sábado, 6 de fevereiro de 2021

E. Dimitrov: “Meu país, minha Bulgária”


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Novamente estou ampliando o repertório de países eslavos, trazendo um cantor búlgaro considerado um dos maiores de seu país, que fez grande sucesso nas décadas de 1960 a 1980. Emil Dimitrov nasceu em 1940 na cidade de Pleven e faleceu em 2005 na capital Sófia. Esta canção, considerada seu maior hit e uma espécie de hino nacional não oficial da Bulgária, se chama “Моя страна, моя България” (Moia straná, moia Balgaria), Meu país, minha Bulgária, lançada em 1970 no álbum Canta Emil Dimitrov. A melodia é do próprio Dimitrov, a letra é de Vasil Andreev, e os arranjos e regência são de Mitko Shterev. A música também é conhecida como “A canção búlgara do século 20”.

Moia straná... foi lançada inicialmente em francês, na França, onde se tornou um hit sob o nome Monica, mas com uma letra toda diferente. Esse texto foi escrito pela cantora e letrista francesa Manou Roblin (n. 1944), segundo o verbete a ela dedicado na Wikipédia em francês. A versão búlgara chegou inicialmente a fazer sucesso, mas logo a censura do então regime comunista a proibiu, alegando ter “influência burguesa e referências à emigração”. Dimitrov contaria mais tarde que essa referência teria sido mal interpretada na frase “Eu vou voltar”, enquanto num concurso nacional chegou a haver até uma mudança de regras pra que Moia straná... não ganhasse. Contudo, findo o comunismo, a canção retomaria a notoriedade e receberia várias outras gravações, de Dimitrov e vários outros cantores.

Emil Dimitrov seria o artista búlgaro mais vendido da história nacional, com 65 milhões de discos vendidos no mundo inteiro, 40 milhões deles apenas na antiga URSS e nos países comunistas europeus. Foi o primeiro cantor a introduzir na Bulgária temas folclóricos às canções populares. Passou vários anos na França, onde gravou várias músicas em francês, e cantou em búlgaro vários hits mundiais famosos, como Datemi un martello e Melody Lady, conhecido no Brasil em versão de Sidney Magal. Casou-se duas vezes, tendo inclusive se casado novamente em 2000 com a mesma mulher de quem tinha se separado em 1991, e seu único filho também se chama Emil Dimitrov (n. 1970). Sofreu um derrame em 1999, que interrompeu sua carreira após limitar sua fala e movimentos e de cujas consequências morreria em 2005. Sua última aparição pública, em cadeira de rodas, foi num grande show em sua homenagem, em 2002.

Eu mesmo fiz a tradução pro português, embora usando quase sempre as versões em russo, inglês e (apenas parte 1 e refrão) francês da Wikipédia, mas cotejando com o original búlgaro quando necessário. No primeiro vídeo, que tem legendas bilíngues, este áudio foi o melhor que achei, embora também haja um rico canal todo dedicado a Emil Dimitrov. Notas sobre a transliteração do cirílico: 1) Eu uso meu próprio sistema que abrange cinco idiomas diferentes; 2) Transliterei a vogal gutural “Ъ” como “a”, mas em sílabas tônicas “â” com circunflexo, pra aumentar a clareza; 3) Usei o acento agudo apenas nas vogais tônicas em fim de palavra, pra facilitar a pronúncia e o entendimento dos interessados. Dessa forma, temos algumas palavras femininas terminadas em consoante, com acento no artigo definido posposto, como liubov/liubovtá (amor/o amor), prast/prasttá (terra/a terra) e pesen/pesentá (canção/a canção).

No segundo vídeo, uma rara apresentação ao vivo de Emil Dimitrov em 1970. No terceiro vídeo, temos o cantor russo Iosif Kobzon, conhecido como “Frank Sinatra Soviético”, e o artista búlgaro Filip Kirkorov. O belo show foi transmitido pelo canal Rossia 1 em 14 de setembro de 2012, celebrando o aniversário de 75 anos de Kobzon.




1. Колко нощи аз не спах,
Колко друми извървях –
Да се върна.
Колко песни аз изпях,
Колко мъка изживях –
Да се върна.
В мойта хубава страна
Майка, татко и жена
Да прегърна.
Там под родното небе
Чака моето дете
Да се върна.

1. Kolko noshti az ne spakh,
Kolko drumi izvarviakh –
Da se vârna.
Kolko pesni az izpiakh,
Kolko mâka izzhiviakh –
Da se vârna.
V moita khubava straná
Maika, tatko i zhená
Da pregârna.
Tam pod rodnoto nebé
Chaka moeto deté
Da se vârna.

Припев:
Моя страна, моя България,
Моя любов, моя България.
Моя тъга, моя България,
При теб ме връща вечно любовта.

Pripev:
Moia straná, moia Balgaria,
Moia liubov, moia Balgaria.
Moia tagá, moia Balgaria,
Pri teb me vrâshta vechno liubovtá.

2. Даже нейде по света,
Неизвестен да умра,
Ще се върна.
В мойта хубава страна
И тревата, и пръстта
Да прегърна.
Нека стана стръкче цвят,
Нека вятъра познат
Ме прегърне.
Нека родните поля
Да ме срещнат с песента,
Щом се върна.

2. Dazhe neide po svetá,
Neizvesten da umrá,
Shte se vârna.
V moita khubava straná
I trevata, i prasttá
Da pregârna.
Neka stana strâkche tsviat,
Neka viatara poznat
Me pregârne.
Neka rodnite poliá
Da me sreshtnat s pesentá,
Shtom se vârna.

(Pripev)

Моя страна, моя България,
Моя прекрасна страна,
Ще се върна.

Moia straná, moia Balgaria,
Moia prekrasna straná,
Shte se vârna.

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1. Quantas noites não dormi,
Quantos caminhos percorri:
Tenho que voltar.
Quantas canções eu cantei,
Quantos tormentos eu passei:
Tenho que voltar.
No meu belo país,
Mãe, pai e esposa
Tenho que abraçar.
Lá, sob o céu natal,
Minha criança espera
Pela hora de eu voltar.

Refrão:
Meu país, minha Bulgária,
Meu amor, minha Bulgária,
Minha tristeza, minha Bulgária,
O amor sempre me traz de volta a você.

2. Mesmo se morrer desconhecido
Em qualquer lugar do mundo,
Eu vou voltar.
Em meu belo país,
A grama e a terra
Tenho que abraçar.
Que eu vire um talinho de flor,
Que o vento tão familiar
Me abrace.
Que os campos natais
Me recebam com uma canção
Assim que eu voltar.

(Refrão)

Meu país, minha Bulgária,
Meu país maravilhoso,
Eu vou voltar.


Kobzon diz no começo: “Конечно, я ещё не могу не вспомнить мою любимую страну, Болгарию, куда я впервые выехал из Москвы, впервые побывал за границей, и побывал в семье родных людей. И, конечно, очень рад, что у нас появился свой болгарин, Филипп Киркоров.” (Claro que não posso me esquecer de meu país preferido, a Bulgária, minha primeira estadia no exterior saindo de Moscou, junto a uma família de pessoas queridas. E, claro, estou muito feliz que apareceu entre nós um búlgaro amigável, Filip Kirkorov.)

Kirkorov diz no final: “Никакого болгарского слова, чтобы выразить благодарность, восхищение за то, что Вы сделали для всей музыки нашей страны, и взрастили мой вкус, и сегодня сделали так, что я имею честь и право выступать на Вашем юбилее. Спасибо Вам большое. С днём рождения!” (Não há palavra em búlgaro que expresse minha gratidão e admiração pelo que você fez por toda a música de nosso país, por ter educado meu gosto, e agora ter me dado a honra e o direito de cantar em seu jubileu. Muito obrigado. Feliz aniversário!) Kobzon: “Спасибо, Филипп Киркоров!” (Obrigado, Filip Kirkorov!)


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