terça-feira, 2 de março de 2021

Idiomas de Lenin e nomes da MGU


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Eu estava com estes textos guardados há alguns meses, mas sem tempo pra traduzir e postar. Agora que a oportunidade chegou, apresento uma espécie de miscelânea criada pra mera satsifação de curiosidades, embora uma coisa não tenha nada a ver com a outra.

A ideia de postar os nomes da Universidade de Moscou veio após eu descobrir, durante a leitura da biografia do historiador Mikhaíl Pokróvski, que ele deu seu nome à instituição por um tempo. Foi uma homenagem após a morte desse marxista e bolchevique russo, considerado o pai dos estudos históricos na antiga URSS e das primeiras análises marxistas da história da Rússia. Após 1940, foram acrescentados oficialmente alguns epítetos e as “condecorações” que a MGU recebeu, porém sem mudar o núcleo original, por isso eu os omiti na lista. O conteúdo está na Wikipédia russa.

Há algum tempo também me pairava a dúvida sobre que línguas falava Vladímir Ilích Uliánov, o Vladímir Lênin da Revolução de Outubro. Eu sabia de seu conhecimento de várias línguas, mas não de quais e quantos. Há muitos textos falando a respeito, mas os melhores que encontrei, mesmo que citem poucas fontes, foram o de um pequeno blog chamado Zeitgeist e o de um site educativo, ambos não muito antigos. As traduções com adaptações são minhas, e concluímos resumidamente que Lenin era fluente em russo, alemão, francês e inglês, lia ou entendia latim, grego antigo e moderno, eslavo eclesiástico, checo, polonês e italiano e podia comunicar-se com o básico de grego moderno, checo, polonês e (talvez) italiano

Nesta página há outro texto em russo que fala dos conhecimentos linguísticos de Lenin, mas não o utilizei porque não acrescentava novidades. Porém, recomendo aos interessados, pois fala também, entre outros, de Lomonósov (filólogo que era praticamente um Google!), a imperatriz Catarina, Stalin, Khruschov e Vladimir Zhirinovski!

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Desde sua fundação, a Universidade de Moscou já mudou várias vezes de nome oficial:

  • 23 de janeiro de 1755 a 8 de março de 1917 (datas no calendário gregoriano): Universidade Imperial de Moscou.
  • Março a novembro de 1917: Universidade de Moscou.
  • A partir do fim de 1917: Universidade Estatal de Moscou (MGU).
  • A partir de 1918: Primeira Universidade de Moscou.
  • A partir de setembro de 1930: Universidade Estatal de Moscou.
  • A partir de 20 de outubro de 1932: Universidade Estatal de Moscou “M. N. Pokróvski”.
  • A partir de 11 de novembro de 1937: Universidade Estatal de Moscou.
  • Desde 7 de maio de 1940: Universidade Estatal de Moscou “M. V. Lomonósov”.

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Quantas línguas estrangeiras Lenin sabia? (Zeitgeist)

Na Rússia pré-revolucionária, qualquer um que saísse do curso ginasial com notas máximas dominava perfeitamente algumas línguas vivas e mortas. Naqueles tempos, a qualidade do Ensino Médio era muitíssimo maior do que a que temos hoje, e as pessoas saíam do curso ginasial realmente instruídas. Já o nível do Ensino Superior russo correspondia totalmente aos melhores padrões europeus, algo com que hoje podemos apenas sonhar.

Por isso, responder à pergunta sobre quantas línguas Vladimir Lenin sabia é bastante simples, sendo suficiente olhar para seu boletim:

(Na ordem em que aparecem: Ensino Religioso, Língua e Literatura Russas, Lógica, Língua Latina, Grego [Antigo], Matemática, História, Geografia, Física e Geografia Matemática, Língua Alemã e Língua Francesa. Ainda hoje a conceituação russa vai até 5 – “piatiórka” –, e não até 10, como a nossa.)

Partindo deste documento, podemos concluir que o jovem Ulianov dominava perfeitamente cinco línguas: eslavo eclesiástico (não indicado à parte, mas incluído nos cursos de Língua Russa e Ensino Religioso), latim, grego antigo, alemão e francês.

O ensino de línguas no ginásio tsarista estava posto num nível superior, do qual não chega nem perto a profanação constituída pelo ensino de línguas estrangeiras em nossa escola moderna. À guisa de exemplo, trazemos um pequeno fragmento de um manual ginasial, cujo nível de estudo linguístico na Rússia atual só é alcançado nas faculdades de Letras, e ainda assim nas melhores instituições de Moscou:

(O texto consiste num parágrafo explicando em russo, ortografia pré-1918, o significado e função dos artigos definidos – nossos “o, a, os, as” – em grego antigo. Como exemplo explicativo, são usados seus equivalentes em alemão e francês, além de frases em grego traduzidas em alemão, francês e, com observações intercaladas, russo.)

Por isso, as notas máximas de Lenin em línguas não são nossas falsas notas máximas depois das quais as pessoas passam anos gastando dinheiro em escolas de idiomas. São notas máximas de verdade, um domínio perfeito.

Contudo, Lenin não se deteve nessas línguas. Durante o exílio, melhorou sua conversação em alemão e francês, já que apesar de tudo um meio linguístico não é uma sala de aula, e também aprendeu inglês. Além disso, ele lia em italiano, polonês e checo, e entendia sueco. Nadézhda Krúpskaia, esposa de Lenin, aprendeu italiano, e observando a esposa, ele adquiriu nessa língua um conhecimento de leitura e de comunicação cotidiana mínima. Não foi algo extremamente difícil, levando-se em conta seus conhecimentos de francês e latim.

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Quais línguas Lenin sabia? (Kratkoe.com)

Vladimir Lenin sabia perfeitamente as línguas francesa e alemã. Ele as aprendeu enquanto estudava no ensino ginasial, no qual também se ensinavam grego antigo e latim. Lenin sabia grego antigo e moderno num nível cotidiano: entendia o que lhe falavam e podia explicar-se. Vale ressaltar que o líder falava alemão perfeitamente, pois viveu por muito tempo na Áustria-Hungria, na Suíça e na Alemanha levando uma vida política bastante ativa que incluía proferir informes, cursos e discursos políticos.

Lenin aprendeu inglês sozinho. Ele conversava fluentemente sem tradutor com o coronel Robins, adido militar americano, e com o cônsul britânico Lockhart.

Lenin procurava ler jornais italianos e aprendeu um punhado de frases prontas graças à ópera italiana. Aliás, sua própria esposa, Nadezhda Krupskaia, estudava italiano, e o marido aprendeu algumas coisas com ela.

Fontes também afirmam que Lenin podia com facilidade ler polonês e entender checo e sueco. Mas seu nível de compreensão de línguas estrangeiras e sua velocidade de leitura nunca foram testados. Podemos crer que quando esteve na Itália, o líder se comunicava com os italianos, mas não sabemos com que fluência e exatidão.

Em suma, tendo estudado suas anotações em publicações estrangeiras, os acadêmicos concluíram que Vladimir Lenin sabia 11 línguas.


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