domingo, 26 de março de 2017

“O Partido da Guerra” (poema de 2005)


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Desde criança, eu gostava de fazer poemas, sobre os mais variados temas. Até mesmo assuntos de história e ciências podiam se tornar um motivo inusitado pra eu versificar! Deve ser por causa de minha oculta veia artística, que embora nunca me puxasse muito pra literatura, me fazia ler alguma coisa sobre artes plásticas e poesia. Daí a vontade, principalmente até o Ensino Médio, de produzir alguma coisa nesse campo, mesmo que apenas por diversão!

Infelizmente, quase nenhuma aquarela ou desenho meu de antes da faculdade sobreviveu até os dias atuais, mas eu guardei a maioria dos poemas, mesmo que eu nunca tivesse a pretensão de ser um literato profissional. Embora desde cedo eu já demonstrasse propensão às ciências humanas, nunca deixei totalmente essa produção artística, como uma forma de distrair minha mente e, por vezes, pelo menos transformar em algo bonito matérias que em geral parecem tão áridas. A maioria desses textos é inédita, tanto em meio impresso quanto digital, e poucas ou nenhuma pessoa chegou a lê-los, exceto, talvez, minha mãe e minha avó.

Hoje estou postando algo, no mínimo, inusitado. Existe uma espécie de poema chamada “acróstico”, em que as letras iniciais de cada verso, lidas verticalmente, formam uma frase, expressão ou conjunto de palavras. Não conheço a origem e os usos exatos dessa prática, mas sempre me pareceu um jeito inteligente de passar mensagens subliminares, jogando com a dialética entre implícito e explícito. No dia 25 de maio de 2005, quando eu tinha 17 anos, escrevi um acróstico que batizei “O Partido da Guerra”, narrando o que eu sabia sobre a história do Partido Nazista e sua interação com a 2.ª Guerra Mundial. O viés dele é antifascista, e enquanto eu cursava um semestre de História Contemporânea II (século 20) com minha querida Prof.ª Eliane Moura na Unicamp, mais exatamente em outubro e novembro de 2008, revisei-o quase todo com os conhecimentos que adquiri aí e com pesquisa adicional, após o ter deixado três anos guardado.

Acho que escrevi o poema em 2005 como uma espécie de relaxamento mental da correria em que eu estava naquele ano, com formatura do colegial, conclusão de matérias e preparação pro vestibular. Mas, por incrível que pareça, ao que eu me lembre, nem mesmo à Eliane cheguei a mostrá-lo! Onde publiquei realmente, foi no antigo blog “Pensadores libertos”, que mantive em 2009 e 2010, mas deve ter tido pouca ou nenhuma repercussão, pois não havia essa interação entre blogs e mídias sociais como existe hoje. E se as pessoas mal divulgavam coisas alheias no Orkut, ainda por cima quase ninguém no Brasil ainda tinha Facebook! Por isso, nesta página, pretendo dar-lhe suporte e forma definitivos.

Este poema fala sobre a trajetória inicial do Partido Operário Nacional-Socialista Alemão (o NSDAP, ou Partido Nazista), até sua chegada ao poder em 1933 e o papel de Adolf Hitler no aumento da tensão internacional e na eclosão da guerra mundial. As letras iniciais formam palavras ou nomes de instituições ligadas ao regime e à sua filosofia, mas não vou revelá-los, vou deixar que vocês os decifrem e pesquisem a respeito. Minha intenção não foi elogiar o nazismo, muito pelo contrário; mas se algum simpatizante, que porventura venha aqui, ficar fazendo birra com o que escrevi, não estou nem aí. O mesmo vale pra viúvas do stalinismo que possam não gostar de certos trechos. Eu tive um fim basicamente didático, mas posso com motivos duvidar de seu valor artístico e literário. Afinal, eu tinha apenas 17 anos, não conhecia nada sobre literatura e apenas queria me divertir. É com isso em vista que o poema deve ser lido e, talvez, fruído.

Por isso, apesar da aparente bizarrice, espero que vocês gostem disso que escrevi há tantos anos. Nas próximas semanas, quero continuar postando coisas que escrevi ou versifiquei na adolescência, pra deixar enfim guardado pro público tudo o que fiz no passado, e que eu julgue digno de revelar! Não vou ficar ofendido com críticas e sugestões.


Foi em 1919,
Uma cidade da Baviera:
Homens criaram um partido
Rotulado como “dos trabalhadores”,
Enquanto uma filosofia nacionalista
Rastejava na Alemanha.

Norteemos-nos, porém, em outro contexto:
Áustria, Braunau am Inn, 1889:
Tiveram Alois e Klara um filho.
Infância difícil ele viveu!
O menino pintava cartões e quadros...
Na bela Viena ele tornou-se
Artista frustrado.
Lutou bravamente na 1.ª Guerra Mundial:
Soldado? Não, cabo, e condecorado!
Outra cidade, depois, tornou-se sua casa:
Zurique? Não, Munique.
Induzido a participar de um partido,
Aquele ao qual me referi no começo,
Logo se elegeu dele presidente.
Iludido pela ideia do Putsch,
Saiu-se mal:
Todos os rebelados foram presos.
Interno, ele escreveu um livro
Sobre toda a sua doutrina.
Como seria sua filosofia?
Homossexual ou homofóbica?
Eu não sei, e poucos conseguiram saber...

Depois de sair do cárcere,
Ele e seus companheiros voltaram à cena.
Uma multidão de partidários
Teve nas mãos as cadeiras do parlamento.
São perseguidos, então,
Comunistas e liberais.
Hindenburg, antes de morrer, cedeu o governo
E finalmente eles chegaram ao poder.

As perseguições continuaram:
Ricos seriam os judeus,
Banqueiros responsáveis pela crise
Enquanto o povo não arranjava trabalho?
Incitou-se, pois, guerra contra eles!
Travaram-se batalhas contra negros,
Eslavos, ciganos e deficientes físicos
Repudiados em favor de uma “raça pura”.
Planos nas mãos de Hess, Göbbels e Göring,
Ambição desmedida,
Roma é o exemplo para o mundo,
Templos para eternizar a glória do passado,
Expansionismo na veia, Lebensraum,
Ignição no combustível da economia!

Guerras, porém, eram seu maior forte
Entre suas diversas obsessões:
Hoje construir, amanhã destruir,
Emergir os arianos, submergir os “impuros”,
Invadir para recuperar o que foi perdido,
Marchar, então, para o Leste,
Entrar na Polônia!

Soviéticos respaldaram e o imitaram:
Tratado de Ribbentrop-Molotov ratificado,
As duas ditaduras uniram-se,
Assustando a muitos.
Tamanha ousadia dos dois déspotas!
Seguiram-se, depois, mais atrocidades:
Perseguições à gente de Abraão,
Obrigada a ir para campos de extermínio,
Levada ao fundo do poço,
Imigrando, às vezes, para países distantes,
Zelando para manter suas vidas,
Enquanto Noruega, Grécia, Holanda e outros
Intrusos bárbaros “recebiam” em suas terras.

Sem aviso prévio, porém,
Começou a guerra na URSS.
Houve um motivo para isso:
Unidos, antes, para a divisão do mundo,
Tiranos mostraram-se divergentes,
Zerando, assim, suas perspectivas.
Sem qualquer alternativa,
Traição da direita contra a esquerda!
Alemães, aos montes, na Europa Oriental
Ferreamente abriram fogo.
Furiosos, correram em direção a Moscou.
Em Stalingrado, porém, sob intenso frio,
Logo perceberam que não eram invencíveis.

Lutas desesperadas jogaram-nos na desgraça.
Urraram as resistências nos países-satélites,
Forçando um bruto recuo de suas tropas.
Tito rechaçou esses estrangeiros.
Warszawa, ou Varsóvia, começou a rebelar-se.
Aliados, na Normandia, iniciaram o fim,
Fogo nos céus de Londres,
Fraquezas revelaram-se nas horas de desvantagem,
Entrou o Brasil no meio da disputa.

Perder a guerra parecia impossível!
A realidade, agora, era essa:
Navios afundados, tanques destroçados,
Zumbis vermelhos, azuis, amarelos e brancos
Esganavam Berlim, a capital do Reich,
Rompiam-se as cercas dos sítios terríveis.
Diante desse cenário desolador,
Ignorar a própria vida: suicidar-se!
Viena já não era mais deles.
Ingleses, franceses, americanos e soviéticos
Subdividiram a terra de Goethe e Einstein.
Israel foi criado para os discípulos de Ben Gurion.
Os frutos da tragédia ainda podem ser vistos.
Nações, mesmo amigas agora, ainda se ressentem,
E mesmo que se passem milhares de anos
Nunca nos esqueceremos.



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