domingo, 24 de abril de 2016

Pasmem: esperanto!


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Por Erick Fishuk

Nota: Este texto foi escrito em fevereiro de 2007 para o extinto Jornal do IFCH, o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, como uma breve introdução ao esperanto e ao movimento esperantista para leigos. O primeiro rascunho foi revisado por esperantistas do Orkut para compor a primeira versão, que não chegou, contudo, a ser publicada, por causa de desencontros no envio do original e da extinção do jornal em março de 2007, em meio às turbulências estudantis em torno da ocupação da reitoria. Publiquei uma segunda versão no meu antigo blog “Pensadores Libertos” em 25 de dezembro de 2009, que já continha, em relação à primeira, algumas atualizações necessárias após quase três anos e a revisão da ortografia, conforme o Acordo Ortográfico em vigor desde o início de 2009. A terceira versão aqui apresentada é outra atualização que eu havia postado no blog “Materialismo – Filosofia” em 7 de março de 2012, mas agora (2016) decidi manter o texto intacto, mesmo após a revolução das redes sociais e mudanças geopolíticas nos últimos anos. Quem foi das turmas 2006-2009 de História do IFCH saberá o motivo do título...

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As bases linguísticas do esperanto foram criadas no fim do século XIX pelo oftalmologista e poliglota judeu-polonês Lejzer Ludwik Zamenhof, nascido em 1859. Zamenhof acreditava que as diferenças linguísticas eram um dos motivos das batalhas entre os povos, e ao procurar uma solução para o problema, concluiu que um idioma planejado, especialmente criado para ser uma ponte entre os outros idiomas, era a melhor maneira de superar as barreiras entre pessoas de falares diferentes. Sua brochura em língua russa Uma língua internacional: Prefácio e manual completo, primeiro livro a instruir o idioma, saiu em 26 de julho de 1887 e logo conheceu traduções em outros idiomas.

Uma curiosidade: o idioma, no começo, não se chamava “esperanto”, mas “Lingvo Internacia” (“língua internacional”), ou, como muitos o chamavam, “a língua internacional proposta por Esperanto”: “Doutor Esperanto” era o pseudônimo que Zamenhof usou em sua brochura. Com o tempo, o nome “esperanto” (que nesse idioma significa “aquele que tem esperança”), sozinho ou com outras palavras, passou a se mostrar adequado para diferenciar o idioma de outros projetos, até que, de pseudônimo de seu iniciador, passou a designar seu próprio projeto.

Em 1905 organizou-se, em Boulogne-sur-Mer, litoral norte da França, o primeiro Congresso Universal de esperanto, com 688 participantes. Os congressos aconteceriam todos os anos, com exceção dos períodos das Guerras Mundiais, sendo que o de 1981, o primeiro a acontecer no hemisfério Sul, ocorreu em Brasília e o de 2002, em Fortaleza. Zamenhof morreu em 1917 e, após o baque da Primeira Guerra Mundial, o esperanto voltou a se difundir, mas logo sofreu as consequências ainda piores da Segunda Guerra Mundial e dos anos imediatamente posteriores: esperantistas foram perseguidos tanto por ditaduras de direita como pelos regimes do chamado “bloco socialista”. Após esse período traumático, a UNESCO publicou duas resoluções favoráveis ao esperanto, respectivamente em 1954 e 1985, ressaltando sua importância para a educação, a ciência e a cultura e recomendando aos Estados-membros sua difusão e ensino.

Hoje, o esperanto é falado nos cinco continentes, em mais de cem países, inclusive no Brasil, onde se considera ter o maior número de falantes no mundo. Foram publicados muitos livros em esperanto, existem vários periódicos que divulgam informações nesse idioma por meios impressos e pela internet, em cujas redes sociais como o Facebook e o Orkut sua presença é marcante, e há até mesmo bandas e cantores que gravam músicas em esperanto, como o grupo sueco de rock-pop Persone. A Organização Mundial da Juventude Esperantista (TEJO) publica anualmente o Pasporta Servo (algo como “Serviço de Passaporte”), uma lista de interessados em hospedar gratuitamente, em suas casas, esperantistas de outros países, proporcionando de modo amistoso o contato com diversas culturas.

Os morfemas do esperanto não foram criados arbitrariamente por Zamenhof, mas vêm de palavras e elementos gramaticais retirados principalmente do latim e também dos diversos idiomas nacionais, como as palavras helpi (“ajudar”, do inglês to help), fermi (“fechar”, do francês fermer), tago (“dia”, do alemão Tag) e okulo (“olho”, do latim oculus) e os prefixos re- (dos idiomas neolatinos, como em “rever”, “relembrar” etc.) e bo- (do francês, indicando parentesco por casamento, como em beau-père, “sogro” etc.). Há também o artigo la e a preposição de, facilmente reconhecíveis por nós.

O atual cenário globalizante nos faz assistir à hegemonia da língua inglesa nas relações internacionais e nos contatos interpessoais. Isso não só favorece seus falantes nativos em situações como conversas casuais e encontros internacionais em que muitas vezes eles nem são os que melhor conhecem o assunto tratado, mas também irriga os países que usam o inglês como língua-materna com grandes somas de dinheiro vindas das escolas de inglês e da indústria cultural, que é difundida pelo mundo todo. Isso sem contar as centenas de idiomas minoritários que desaparecem ou veem seu número de falantes diminuir a cada ano em favorecimento de idiomas maiores, ou “oficiais”.

O esperanto se propõe a ser um idioma-ponte nos contatos internacionais para que as pessoas conheçam diversas culturas sem precisar da intermediação de tradutores ou outras pessoas que, muitas vezes, não proporcionam uma comunicação eficaz entre os interlocutores. Vistas a simplicidade de sua gramática e a internacionalidade de seu vocabulário, o estudante consegue compreender um texto no idioma ou compor frases básicas após pouco tempo de aprendizado, sendo que são necessários, normalmente, apenas seis meses para a aquisição de um nível satisfatório. E essa facilidade não é privilégio apenas de europeus e habitantes da América: muitos falantes de idiomas não europeus sabem esperanto e não se sentem nem um pouco discriminados.

Nenhum país usa oficialmente o esperanto, e ele não é o idioma de nenhum povo. Contudo, muitas organizações o empregam como idioma de trabalho (o Pen International, uma associação de escritores, reconheceu-o como língua literária), e muitos casais binacionais (cônjuges de países diferentes) que o usam entre si ensinam-no como primeiro idioma a seus filhos, que em vista disso passam a ter o esperanto como sua língua materna. Por não ser “propriedade particular” de nenhum país, movimento político ou crença religiosa, o esperanto é considerado “neutro” ao não privilegiar nenhuma classe de pessoas em especial, proporcionando aos falantes a possibilidade de se comunicarem em pé de igualdade e tomarem contato direto com outras culturas. Por isso, o esperanto poderia ser a solução para instituições que utilizam grande número de idiomas de trabalho, como a ONU e a União Europeia, e por isso gastam quantias astronômicas com tradução e interpretação de discursos e documentos, dinheiro que poderia ser usado em projetos sociais e outros fins mais nobres.

O esperanto não é um idioma morto, como muitos pensam. As 16 regras básicas de sua gramática não mudaram desde sua criação, mas o vocabulário não só sofreu alguns reparos ainda na época de Zamenhof como nunca deixou de ser ampliado, inclusive com termos técnicos de várias áreas do conhecimento. Como em qualquer idioma, houve ainda palavras que caíram em desuso e outras que apareceram para expressar ideias novas. Como prova disso, há a versão em esperanto da Wikipédia, com mais de 161 mil artigos (março de 2012), ao lado de versões em vários idiomas nacionais e minoritários.

Não é a adoção arbitrária por parte dos Estados nacionais ou das grandes instituições que aumentará o papel internacional do esperanto, que já é significativo devido ao grande número de falantes no mundo (número difícil de calcular, mas aproximado em 2 milhões que ao menos possuem algum conhecimento de suas bases) e à literatura traduzida e original produzida em torno dele. É por meio do número cada vez maior de falantes, do uso diário em conversas, periódicos, sites e congressos que o esperanto se torna uma proposta viável e uma alternativa à atual massificação que distorce a visão que nós temos sobre as demais culturas e impõe o domínio de poucos povos sobre a maioria do mundo.



domingo, 17 de abril de 2016

На поле танки грохотали (soviética)


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Esta é a canção popular russa “На поле танки грохотали” (Tanques urravam no campo), surgida no início da Segunda Guerra Mundial (que os russos ainda chamam “Grande Guerra Pátria”), mas de autoria anônima. Ela não tem um título oficial, mas é conhecida por esse seu primeiro verso, ou pelo título em inglês Soviet Tankmen’s Song.

A melodia foi baseada numa outra canção muito popular entre mineiros, e a nova composição ganhou fama logo depois da Segunda Guerra ao ter aparecido em filmes e se tornou uma espécie de hino não oficial de divisões de tanques e artilharia. A letra, que já varia muito de acordo com a fonte, também recebeu textos diversos para uso de marinheiros, pilotos de avião e outras funções militares.

Eu traduzi a canção e legendei dois vídeos bem diferentes com ela, um bem solene, e o outro bem adolescente. O primeiro é de 2009, no concerto “Canções do tempo da guerra” em memória do Dia da Vitória russa na Segunda Guerra (9 de maio), dado pela cantora, atriz, letrista e compositora russa Ielena Vaienga. Ela repetiu a iniciativa em 2014, ocasião em que apareceram milhares de veteranos de guerra. A artista se chama na verdade Ielena Vladimirovna Khruliova, nasceu em 1977 e até hoje tem uma carreira muito rica. O vídeo sem legendas está nesta página.

O segundo vídeo é de meninas que têm um canal no YouTube a que chamam de “3/4”, talvez como referência ao fato de serem três e aludindo ao compasso musical ternário. Elas afirmam postar os vídeos como uma iniciativa pessoal, quando resolvem cantar e gravar alguma coisa e então postar na rede, sem grandes pretensões. Essa gravação é de 2013, mesmo ano da criação do canal, quando elas afirmavam ter 18 anos. É muito gostoso acompanhar a pronúncia do russo delas, que é bastante clara. Veja aqui o vídeo sem legendas.

Existem diversas versões da letra na internet, e infelizmente as que se aproximam mais dos dois vídeos estão muito mal escritas. Após as legendagens, postei a reconstituição que fiz, usando o formato e pontuação de versões diferentes, e em seguida, a tradução em português. Ielena Vaienga não canta a última estrofe, e no lugar ela repete a primeira, e as meninas não cantam as duas últimas estrofes:




На поле танки грохотали,
Солдаты шли в последний бой,
А молодого командира
Несли с пробитой головой.

По танку вдарила болванка,
Прощай родимый экипаж,
Четыре трупа возле танка
Дополнят утренний пейзаж...

Машина пламенем объята,
Вот-вот рванёт боекомплект.
А жить так хочется, ребята,
И вылезать уж мочи нет...

Нас извлекут из-под обломков,
Поднимут на руки каркас.
И залпы башенных орудий
В последний путь проводят нас.

И полетят тут телеграммы
Родных и близких известить,
Что сын Ваш больше не вернётся
И не приедет погостить.

В углу заплачет мать-старушка
Смахнёт слезу старик отец,
И молодая не узнает,
Какой упарня был конец.

И будет карточка пылиться
На полке пожелтевших книг –
В военной форме, при погонах,
И ей он больше не жених.

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Tanques urravam no campo,
Soldados partiam à luta final,
O jovem comandante era levado
Ao colo, de cabeça perfurada.

Um projetil atingiu o tanque,
Adeus, parceiros combatentes!
Quatro corpos perto do tanque
Vão inteirar a cena matinal...

O carro envolto pelo fogo,
Já vão começar a disparar,
Gente, queremos tanto viver,
Mas não há escapatória...

Vão nos tirar dos destroços,
Elevar a carcaça com as mãos
E as salvas dos canhões de torre
Vão nos levar à última morada.

E daqui vão sair telegramas
Avisando a parentes e amigos
Que seu filho não volta mais
Nem vem passar um tempo aí.

A velha mãe chorará num canto,
O velho pai conterá uma lágrima
E a jovem moça não vai saber
Como foi a morte do seu rapaz.

A foto vai se empoeirar
Na estante de livros amarelados:
De uniforme, com distintivos,
Ele não é mais noivo dela.



domingo, 10 de abril de 2016

Auferstanden aus Ruinen, hino da RDA


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Esta canção foi empregada entre 1949 e 1990 como hino nacional da República Democrática Alemã (ou RDA, ou a sigla alemã DDR), a chamada Alemanha Oriental que foi proclamada em 1949 na antiga zona de ocupação soviética resultante da 2.ª Guerra Mundial, que incluía ainda o leste de Berlim. Seu nome é Auferstanden aus Ruinen, literalmente “Ressurgida das ruínas”, mas nas legendas pus “Ressurgindo das ruínas” para manter, como em alemão, a ambiguidade no gênero. Assim, “Ressurgindo” pode aludir tanto à Alemanha quanto aos cidadãos que a querem servir “para o seu bem”, e o presente contínuo casa com a ideia de que em 1949 o país ainda se reconstruía, num processo ainda inconcluso.

A melodia do hino é do político, romancista e poeta Johannes Robert Becher (1891-1958), e a letra é do compositor austríaco Hanns Eisler (1898-1962), cuja melodia do hino da Comintern é conhecida do blog. Aprovado pela liderança do SED (o partido governante), pelo presidente Wilhelm Pieck e pelo Conselho de Ministros da RDA, o hino foi ratificado em 6 de novembro de 1949, aniversário da Revolução de Outubro. Ele foi se popularizando nas décadas de 1950 e 1960, mas criado num contexto ainda aberto à reunificação das zonas de ocupação e chamando a Alemanha “pátria unida”, foi ficando inadequado à crescente “guerra fria”, culminada com o Muro de Berlim em 1961. Em 1973, as duas Alemanhas entraram juntas na ONU e o hino passou a ser tocado apenas na melodia.

Em janeiro de 1990, apressada a via da reunificação após a queda do Muro em outubro de 1989, a televisão da Alemanha Oriental passou a exibir um clipe com o hino cantado ao encerrar as transmissões (para deixar saudades?), e a letra de fato já era evocada em ocasiões não oficiais, como após o início do ocaso comunista. Com a total reunificação em 2 de outubro de 1990, Auferstanden aus Ruinen deu lugar ao hino ocidental Das Lied der Deutschen e perdeu todo emprego oficial, mas ainda habita a memória cult e nostálgica sobre a RDA/DDR. O primeiro-ministro comunista Lothar de Maizière chegou a propor ao chanceler Helmut Kohl, mas sem sucesso, que a terceira estrofe do hino único tivesse o texto de Becher.

É minha primeira tradução e legendagem direta do alemão, e de fato me apoiei em traduções de várias Wikipédias para chegar ao resultado, mas como tive noções básicas do idioma na segunda metade de 2015, pude usar também dicionários e sites especializados na língua alemã. Assim, o texto final é todo meu, tal como a culpa por erros ou imprecisões. O vídeo original está neste endereço, mas não consegui tirar o texto inglês, que pode ser visto pelo menos para mostrar seus problemas de sentido e sincronia. Devo citar duas legendagens anteriores em português, uma de 2012 e outra de 2014, mas enquanto uma usava a fraca tradução da Wikipédia, a outra, apesar do entusiasmo do iniciante, tem redação e montagem sofríveis.

Seguem abaixo a legendagem, a letra em alemão e a tradução em português, igual na legenda. Além disso, apresento também, repetida três vezes, a execução instrumental do hino pela banda do NVA (Exército Popular Nacional), no início da parada militar comemorando os 40 anos de criação da RDA em 7 de outubro de 1989 (alemão: Die Ehrenparade der Nationalen Volksarmee (NVA) zum 40. Jahrestag der DDR, 7. Oktober 1989). Notavelmente, pouco depois do evento começaram os protestos por mais democracia, culminados em repressão violenta e, logo após, na derrubada do Muro de Berlim, a qual marcou o começo do fim do comunismo na Europa. Essa execução do hino ocorre diante de Erich Honecker (o vovô de chapéu preto e óculos), ditador da Alemanha Oriental, Mikhail Gorbachov (da URSS) a seu lado e muitos outros líderes comunistas ou antiliberais, como Jaruzelski, Ceauşescu, Zhivkov e Arafat. O contexto da época é muito bem retratado no filme Adeus, Lenin! (2005), embora com picadas cômicas e mercadológicas.




Auferstanden aus Ruinen
und der Zukunft zugewandt,
laß uns dir zum Guten dienen,
Deutschland, einig Vaterland.
Alte Not gilt es zu zwingen,
und wir zwingen sie vereint,
denn es muß uns doch gelingen,
daß die Sonne schön wie nie
über Deutschland scheint,
über Deutschland scheint.

Glück und Friede sei beschieden
Deutschland, unsrem Vaterland.
Alle Welt sehnt sich nach Frieden,
reicht den Völkern eure Hand.
Wenn wir brüderlich uns einen,
schlagen wir des Volkes Feind.
Laßt das Licht des Friedens scheinen,
daß nie eine Mutter mehr
ihren Sohn beweint,
ihren Sohn beweint.

Laßt uns pflügen, laßt uns bauen,
lernt und schafft wie nie zuvor,
und der eignen Kraft vertrauend,
steigt ein frei Geschlecht empor.
Deutsche Jugend, bestes Streben
unsres Volks in dir vereint,
wirst du Deutschlands neues Leben.
Und die Sonne, schön wie nie
über Deutschland scheint,
über Deutschland scheint.

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Ressurgindo das ruínas
E olhando para o futuro,
Sirvamos para o seu bem,
Alemanha, pátria unida.
Resta vencer a velha miséria,
E vamos vencê-la juntos,
Pois é o que devemos fazer
Para o sol, belo como nunca,
Brilhar sobre a Alemanha,
Brilhar sobre a Alemanha.

Que tenha paz e felicidade
A Alemanha, nossa pátria.
O mundo anseia pela paz,
Estendam a mão aos povos.
Se nos unirmos fraternais,
Bateremos o inimigo do povo.
Deixem brilhar a luz da paz
Para as mães nunca mais
Chorarem por seus filhos,
Chorarem por seus filhos.

Vamos lavrar e construir,
Obrem, estudem como nunca
E confiante na própria força
Ascenderá uma geração livre.
Jovem alemão, o melhor desejo
De nosso povo incide em você,
Futura vida nova da Alemanha.
E o sol, belo como nunca,
Brilhará sobre a Alemanha,
Brilhará sobre a Alemanha.


domingo, 3 de abril de 2016

Когда поют солдаты (coral soviético)


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Canção militar soviética que me pediram em 2011 para postar no meu antigo canal do YouTube e só em fevereiro de 2016 traduzi e legendei! Ela se chama “Когда поют солдаты”, que aqui significa Enquanto os soldados cantam, e teve a melodia composta por Iuri Miliutin e a letra, por Mark Lisianski. Os dois artistas, funcionários da propaganda oficial do regime, eram membros do Partido Comunista soviético, e Lisianski também escreveu a letra de Minha querida capital (Minha Moscou), canção da Segunda Guerra Mundial que se tornou o hino oficial de Moscou em 1995.

A apresentação no vídeo foi feita pelo Coral do Exército Vermelho num concerto especial transmitido pela TV Central Soviética em 1962. Embora a compostura dos russos seja bem mais descontraída, pode-se notar ampla semelhança deste tipo de apresentação com os corais militares norte-coreanos atuais, de uniformes impecáveis e musicalidade estrondosa. A herança, de fato, é direta, mas o gigantismo da família Kim ampliou ainda mais suas dimensões.

Eu traduzi e legendei, tendo baixado deste endereço o vídeo original no YouTube. A redação da letra em russo é a que tirei do site local “Muzei shansona” (Museu da Canção), e também pode ser lida abaixo, junto com a tradução em português e após a legendagem:


Шагает ночь к рассвету,
Труба зовёт в поход.
Солдат страны Советов
О Родине поёт.
Безусые комбаты
Ведут своих орлят.
Когда поют солдаты,
Спокойно дети спят.
Когда поют солдаты,
Спокойно дети спят.

Подхватим песню, братцы,
В поход возьмём, друзья,
Нам с песней расставаться
Сейчас никак нельзя.
Послушны автоматы,
Машины держат ряд.
Когда поют солдаты,
Спокойно дети спят.
Когда поют солдаты,
Спокойно дети спят.

Деревья цвет меняют,
Трава горит в росе.
Лежит земля родная
Во всей своей красе.
Храним её мы свято
От Братска до Карпат...
Когда поют солдаты,
Спокойно дети спят.
Когда поют солдаты,
Спокойно дети спят.

Земля зарёй объята,
Знамёна впереди.
Без песен нет солдата,
Без песен нет пути.
Рассветы и закаты
Навстречу нам летят.
Когда поют солдаты,
Спокойно дети спят.
Когда поют солдаты,
Спокойно дети спят.

Шагает ночь к рассвету,
Труба зовёт в поход.
Солдат страны Советов
О Родине поёт.
Безусые комбаты
Ведут своих орлят.
Когда поют солдаты,
Спокойно дети спят.
Когда поют солдаты,
Спокойно дети спят.

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A madrugada vira amanhecer,
O clarim convoca a marchar.
O soldado do País dos Sovietes
Está cantando sobre a Pátria.
Comandantes imberbes de batalhão
Vão guiando os filhotes de águia.
Enquanto os soldados cantam,
As crianças dormem tranquilas.
Enquanto os soldados cantam,
As crianças dormem tranquilas.

Cantemos juntos, rapazes,
Vamos à marcha, amigos,
Não temos de jeito nenhum
Como cessar o canto agora.
Fuzis-metralhadoras dóceis,
Tanques de guerra em fila.
Enquanto os soldados cantam,
As crianças dormem tranquilas.
Enquanto os soldados cantam,
As crianças dormem tranquilas.

As árvores mudam de cor,
A relva brilha no orvalho.
A terra natal jacente
Em toda a sua beleza
Guardamos como algo santo
De Bratsk até os Cárpatos...
Enquanto os soldados cantam,
As crianças dormem tranquilas.
Enquanto os soldados cantam,
As crianças dormem tranquilas.

O amanhecer abraça a terra,
As bandeiras vão à frente.
Sem canções não há soldado,
Sem canções não há caminhos.
Auroras e crepúsculos
Correm a nos encontrar.
Enquanto os soldados cantam,
As crianças dormem tranquilas.
Enquanto os soldados cantam,
As crianças dormem tranquilas.

A madrugada vira amanhecer,
O clarim convoca a marchar.
O soldado do País dos Sovietes
Está cantando sobre a Pátria.
Comandantes imberbes de batalhão
Vão guiando os filhotes de águia.
Enquanto os soldados cantam,
As crianças dormem tranquilas.
Enquanto os soldados cantam,
As crianças dormem tranquilas.