Várias vezes tentei manter perfis no Instagram com bordões ou memes famosos traduzidos pro latim clássico (a variante escrita como era consagrada no século 1 AEC), porque acho uma maneira de provocar riso esse choque do vulgar e do escrachado com o erudito ou hiperculto. Usando a ortografia eclesiástica da Igreja Católica, fazia fotos com legendas e às vezes também legendava vídeos de poucos segundos, sempre me apropriando do nome de usuário @loquerisne, que vem da expressão Loquerisne Latine? (Você fala latim?), que geralmente também era o título de meus perfis. A pronúncia correta é “loquérisne latíne?”, sem reduzir os “e” ao som de “i”; loqueris é a segunda pessoa do singular presente do verbo com conjugação passiva lóquor, lóqui, que se traduz como “falar, dizer, declarar”, e -ne é uma partícula interrogativa átona.
Porém, raramente me sobrava tempo pra fazer novas figuras, pois costumo ser perfeccionista e eu tinha medo que isso prejudicasse o doutorado, enquanto nunca gostei de manter páginas no Facebook e no Instagram que tivessem esse tipo de conteúdo contínuo, e depois as abandonar quando não tivesse mais tempo de alimentá-las. É uma postura “oito ou oitenta” mesmo, típica de minha personalidade, rs. Infelizmente, não guardei nenhum meme da primeira versão da página, quando eu estava mais firme no estudo do latim e cheguei a traduzir até umas frases bastante complicadas. Em meados de 2021, lancei uma nova versão, retomando alguns memes da primeira vez e acrescentando outros, alguns relativos a novos acontecimentos, outros relativos a notícias muito pontuais e dos quais, por isso, não achei interessante fazer backup. Quando minha paciência pra mídias sociais acabou de vez, resolvi não apagar o que já tinha feito e esperar a oportunidade pra republicar aqui. Se você achou a proposta interessante, sinta-se à vontade pra usar o login @loquerisne em outras redes, reutilizar estes memes e, de preferência, criar novos também!
Alguns memes ou bordões são tão conhecidos, ou o contexto é claro a ponto de se poder adivinhar fazendo uma breve pesquisa, que não traduzi a maioria: a graça também está na própria adivinhação, mesmo que a pessoa desconheça o latim, rs. Só em alguns casos decidi explicar a escolha ou a ocasião, de preferência sem traduzir e dando apenas a versão original pra que ela mesmo deduza. Nesta pasta estão alguns dos templates pra você criar textos novos, caso interesse, e que pra mim foram mais difíceis de capturar, e por isso tive dó de jogar fora. Antes que eu me esqueça: aquele César com cara de louco no começo, que achei por acaso no Google Imagens, sempre era a foto de perfil do meu Loquerisne Latine?, rs.
Em 2021, o assassino Lázaro Barbosa estava sendo ferozmente caçado em Goiás e no Distrito Federal, num caso que gerou comoção nacional. Quando ele finalmente foi achado e morto pela polícia, não houve o famoso Plantão da Globo, pois no meio de seu programa matinal, Ana Maria Braga tinha feito uma chamada ao vivo com o repórter local, que acabou anunciando o fim das buscas. Porém, ela fez uma confusão muito bizarra com o nome do repórter, rs:
Jânio Quadros foi um presidente da República brasileiro, que só ficou sete meses dentro do ano de 1961, tendo renunciado por não conseguir dobrar o Congresso Nacional a suas vontades. De temperamento bem caricato e avesso a críticas, o ex-professor de português fez uma ascensão meteórica na política e costumava usar frases prontas de cunho erudito e construção inusitada, como esta que remete à sua conhecida propensão ao álcool: “Bebo porque é líquido. Se fosse sólido, comê-lo-ia.” (Pros incautos, a última palavra equivale a “eu o comeria”.)
Este sermão do padre Fábio de Melo na sede da Canção Nova viralizou porque ele disse que os católicos não deviam temer despachos de macumba colocados nas portas de suas casas, caso sua fé cristã fosse realmente forte. Porém, a lacrosfera interpretou isso como um “desrespeito às religiões de matriz afro”, o que é uma completa descontextualização. Em minha humilde opinião, a Canção Nova é um grande circo eclesiástico, mas o que mais me enojou nesse vídeo não foi a ideia em si, e sim uma das frases que realmente era desnecessária.
Quando lancei esta imagem em algumas redes sociais não associadas ao projeto @loquerisne (o que eu realmente não devia ter feito), fui criticado por causa da situação que envolvia George Floyd. Porém, minha intenção não tinha sido fazer piada da violência, muito menos apologia, e sim traduzir a frase “I can’t breathe”, que também tinha se tornado um bordão na luta antirracista. Nessa sequência, a imagem posterior traduz a frase “Black lives matter”, e é interessante como na Antiguidade Clássica os negros africanos em geral eram chamados de “etíopes”!
Rubens Ricupero, diplomata e professor, embaixador do Brasil em vários países, uma das testemunhas do nascimento da Política Externa Independente brasileira e Ministro da Fazenda em 1994 durante o governo de Itamar Franco, quando ajudou a implantar o Plano Real, mas se demitiu após ser pego pronunciando em off a famosa frase do que seria chamado “escândalo da parabólica”.
Acréscimo que fiz em 16 de junho de 2024, de uma conta que conheço no Équis e que costuma escrever só em latim ou sobre curiosidades que ligam a língua à atualidade:
Este diálogo é tão épico que dispensa explicações! Apenas não traduzi todas as frases...
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