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Inicialmente, digitei meus sonetos no computador e imprimi em folhas repartidas. Mas quando quis me livrar delas pra desocupar espaço, digitalizei-as em arquivos de imagem, e guardo em backup meus poemas preferidos. Três interessantes textos formam uma unidade de trabalho que o Paulo, meu professor de Português no início do 3.º ano do Ensino Médio, pediu-nos pra fazer logo depois das férias de verão. Ele ficou com a gente apenas uns dois meses, ou nem isso, e cedeu o posto à Prof.ª Graça Betânia, notável acadêmica e uma ótima pessoa que nos acompanhou até a formatura. Mas ele me marcou por seu aparente interesse nos mesmos temas que eu, a começar pela língua latina, tanto que foi ele quem me indicou o livro Não perca o seu latim, de Paulo Rónai, que só agora tive tempo de comprar e degustar.
Nas primeiras aulas, ele propôs que escrevêssemos três poemas, com os seguintes títulos/temas: “Eu procuro você” (31 de janeiro), “Eu em você” (4 de fevereiro) e “Depois de você” (11 de fevereiro). Não sei o que meus colegas acharam, mas eu estava no Paraíso: adorava atividades criativas, sobretudo relacionadas à escrita e poesia, e na 7.ª série, por exemplo, adorava quando a Prof.ª Sandra Del Roio pedia pra fazermos redação de tema livre. Era como o momento em que a “tia” do primário, querendo matar tempo, mandava desenhar em folhas brancas de sulfite! Realmente, nunca descobri qual era a intenção pedagógica do Paulo, mas guardo até agora as cópias dos papéis escritos à mão e a digitação posterior pro acervo. Neste eu me baseei pra corrigir os primeiros e repostar aqui.
Modifiquei ligeiramente os títulos, e parece que não segui uma regra métrica fixa quanto à quantidade e tonicidade das sílabas. Inclusive, como eu estava no começo, fiz coisas aí que não repito hoje: misturar vogais tônicas e átonas numa mesma sílaba, forçar ditongos em hiatos e “abreviar” palavras que geralmente são comidas na música popular, como “minha”, contada como uma sílaba só. Por isso, a leitura ritmada é impossível. Também parece haver uma mistura de registros, com construções informais onde predominam palavras formais, e o uso de vocabulário informal numa estrutura formal: isso é normal quando se tem pouca bagagem de leitura. A ressalva é que nos sonetos 1 e 2, tentei deliberadamente usar o pronome “tu”, e no 3, apenas “você”.
As rimas pobres até podem ser perdoadas, mas há dois problemas de redação que decidi não corrigir: no soneto 2, a expressão “em seu castelo for reinando” se refere a “quem estás amando” ou à “princesa” (a quem trato por “tu”)? É provável que se refira a ela, mas deveria evidentemente ser “em teu castelo fores reinando” (aliás, princesas reinam?...), concordância que pode ter sido quebrada pelo bem de uma já estropiada métrica. No soneto 3, o verso “A felicidade sua ausência atrasa” obscurece qual é o sujeito e qual é o objeto. O contexto esclarece que “Sua ausência atrasa a felicidade”, mas como num poema romântico também é possível que “A felicidade atrasa sua ausência”, o entendimento imediato fica prejudicado.
Também é interessante que o segundo soneto figura minha atração, não exatamente uma “paixão”, por alguma garota da classe, a qual nem externei e muito menos esperava que pudesse ser correspondida. Até desconfio quem possa ter sido ela, mas naquela turma, minhas explosões hormonais quase sempre eram repelidas... Enfim, espero que vocês tenham gostado de eu ter compartilhado um pouco de mim e aguardem por “novos velhos” sonetos! Pra mim é salutar revisitar as criações do passado, pois compõem parte da longa trilha intelectual que me fez chegar até aqui. Mas se há quem pense que eu queria deixar elementos pra um futuro biógrafo, por que não? Rs.
Eu te procuro (31/1/2005) Em que lugar do mundo estás, amor? Dize-me já onde posso te buscar, Sem ti, apenas sou metade de mim, Volta, amor, acaba com essa saudade, ____________________ Eu em você (4/2/2005) Cobre teu semblante felicidade Teus olhos instigantes são serenos, Calça jeans nas pernas grossas: beleza, Agora não sei quem estás amando, ____________________ Depois de você (11/2/2005) Você me abandonou, me fez tristonho, Sua partida deixou minha mente em brasas, Sem você, não há tempo posterior, Se as lembranças houvesse ressarcido, |
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