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Ouça os hinos de todas as repúblicas das URSS!
Este é o Hino Nacional da República Socialista Soviética do Tajiquistão (Суруди миллии Ҷумҳурии Шӯравии Сотсиалистии Тоҷикистон, Surudi millii Jumhurii Shūravii Sotsialistii Tojikiston), a mais pobre da antiga URSS, encravada no meio da Ásia Central e de cultura essencialmente persa (ou seja, muçulmana e com uma variante da língua ainda falada no Irã). Essa república foi desdobrada em 1929 da antiga RSS do Uzbequistão, de cultura túrquica, dentro da qual tinha sido antes uma RSS autônoma desde 1924. A capital, hoje chamada Dushanbe (“segunda-feira”), se chamou Stalinabad até 1961, e em fevereiro de 1990 ocorreram aí tumultos que levaram a 26 mortes. Em 24 de agosto de 1990 o Tajiquistão declarou soberania sobre seu próprio território, em 31 de agosto de 1991 adotou o nome de “República do Tajiquistão” e em 9 de setembro declarou sua independência da URSS. Eu prefiro escrever “Tajiquistão”, sem “d”, e não “Tadjiquistão”, que não soa natural em nossa língua.
O Hino Nacional da RSS do Tajiquistão foi composto e adotado em 1946, com letra do poeta e ativista Abulqosim Lohutī (1887-1957), nascido no Irã, e melodia do compositor Suleyman Yudakov (1916-1990), que era da etnia judia de Bukhara. Em 1977 a letra foi levemente modificada no final da segunda estrofe pra tirar as referências a Stalin, algo que ocorreu nos hinos de todas as outras repúblicas soviéticas. A versão deste vídeo é exatamente a modificada. O Tajiquistão é um dos poucos países que manteve a mesma melodia do hino soviético, apenas adotando em 1994 uma nova letra, chamada simplesmente de Hino Nacional (Surudi Millī) e composta pelo poeta Gulnazar Keldī (1945-2020), que morreu de covid. Assim como nas outras repúblicas centro-asiáticas, a execução e exibição públicas de antigos símbolos soviéticos não é criminalizada, e o próprio ditador nepotista atual, Emomali Rahmon, tinha sido um burocrata comunista.
O hino da RSS tajique é um dos poucos que destoa da estrutura poética dos outros hinos, consistindo de três estrofes com seis versos cada, sem um refrão. Mas a temática, como vemos, não muda. O tajique é apenas uma variante do persa, língua nacional do Irã, portanto guarda também um distante parentesco com o português. A diferença é que se escreve em alfabeto cirílico, e não numa modificação do árabe, mas como só tenho um conhecimento primário de ambos, traduzi a partir das versões em russo (literal, não poética) e inglês da Wikipédia, apenas jogando depois o original no Google Tradutor pra ver o resultado. A transliteração que usei é a mais comum, incluindo o uso de “ī” e “ū” pras vogais nativas “ӣ” e “ӯ”. Seguem abaixo o vídeo, a letra em cirílico tajique e a tradução:
1. Чу дасти рус мадад намуд,
2. Ба ҳоли таб даруни шаб
3. Шиори мо диҳад садо:
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Fervendo em plena noite
Nosso lema vai se erguer:
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