Este trecho ficou muito famoso no mundo do cinema por conter o tema principal do filme polonês Zimna wojna (Guerra fria), lançado em 2018 e que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2019. O filme trata do período comunista da Polônia, e quem está cantando é a atriz protagonista, Joanna Kulig, no primeiro vídeo em versão jazz com arranjos de Marcin Masecki e letra adaptada por Mira Zimińska-Sygietyńska, e no segundo vídeo em coral popular com Kulig à frente. O poema original, na verdade, possui autoria anônima, e recebeu melodia própria de Tadeusz Sygietyński. A expressão serduszko pode significar em polonês o diminutivo de serce (coração) ou a figuração estilizada de um coração, que usamos em contextos apaixonados.
O filme Guerra fria é um drama que se passa na Polônia e na França entre as décadas de 40 e 60, e tem como centro do enredo um diretor musical que descobre uma jovem cantora e termina engatando um romance com ela. Nesta edição 91 do Oscar, a película concorreu aos prêmios de Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Fotografia e Melhor Diretor, tendo sido muito aclamado ao estrear e ganhar a palma de Melhor Diretor no Festival de Cannes em 2018. Wiktor Warski (com o ator Tomasz Kot) e Zula Lichoń (interpretada por Joanna Kulig) levam uma relação de amor profundo, obsessivo e destrutivo, mas como vivem no período da Polônia comunista, têm que se adequar às regras do regime pra trabalhar. Tentando fugir pro Ocidente pra desfrutarem de liberdade criativa, veem uma oportunidade surgir na França, mas o destino acaba os separando.
Pianista e maestro de um grupo folclórico, Wiktor encontra Zula em 1949, quando fazia compilações de canções populares no interior, e se apaixona por seu caráter e talento de voz e dança. Entre as muitas viagens do músico e entre as muitas turnês do grupo folclórico da moça, eles vão se encontrando e se separando. Nesse meio Wiktor é inclusive preso num campo de trabalhos forçados na Polônia, acusado de traição e cruzamento ilegal de fronteiras, quando retornou um dia a seu país. Kulig gravou a faixa completa especialmente pro filme, e o famoso grupo folclórico Mazowsze também já tinha sua apresentação.
Eu mesmo traduzi e legendei o trecho da canção, tendo baixado um vídeo sem legendas com a cena do casal no bar L’Éclipse, em Paris, e outro vídeo sem legendas com a cena no teatro polonês, em cuja entrada há inclusive uma faixa escrita Partia – Naród (Partido – Povo). Apesar do primeiro ter legendas em inglês, foi o melhor que achei, pois um que estava sem intervenção nenhuma não tinha sincronia do som com a imagem. O final da letra, a qual copiei desta página, difere um pouco nas duas versões. Seguem as respectivas legendagens, a letra em polonês com as segundas estrofes diversas se seguindo, e a tradução em português:
Dwa serduszka, cztery oczy, ojojoj... Mnie matula zakazała, ojojoj... Mnie matula zakazała, ojojoj... ____________________
Minha mamãe me proibiu, oi, oi, oi... Minha mamãe me proibiu, oi, oi, oi... |
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe suas impressões, mas não perca a gentileza nem o senso de utilidade! Tomo a liberdade de apagar comentários mentirosos, xenofóbicos, fora do tema ou cujo objetivo é me ofender pessoalmente.