A presença de Charles Aznavour na minha vida é constante. Desde que comecei a escutar por conta própria um velho LP de minha avó com as melhores canções dele, não parei mais de ouvir e pesquisar as letras. Com ele comecei a gostar e a aprender a língua francesa, aprendendo a pronúncia, praticamente, comparando o áudio com o texto. Hoje, ao lado de Julio Iglesias e Sergio Endrigo, considero-o um dos maiores ícones da música romântica mundial, e como eles, um dos mais estimados quando quero ouvir algo realmente elaborado.
Quase sempre, Aznavour mesmo compunha suas próprias canções, como nosso Roberto Carlos. Uma delas, com título inglês, chamava-se Slowly (Devagar), que era justamente mais conhecida por sua versão inglesa, e foi gravada em francês no álbum Voilà que tu reviens (1976). Aznavour era tão mitológico que, além de compor em francês, compunha também em inglês, espanhol, alemão, italiano etc. e depois retraduzia pro francês! Há uns anos tenho o áudio em MP3 dessa versão francesa, mas quando fui procurar agora no YouTube pra adicionar a uma playlist pessoal, não achei de jeito nenhum. Como supus que tinha se tornado algo raro (como o próprio álbum de 76), decidi eu mesmo carregar com uma montagem e tradução próprias.
Quando Aznavour fala em slow na música, ele se refere à parte de uma festa ou baile em que, após a dança e curtições animadas e barulhentas, baixa-se o volume, diminui-se a luz e os casais se abraçam num bailado lento. Por isso traduzi slow apenas como “baile”: pelas imagens e pelo contexto geral (incluindo a melodia), dá pra se deduzir que é essa parte do baile, e não a festa toda. Na verdade, não é nem uma coreografia propriamente, mas um pretexto pra azaração e carícias... Vocês não conhecem a canção A raposa e as uvas, de Reginaldo Rossi, falando dos nossos “bailinhos” dos anos 50? “Lembro com muita saudade/Daquele bailinho/Onde a gente dançava/Bem agarradinho/Onde a gente ia mesmo/É pra se abraçar”. Atualmente, ainda é algo muito comum nas festas de 15 anos, que se tratam praticamente de uma iniciação social, amorosa e “libidinosa” dos adolescentes. Essa ocasião teve sua pintura maior na França em 1980, com o filme La Boum, que lançou a jovem Sophie Marceau, mas na Europa o slow como música é quase considerado gênero à parte.
Do próprio Charles Aznavour nem preciso falar, mas pros jovens que tão se iniciando na música internacional, aí vai um estímulo. Nascido Shahnourh Varinag Aznavourian (1924), de pais armênios que por acaso se instalaram em Paris, foi registrado com o prenome “Charles” por não entenderem o original e adotou o “Aznavour” quando começou a carreira artística aos 9 anos de idade. Fazendo sua estreia pública em 1956, consagrou-se como astro nos anos 80, e ao longo dos anos, além de ser cantor, compositor, ator e escritor, empreendeu várias ações beneméritas em prol da Armênia. O país do Cáucaso lhe tem dedicado várias homenagens, como estátuas e museus, e Aznavour mesmo é de religião cristã armênia. Na vida artística e pública, sempre tocou em temas societais polêmicos, e atualmente reside na Suíça. Seu maior sucesso, inclusive no Brasil, é She, que tem também a versão francesa, minha preferida, Tous les visages de l’amour.
Eu mesmo traduzi a canção direto do francês, montei o vídeo e legendei. Não posso dizer a fonte do áudio, porque há muito tempo o tenho, mas tenho dúvidas sobre se baixei do YouTube mesmo ou do 4shared. Eu copiei a letra original desta página, mas ela também segue abaixo, com minha própria divisão em versos e junto da legendagem e da tradução em português. Já que as legendas são bilíngues, assistam ao vídeo duas vezes, lendo uma parte de cada vez! Nota importante: somente agora percebi que legendei errado, quando “Les violons nous ferons un tapis” devia ser “Les violons nous FERONT un tapis”. Desculpem pela falha:
Slowly, slowly Slowly, slowly Viens contre moi, viens Slowly, slowly Nous rentrerons Et slowly, slowly ____________________
Devagar, devagar Venha até mim, venha Devagar, devagar Nós voltaremos E devagar, devagar |
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