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1. Fazem o plural em “-ões” os substantivos abstratos, sobretudo de características e ações, terminados em “-a(n)ção”, “-e(n)ção”, “-i(n)ção”, “-o(n)ção” e “-u(n)ção”, geralmente derivados de uma terminação latina -atio(nis), -itio(nis), -utio(nis) etc.: canção → canções, direção → direções, tradição → tradições, monção → monções, junção → junções.
2. Também fazem o plural em “-ões” os substantivos terminados em “-ão” que indicam aumentativo: casarão → casarões, narigão → narigões, mulherão → mulherões.
3. Os substantivos femininos que não terminam em “-ão”, mas em “-ãe” e “-ã”, apenas adicionam “-s”: mãe → mães, irmã → irmãs, maçã → maçãs, romã → romãs.
4. Além dos citados acima, fazem o plural em “-ões” os substantivos que em latim fazem o genitivo singular em -onis e/ou que em espanhol terminam em -ón no singular: corazón → coração(ões), rationis → razón → razão(ões), leonis → león → leão(ões).
5. Fazem o plural em “-ães” os substantivos que em latim têm o nominativo e o genitivo singulares em -nis e fazem o nominativo plural em -nes, e/ou que em espanhol terminam em -an/-án no singular: panis → pan → pão(ães), canis → can → cão(ães), alemán → alemão(ães) (a palavra vem do latim tardio Alamannus, e esta mesma vem do alemão antigo Alaman), capitán → capitão(ães) (embora a origem seja o latim tardio capitanus, a forma clássica era capitaneus).
Via de regra, os substantivos latinos terminados em -tio e -nis pertencem à 3.ª declinação.
6. Fazem o plural em “-ãos” os substantivos que em latim têm o nominativo singular em -nus ou -num e/ou que em espanhol terminam em -ano no singular: christianus → cristiano → cristão(s), ciudadano → cidadão(s), manus → mano → mão(s), granum → grano → grão(s), germanus (“irmão” em latim vulgar, sem relação com “germânico”) → hermano → irmão(s).
Os substantivos latinos terminados em -nus ou -num pertencem à 2.ª e à 4.ª declinações, a 4.ª posteriormente sendo absorvida pela 2.ª devido à sua baixa abrangência.
7. “Anão(ões)” e “bênção(s)” são duas exceções apenas aparentes. De fato, nanus → enano → anão(s), forma em português considerada culta, enquanto “anões” é mais comum na língua oral pela assimilação com a maioria dos plurais em “-ãos”. Em “bênção”, pela etimologia benedictio(nis), esperaríamos a forma “bênções” (hoje inexistente), mas houve assimilação com as outras paroxítonas que sempre fazem o plural em “-ãos” (orphanus → huérfano → órfão, organum → órgano → órgão).
Casos parecidos ao de “anão”: veranum → verano → verão, villanus → villano → vilão. Coexistem as formas “verãos/vilãos” (bem menos usadas) e “verões/vilões”, mas suas origens estão no latim tardio ou medieval, e não clássico, por isso foram assimiladas à regra já generalizada. Veja também o artigo “Plural de anão”, por Flávia Neves, que inclui outros macetes.
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