E eis que o comunismo inventa uma Olimpíada só com a famosa “calistenia” do Professor Girafales, rs. Mais ou menos que nem os “Jogos das Massas” (que de jogos, e muito menos de “massas”, não têm nada...) na Prisão a Céu Aberto Coreia do Norte, estas são as chamadas “Espartaquíadas” na antiga Checoslováquia comunista, talvez em 1985, segundo comentários na fonte original. Esse país foi fundado em 1918, após a desintegração do Império Austro-Húngaro, passou por um regime comunista de 1948 a 1990 e se dividiu pacificamente na República Checa (ou Chéquia, capital Praga) e na Eslováquia (capital Bratislava) em 1993. Durante o comunismo, o regime praticamente obedecia aos ditames da antiga URSS e copiava seu modo de viver e governar.
Um desses elementos copiados eram as Espartaquíadas, nome que vem do escravo rebelado Espártaco, na Roma Antiga, e que na Checoslováquia consistiam em grandes exibições públicas de ginástica, comemorando a libertação antinazista pelo Exército Vermelho. Ocorreram de 1955 a 1990 a cada cinco anos, com cancelamentos ocasionais, sempre no Grande Estádio Strahov, o maior em capacidade já construído na história. Homens e mulheres de várias idades participavam, de modo obrigatório pra estudantes e pra quem servia na polícia ou nas forças armadas. Desde 1994 o Estádio Strahov não recebe mais eventos esportivos, abrigando apenas shows musicais e os treinos de futebol do AC Sparta de Praga.
Originalmente, porém, as Espartaquíadas eram um torneio internacional proletário patrocinado pela União Soviética, como forma de se opor às Olimpíadas “burguesas”, “elitistas” e “capitalistas”. Houve três edições de verão (Moscou 1928, Berlim 1931 e Paris 1934) e duas de inverno (Oslo, 1928 e 1936), mas atribui-se a invenção do nome “Espartaquíadas” ao comunista checo Jiří František Chaloupecký, que organizou em 1921 o primeiro evento em Praga, com abrangência nacional. Curiosidade: Chaloupecký era esperantista, e também aderiu ao “ido”, um esperanto reformado. Quando Moscou decidiu se juntar às Olimpíadas, em 1952, as Espartaquíadas passaram a se realizar apenas dentro da URSS, unindo todos os povos lá residentes, com a primeira edição em 1956.
Tanto a versão checa quanto a soviética do evento estavam estreitamente ligadas ao conceito russo de fizkultura (palavra importada pelos vizinhos), acrônimo de “cultura física”, um hábito que os regimes comunistas procuravam inculcar em seus cidadãos. Como vemos, os corpos são bem esculpidos, e o desempenho esportivo era associado ao desempenho na defesa (militar) da pátria. (Definição de “calistenia” pelo Dicionário Aurélio: “Exercício ginástico para beleza e vigor físicos.”)
O primeiro vídeo que tirei do YouTube é muito engraçado, porque começa com um monte de homem correndo sem camisa e berrando, podendo ser aplicado como um meme em qualquer contexto. Interprete como quiser: um internauta definiu como a abertura de uma promoção da Apple, rs. E esse arranjo musical de fundo tem tudo a ver com a complexa “calistenia” girafálica!
No caso do segundo vídeo, cujo original infelizmente foi apagado, a música é um exotismo à parte, e aos 12 min 30 seg o que começa é praticamente um baile de discoteca! Do vídeo original cortei apenas alguns quadros pretos no início e no fim, além de bordas nas beiras do quadro. Não tive tempo de traduzir a locução checa que começa aos 17 min 35 seg, e a partir dos 20 min 03 seg o som desaparece.
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