Link curto para esta postagem: fishuk.cc/poemfarado
Como eu já falei muita coisa, e duas vezes, em postagens anteriores com meus sonetos em esperanto “Plenkreskiĝo” e “Ĉiutaga vivo”, sobre a época em que eu escrevia tais poemas na adolescência, vou aproveitar pra falar aqui hoje só sobre como eu decidia escrever os versos. Aliás, esse é exatamente o tema do soneto que apresento hoje, “Poemfarado”, palavra composta que pode ser traduzida bem literalmente como “Confecção de poemas” ou, mais livremente, como “Fazendo poemas”, que tem mais a ver com o radical far- (fazer). Esse soneto deve ser do finzinho de 2004, no máximo comecinho de 2005, e pelo tema e estado de espírito que ele reflete, deve ser bem posterior à metade do mês de dezembro de 2004.
Como está escrito nos versos, nunca escolhi lugar pra fazer poemas, e até hoje escrevo inclusive nas aulas do doutorado, quando minha atenção não é totalmente exigida. Claro que atualmente eu mais traduzo do que componho, mas de certa forma, toda tradução é uma recriação, ou seja, o esforço, conhecimento e inspiração exigidos e dispendidos são praticamente os mesmos. Mas quando eu era adolescente, não hesitava em pegar uma caneta e um caderno ou um pedaço de papel e partia pro amplo jardim da minha casa pra escrever versos. Aí tem muitos lugares pra sentar, às vezes até com mesinhas, por isso era bem mais fácil e cômodo rascunhar.
Naquela época, eu publicava o pouco que versificava em esperanto num site pessoal sobre a língua que mantive até os primeiros anos da graduação, mais ou menos. Como eu disse nas postagens anteriores, ninguém até hoje leu nem os textos iniciais nem as traduções em português, até porque o tráfego na antiga página era muito pequeno, e apenas as versões de músicas brasileiras ou estrangeiras eram mais ou menos visualizadas. Eu realmente compunha sobre coisas muito triviais ou comuns (até “adolescentes”, como diríamos hoje), o que não é usual na poesia clássica. Mas acho que o mais frutuoso era justamente a experiência de refletir sobre minha própria vida, sintetizando num espaço compacto e metrificado que é o poema tradicional (ou “parnasiano”), assim disciplinando o pensamento e o vocabulário. E isso em esperanto e em português.
Já nessa época, em meu Ensino Médio (e até antes, na verdade), a gente aprendia muito sobre poesia moderna e modernista, ou seja, que desobedecia completamente à forma e ao conteúdo etéreo. Eu de fato nunca fui muito de fazer viagens nas coisas que escrevia, mas o formato quadrado sempre foi minha especialidade. De algum jeito, eu ainda fiz parte das gerações que aprenderam que poesia tem que ter rima (pelo menos) e métrica certinha, tanto que apesar da porcaria que são hoje, até as canções atuais têm rima. E eu acabei levando isso como uma ginástica mental mesmo, e pra tentar impressionar as pessoas também. Não me arrependo disso, até porque na minha classe eu nunca passei como aquele que rabiscava qualquer coisa sob o pretexto de que “no modernismo vale tudo”.
Abaixo estão o texto em esperanto, sem alterações desde então, e uma tradução improvisada pro português, só pra dar uma noção do conteúdo pra maioria dos leitores. Boa leitura, e espero que gostem!
Poemfarado Kelkfoje mi pli bone skribas poemon Pri beleco, ne mezuriĝas la dozo; Mi ie ajn skribas, en verda korto, Por ke l’ ideo de l’ poem’ estu hela, ____________________ Fazendo poemas Às vezes escrevo melhor um poema Em beleza, não se mede a dose; Escrevo em qualquer lugar, num pátio verde, Para que a ideia do poema seja clara, |
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe suas impressões, mas não perca a gentileza nem o senso de utilidade! Tomo a liberdade de apagar comentários mentirosos, xenofóbicos, fora do tema ou cujo objetivo é me ofender pessoalmente.