Após reelaborar o acervo compartilhado por um antigo conhecido, completado por longa pesquisa, criei meu próprio acervo organizado e centralizado de livros, documentos e áudios pro aprendizado de dezenas de idiomas, que guardo em disco externo e também no Google Drive, pra disponibilizar ao público interessado.
Em sua primeira versão (no dia original da postagem), o acervo estava basicamente dividido entre os idiomas mais procurados, com material escrito principalmente em línguas ocidentais (no Google Drive), e idiomas mais “exóticos”, com material por vezes também escrito em línguas pouco faladas, e que por isso poucos brasileiros saberiam usar (no 4shared). Mas em 28 de novembro, após ter transferido boa parte do material do 4shared pro Google Drive e ter adicionado mais alguns idiomas, modifiquei bastante a lista, e uma das vantagens é que o material de um mesmo idioma, mesmo redigido em diversas línguas, em geral está agora reunido num mesmo lugar.
Em 21 de setembro de 2018, nova reforma: excluí as contas do 4shared, e todos os arquivos com livros de idiomas ficaram em duas das minhas contas do Google Drive. Desta forma, todos os 70 itens linguísticos podiam ser baixados clicando-se no respectivo link, e o arquivo podia ser aberto por qualquer internauta, sem necessidade de cadastro prévio.
Em 12 de janeiro de 2023, após alguns meses de trabalho, finalmente fiz a reforma definitiva com que sempre sonhei! Com muito mais espaço pago num único Drive e com uma internet decente, aboli a organização dentro dos incômodos e antiquados arquivos ZIP e criei pastas pra que qualquer pessoa pudesse entrar e baixar apenas o que lhe conviesse. Também adicionei mais arquivos aos que já estavam online e padronizei todos os nomes, iniciando-os com o sobrenome do autor ou organizador e depois com suas outras iniciais, além de apagar versões duplicadas e adicionar os arquivos de áudio quando localizáveis. Basta clicar no link, e a pasta pública abre! Quase todos os livros em línguas “raras”, sobretudo russo, belarusso e ucraniano, estão com os títulos traduzidos, exceto uma ínfima minoria.
Incluem-se arquivos poliglotas, tratando de certos ramos geográficos (como línguas nórdicas, línguas eslavas e línguas bálticas) ou de idiomas sem relação direta entre si. Alguns dos livros (vocabulários, guias de conversação) fazem comparações entre diversos idiomas próximos entre si (como as línguas românicas) ou totalmente distintos (como russo, persa e cazaque). Como alguns idiomas tinham bem pouco material, unifiquei-os em pastas temáticas de acordo com a genealogia, a geografia ou alguma outra analogia histórico-política ou lógica. Por isso, onde fosse o caso, substituí as antigas descrições de conteúdo e de tamanho por observações adicionais ou explicações sobre as línguas incluídas e sobre ocasionais critérios de junção.
Como vários idiomas conhecidos estão junto com outros, recomendo que passe os olhos por toda a lista. Muitos arquivos estão no formato DJVU, cujo leitor mais usado hoje é o WinDjView, disponível em qualquer bom site de softwares, mas se você não gosta desse formato, pode encontrar qualquer conversor de arquivos facilmente pelo Google. E por fim, o mais importante: se você tem alguma sugestão de material pra me indicar a fim de o adicionar, escreva-me sem falta pelo e-mail mandando o arquivo ou o link pra eu acessá-lo ou indicando seu título pra eu localizá-lo em outra plataforma.
Atenção: Pra quem achar mais prático e atrativo, sobretudo na hora de compartilhar, pode também acessar as mesmas pastas indicadas abaixo por meio de qualquer um dos seguintes links que oferecem idêntica lista:
ln.ki/linguas ln.ki/idiomas |
Nota (28/5/2020): Um amigo me indicou esta enorme pasta coletiva, além de tudo classificada de acordo com as famílias e subgrupos linguísticos. Eu não pude comparar quais livros daí eu já tenho ou não, mas vale a pena você também visitar e baixar o que quiser.
Nota (10/6/2023): A leitora Letícia, a quem agradeço muito, me indicou também esta pasta coletiva, que também tem subpastas com livros de outras áreas, quase todos em inglês. Também não procurei comparar o que eu já tinha ou não: fica como um adicional pra você.
Alemão (Hochdeutsch e Schwyzerdütsch)
– Hochdeutsch significa literalmente “alto alemão”, mas é o nome dado ao alemão padronizado na Alemanha, com grande influência nos países germanófonos vizinhos (“alto alemão” mais propriamente são os dialetos falados mais ao sul, nas regiões montanhosas), e Schwyzerdütsch (ou com outras grafias) é o conjunto de dialetos falados oralmente na Suíça e que se distinguem amplamente tanto do alemão padronizado na Suíça quanto na Alemanha.
Armênio (clássico, oriental e ocidental)
– O armênio clássico, também chamado grabar, foi a variante baseada na tradução da Bíblia feita pelo bispo Mesrop Mashtots, que também inventou o peculiar alfabeto. O grabar foi o padrão literário único até o século 19, mas como já não era mais compreendido por ninguém, foram codificados então dois novos padrões literários que pudessem conciliar os inúmeros dialetos: o ocidental, baseado no dialeto de Istambul e que seria a língua da diáspora em fuga do genocídio promovido pelos turcos em 1915; e o oriental, baseado no dialeto de Tbilisi (então o principal viveiro da cultura armênia do Cáucaso) e que, protegido pelo governo soviético, é hoje falado na República da Armênia e na diáspora russa e iraniana.
Búlgaro e macedônio
– Línguas eslavas meridionais, são as únicas eslavas que conservaram artigos definidos e que perderam os casos gramaticais nos substantivos e adjetivos. Até 1945, o macedônio era considerado um dialeto mais ocidental do búlgaro, mas com a integração da Macedônia à Iugoslávia, o idioma foi codificado, e apesar das várias diferenças (sobretudo a influência do servo-croata estatal), a Bulgária ainda o considera um dialeto.
Chinês (mandarim)
– Aborda-se apenas o padrão oficial codificado, baseado no dialeto de Pequim, e não outros dialetos do chinês nem outras línguas aparentadas faladas na China moderna.
Espanhol, galego e basco
– Algumas das principais línguas faladas na Espanha. O galego é o idioma mais próximo do português, enquanto até hoje não se definiu exatamente a origem e a genética do basco, apesar das semelhanças com vários outros idiomas geograficamente mais distantes. O catalão se encontra junto com o romeno.
Esperanto, interlíngua, mondial e “neolatino”
– Os idiomas auxiliares planejados, nome mais preciso do que “língua artificial/inventada” ou “língua internacional”, ainda são um objeto pouco estudado pela linguística científica. O mais conhecido de todos, embrenhado da ideologia universalizante do século 19, é o esperanto, mas muitos outros projetos surgiram depois. (E também antes, como o volapuque/volapük de Johann Martin Schleyer, que realmente fracassou e, portanto, nem considero aqui.)
A interlíngua foi elaborada entre 1928 e 1951 por linguistas reunidos na International Auxiliary Language Association pra apresentar uma alternativa, considerada mais natural, ao esperanto, e o mondial, de concepção parecida, mas menos conhecido, foi concebido por um sueco. Pode-se baixar aqui o famoso e raro artigo de Alexander Gode, A Case for Interlingua. O “neolatino” é um projeto de língua inter-românica em desenvolvimento, da subcategoria das “auxiliares zonais”, que vai muito além da interlíngua em encontrar um ponto comum entre os idiomas neolatinos (site oficial). Por fim, incluí também uma gramática compilada em 2012 da lingua franca nova, idioma de base românica, mas estrutura maximamente simplificada, criada em 1998 pelo holandês George Boeree, falecido em 2021.
Estoniano, letão e lituano
– São as línguas faladas nos três países bálticos, que no passado pertenceram ao Império Russo e chegaram a ser anexados pela URSS. Porém, o estoniano é mais próximo do finlandês, enquanto o letão e o lituano são consideradas as línguas mais próximas do que seria o antigo indo-europeu.
Finlandês e húngaro
– Ambos pertencem ao mesmo ramo fino-úgrico da família urálica, mas a grupos diferentes (fino-permiano pro finlandês e úgrico pro húngaro).
Georgiano, checheno e ossetiano
– São línguas faladas no Cáucaso (sul da Rússia e norte da Geórgia), mas enquanto o ossetiano é uma língua indo-europeia, georgiano e checheno pertencem cada um a famílias diferentes.
Gótico e eslavônio
– O gótico foi a única língua germânica oriental que deixou traços, por causa da tradução da Bíblia num alfabeto bem peculiar feita pelo bispo godo Wulfila (Úlfilas), mas que teve de ser toda reconstituída pelos pesquisadores modernos. O eslavônio é uma língua essencialmente escrita, portanto há apenas bibliografias, manuais, gramáticas, léxicos, dicionários e seletas textuais; há ainda um breve manual sobre a letra cirílica iat (Ѣ ѣ), abolida da ortografia russa em 1918. Suas variantes também são chamadas eslavo antigo (a língua codificada pelos santos Cirilo e Metódio) e eslavo eclesiástico (a evolução posterior dessa língua, já com influências do russo). Também se encontram aqui a Bíblia em eslavo eclesiástico, o Codex Zographensis, o Evangelho de Asseman (nos alfabetos cirílico e glagolítico), o Evangelho de Ostromir e um álbum de letras iniciais artísticas. Bônus: Um artigo em português (de Lucas Simone) sobre o eslavo oriental antigo (pai do russo, ucraniano e belarusso), e outro artigo em inglês (de Morris Halle) sobre conjugação verbal no eslavo antigo e no russo antigo!
Grego (clássico, koiné, katharévousa e moderno)
– Em geral, ensina-se como “grego clássico” nas faculdades de Letras uma variante cultivada do dialeto ático usado pelos grandes autores dos séculos 6 a 4 AEC, enquanto a koiné (isto é, “comum, popular”) é sua forma simplificada, difundida como língua franca pelo Mediterrâneo durante o período helênico (pós-clássico). Popularizada pelo Império Romano, a koiné era a língua do Novo Testamento (com forte influência hebraica) e ainda hoje é usada pelos cristãos ortodoxos gregos. A katharévousa (isto é, “limpa, pura”) foi uma variante cultivada no século 19 pelos intelectuais com forte afluxo clássico, na tentativa de impô-la oficialmente ao novo Estado nacional. Porém, era muito distante da língua popular, chamada dimotikí (isto é, “popular”), que só foi alçada ao nível de língua oficial, já com grande influência da katharévousa, no início da década de 1980. Esse compromisso gerou o grego literário moderno, mas apesar de não ter mais nenhum papel cultural nem ser hoje entendida pela maioria dos gregos, incluí algumas gramáticas de katharévousa (nem sempre traduzidas) como curiosidade histórica.
Haitiano e cabo-verdiano
– Pertencem à categoria das chamadas “línguas crioulas”, que se desenvolveram a partir de idiomas europeus (francês no Haiti e português em Cabo Verde), mas receberam várias outras influências e simplificaram brutalmente sua fonética, morfologia e sintaxe, de forma a não serem mais reconhecíveis pelos falantes das línguas europeias. Em geral são consideradas como variantes “degeneradas” das línguas europeias, mas são idiomas de pleno direito, sendo o haitiano a língua crioula mais falada no mundo e a mais falada do Haiti (onde poucos de fato falam francês, a não ser na elite), tendo recebido um tratamento cada vez mais profissional e valorativo a partir do século 21.
Hebraico, aramaico (antigo e moderno) e iídiche
– Hebraico e aramaico são as principais línguas do grupo semítico setentrional da família afro-asiática, enquanto árabe, amárico e tigrínia (nativos da Etiópia e da Eritreia) são semíticas meridionais, ambos os grupos vindos do ramo semítico. O aramaico ainda é usado por várias igrejas cristãs orientais (não ortodoxas) como língua litúrgica, enquanto evoluções simplificadas e chamadas em geral “neo-aramaico” ainda se encontram no Oriente Médio e, sobretudo, na diáspora, como a caldeia, na qual predomina o chamado suret(h). O iídiche, predominante entre os judeus da Europa até o Holocausto, é aparentado aos dialetos alemães meridionais, mas tem forte influência hebraica (a começar pela escrita), russa e outras.
Inglês, holandês, africâner e luxemburguês
– Assim como o alemão, todas são consideradas línguas germânicas ocidentais, mas o inglês pertence ao subgrupo anglo-frísio, e as outras três, ao subgrupo “weser-renano”.
Italiano, línguas regionais e talian
– O talian é uma língua falada principalmente no Rio Grande do Sul, no Espírito Santo e em partes de São Paulo, que mistura a língua vêneta (e um pouco de outras do norte da Itália) dos italianos que imigraram no século 19 com o português brasileiro. Brasil Talian, de Jaciano Eccher, é o blog mais conhecido que trata da língua.
Japonês, coreano e mongol
– Colocadas juntas por mera proximidade geográfica, pois pertencem a famílias distintas.
Latim (clássico e eclesiástico)
– O latim está longe de ser ou ter sido uma língua única. O que estudamos hoje, sobretudo nas faculdades de Letras, como “latim clássico” é uma língua muito cultivada e artificial, cuja expressão literária se limita ao século 1 AEC e que pouco tem a ver com a língua falada, mesmo entre as elites, chamada “latim vulgar”. Antes, mesmo o latim literário era um tanto diferente, e depois começou a sofrer crescente influência do grego, distanciando-se da variante “clássica” ao longo dos séculos mesmo na literatura. O latim levado aos confins do império pelos soldados era o vulgar, e foi dele, e não do clássico, que nasceram as línguas românicas, misturadas a substratos locais e que só a partir do Renascimento seriam influenciadas a posteriori pelo latim clássico revivido. Altamente simplificado pra fins de evangelização, o latim eclesiástico é mais próximo da antiga língua vulgar (por isso, mais fácil de lermos hoje), e a tradução da Bíblia por são Jerônimo tem forte influência da sintaxe hebraica (como o uso constante de “e... e...” no lugar de orações subordinadas). Porém, em formas muito distintas, o latim continuou como língua burocrática e científica da Europa até o século 18.
Línguas túrquicas
– Todas elas pertencentes à chamada família túrquica, estando incluídas na pasta o turco, o cazaque, o tártaro, o azerbaijano e o gagaúzo. Por sua vez, o turco, o gagaúzo e o azerbaijano (impropriamente chamado “azeri” e muito parecido com o turco de antes da reforma ordenada por Atatürk) são do grupo oghuz, enquanto o tártaro e o cazaque, do grupo kipchak.
Pashto
– Língua indo-europeia majoritária no Afeganistão, grafada com uma variante da escrita perso-arábica e também conhecida como “pachtó”, “pastó” (aportuguesado) ou simplesmente “afegão”. Em todo caso, na própria língua o “o” final é tônico.
Persa, tajique, albanês e curdo kurmancî
– Persa (iraniano) e tajique, assim como o dari no Afeganistão, são três padrões literários da mesma língua persa, chamada de formas diferentes em cada país. O curdo, mais ou menos aparentado ao persa, tem vários dialetos, e o kurmancî, que usa o alfabeto latino, é o mais falado. O albanês, como os anteriores, faz parte da grande família indo-europeia, mas é considerado um ramo à parte.
Romeno e catalão
– Colocados juntos por mera profusão de semelhanças: em geral, quem estuda um se interessa muito rapidamente pelo outro, devido a várias palavras e traços fonológicos e gramaticais compartilhados.
Russo
– Contém também os quatro volumes, dentro das Obras completas, que compõem o romance Guerra e paz de Lev Tolstoi, editados de 1937 a 1940 em Moscou pela Gosizdat.
Sérvio-croata-bósnio e esloveno
– Sérvio, croata e bósnio (às vezes também “montenegrino”) recebem esses nomes de acordo com o país, mas são variantes de uma mesma língua policêntrica (como o persa e o português) que na Iugoslávia comunista se tentou sintetizar sob o nome “servo-croata”. A variante bósnia, na verdade, é muito próxima da croata, embora algumas regiões se identifiquem etnicamente com a Sérvia. Pra evitar alusões diretas a etnias, usa-se muito no meio científico a sigla “BCS” (referente aos três citados acima).
Suaíle, somali, malgaxe, iorubá e umbundu
– Idiomas nativos de e falados em lugares diferentes da África, mas alguns deles pertencentes a diferentes famílias. O iorubá ainda hoje é muito importante pro candomblé e pra cultura afro-brasileira em geral.
Sueco, norueguês, dinamarquês e islandês
– As línguas germânicas setentrionais (ou “nórdicas”), exceto por algumas muito pouco faladas ou quase extintas.
Ucraniano e belarusso
– Assim como o russo (e o russino, antes chamado ruteno, se considerado uma língua à parte do ucraniano), fazem parte do grupo oriental do ramo eslavo das línguas indo-europeias, mas elas são mais próximas entre si do que do russo, e compartilham muito léxico com o polonês. De fato, o russo literário moderno tem influência de muitas línguas orientais, como o turco e o tártaro, e ocidentais, como o francês, bem como do eslavônio, que era a língua escrita da burocracia antes da formação do Império Russo (1721).
Outras eslavas e abordagens contrastivas
– Conheça também a língua intereslava (Interslavic language), um projeto quase completamente desenvolvido de idioma auxiliar planejado que seria um verdadeiro “ponto médio” entre todos os idiomas eslavos modernos. Ela seria, portanto, inteligível a qualquer eslavo à primeira vista, como seria a interlíngua (em algum grau) ou o neolatino a qualquer falante românico. Atenção: existe um antigo projeto chamado Slovio, que ocupa o domínio “interslavic.org” e não deve ser levado em conta, pela falta de profissionalismo e tentativa de sabotar projetos similares!
Outras românicas e abordagens contrastivas
Outras, ameríndias e poliglotas
– Esta pasta guarda material sobre algumas línguas que não se encaixam nas outras acima, algumas muito pouco faladas ou pouco conhecidas, ou que envolve várias línguas ao mesmo tempo. Encontram-se também línguas dos povos nativos da América (“indígenas”), sobretudo Central e do Sul.
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