Esta música é conhecida como Canção de Horst Wessel (em alemão, Horst-Wessel-Lied), e foi feita em 1929 justamente por Horst Ludwig Georg Erich Wessel (1907-1930), líder distrital das Sturmabteilung (Tropas de Assalto), também conhecidas como SA, que serviam de força paramilitar em combates de rua do NSDAP (Partido Operário Nacional-Socialista Alemão). Imitando a prática recorrente também no partido comunista (o KPD), ele escreveu a letra, embora os estudiosos ainda discutam de que fonte ele tirou a melodia. Sob o governo de Hitler, a lenda oficial fez crer que o ritmo também era de sua autoria.
Na virada das décadas de 20 e 30, a penúria e a polarização política na Alemanha eram tão grandes que o KPD e o NSDAP chegavam a se enfrentar frequentemente em combates de rua, usando suas próprias forças paramilitares. Numa dessas brigas, Horst Wessel foi ferido gravemente e morreu no hospital, mas após a tomada do poder em 1933, Joseph Göbbels, Ministro da Propaganda, alçou-o à condição de um dos vários mártires e mitos que o regime estava criando pra se legitimar. Assim, o relato canônico informa que Wessel compôs a canção toda e foi morto diretamente pelos comunistas. Na sequência, a música, que já tinha sido adotada como hino partidário em 1930, tornou-se um símbolo nacional em 1933 e era na prática usada como um hino nacional paralelo, ao lado da primeira estrofe da Deutschlandlied (Canção dos Alemães).
Após a derrota alemã na 2.ª Guerra Mundial, a Canção de Horst Wessel teve a execução proibida na Alemanha, assim como em outros países que proibiram a ostentação pública de símbolos do NSDAP, entre eles o Brasil. Mencionadas na música, as SA foram fundadas em 1920, submetidas ao SS (Esquadrão de Defesa) em 1934 e extintas formalmente em 1945, com a ocupação aliada. Quando o hino se tornou um símbolo nacional, alguns trechos do texto original foram trocados, pra mudar o tom de um partido militante pra um partido no poder. (Eu mesmo só vi depois que onde se lê “passo firme e corajoso” devia ser “passo firme e calmo”.) O Rotfront era a organização paramilitar do KPD; a “reação” é uma referência aos conservadores e liberais-democratas que formavam o status quo da Alemanha de Weimar; e a “servidão” refere-se à geopolítica criada pelo Tratado de Versalhes, que impôs aos alemães duras reparações aos vencedores.
Foram feitas versões em várias línguas por outros grupos menores de extrema-direita, inclusive em russo, mas também paródias cômicas e pejorativas em diversos países e momentos da história. Eu tirei a letra em alemão e baixei o áudio da Wikipédia em inglês, e eu mesmo traduzi diretamente daquela língua. Seguem abaixo o vídeo com as legendas que fiz, a letra em alemão (os apóstrofos indicam letras “e” suprimidas na fala coloquial) e a tradução em português:
Die Fahne hoch! Die Reihen fest geschlossen!
Die Straße frei den braunen Bataillonen.
Zum letzten Mal wird Sturmalarm geblasen!
Die Fahne hoch! Die Reihen fest geschlossen!
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A rua livre para os Batalhões marrons.
O clarim está sendo tocado pela última vez!
Bandeira ao alto! Fileiras bem cerradas!
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