ver, dizem nem estar aí pros EUA, mas nesta semana só vão falar de Kamala e Donald, provavelmente torcendo como doentes pela hiena punitivista.

Glenn, a ex-querda bananeira não é só vira-lata, mas também: arrogante (desde 2014 xingam nas redes quem critica ou não vota no PT, mas se acham moralmente superiores aos outros e não admitem ser contrariados, mais ou menos ao modo da Gadolândia pronta pra ser enganada de novo por um coach montanhista); amnésica (quiseram sair em massa do Équis depois de ser comprado pelo faxixta Ilomasque, mas permaneceram quase todos porque a falta de moderação permitia ofender, xingar, mentir e horrorizar à vontade); burra (enlouqueceram pela “vitória” da esquerda francesa, mas a Frente Popular teve de engolir um premiê conservador e aqui ninguém nem toca mais no assunto); e seletiva (imperialismo só o do Til Çan mauvadaum; a invasão da Ucrânia com assassinato de civis e destruição de cidades pela máfia de Leningrado, pra variar, “é culpa do palhaço”)...