quinta-feira, 5 de abril de 2018

Ex-premiê da Itália congela ao vivo


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Há alguns anos, este vídeo se tornou um viral na Itália, e chegou a ser zoado no Brasil com o nome “Vovô Maionese” (parece que apagaram esta versão). Lembrando dele por acaso e pesquisando, descobri do que se trata: o ex-primeiro-ministro democrata cristão da Itália, Giulio Andreotti (1919-2013), estava participando de um programa dominical bem no dia 2 de novembro de 2008. Numa série dedicada às relações entre os políticos e as crianças, a apresentadora Paola Perego o entrevistava, quando de repente ele simplesmente “apaga”, “buga”, “dá um tilt”, não fala mais, aos olhos atônitos do público e da condutora.

O nome que os italianos davam pra essa situação era um malore, ou seja, um mal-estar súbito que, no caso de Andreotti, não significou nada de mais grave. Mas a piada está em que esse velho foi um dos políticos mais importantes da República italiana (período pós-1945), tendo sido primeiro-ministro (Presidente do Conselho de Ministros) três vezes (1972-73, 1976-79 e 1989-92) e ocupado vários ministérios (Interior, Exterior, Indústria, Defesa e Finanças) ao longo dos anos, além de ser senador vitalício desde 1991. Como em todo país em que alguém se envolve muito com a política, foi acusado de esquemas escusos, ligações com a Máfia, cumplicidade em assassinatos e outros envolvimentos secretos, tendo sido julgado e absolvido na maioria dos casos. Isso fez despertar a curiosidade de um dos espectadores do vídeo italiano, entre os vários insatisfeitos com a política nacional: “Morreu levando inúmeros segredos podres da República...”.

O fato de ter sido num domingo de Finados só torna a piada ainda mais tenebrosa. Perego começa perguntando: “Ecco, lei con i bambini, quale futuro li aspetta, e quale futuro lei si augura per i bambini di oggi?”. Vendo que ele não responde, repete: “Presidente, quale futuro lei si augura per i nostri bambini?”. Só depois de chamá-lo de novo: “Presidente? Presidente?”, ela percebe que houve algo errado, assim como a produção, que interpõe um comercial. Paola Perego (n. 1966) é um empresária, atriz, apresentadora e ex-modelo italiana, e em março de 2017 se envolveu numa polêmica ao falar, num programa, a respeito das “vantagens” do homem se casar com uma “mulher do Leste” (isto é, eslava). Considerada muito machista, a transmissão foi escrachada e o próprio programa saiu do ar. Questa Domenica (Neste Domingo), que aparece no vídeo, foi um programa de variedades que durou de 2008 a 2009 (a atriz agourenta deveria chamar-se “Paola Perrengue”...), concorria com o poderoso canal RAI e só ficou famoso, talvez, pelo episódio com Andreotti.

O episódio é narrado no livro Roma: L’impero del crimine (Roma: O império do crime), de Yari Selvetella, capítulo “Il funerale di Andreotti (Studi televisivi di via Tiburtina, 2 novembre 2008)”, cujas páginas não identifiquei no Google Books. Foi daí que tirei a transcrição em italiano do que falou Paola Perego, e tomei a liberdade de transcrever abaixo todo o capítulo e adicionar uma tradução em português, logo após a legendagem que eu mesmo fiz e postei no canal Eslavo (YouTube). Destaca-se no texto como a transmissão parecia encenada, a plateia domesticada, e Paola ensaiada, assistindo o povo à TV como um ritual mais demarcado ainda pela ida aos cemitérios de manhã, o almoço e a diversão à tarde. Na época, o ex-premiê (chamado “Presidente”) foi comparado pelos youtubers a um Windows que, como era comum na época, vivia travando...

Eu baixei o vídeo original desta página, e eu apenas fiz o corte pra tela moderna, e então traduzi e legendei. O texto foi um pouco difícil de traduzir, porque possui muitas expressões típicas do teatro e outras idiomáticas que se misturam a referências específicas. Por isso, ele não está totalmente literal, mas como ele não é o elemento mais importante, passa bem o sentido:



O funeral de Andreotti (Estúdios televisivos
da estrada Tiburtina, 2 de novembro de 2008)

O estúdio está cheio, domesticado. Um assistente, como de costume, rege a orquestra dos humores. O público responde, sempre sóbrio, dá risada e aplaude, suspira como que espalhando o cheiro de um perfumador de ambientes. No domingo à tarde, em novembro, 2 de novembro de 2008, o show é transmitido após o almoço festivo. Celebram-se os mortos, há filas no cemitério para comprar crisântemos, disputa-se o estacionamento. Depois de voltar para casa, as pessoas comem e assistem à TV.

Duas poltronas baixas e brancas convergem ao ponto de fuga da câmera. Aqui, o País, a notável parte que ainda segue esses ritos; ali, ele e uma apresentadora de timbre gutural. Aplicada, ela recita perguntas consentidas. Uma filmagem feita oito anos antes é mostrada ao convidado e ao público. É outro programa, com crianças adestradas pela curiosidade. Um garotinho loiro, com uma idade entre pré-escolar e fundamental, toma a palavra:

“Como o senhor está aí há tanto tempo? Eu acho a política tão irritante...”

Ele é rápido e claro, mexe as mãos com percepção, a voz não se demora. Sua espontaneidade mal se afeta ao esperar um desfecho pré-determinado. Está prestes a pronunciar uma brincadeira. Outro assistente de estúdio erguerá os braços, a plateia vai rir. Talvez vai rir independente de indicações.

“O político é eleito e representa o povo. Também no povo há pessoas irritantes...”.

Uma pausa imperceptível.

“... talvez alguns o representem melhor do que outros”.

Risadas, aplausos. O ancião filmado se dissolve coberto por novas valorações. Ele está mais velho agora, seu semblante está cansado, como papel deixado ao ar livre. Tem quase noventa anos, está sempre aí. Um estúdio de televisão, um público, as perguntas certas. Agora a apresentadora pega o gancho para lançar a próxima questão. É uma das que não preveem respostas plausíveis, mas apenas aproximações, descrições, ficções representativas, suspensas no fio estendido entre o trágico e o cômico.

“Pois bem”, exorta, “qual futuro aguarda as crianças, e qual futuro o senhor deseja para as crianças de hoje?”.

Poderiam agora se verificar duas hipóteses que tornariam totalmente imprópria a continuação da entrevista. A primeira seria que o Endiabrado, como tantas vezes lhe deixaram e deram por apelido, desse fôlego a um instinto mais forte de proverbiais delicadezas e engolisse o bom-senso com uma resposta do tipo:

”Desejo que catástrofes bíblicas e novas pestes ignoradas se abatam sobre as novas gerações e que a guerra se espalhe em cada país. Desejo que os jovens conheçam o ódio como medida do mundo, que novas tragédias e perseguições façam parecer o século 20 uma alegre hora do chá para viúvas beatas. E que agora mesmo alguém menor de catorze anos pegue uma metralhadora Uzi para exterminar teus pais, a você que tem a coragem de fazer perguntas tão idiotas, e a mim que estou aqui respondendo”.

Não. Isso não ocorreu.

A segunda hipótese, contudo, é inusitada. E se realiza. Silêncio. Os cantos curvos da boca sem lábios, o chefe bruscamente privado de partes moles, sem carne. Apenas um revestimento de fibras secas, silêncio. Paralisia.

Um. Dois. Três. Silêncio. A câmera está fixa. Quatro. Cinco. Seis. Nada. O assistente de estúdio está quase perdendo o controle da orquestra, o públio está confuso. O vácuo na televisão é um horrível chamado à realidade, é mal, é dor. O atraso não calculado é péssimo. Também o sente a apresentadora, o embaraço é o pior dos sentimentos. Ela insiste.

“Presidente, qual futuro deseja às nossas crianças”. Não fala como se fosse uma pergunta, repete o que lhe sopram no teleponto. Uma nova contagem ocupa o ar.

Um.

Dois.

Três.

Eu me lembro de Roma, belíssima. Estava no meio dos atores e atrizes do cinema, estava vendo um monte de filmes. Estava com papas e cardeais, com os poderosos, eu que não era nada, apenas um menininho adoentado, curvo, com os olhos de outro corpo, alegres e inteligentes.

Quatro.

Cinco.

Seis.

As minhas deixas. Meus famosos trocadilhos. Originais ou tirados de antigas leituras, desde então meus. A malícia dos bons é perigosíssima. Mas isso agora não nos vem ao caso. Talvez, pois, este outro: voltaremos a falar de festas em minha honra quando eu fizer cem anos. Poderá ser? Qual futuro para as crianças, Presidente? Em Segni, junto às freiras de Santa Joana Antida, davam-nos sangue cozido para comer, coagulado em pedaços. Sólido. Mamãe, estão me dando terra para comer.

Sete.

Oito.

Nove.

Venci. Uma luta dura, mas venci. Mantive-me firme, produzi e guardei segredos, cumpri e dei ordens. A razão de Estado. A razão é da parte do Estado, e o Estado sou eu. Eu sou a república italiana. Eu sou o cavalo que corre, como dizia Franco. No fim de tudo colhi sozinho os louros. O tempo raspa, corrói os detalhes.

Dez.

Onze.

Doze.

Em sua simplicidade popular, o cidadão não sofisticado, passando em frente ao parlamento ou aos ministérios, às vezes é impelido a duvidar que seja ali mesmo de onde se governa a Itália.

Treze.

Catorze.

Quinze.

Morrer. Aquela entrevista ao Corriere della Sera. Tem medo da morte, presidente? Não estou preparado. Espero morrer o mais tarde possível. Mas se fosse morrer daqui a um minuto, sei que no além não seria chamado a depor nem sobre Pecorelli, nem sobre a máfia. Sobre outras coisas sim. Mas dessas eu tenho o controle. Sobre outras coisas sim, mas dessas eu tenho o controle. Sobre outras coisas sim, mas dessas eu tenho o controle.

“Senador, o que vai acontecer na Sicília?”.

Salvo Lima acabava de ser assassinado. Um silêncio, um instante de hesitação, uma expressão.

*            *            *

Nessa hora começa a vinheta musical. Intervalo comercial. Que ideia genial do assistente de estúdio. Todos se levantam. Aplausos de pé.

Ele entra em passo altivo, percebe o próprio embaraço. Não o afugenta, todavia, nem mesmo o sádico tamborete que o fizeram encontrar à sua disposição. Descansa no banquinho.

No estúdio duas assistentes, já acomodadas, pernas cruzadas, sorriem. Ele está acompanhado de um médico. Que também é senador de direita, outrora jovem comunista, radical, socialista, cristão revivalista, maçom. Feliz acaso.

A apresentadora sempre sabe o que dizer, ou melhor, sabe que sempre deve dizer qualquer coisa. E dizer bem.

“Obrigada. Queríamos apenas dar ao senhor um jeito de receber os aplausos de toda a nossa plateia...”.

E pronuncia uma piedosa mentira:

“... que foram interrompidos antes pelos comerciais”.

Retumba a torrente de bons sentimentos, em honra deste homem cheio de nós, como um junípero moldado pelo vento, curvado na beira do mar. Um velho que desfruta até mesmo do próprio funeral.

“E queríamos agradecê-lo por ter estado aqui conosco hoje”.

Diminuem os aplausos.

Dezesseis.

Dezessete.

Dezoito.

Agora sim o controle foi retomado. O público obedece, com a costumeira fidelidade.

“Sou-lhes agradecido por terem me colocado não entre dois ladrões, mas entre duas belíssimas moças”. E assim seja.

Dezenove.

Vinte.

Século vinte e um.

____________________


Lo studio è gremito, addomesticato. Un assistente, com’è d’uso, dirige l’orchestra degli umori. Il pubblico risponde, sempre sobrio, ridacchia e applaude, sospira come spargendo essenze da un deodorante per ambienti. Domenica pomeriggio, novembre, il 2 novembre 2008, lo show va in onda dopo il pranzo della festa. Si commemorano i morti, c’è la fila al cimitero a comprare crisantemi, si litiga per il parcheggio. Poi si torna a casa, si mangia, si guarda la TV.

Due poltrone basse e bianche convergono al punto di fuga della telecamera. Qui c’è il Paese, la cospicua parte che ancora asseconda questi riti; lì c’è lui e una conduttrice dal timbro gutturale. Diligentemente recita domande concordate. Un filmato risalente a otto anni prima viene mostrato all’ospite e al pubblico. Un’altra trasmissione, con bambini ammaestrati alla curiosità. Un puttino biondo, di un’età a cavallo tra materna ed elementari, porge la battuta:

«Come fai a stare lì tanto tempo? Tanto per me la politica è scocciante...».

Lui è pronto e limpido, muove le mani con cognizione, la voce è senza indugi. La sua spontaneità è intaccata appena dall’attesa di un esito scontato. Sta per pronunciare una spiritosaggine. Un altro assistente di studio alzerà le braccia, la gente riderà. Forse riderà comunque, anche senza indicazioni.

«Il politico è eletto e rappresenta il popolo. Anche nel popolo ci sono persone scoccianti...».

Impercettibile pausa.

«...forse alcuni li rappresentano meglio di altri».

Risatine, applausi. Il vecchio filmato sfuma coperto da nuovi apprezzamenti. Lui è più anziano, ora, la sua maschera è consunta, come carta lasciata alle intemperie. Ha quasi novant’anni, è sempre lì. Uno studio televisivo, un pubblico, le domande giuste. Ora la conduttrice ha il gancio per quella che deve porre adesso. Una di quelle che non prevede risposte plausibili ma solo approssimazioni, descrizioni, finzioni rappresentative, sospese sul filo teso tra il tragico e il comico.

«Ecco», esordisce, «lei con i bambini: quale futuro li aspetta e quale futuro lei si augura per i bambini di oggi?».

Potrebbero verificarsi ora due ipotesi che renderebbero del tutto incongruo il prosieguo dell’intervista. La prima è che il diavolaccio che tante volte gli hanno tirato addosso per soprannome dia fiato a um istinto più forte di proverbiali finezze e divori il buon senso con una risposta del genere:

«Mi auguro che prodigi biblici e nuovi ignoti morbi si abbattano sulle nuove generazioni e che la guerra dilaghi di paese in paese. Mi auguro che i giovani conoscano l’odio quale misura del mondo, che nuove tragedie e persecuzioni facciano sembrare il Novecento un allegro tea-time per vedove serafiche. E che da subito chiunque al di sotto dei quattordici anni imbracci una mitraglietta Uzi per sterminare i tuoi autori, te che hai il coraggio di fare domande così banali e me che sto qui a rispondere».

No. Non accade questo.

La seconda ipotesi è comunque peregrina. E si verifica. Il silenzio. Lembi curvi della bocca senza labbra, il capo improvvisamente privo di parti molli, senza carne. Solo un rivestimento di fibre secche, il silenzio. Un’estasi.

Uno. Due. Tre. Silenzio. La telecamera, fissa. Quattro. Cinque. Sei. Niente. L’assistente di studio sta per perdere il controllo dell’orchestra, il pubblico è smarrito. Il vuoto in televisione è un’orrida pretesa di realtà, è male, è dolore. L’indugio non calcolato è pessimo. Lo sente anche la conduttrice, l’imbarazzo è il peggiore dei sentimenti. Insiste.

«Presidente, quale futuro lei si augura per i nostri bambini». Non lo dice come fosse una domanda, lo ripete dalla botola del suggeritore. Un nuovo conteggio mangia l’aria.

Uno.

Due.

Tre.

Io mi ricordo Roma, bellissima. Ero in mezzo agli attori e alle attrici del cinema, vedevo un sacco di film. Ero con papi e cardinali, con i potenti, io, che non ero niente, solo un ragazzino malaticcio, curvo, con gli occhi di un altro corpo, allegri e intelligenti.

Quattro.

Cinque.

Sei.

Le mie battute. Le mie famose freddure. Originali o tratte da antiche letture, ormai mie. La cattiveria dei buoni è pericolosissima. Ma questa non fa al caso nostro, ora. Ecco, forse quest’altra: di feste in mio onore ne riparleremo quando compirò cento anni. Andrà bene? Quale futuro per i bambini, presidente? A Segni, dalle suore di Santa Giovanna Antida, ci davano da mangiare sangue bollito, raggrumato in tocchi. Solido. Mamma, mi danno da mangiare la terra.

Sette.

Otto.

Nove.

Ho vinto. È stata dura ma ho vinto. Ho tenuto duro, ho costruito e custodito segreti, ho eseguito e ordinato. La ragione di Stato. La ragione è dalla parte dello Stato, io sono lo Stato. Io sono la repubblica italiana. Io sono il cavallo che corre, come diceva Franco. Alla fine di tutto io solo taglio il traguardo. Il tempo lima, corrode i dettagli.

Dieci.

Undici.

Dodici.

Nella sua semplicità popolare il cittadino non sofisticato, passando dinanzi al parlamento o ai ministeri, è talora indotto a porre il dubbio se sia proprio lì che si governi l’Italia.

Tredici.

Quattordici.

Quindici.

Morire. Quell’intervista al «Corriere». Ha paura della morte, presidente? Non sono pronto. Spero di morire il più tardi possibile. Ma se dovessi morire tra un minuto so che nell’aldilà non sarei chiamato a rispondere né di Pecorelli, né della mafia. Di altre cose sì. Ma su questo ho le carte in regola. Di altre cose sì, ma su questo ho le carte in regola. Di altre cose sì, ma su questo ho le carte in regola.

«Senatore, cosa accadrà in Sicilia?».

*            *            *

A questo punto parte lo stacchetto musicale. Spazio pubblicitario. Che trovata geniale, l’assistente di studio. Tutti in piedi, su. Standing ovation.

Lui entra a passo svelto, misura il proprio imbarazzo. Non lo spaventa, tuttavia, nemmeno il sadico sgabello che hanno fatto trovare a sua disposizione. Si poggia al trespolo.

In studio due vallette, già accomodate, le cosce accavallate, il sorriso. Lui è accompagnato da un dottore. Che è anche senatore di destra, già giovane comunista, radicale, socialista, cristiano rinato, massone. Il caso vuole.

La conduttrice sa sempre cosa dire, o meglio sa che, sempre, qualcosa deve dire. E dirlo bene.

«Grazie. Volevamo solo che lei avesse modo di prendersi gli applausi di tutto il nostro pubblico...».

E pronuncia una pietosa bugia:

«...che prima sono stati interrotti dalla pubblicità».

Scroscia il profluvio di buoni sentimenti, in onore di quest’uomo tutto nodi come un ginepro cotto dal vento, torto in riva al mare. Un vecchio che si gode perfino il proprio funerale.

«E volevamo ringraziarla di essere stato qui con noi oggi».

Scemano gli applausi.

Sedici.

Diciassette.

Diciotto.

Ora sì che la battuta è pronta. Il pubblico attende, con la consueta fiducia.

«Vi sono grato perché mi avete messo non tra due ladroni, ma tra due bellissime ragazze». E così sia.

Diciannove.

Venti.

Ventunesimo secolo.



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