sábado, 30 de setembro de 2023

Hino Nacional no Níger desde 2023


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Quando a junta militar que governa o Níger há mais de dois meses tomou o poder do presidente Mohamed Bazoum, em mais um enésimo golpe nessa região da África em poucos anos, acabei conhecendo a Télé Sahel, que é o canal de TV oficial daquele país. Ela transmitia a maioria dos eventos políticos de então, às vezes em inumeráveis reprises, com uma versão ao vivo no site oficial e algumas versões gravadas no YouTube. Enquanto ficou disponível na plataforma, consegui baixar uma dessas gravações ao vivo e achei o que descobri ser o hino nacional do Níger recém-adotado, pouco antes do golpe e que agora pode correr o risco de ser associado a esse período. As informações abaixo são traduções das Wikipédias em inglês e alemão, e na maioria das versões há pouca ou nenhuma informação sobre o novo hino. Acredito que em português esta publicação é a primeira, ou uma das primeiras, a explicar a canção e dar sua tradução literal.

L’Honneur de la Patrie (A Honra da Pátria) é o hino nacional da República do Níger, adotado em 22 de junho de 2023 pra substituir La Nigérienne (A Nigerina), adotada em 1961, um ano após o país ganhar a independência e deixar de ser uma colônia da França. De fato, o próprio hino tinha sido composto em 1961 pelos franceses Maurice Albert Thiriet (letra), Robert Jacquet e Nicolas Abel François Frionnet (melodia), na esteira da descolonização dos países da África Ocidental. Em 2019, o presidente Mahamadou Issoufou anunciou que estava planejando substituir La Nigérienne, pois reclamava-se que sua letra podia ser interpretada como uma demonstração de gratidão para com a antiga potência colonial: um dos versos mais visados era sobre serem “orgulhosos e gratos pela recém-obtida liberdade”. Estabeleceu-se um comitê de 15 especialistas nativos pra deliberar sobre o hino de então e, se fosse necessário, criar um novo hino, até que finalmente o parlamento do Níger adotou L’Honneur de la Patrie em substituição a La Nigérienne.

A iniciativa partiu, entre outros, de Assoumana Malam Issa, então Ministro do Renascimento Cultural, e o projeto foi fortemente apoiado por representantes de organizações juvenis e estudantis. O referido comitê incluiu membros do governo, especialistas, artistas e outros trabalhadores da cultura, presididos por Amadou Mailallé, mas com a garantia de que a sociedade civil em todas as regiões do país também se envolvesse sem qualquer pressão com prazos. Não foi especificado desde o início até que ponto as mudanças deveriam ser feitas e se elas afetariam apenas o texto ou a melodia também. O comitê viu uma análise crítica de La Nigérienne como sua tarefa mais importante, mas inicialmente também pediu propostas pra um novo hino nacional e fez uma seleção preliminar de três canções das 38 inscritas. Em fevereiro de 2020, o comitê disse que tinha levantado uma série de metas que iam desde como elaborar um hino até seu conteúdo programático. Após alguns meses de trabalho, o projeto quase foi suspenso.

O governo do presidente Mohamed Bazoum retomou o projeto e, sob a égide do Ministério da Cultura, reativou o comitê de Amadou Mailallé. O amplo envolvimento originalmente planejado do público ou a oportunidade para os indivíduos contribuírem com sugestões não ocorreu. O comitê elaborou em grande parte as etapas finais por conta própria. Em 24 de março de 2022, o governo anunciou que estava elaborando uma emenda constitucional pra um novo hino nacional, intitulado L’Honneur de la Patrie, contendo nova letra e nova melodia.

Em 22 de junho de 2023, a Assembleia Nacional aprovou a emenda constitucional que aboliu La Nigérienne e tornou L’Honneur de la Patrie o hino nacional do Níger. Ao mesmo tempo, foram divulgados o texto e a música elaborados pelo comitê de especialistas. O novo hino almeja promover a igualdade, liberdade, fraternidade, patriotismo e unidade nacional em conexão com o pan-africanismo e captar as dimensões do social, do cultural e da autodeterminação.

Eu mesmo traduzi diretamente a letra do francês, mas não inseri legendas em português no clipe da Télé Sahel (Partout et pour tous: Em toda parte e pra todos, rs). Lembrando que o Níger é o rio que dá nome ao país, e o Ténéré é um grande deserto que cobre parte do Níger e do Chade, nação vizinha. Pra acelerar o serviço, passei o texto no Google Tradutor e depois confrontei com o original pra corrigir as incoerências causadas, em parte, pela ausência de pontuação e de uniformidade ao usar iniciais maiúsculas. A tradução final é de minha lavra, mas mantive parte da falta de pontuação e o uso incoerente de iniciais maiúsculas:


Des rives du Niger aux confins du Ténéré
Frères et sœurs nous sommes
Enfants d’une même Patrie le Niger
Nourris de la sève des mêmes idéaux
Pour un Niger de paix libre fort et uni
Pour un Niger prospère le Pays de nos rêves
Pour l’honneur de la Patrie
Incarnons la vaillance et la persévérance
Et toutes les vertus de nos dignes aïeux
Guerriers intrépides déterminés et fiers
Défendons la patrie au prix de notre sang
Faisons du Niger symbole de dignité
Emblème et flambeau de l’Afrique qui avance
Pour ces nobles idéaux debout et en avant
En avant pour le travail en avant pour le combat
Nous demeurons debout
Portant haut le drapeau de notre cher Pays
Dans le ciel d’Afrique et dans tout l’Univers
Pour construire ensemble
Un monde de justice de paix et de progrès
Et pour faire du Niger la fierté de l’Afrique.

____________________


Das margens do Níger aos confins do Ténéré
Somos irmãos e irmãs
Filhos de uma mesma pátria, o Níger
Nutridos pela seiva dos mesmos ideais
Por um Níger pacífico, livre, forte e unido
Por um Níger próspero, o País de nossos sonhos
Pela honra da Pátria
Encarnemos a valentia e a perseverança
E todas as virtudes de nossos dignos ancestrais
Guerreiros intrépidos, determinados e altivos
Defendamos a pátria à custa de nosso sangue
Façamos do Níger um símbolo de dignidade
Emblema e tocha da África que avança
De pé e avante por esses nobres ideais
Avante pelo trabalho, avante pelo combate
Vamos permanecer de pé
Levando alto a bandeira de nosso querido País
No céu da África e em todo o Universo
Pra construirmos juntos
Um mundo de justiça, paz e progresso
E fazermos do Níger o orgulho da África.

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

O INCRÍVEL CASO DO ARTSAKH!


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O Faustão chamava certas videocassetadas de “A volta dos que não foram”. Outra inovação que esse Pedacinho de Chão também pode ter criado pra humanidade é “A partida dos que não vieram”, rs!


Atualização (29/9): Hoje a polícia do Azerbaijão entrou na capital do Artsakh, a histórica cidade de Stepanakert, que os azerbaijanos chamam de Xankəndi (ou Khankendi). Esvaziada dos armênios étnicos, é mostrada pela TV de Baku com as ruas desertas, cheias de lixo e objetos bagunçados e com alguns ônibus ainda saindo. E, o mais simbólico, um soldado azerbaijano com a bandeira de seu país posa em frente ao monumento chamado “Somos nossas montanhas”, inaugurado ainda em 1967, símbolo da herança cultural armênia e que (ao menos em tese) figura uma mulher e um homem.


Só pra complementar: hoje a mídia estatal russa lançou no Telegram este pequeno trecho de um encontro entre o genocida Putin e o assassino checheno Ramzan Kadyrov. Há boatos de que este estaria mortalmente doente, ou pelo menos com alguma doença grave, e que sua aparência e disposição não deixariam mentir. Afora sua cara estar bem mais inchada e seus olhos quase não abrirem, isso pode ser verdade por uma coisa: só uma vez no meio do vídeo ele fala “don”, seu cacoete vocabular (como o “nan” do Edmar Bacha, mas bem mais frequente, já repararam?), enquanto alguns memes russos até contam quantos “dons” ele fala num minuto ou pouco mais!


quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Crônicas da Defesa de Kyiv (histórico!)


Pra ver e guardar! Um portal especial foi lançado este mês pelo site do Museu de Kyiv com uma cronologia diária da chamada “Batalha de Kyiv”, que durou de 24 de fevereiro a 10 de abril de 2022 pra defender a capital ucraniana da queda sob a invasão do Exército Russo comandado por Vladimir Putin. O projeto denominado Crônicas da Defesa de Kyiv foi criado por historiadores ucranianos e especialistas em TI, em conjunto com o Museu de História de Kyiv, e contém cerca de 6 mil reportagens, informações e mapas oficiais e especializados, histórias pessoais, fotos e vídeos documentais. Todo esse material apresenta de forma abrangente, dia a dia, os acontecimentos nas frentes, na retaguarda, nos territórios ocupados e libertados.

Idealizado, organizado e comandado por Vitáli Nakhmanóvich, historiador, etnopolitólogo, museólogo e ativista nascido em Kyiv em 1966, o projeto Crônicas da Defesa de Kyiv conta com seis seções: “Eventos”, “Situação”, “Mapas”, “Histórias”, “Fotos” e “Vídeo”. Infelizmente ainda só tem em ucraniano, nem mesmo em russo ou inglês, mas mesmo sem se usar um tradutor automático, a orientação é fácil, e a mídia aproveitável e valiosa. Uma iniciativa abençoada que, além de eternizar uma chaga da história contemporânea pras próximas gerações, ajuda no combate à propaganda da ideologia “ruscista” (russa + fascista) do ditador genocida Putin, que infelizmente fincou raízes no Brasil!


E, como não podia deixar de tocar em temas da atualidade, eis que na edição do dia 26 do Jornal Hoje, na reportagem que falava sobre o deslocamento de dezenas de milhares de armênios étnicos da região azerbaijana do Artsakh (que Baku chama de “Qarabağ”) rumo à Armênia, aparece esta tabela da escrita armênia só pra dizer que esse povo tem até “alfabeto próprio”, rs!


terça-feira, 26 de setembro de 2023

“O pequeno príncipe” de N. Maquiavel


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Embora o mix de política de hoje também tenha algumas coisas bem aleatórias, não poderia deixar de gravar no mármore desta humilde página o acontecimento mais discutido nas últimas duas semanas. No processo em que o STF está julgando os vândalos que em 8 de janeiro depredaram as sedes dos três poderes da República em Brasília, o advogado de um dos acusados simplesmente abandonou todo o processo e não rebateu nenhuma das acusações, mas somente fez um discurso partidário muito primário, reproduzindo exatamente os delírios dos bolsonaristas em redes sociais. Pior do que isso, Hery Waldir Kattwinkel também vai entrar pro anedotário político bananeiro porque durante sua fala, ao acusar o STF de “perseguição”, usou a frase “Os fins justificam os meios” atribuída ao italiano Niccolò Machiavelli (aportuguesado como Nicolau Maquiavel) em seu livro... O pequeno príncipe. Sim, o “devogado” confundiu a obra fundadora da ciência política moderna, Il principe (O príncipe, também conhecida em latim como De principátibus), com o livro mais conhecido do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, Le petit prince (O pequeno príncipe).

Além disso, segundo especialistas e ao contrário do que se pensa em geral, a frase citada nem está no Príncipe, e sim na obra Heroides, do poeta romano Ovídio... Este vídeo de um jornal paulista foi minha fonte pra que eu pudesse eternizar o evento, mas tirei a maior parte da resposta do ministro Alexandre de Moraes e deixei apenas a indignação com a confusão entre livros. Obviamente os memes seriam muitos, e a Livraria da Vila, por exemplo, aproveitou pra fazer publicidade com uma montagem cuja legenda no Instagram diz: “Tu te tornas eternamente responsável pelos memes que produz.” Ou seja, caiu na internet, em tese ficou disponível pra sempre, e toda vez que nosso amigo Hery for buscar algum emprego, a sombra do “Pequeno príncipe de Maquiavel” vai estar pairando sobre ele, rs.


A jornalista francesa Claire Hilderbrandt (née Bonnichon) do canal estatal France 24 tem a cara da Bruna Griphao, mas enxertada com a boca de bagre da Agatha Moreira quase fundida com o nariz. Ponto!


Antigamente se dizia que comunista “comia criancinha”, como se isso fosse um argumento operacional pra adultos. (Bem, muitos brasileiros acreditaram em mamadeira de pinto, então nem digo nada...) Porém, do novo racha que está surgindo no PCB (autodenominado “Reconstrução Revolucionária”) em torno de jovens muito ativos na divulgação da doutrina leninista pelas redes sociais, parece que está surgindo um militante “de novo tipo”. Essa miniatura do canal História Cabeluda dá impressão que Gustavo Gaiofato come comunista(s)!!!


Enviaram num grupo este belo conjunto de todos os presidentes do Brasil (alguns eleitos, mas que não assumiram) desenhados de forma artística por V. Salles, cuja identidade me é desconhecida e cujo perfil no Instagram ainda parece pequeno. Gostei tanto que resolvi fazer um backup e republicar aqui!



domingo, 24 de setembro de 2023

Milei detesta os “prédios socialistas”


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O economista “libertário” Javier Milei, do jovem partido La Libertad Avanza, está liderando as pesquisas de intenção de voto pra eleição presidencial argentina deste ano e teve mais votos que os outros candidatos nas chamadas “PASO”, que são uma espécie de primárias públicas e obrigatórias pra definir qual será o candidato em determinados partidos. Prometendo mundos e fundos pra tirar o país do buraco onde se encontra, Milei prega medidas de cunho ultraliberal, praticamente acabando com o Estado e deixando ao léu as pessoas que necessitam de ajuda social, estranhamente misturadas com ideias religiosas, negacionistas da ciência e contrárias a avanços societários. Como já conhecemos com Jânio Quadros, Fernando Collor e Jair Bolsonaro, os mais pobres são os mais vulneráveis a seu discurso salvacionista, mas os sindicatos, a burocracia e a velha política argentinos são tão fortes que podem dificultar ou impedir todo seu trabalho, senão tirá-lo do cargo na primeira oportunidade.

O resumo da ópera é que Milei não tem a mínima coerência no que fala e limita sua visão de mundo à própria bolha cultural e conceitual de onde jamais saiu, em grande parte moldada, exatamente como no Brasil, por uma adoração acrítica dos EUA e pela imitação malfeita de Donald Trump. Mas como sua eleição é altamente provável, embora as cartas ainda estejam na mesa (porque o peronista Sergio Massa parece querer muito mais um segundo turno com ele do que com a liberal Patricia Bullrich, a qual acusa ambos de um “pacto secreto”), já devemos estar psicologicamente preparados pra uma futura desestabilização nas relações Brasília-Buenos Aires e na arquitetura política da América do Sul. O máximo que podemos fazer é rir de algumas de suas falas malucas (não por menos ele recebeu o apelido de “El Loco”), espantosamente idênticas às feitas por Bolsonaro durante seu obscuro período no Planalto, dadas em entrevista ao repórter reacionário estadunidense Tucker Carlson, ex-trumpista demitido da Fox News, que as publicou em sua conta na rede X.

Posso estar enganado, mas Carlson deve ter rido internamente o tempo todo da cara de Milei, como todo imperialista ri da cara do colonizado com síndrome de Estocolmo, mas com o agravante da própria aparência do entrevistado ser facilmente caricaturizada. E algumas das perguntas com assuntos completamente inúteis devem ter sido muito nesse sentido, como este trecho que selecionei do canal do YouTube do candidato, em que a dupla discorre sobre a feiura dos prédios de Buenos Aires e sua suposta associação com um “esquerdismo” dominante no país. A vinculação de tal estética com “desvios morais” dos “socialistas” é algo tão delirante que não resisti em editar o trecho inserindo alguns “memes” mais ou menos antigos ao invés de deixar somente a fala, e realmente tive de cortar várias pausas na fala de Milei pra não deixar a montagem intragável.

Seguem o referido trecho, minha tradução direta do inglês (que tirei de ouvido, e não das legendas) e do espanhol, sem transcrição das falas originais, e enfim os memes pra quem se interessar por usá-los em seus próprios vídeos ou simplesmente os conhecer. Esta reportagem contém alguns trechos da fala de Milei, que usei pra tirar a dúvida de uma palavra que não consegui entender de jeito nenhum:


O que é a justiça social? Roubar de uma pessoa o fruto de seu trabalho e dá-lo a outra. Isto é, apoiar a justiça social é apoiar o roubo. Portanto, o problema é que você está infringindo os Dez Mandamentos.

Então, quando você observa, e é fascinante observar a cidade de Buenos Aires, e a arquitetura é uma mistura de prédios sublimemente bonitos e prédios estupidamente feios, parece que você está olhando um morro arqueológico, em que a arquitetura corresponde a certos períodos políticos. Será que você acredita que o socialismo, o esquerdismo produz feiura?

Essa é uma primeira caracterização da Argentina: no tocante à Cidade Autônoma de Buenos Aires, quando alguém olha a arquitetura, a arquitetura da Argentina liberal é a que provoca tanto encanto e é deslumbrante, porque é a arquitetura da Argentina gloriosa, da Argentina liberal. O melhor exemplo disso é o Teatro Colón, um dos melhores teatros líricos do mundo, porque é o reflexo dessa Argentina pujante, liberal, admirada pelo mundo inteiro. E depois, todas as construções planas, quadradas... O melhor exemplo é o que numa certa época se chamava Ministério de Obras Públicas ou Ministério de Ação Social, sei que está na [Avenida] 9 de Julio. Um prédio realmente feio, com características abertamente soviéticas. E mais: numa época tinha uma estátua, que agora foi tirada, com a mão nesta posição [ver imagem a 1 min 59 seg] pra simbolizar uma coima [propina, no espanhol regional], uma das coisas postas por quem fez o prédio, em protesto contra o tanto de propina que lhe pediram enquanto executava o serviço. Essa é a arquitetura, e cada vez mais chata, cada vez mais feia, e as únicas partes que progridem são as que têm negócios vinculados aos políticos.

Você descreveu os prédios esquerdistas como quadrados, planos e feios. Por que a esquerda adora tanto o concreto? Os prédios antigos de vocês foram construídos com pedra e gesso, mas os novos são prédios socialistas de concreto. Por que isso?

Porque... tem a ver com os valores da esquerda. Os valores subjacentes às ideias de esquerda são a inveja, o ódio, o ressentimento, o tratamento desigual perante a lei e a violência. Então, todo esse altruísmo socialista termina gerando uma contaminação por incentivos que geram pobreza. Então, claro, digo que quando alguém é pobre, digamos, o prédio que pode construir é claramente típico de alguém pobre. Porque isso é interessante: o socialismo é sempre e em todo lugar um fenômeno violento, assassino e empobrecedor. Essa é a característica do socialismo.













quarta-feira, 20 de setembro de 2023

LULENSKY, enfim os 2 anões juntos


Finalmente, após tanta enrolação, dois dos mais conhecidos nanopresidentes (tirando o moscovita, claro) finalmente se encontraram pessoalmente em Nova York! Certamente, jamais saberemos o que os dois adornos de jardim debateram, só espero que o ex-ator não tenha sido convidado pra tomar uma “cachafinha”, rs.





E, claro, não podia faltar o clone de Celso Perez, primo-irmão da minha mãe por parte de pai!

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Olavo: “Alemão é língua de duende”


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Pra começarmos nosso novo mix, gostaria de compartilhar este print que fiz de uma reportagem sobre as recentes eleições municipais e regionais russas, no canal da Radio Svoboda no YouTube. Em minha interpretação, com a invasão à Ucrânia e outros problemas que a Rússia enfrenta, derivados de instituições encarquilhadas que nunca se reformaram desde a era comunista, resultou um país esquizofrênico, em crise de identidade, devido à transição jamais completada entre “Nossa pátria é a URSS, nosso partido é o KPRF – Partido Comunista da Federação Russa” (outdoor à esquerda) e “Um país unido! Uma Rússia Unida!” (cartaz à direita).


Este vídeo tem muito mais besteiras proferidas pelo finado campineiro vigarista que se dizia “filósofo autodidata”, mas um trecho, apontado por um amigo, me chamou a atenção: sem conseguir entender nada da filosofia alemã, ele coloca a desculpa no idioma de origem, dizendo que “a língua alemã é pra você conversar com duendes e fazer macumba na floresta”. Selecionei outros trechos que ajudam a explicar o contexto, e agora você tem aí mais uma pérola daquele que escorava sua grandeza imaginária na atitude de chamar todo mundo que ele não entendesse, ou que discordasse dele, de “burro”!




Dois memes hilários de TikTok mandados por um conhecido: 1) Como seria o programa de debates entre repórteres e especialistas na GloboNews, especialmente sobre questões internacionais (neste caso, a invasão da Rússia à Ucrânia), se contasse com a participação da cômica personagem carioca Inês Brasil; 2) Repórter da CNN Portugal pronunciou corretamente o nome “Korolióv” como ele soa em russo, porém na nossa língua ele se torna uma “coisa” bastante estranha, rs.


Pessanqueira e bailarina do Grupo Kalena de danças ucranianas, sediado no interior do Paraná, deu há alguns meses uma entrevista a um canal de podcasts local sobre o sentimento da comunidade ucraniana quanto ao genocídio atualmente cometido pelo Kremlin. Sua opinião sobre Putin foi tão espontânea que as frases podem ser usadas como meme pra qualquer outra situação, contra qualquer desafeto pessoal (sobretudo um certo presidente durante a pandemia), rs: “Que Deus me perdoe, mas todo dia eu torço pra ouvir a notícia que ele morreu. [...] Falo brincando, mas não tão brincando, que na hora que ele for, ele vai descer de tobogã fazendo assim, lá pro inferno!

“Brincando, mas não tão brincando” foi a melhor parte!


Em vídeo intitulado (não sei bem por quê) “Perigozim e o milho”, que tratava de vários assuntos misturados, o polivalente Nando Moura resolveu “traduzir” a fala de uma mulher que, espantada, assiste e grava com seu celular o momento em que cai o jatinho com Ievgeni Prigozhin, o nazista Dmitri Utkin e outros líderes do Grupo Wagner de paramilitares, levando à morte de todos a bordo. Realmente não tem como eu transcrever a fala da mulher, porque são apenas palavras de espanto e algumas faladas bem baixo, mas Nando nos leva às risadas quando afirma seriamente que “sei um pouco de russo” e simplesmente começa a inventar sua “tradução”, botando até um “O cachorro c... no jardim também!” ou um “Minha artrite tá doendo” no meio!

Claro que muitos trechos pequenos dos vídeos do youtuber têm a capacidade de ser isolados como memes, e com este não foi diferente. Mas sinceramente acho que Nando devia desistir de vez de tentar voltar a dar certo em tudo o que ele já se frustrou e, numa nova carreira, assumir seu talento de humorista ou animador de plateia, rs.


Nesta edição do programa da jornalista Ekaterina Kotrikadze sobre política internacional na TV Rain, canal russo exilado, ela fez uma entrevista com o célebre Alan M. Dershowitz, um dos muitos ex-advogados de Donald Trump, que na ocasião declarou que não votava nem votaria nele, mas apenas em candidatos democratas, dizendo que o ato da defesa nada deve ter a ver com convicções pessoais. Não sei se ele acabou ficando com medo de alguma coisa ou se deu uma vontade súbita de trocar as fraldas ir ao banheiro, mas o fato foi que de repente ele fechou sua câmera e disse que devia terminar a entrevista. Mesmo com uma pessoa inquisitiva como Kotrikadze é raro que isso aconteça, mas achei engraçado o modo como se deu; segue a tradução sem transcrição:

– O sr. concorda com aqueles que dizem que o sr. é uma pessoa próxima de Donald Trump? Considera-se alguém próximo dele?

– Não, sequer travamos conhecimento, me encontrei com ele literalmente um punhado de vezes. Votei contra ele duas vezes, planejo uma terceira vez votar contra, não penso que ele vai ser um bom presidente. Eu o defendi porque acredito na Constituição: nos anos 50, por exemplo, defendi comunistas, e nos anos 70 defendi nazistas [nota: ele é judeu e com posições públicas pró-Israel...], defendi O. J. Simpson e Jeffrey Epstein. Não concordo com as pessoas que defendo, sou como um médico que cuida de um doente: o médico tenta ajudar o doente. Se uma pessoa é julgada ou querem tirá-la do poder, posso representá-la, mas não vou votar em Trump. Não acho que ele vai ser um bom presidente, vou votar contra ele, como fiz nas duas vezes anteriores.

– O sr. não vai votar em Trump?

– Não. Sempre voto nos democratas. Desde 1960 sempre votei e vou votar nos democratas. Tenho que correr, desculpe, muito obrigado pela entrevista!


Inventei de digitar no Google Images meu nome público, ou como dizem alguns, meu nom de plume, e saíram também algumas palavras relacionadas. Claro que todas elas têm a ver com tópicos com que já trabalhei, como as línguas russa e ucraniana e o movimento comunista, mas essa colocação específica que consegui printar ficou muito engraçada, como se estivesse falando de mim: “Erick Fishuk, ucraniano, russo e comunista”. Talvez os algoritmos juntem tudo o que as pessoas acessam de minha autoria sobre esses assuntos, mas não duvido que alguém “pergunte” ao Google se sou russo, ucraniano ou comunista... Aliás, as coisas parecem todas incompatíveis: se sou ucraniano, não posso ser nem russo nem comunista, rs!

E pra terminar, o seguinte fio que me enviaram e que não necessita de explicações:



sábado, 16 de setembro de 2023

Viale quiere joder a culos argentinos


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Peço desculpas pela intermitência nos conteúdos mais elaborados, mas várias obrigações acadêmicas e familiares me obrigaram a não trabalhar com a página durante a semana, e só hoje consegui dar um respiro, pelo menos pra descansar! Aos poucos, vou retomando meu ritmo normal, embora enquanto eu não defenda minha tese de doutorado, infelizmente você não vai ver tantas atualizações quanto gostaria. Em mais este mix de política, estou soltando coisas que ficaram “represadas” nos últimos meses, embora não necessariamente se relacionem umas com as outras...

Vamos começar, infelizmente, com esses dois prints de uma cena não muito agradável no estádio de Niamey, capital do Níger, onde no fim de julho passado os militares deram um golpe de Estado que depôs o presidente Mohamed Bazoum. Instigados peja junta, vários apoiadores foram ao local participar de manifestações em apoio ao Exército, as quais tomaram um amplo caráter antifrancês, com acusações de que Paris estaria intervindo nos negócios internos do país e promessas dos golpistas de acabar com o “neocolonialismo”.

O símbolo mais famoso da França, que aparece inclusive no escudo da federação de futebol, é o galo, e foi um bichinho pintado com as cores francesas que foi “simbolicamente” imolado no estádio, numa cena de degola cujo vídeo não recomendo a visualização! Muito triste que um sentimento antigoverno bastante cego tenha justificado um desrespeito tão flagrante aos direitos dos animais, um assassinato motivado por mera diversão, quando ao menos nosso amigo de penas podia ter virado uma saborosa canja...


Jonatan Goldfarb (n. 1985), mais conhecido como Jonatan Viale, é um cientista político que também trabalha como jornalista, entre outros, no programa diário El Pase, junto com Eduardo Feinmann (n. 1968), este conhecido por sua cobertura punitivista de notícias criminais, com bordões como “Uno menos, este no jode más”. Nesta transmissão do começo de julho, eles e outros jornalistas falam dos problemas que assolam a Argentina, o maior deles sendo a inflação quase fora de controle. O ministro das Relações Exteriores, Santiago Cafiero, tinha reclamado na imprensa do preço de um mate que era, porém, um dos mais caros no mercado, enquanto imaginamos quanto ganha um ministro de Estado em relação ao grosso da população. Com a indignação seletiva típica dos defensores das elites, Viale traz à bancada outros mates mais baratos e seus preços, os quais, porém, ainda são inacessíveis a quem ganha menos.

Deixando todo o cuidado vocabular de lado e parecendo externar alguma tara recalcada típica dos leitores e adeptos do finado Olavo de Carvalho, ele começa a seguinte fala, que é a transcrição do curto trecho de vídeo colocado acima. Não vou traduzir, pois pra meus leitores cu-ltos o espanhol deve ser bastante fácil de ler:

Les trajimos de todos al canciller Cafiero, que está preocupado con el precio de la yerba. De todos los precios. 750…

(Feinmann) Pero toma de la más cara casi.

Porque lo que aumentó 800% no es Playadito: es ésta, ésta, ésta… ¡Todas! No es que son todas empresas malas que quieren joder al culo argentino.


No mesmo dia, e com a mesma fixação anal, Viale comentou uma greve nacional dos motoristas de ônibus que, segundo seus colegas, tinha sido forçada pelo governo federal peronista, escondendo que as empresas já recebiam subsídios demais e retornavam com um serviço porco (aliás, mais ou menos como algumas máfias do Brasil):

Mañana (esto es ahora)… mañana puede haber un paro total.

(Colega) A los que hay que esperar, les tengo un dato muy importante para los que están mirando: hoy a las 12 de la noche empieza el paro nacional. Hay que ver cuántos terminan sumándose de todos los sectores. Hay que pensar que en AMBA [Área Metropolitana de Buenos Aires] viajan... hay 4 millones de viajes por día. Es un desastre un paro nacional.

Sólo el Estado gasta 32 mil millones [i.e. 32 bilhões de pesos] por mes en subsidios, Eduardo, a las empresas de colectivos. Pero tienen un déficit mensual de 13 mil millones de pesos. Un colectivero en AMBA gana 220 mil pesos, y en Rosario 340 mil. La verdad es que son sueldos muy bajos, aun así yo creo que la solución no es joder la vida a la gente ¿no? […] Lo que digo es, muchachos, con esto no están jodiendo al ministro de Trasportes que viaja en helicóptero…

(Feinmann) En AMBA son 10 millones de personas.

Están jodiendo al oficinista, al chico…

(Feinmann) Hay gente que no toma un colectivo, toma tres.


E aqui, é o vídeo completo de toda a cena sem cortes, pra seu divertimento e fruição!


Enquanto fazia minha pesquisa de doutorado, ao consultar o grosso livro de Frédéric Laurent e Alain Dugrand com a biografia do comunista e milionário (!) alemão Willi Münzenberg, o maior impulsionador da máquina de propaganda da Internacional Comunista na década de 1930, localizei pela primeira vez o termo “esquerda caviar” sem ser num texto de Rodrigo Constantino ou de algum protobolsonarista que papagaiava o jeito de falar do polemista. Como disse um conhecido meu, é muito difícil que Constantino consiga ser o criador de qualquer coisa, mas embora o contexto seja bem diferente, vemos que a existência da gauche caviar não se limita a Chico Buarque, Ciro Gomes e outros defensores dos oprimidos que adoram fazer uma escala em Paris (obviamente, não em suas periferias). Não lembro a página exata, mas aí vai a tradução do trecho, cujo grifo é meu:

Conselheiro [municipal, mais ou menos como um vereador] socialista de Berna, [Karl Vital] Moor, nascido em 1851, filiado à 1.ª Internacional, tinha frequentado Bebel, Liebknecht pai e Karl Marx, ao que parece. Filho de uma atriz e de um aristocrata bávaro, esse herdeiro é uma figura pitoresca do movimento operário. Bem de vida e mulherengo, pode-se dizer que ele é um precursor da “esquerda caviar”. Ele tinha feito amizade com Lenin no congresso de Amsterdã [da 2.ª Internacional] de 1904. Vivendo de uma herança confortável, ele demonstra grande generosidade pra com seus amigos revolucionários, notadamente os refugiados russos, a quem financia sem reservas. Após ter se juntado ao movimento de Zimmerwald [que contestava a adesão da maioria dos socialistas à 1.ª Guerra Mundial] e à esquerda bolchevique, ele se dirige à Rússia durante o verão de 1917. Ele propõe então novas gratificações aos bolcheviques, que repelem sua ajuda, desconfiados quanto à origem dos fundos de que dispõe Karl Moor. Nomeado cidadão honorário, ele vai viver na URSS até 1928. Após o esmagamento do nazismo, em 1945, os arquivos alemães e austríacos vão revelar que Moor era um agente duplo, empregado por alemães e suíços, informação que explica, em retrospecto, as excelentes relações que ele mantinha há muito tempo com a representação alemã em Berna...


Nesta entrevista de junho como uma das partes do programa C dans l’air de discussão sobre atualidades, o prefeito da cidade meridional francesa de Nice, Christian Estrosi, relembra uma agressão violenta lá ocorrida contra uma senhora de idade e sua neta, no meio da rua, sem motivo aparente. Ex-motociclista, Estrosi é vice-presidente do partido Horizons (Horizontes), um puxadinho do partido Renaissance (Renascimento, antigo A República em Marcha) do presidente Macron fundado por seu ex-primeiro-ministro e provável apadrinhado à sucessão, Édouard Philippe.

Pro brasileiro acostumado a nosso noticiário trágico, parece desgraça pouca, mas nos últimos anos a violência tem explodido no sul da França, inclusive na famosa Marselha, em que alguns bairros pobres estão inclusive controlados por traficantes de drogas. Estrosi é uma das figuras da direita que, assim como os defensores dos policiais quando ocorrem os piores protestos em Paris, é crítico de abordagens consideradas leves demais contra os criminosos, às quais ele inventa o curioso epíteto de “droits-de-l’hommiste”, que poderíamos traduzir grosseiramente como “direitos-human(os)ista”. Não quero entrar no mérito da questão, mas podíamos passar pro “brasilês”, apesar da linguagem menos culta, mais ou menos como “direitos dos manos”, “defensor de bandido” ou, como diria a célebre Sherazeda, “adote um bandido”. Vamos à tradução sem transcrição:

E somos numerosos na maioria presidencial [como tipicamente é chamada a base aliada do governo no Legislativo], bem como entre Os Republicanos [antiga UMP de Sarkozy, que só vota com Macron quando lhe convém], a ter uma visão republicana: sabemos muito bem que as declarações grandiloquentes não servem pra nada se a Constituição de nosso país não for reformada no sentido de dar mais meios à Justiça, confrontando instituições empoeiradas que põem empecilhos a tudo de maneira “droit-de-l’hommiste”.






Por falar na França e no presidente Emmanuel Macron, aqui estão três vídeos aleatórios, tirados de contexto e interessantes. O primeiro é quando durante a parada da festa nacional de 14 de Julho, o primeiro-ministro barateiro indiano Narendra Modi vem como convidado de honra, um pelotão de seu exército desfila na avenida Champs-Élysées e ele bate continência na hora de sua passagem: a musiquinha é bastante agradável... O segundo é parte de uma entrevista coletiva após a recepção à presidente da Moldova, Maia Sandu, em que ele responde a uma das perguntas dizendo: Ça n’a rien à voir avec la Moldavie ! (Isso não tem nada a ver com a Moldávia/Moldova!). E o terceiro é uma frase em resposta a uma das jornalistas que o entrevistava, dizendo que o estavam comparando a Júpiter, pois queria governar isolado e resolver tudo sozinho (“de forma jupiteriana”, como se diz no jargão político, às vezes também em referência a Putin). Ele diz: J’ai jamais revendiqué cette comparaison mythologique (Nunca reivindiquei essa comparação mitológica), e completa, o que não adicionei, que preferia ser comparado a Vulcano, deus da tecnologia, da metalurgia, dos ferreiros, artesãos, escultores e similares, pois estaria sempre “trabalhando”, “no batente”.


Mas infelizmente, como comenta Axel de Tarlé, um dos apresentadores do mesmo C dans l’air, Paris já não anda mais tão na moda, como antigamente. Comentando o referido golpe no Níger, assim com os do Mali e de Burquina-Fasso, que se acompanharam de atitudes antifrancesas por parte das juntas, ele comenta uma das verdades da atualidade: “Nous ne voulons pas de la France ?” On est détestés maintenant, les Français, dans cette partie du monde ? (“Não queremos mais França?” Agora nós, franceses, somos detestados nessa parte do mundo?)


segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Eslavônio na Desatadora em Campinas


Link curto pra esta publicação: fishuk.cc/desatadora


Hoje no começo da tarde, após ter levado minha mãe e minha avó pra uma consulta oftalmológica em Campinas (moramos em Bragança Paulista), fomos almoçar no restaurante ao lado da capela que fica na mesma rua do Santuário de Nossa Senhora Desatadora dos Nós. Antes de entrar na fila do self-service, notei que na parede acima do balcão de comidas havia um quadro em estilo bizantino, acredito que representando Jesus Cristo, que segurava o livro cuja foto pode ser vista ali no começo.

Pensando tratar-se da língua eslavônia, usada pra evangelização dos eslavos no século 9 pelos santos Cirilo e Metódio, e depois por seus discípulos que criaram o alfabeto cirílico a partir das maiúsculas gregas, consegui interpretar as primeiras palavras como “Vinde a mim todos (os)...”. Já falei outras vezes aqui na página sobre esse idioma ainda usado na liturgia das igrejas ortodoxas eslavas, que guarda algumas semelhanças com o russo, como pode notar quem conhece a língua de Pushkin; na verdade, há alguns anos também estudei as bases do eslavônio, mas parei por falta de tempo.

Digitando a referida frase no Google, acabei encaminhado pra dois versículos do capítulo 11 do Evangelho Segundo Mateus, dos quais segue abaixo uma das traduções que achei na primeira busca. Dado o interesse exatamente pelo texto em eslavônio que foi “tentado” na pintura do restaurante, também procurei uma bíblia que estivesse nessa língua, e fiz com o celular um print dos versículos que também seguem abaixo:


28 Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês. 29 Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas.


Como fiz com vários outros contatos, repassei todo esse material pro WhatsApp de um amigo meu paranaense, descendente de ucranianos, que percebeu os erros, mas fez notar que não se podia cobrar correção da pessoa que pintou. Respondi que poderia haver a eventualidade de ser alguém que conhecesse o eslavônio ou ao menos o desenho de suas letras, mas que o mais provável era o/a artista sequer saber do que se tratava a inscrição, rs. E abaixo, um pequeno extra: uma visualização em 360 graus da capela que finalmente fomos visitar!