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Esta interessante canção, que traduzi um dia depois da derrota do Brasil pra Bélgica na copa de 2018, só pra provocar, se chama La Brabançonne e constitui o atual Hino Nacional da Bélgica. O poema original completo é em francês, mas apenas a última estrofe da versão mais recente é empregada como hino e foi traduzida também pro alemão e pro holandês. A primeira letra francesa foi escrita por Alexandre Dechet, conhecido como Jenneval (1830), e a melodia é de François Van Campenhout (também 1830).
Hypolite Louis Alexandre Dechet (1801-1830), dito Jenneval, foi um comediante e poeta francês, que compôs uma letra patriótica durante a Revolução Belga de agosto de 1830, a qual levou à cisão da Bélgica face aos Países Baixos. Inicialmente com texto louvando o monarca holandês por poder ser sábio o suficiente pra resolver o conflito, ela foi modificada em setembro pelo próprio Jenneval, junto com o médico, escritor, político e poeta Constantin-François Rodenbach (1791-1846), pra repudiar a repressão holandesa contra os insurgentes. O poeta francês foi morto em outubro, lutando pela independência da Bélgica.
François Van Campenhout (1779-1848) nasceu em Bruxelas, foi cantor de ópera, violinista, maestro e compositor. De sucessiva nacionalidade francesa, holandesa e belga, foi maçom, recebeu diversas honrarias reais belgas e teve direito a uma pensão vitalícia pela composição da melodia do hino. La Brabançonne só foi oficializada em 1860, mas não sem antes Charles Rogier (1800-1885), maçom, parlamentar e duas vezes primeiro-ministro, ter decretado um novo poema de sua autoria, julgando o anterior muito anti-holandês e não consensual.
A melodia era executada tão diferentemente entre diversos músicos que em 1873 uma partitura de Valentin Bender foi declarada oficial, e em 1921 apenas a última estrofe do texto de Rogier foi mantida no hino nacional. Contudo, apenas em 1938 oficializou-se a tradução dos versos em holandês, cujo autor desconheço. Como o hino da Suíça, a versão oficial da Brabançonne é poliglota (a estrofe está nas três línguas, ou pode ser cantada uma versão mista), sendo o alemão a língua da realeza belga, e o holandês tendo na Bélgica o nome de “flamengo”. Existem outras versões não oficiais em francês, bem como uma tradução não oficial em valão, idioma aparentado ao francês.
A canção de Jenneval recebeu inicialmente o título La Bruxelloise, mudado depois pra La Brabançonne, que pode ser traduzido em português como A Brabantina ou A Brabançã, às vezes Canção de Brabante. Refere-se à região histórica de Brabant (ou Brabante), que hoje abrange um território dividido entre o sul da Holanda e o norte da Bélgica. Desde o século 9, passou pelas condições de província do Império Carolíngio, condado, ducado, domínio da Espanha e da Áustria, e enfim dividida em duas províncias, uma da Holanda e outra da Bélgica. Em 1995 a belga foi repartida em Brabante Flamenga, Brabante Valã e Região de Bruxelas.
Eu baixei o áudio deste vídeo, que tem uma linda montagem com as três letras e cujo cantor desconheço. Eu mesmo traduzi, montei o vídeo e legendei: assistam-no duas vezes, lendo primeiro o original e depois a tradução! Eu tirei os textos da Wikipédia inglesa, e usei a tradução dela pra entender melhor o holandês. Na parte holandesa em que aparece kracht (força), o cantor diz hart (coração), repetição que aparece em algumas versões da letra na internet. Mas decidi manter kracht por ser o texto oficial. Seguem minha legendagem, o texto nas três línguas e a tradução em português:
Francês: Alemão: Holandês: ____________________
Alemão: Holandês: |
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