Adendo (30/4): Não resisti em apurar o possível significado das melancias nos protestos, já que de fato eram onipresentes. Tanto a Wikipédia em inglês quanto a agência NPR afirmam que não há consenso sobre a origem, que é bem anterior à guerra de 2023. Mas entre as hipóteses, há uma antiga proibição de exibir bandeiras palestinas, a semelhança entre as cores da fruta e do símbolo (relatos não comprovados falam de crianças presas por carregarem melancias), o amplo cultivo e sua associação com o florescimento na região e, a partir daí, seu uso pra burlar as redes sociais, acusadas de censura a conteúdos pró-Palestina. Mesmo assim, em outros aspectos, a publicação ainda mantém sua “graça”.
Se formos julgar pela edição de 25 de abril do programa The World with Yalda Hakim no canal privado britânico Sky News, as manifestações em universidades privadas (ou seja, papai pagando...) que estão se espalhando pelos EUA em prol do povo palestino e contra os excessos do exército de Israel estão virando uma grande palhaçada. Nessa idade, jovem de 20 e poucos anos só quer se divertir, extravasar, socializar, e provavelmente eles devem estar canalizando a libido retida em anos de covid. Sei que minha mente é meio poluída, mas como já disse aqui uma vez, pra mim o mundo é uma grande fábrica de memes que só estão esperando pra ser extraídos...
Não sou contra causas progressistas, como as que também sacudiram as universidades americanas em décadas passadas. Acho sinceramente que os palestinos pobres não merecem sofrer nas mãos de conchavos políticos entre terroristas palestinos (já que a real autoridade palestina, o Fatah, asfixiado por Netanyahu, tinha renunciado ao terrorismo) e certos governos de Israel: nem o Hamas está preocupado com os famintos de Gaza, nem a coalizão judaica de extrema-direita está ligando pros reféns que ainda possam estar vivos. Mas por que barulheira semelhante não aconteceu quando a Rússia invadiu a Ucrânia, de forma brutal, sem justificativa e infringindo as poucas leis que regem as guerras modernas? Será que o modo como a guerra no Levante é apresentada de forma não inocente, sobretudo, no TikTok, no qual as forças de desinformação sino-russas predominam, não vicia sua percepção por esses “nativos digitais” e do quanto eles poderiam realmente influir pro fim dessas hostilidades?
Não sei de nada. Nasci em 1988 e não consigo entrar na cabeça de um jovem que nasceu de 2000 pra frente. Não estou condenando as “gerações posteriores” por serem mais “burras” ou “enganadas”. Mas tem coisas nas reportagens que não consigo deixar de ver como memes e transformar em piadas... A começar por alguém que teve a ideia de desenhar fatias de melancia (bem estilizadas, diga-se de passagem) num cartaz escrito “Free Palestine”. A não ser que eu ignore a existência de um código secreto ou de alguma gíria dos jovens, isso me lembra muito mais o estilo de decoração, sobretudo em designers de origem japonesa, que conheci na minha infância, com o uso de desenhos ou adesivos de frutas nos materiais escolares:
Podemos dar um espaço pra Joãozinho Lima, que neste vídeo interpretou uma canção gravada por vários artistas sertanejos (incluindo Eliane Camargo), agora passível de ser adotada como novo hino da “resistência” (de chuveiro) no lugar de Mawtini: “Você não é melancia, mas cê-mente pra danar...”
Ah, se as ianquetes soubessem o que é “ralar o tchan”! Parece que temos aqui uma forte candidata pega desprevenida em sua excitação espontânea:
Típica birra pueril e trilha sonora correspondente:
Militantes brancos: “Vidas negras importam!”
Negro:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe suas impressões, mas não perca a gentileza nem o senso de utilidade! Tomo a liberdade de apagar comentários mentirosos, xenofóbicos, fora do tema ou cujo objetivo é me ofender pessoalmente.